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A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO CONTEXTO CAPITALISTA E A PARTICULARIDADE BRASILEIRA NO ACESSO E INGRESSO AO ENSINO

SUPERIOR

Após a explanação, no tópico anterior, acerca do conceito de educação e ensino na visão de alguns autores de renome no âmbito educacional e das colocações a respeito da relação entre educação e trabalho, iremos elucidar como se constituiu o processo de construção da política de educação no Brasil. Faremos um breve resgate histórico acerca das políticas sociais abordando o contexto histórico, político e econômico brasileiro nas décadas de 1970 e 1980, tendo como foco a Constituição Federal de 1988, destacando algumas leis que regulamentam o sistema educacional brasileiro, bem como os impactos sofridos no âmbito da educação desde a ditadura até o governo do Partido dos Trabalhadores. Frente a isso, iremos problematizar as particularidades brasileiras no acesso e o ingresso no ensino superior no país.

Como elucidado ao final do tópico anterior, as políticas sociais estão associadas à dinâmica social encontrando-se diretamente ligadas à questão social, enraizada no sistema capitalista de produção, onde o surgimento das mesmas foi diversificado entre os países. No caso do Brasil, o Estado necessitava intervir no enfrentamento das expressões da questão social, sendo criadas assim, as políticas sociais. As mesmas surgem como forma de amparar a classe trabalhadora no campo da proteção social e com o intuito de reduzir a desigualdade social, expressão da questão social.

Porém, assim como outros países da América Latina, o Brasil teve a sua regulamentação social de forma tardia reconhecendo os direitos sociais no último quartil do século XX, após um longo período de luta contra as ditaduras, ocorrendo via um modelo de regulamentação social quese distanciava da noção de pleno emprego, sendo, internamente, uma garantia de direitos com o interesse no mercado; no entanto, esse reconhecimento de direitos sociais não assegura que os mesmos estejam sendo realmente efetivados, necessitando a ação de luta dos movimentos sociais na garantia de direitos para os cidadãos (SPOSATI, 2002).

Podemos dividir a trajetória das políticas sociais no Brasil em dois momentos: o primeiro é o momento inicial, pós 1930, onde surgem as primeiras configurações do Sistema de Proteção Social brasileiro postas pelo Estado; e o segundo momento é após a Constituição Federal de 1988, com consecutivas lutas dos movimentos sociais, com a significativa ampliação do Sistema de Proteção Social.

Como supracitado, as iniciativas de proteção social no Brasil passam a se destacar em meados do século XX na medida em que o capitalismo industrial avançava e ocorriam mudanças sociais, econômicas e políticas, e, em decorrência desse avanço, se tem a exploração da força de trabalho e aumento da desigualdade social como fruto do aprofundamento das expressões da questão social.

Porém, as primeiras legislações tinham como função o atendimento àqueles que possuíam emprego com carteira assinada, onde a classe trabalhadora passa a ter alguns diretos básicos registrados que lhes garantiam a amenização dos males causados pela desigualdade social e agravamento da pobreza. Essas primeiras iniciativas que marcaram o surgimento do sistema de proteção social no Brasil não atendiam o exército industrial de reserva, ou seja, àqueles sujeitos que não conseguia se inserir em um vínculo formal de trabalho. Estes dependiam da caridade, de ações filantrópicas não ordenadas pelo Estado e de ações de caráter clientelista (YASBEK, s.d., p. 12).

No campo dos direitos trabalhistas podemos destacar a criação da carteira de trabalho e da jornada de trabalho de 8 horas diárias no comércio e na indústria, ambos no ano de 1932; a consolidação das leis de trabalho no ano de 1943; e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em 1966. No âmbito da previdência social possui destaque a criação da Lei Eloy Chaves que determinou a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões em 1923; a expansão dos Institutos de Aposentadorias e Pensões a partir dos anos de 1930 (que constituíam um sistema de previdência público e que extinguiu as Caixas de Aposentadorias e Pensões) que se iniciou abarcando a categoria dos marítimos; o direito à Previdência Social decretado pela Constituição Federal de 1934; e a aprovação da Lei Orgânica da Previdência Social no ano de 1960 (BEHRING e BOSCHETTI, 2009, p. 107).

No campo da saúde e educação temos, no ano de 1930, a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Consultivo do Ensino Comercial, no entanto, o Estado não possuía uma política de saúde efetiva e suas ações eram limitadas às campanhas sanitárias e na saúde pública via medicina previdenciária. No que tange a Assistência Social podemos destacar nesse

período inicial a criação do Conselho Nacional de Serviço Social em 1938; e a criação da Legião Brasileira de Assistência em 1942, com fortes marcas celetistas e assistencialista (BEHRING e BOSCHETTI, 2009, p. 107).

