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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

No documento ADAIRLEI APARECIDA DA SILVA BORGES (páginas 45-50)

II EDUCAÇÃO AMBIENTAL E BACIA HIDROGRÁFICA

1.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Para que se concretize um trabalho com participação social, de compromisso com a qualidade de vida e com a preservação do meio ambiente no contexto escolar é necessário que se tenha clara a finalidade da Educação Ambiental e a importância do desenvolvimento de uma consciência ambiental. Deste modo, o ser humano terá

um envolvimento com o espaço em que vive e buscará alternativas para os problemas vivenciados na atualidade.

Didaticamente, divide-se a Educação Ambiental em duas categorias básicas, a formal que envolve estudantes e professores e demais profissionais envolvidos em cursos de treinamento em Educação Ambiental. E a informal que envolve todos os segmentos da população.

A LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999 dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, colocando a educação formal na seção II assim descrita:

Seção II – Da Educação Ambiental no Ensino Formal

Artigo 9º. Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I – educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II – educação superior; III– educação especial; IV– educação profissional;

V – educação de jovens e adultos.

Artigo 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino normal.

Parágrafo 1.º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.

Parágrafo 2.º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas área voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.

Parágrafo 3.º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

Artigo 11o A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.

Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

E a informal descrita na seção III:

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não- governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;

IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;

V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;

VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo.

De tal modo, devemos trabalhar a Educação Ambiental como sendo um conjunto de práticas educativas relacionadas ao meio em que vivemos e à qualidade de vida pautadas na prática cotidiana, e por sua magnitude e distintos contextos e formas de trabalhar, sejam elas consideradas formais ou informais cumprir sua proposta. Loureiro afirma que:

Por sua trajetória e especificidade como campo interdisciplinar relativamente recente - aproximadamente quatro décadas- a EA possibilita considerável amplitude de argumentos, posicionamentos e apropriações de conceitos das mais variadas ciências. Isso a define como um campo de saber propício a inovações, porém repleto de tensão e polêmicas entre tendências que buscam legitimamente se afirmar nos espaços públicos e educativos, sejam eles formais ou não (LOUREIRO, 2007, p.29)

Conforme as diretrizes do MEC, a Educação Ambiental no ensino formal, deve ser trabalhada através de três modalidades básicas: 1) projetos, 2) disciplinas especiais; e 3) inserção da temática ambiental nas disciplinas. Com base nestas

modalidades, o desafio da Educação Ambiental formal é realizar um trabalho pedagógico que possa promover sensibilização a cerca da emergência das questões ambientais e, para isso, o educador deve ter o anseio de realizar essa mudança.

A Educação Ambiental já conta com leis e orientações para trabalhar. Mesmo assim, esse trabalho se apresenta, muitas vezes, de forma superficial, pois falta às escolas apoiar as iniciativas desenvolvidas e disseminar esse trabalho, tornando a Educação Ambiental como parte do contexto social e não só escolar, como destaca Castro (2009, p.175) “[...] a Educação Ambiental não pode ser concebida apenas como um conteúdo escolar, pois implica uma tomada de consciência de fatores políticos, econômicos, culturais e científicos.”

A participação social fará parte da formação do indivíduo à medida que se possa estabelecer uma relação entre a teoria e a prática, unindo-se o pensar e o agir em busca da qualidade de vida e de um meio ambiente preservado.

A Educação Ambiental traz consigo uma nova pedagogia que surge da necessidade de orientar a educação dentro do contexto social e na realidade ecológica e cultural onde se situam os sujeitos e atores do processo educativo. Por um lado, isto implica a formação de consciências, saberes, e responsabilidades que vão sendo moldados a partir da experiência concreta com o meio físico e social, e buscar a partir dali soluções aos problemas ambientais locais. (LEFF, 2005, p. 257).

Ainda, para compreender as dificuldades de se aplicar a EA no contexto escolar, deve-se lidar com alguns problemas como, por exemplo, o difícil acesso à qualificação. O que dificulta é que nem sempre o educador possui uma visão de como trabalhar o todo, isso implica que este educador tenha uma visão, muitas vezes, equivocada de como apresentar o problema e sensibilizar para uma solução.

O educador sem a qualificação adequada, apenas contando com sua boa intenção de melhorar o planeta, muitas vezes, não enfrenta o desafio que vai além da visão ingênua e desatualizada da situação ambiental, o que enfatiza Carvalho, (2006, p. 154):

Apenas uma visão ingênua tenta sugerir que a boa intenção de respeitar a natureza seria premissa suficiente para fundamentar nova orientação educativa apta a intervir na atual crise ecológica – que implica o questionamento e a disputa dos territórios do conhecimento – e social – relativa entre as relações entre sociedade e natureza e suas conseqüências para nossos projetos e condições de existência no mundo. (CARVALHO, 2006, p. 154):

Outro aspecto negativo referente ao tratamento da EA no ensino formal é o fato de que, muitas vezes, ela é abordada ou trabalhada como nas disciplinas de biologia, geografia e ciências, descaracterizando-se sua a importância e a necessidade de se trabalhar seus princípios e recomendações. Para Reigota (2002, p.81):

O conteúdo dessas disciplinas permite que vários aspectos do meio ambiente sejam abordados, mas sua prática pedagógica mais tradicional procura transmitir conteúdos científicos ou, na sua versão mais moderna,

construir conceitos científicos específicos dessas disciplinas, como se a transmissão e∕ou construção de conhecimentos científicos por si só fossem suficientes para que a educação ambiental se realizasse. (REIGOTA 2002, p.81)

Vale ressaltar que os trabalhos em Educação ambiental nas escolas, muitas vezes, estão restritos, quase em sua totalidade, a tarefas pontuais com atividades de curta duração e sem continuidade. Muitas vezes, surgem em datas especificas como, por exemplo, no dia da água em que é comemorado com palestras e outras atividades curtas em sala de aula.

A EA tem a incumbência de evidenciar que a resposta aos problemas ambientais passará por estratégias e ações que evoluam, segundo Caride e Meira, (2004, p.181), de uma “prática educativa consciencializadora” para uma prática em que os processos educativos assentem na “mobilização da cidadania e da mudança social”.

O dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado é uma atribuição do Poder Público e da coletividade e promover a educação ambiental visando à conscientização para a preservação do meio ambiente pode ser a resposta para muitos dos problemas vivenciados na atualidade. A inclusão de termos como participação social e desenvolvimento sustentável, no dialogo da EA, contribui para que se possa abalizar o papel de cada um dentro da coletividade e do que se pretende ter como desenvolvimento.

No documento ADAIRLEI APARECIDA DA SILVA BORGES (páginas 45-50)