Acerca do desenvolvimento da educação superior no Brasil, podemos afirmar que a mesma constitui-se pelas especificidades de nossa própria formação política, econômica e social. Florestan Fernandes é um dos pesquisadores que analisam a relação entre os alicerces fundantes da educação superior no Brasil: o padrão de desenvolvimento dependente e o padrão dependente de educação; isso por meio de um comparativo com as universidades europeias, o qual o autor afirma que este processo é caracterizado por três níveis de involução que provam o ultrapassado sistema de educação superior implantado no Brasil:

1) como não foram transplantados em bloco, mas fragmentados, o que ocorre de fato é a implantação de unidades isolada, diferenciadas das universidades europeias da época; 2) apesar de servir para um processo de “modernização” e “progresso cultural”, realizado por meio de saltos históricos, essas “universidades conglomeradas” limitavam-se à absorção de conhecimentos e valores produzidos pelos países centrais; 3) o que a escola superior precisava formar era um letrado com aptidões gerais. (FERNANDES, 1975b apud LIMA, 2012, p. 5)

Desde o início de sua formação, um tema central presente na educação superior é a necessidade de expansão, e através do desenvolvimento do capitalismo, o sistema passa a exigir a expansão do ensino superior no Brasil, já que necessita de força de trabalho qualificada que atendam as alterações realizadas no mundo do trabalho. Desse modo, a burguesia, que até então eram os cidadãos frequentadores das universidades, tomam para si o papel de conduzir a reforma universitária nos marcos da modernização conservadora, como forma de desenvolver o país e de ampliar o acesso à educação, porém, dentro dos limites conjunturais da ditadura militar, sendo considerada como a primeira fase da expansão da educação superior. No entanto, por trás dessa expansão no ensino superior estava a forte presença do setor privado no âmbito educacional e a ilusão de uma educação democratizada (LIMA, 2012, p. 7).

No final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, observa-se uma expressiva organização por parte da classe popular com reinvindicações para reformas de base, bem como o livre sindicalismo No campo da educação podemos destacar enquanto importantes movimentos, as ações do Movimento de Educação de Base4 juntamente aos

4O movimento de educação de base é vinculado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

fundada no ano de 1961, sem fins lucrativos, de direito privado, constituída como sociedade civil. Atua em áreas brasileiras as quais as expressões da questão social são visíveis, principalmente nas regiões

setores da Igreja Católica, a iniciativa da União Nacional dos Estudantes (UNE)5 para a

Reforma Universitária, e também as iniciativas de educação popular.

No entanto, a partir do golpe de Estado e da implantação da ditadura militar no ano de 1964 e diante do contexto de exaltação popular e das camadas socialistas, os movimentos populares e as ações do livre sindicalismo são fortemente reprimidos. De acordo com Neves e Pronko (2008), o Brasil torna-se um país de economia essencialmente com caráter modernizador e que apesar do contexto, são visíveis as ações sociais por parte do Estado, no entanto, essas ações têm como intuito o consenso por parte da grande massa da população.

Dessa forma, durante a ditadura militar, - período marcado pela repressão, pela violência por parte do Estado aos opositores, efetivada através do autoritarismo e da censura - as políticas sociais tinham como foco a manutenção e a legitimação do sistema vigente, onde se era propagado que o desenvolvimento social seria decorrente do desenvolvimento econômico, bem como, favorecer a expansão da produtividade social do trabalho diante das demandas postas pelo capital, mas sem ter como função principal a universalização dos serviços sociais (NEVES e PRONKO, 2008, p.44).

No âmbito educacional no período da ditadura são visíveis a repressão e as ações do Estado autoritário, como por exemplo o Ato Institucional I, que previa a punição de funcionários públicos que fossem responsáveis por insubordinação e ações que fossem contra o sistema político vigente e o Decreto-Lei nº 477, de 1969, que restringiu os direitos de professores, funcionários e estudantes das escolas e universidades das redes públicas e particulares de ensino, proibindo manifestações e protestos de cunho político; dessa forma, professores, estudantes e funcionários das instituições de ensino foram presos, torturados, exilados e até mesmos mortos por explanarem a realidade vivida no Brasil.

Norte e Nordeste, e em cada área há a presença de equipes regionais, inseridas nas comunidades, e que tem como função a alfabetização de jovens e adultos, educação de base e a mobilização social - com a influência de Paulo Freire e na educação popular -, orientados e monitorados pela Equipe Nacional. O trabalho do Movimento de Educação de Base tem como foco a contribuição para a promoção humana e a ultrapassagem das desigualdades sociais.

5A União Nacional dos Estudantes foi fundada em 1937 é a entidade máxima dos estudantes brasileiros.

A UNE é um movimento onde lutas sociais e bandeiras do movimento estudantil brasileiro são erguidas, sua presença e importância são notórios desde os anos de 1940 na campanha “O Petróleo é Nosso”, ao enfrentamento da ditadura civil-militar, nas “Diretas Já”, no movimento dos “caras pintadas” contra o governo Collor, a luta contra os governos neoliberais nos anos 1990 e pelas jornadas de junho de 2013. Atuando na melhoria das condições de educação e na mobilização dos estudantes brasileiros.

Diante do contexto de repressão vivido pela sociedade brasileira ocorre o aumento das viabilidades educacionais, no entanto com a ilusão de que esse aumento ocorreria de forma positiva, porém, essa expansão ocorre via redefinição de alguns setores da educação e a privatização do ensino, visto que:

O modelo político-econômico tinha como característica fundamental um projeto desenvolvimentista que busca acelerar o crescimento sócio- econômico do país. A educação desempenhava importante papel na preparação adequada de recursos humanos necessários à incrementação do crescimento econômico e tecnológico da sociedade de acordo com a concepção economicista de educação (VEIGA, 1989, p.34 apud FONSECA, s.d.)

Durante a ditadura militar, o governo focou em três pontos de ação fundamentais no ensino superior. O primeiro deles foi a manutenção do controle por parte dos militares durante a reforma universitária reprimindo estudantes, professores e militantes, citado anteriormente; o segundo ponto de ação foi o da falsa democratização do ensino médio e do ensino superior, com oportunidade de acesso, porém com caráter conservador; e o terceiro ponto de ação é o da mercantilização do ensino e dos acordos entre MEC e USAID (LIMA, 2012, p. 7).

De acordo com Fonseca (s.d.), entre os anos de 1964 a 1968 foram feitos acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States International for Development (USAID), firmados com a Agency for International Development (AID), comanda pelos presidentes militares Humberto Alencar Castello Branco e Arthur da Costa e Silva, sendo um total de doze acordos que culminariam e influenciariam fortemente nas leis e reformas presentes no sistema educacional.

A parceria e então os acordos entre MEC e USAID tinham como função principal fortalecer o ensino primário, o aprimoramento do ensino médio via assessoramento técnico dos Estados Unidos e a modernização das atividades administrativas nas universidades brasileiras. Os acordos possuíam um caráter autoritário, assim como o sistema vigente, sustentados em três pilares básicos: educação e desenvolvimento; educação e segurança; e educação e comunidade; e servindo também de base para as posteriores reformas no ensino superior e os ensinos de primeiro e segundo graus.

Nesse período a educação voltou-se para a formação de mão de obra para atuação no mercado que estava em expansão, uma educação tecnicista voltada para a eficiência, onde a união entre teoria e prática é reforçada a todo tempo, bem como a formação de professores em licenciaturas de curto prazo e na especialização de um ano

para os alunos egressos do chamado segundo grau, sendo a maioria filhos da classe trabalhadora, para a formação de mais e mais trabalhadores aptos para o crescente mercado de trabalho (FONSECA, s.d.).

No que tange as reformas nos ensinos de primeiro e segundo graus realizados pelo MEC e USAID, instituídos pela Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, houve a criação de cursos técnico-profissionalizantes de nível médio; o aumento no período de obrigatoriedade escolar que foi de quatro anos para oito anos, devido à crise universitária ocasionada por meio do grande número de exames vestibulares e pela pressão externa pela abertura de vagas nas instituições de ensino superior; bem como a integralização dos níveis educacionais, onde no momento em que o aluno termina de concluir cada um dos níveis, ele deve estar pronto para o mercado de trabalho; dessa forma, as reformas exigiam do Estado o aumento das responsabilidades frente a educação.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961) também alterou os ensinos primário e secundário, estabelecendo equivalência dos cursos técnicos ao ensino secundário como forma de favorecer o acesso nas universidades (FONSECA, s.d.).

No que diz respeito à reforma do ensino superior, orientadas também pelos acordos entre MEC e USAID, Neves e Pronko (2008) afirmam que a mesma foi estabelecida pelas Leis 5.540 e 5.539 de 1968 que tem como intuito reordenar a estrutura técnico-administrativas das universidades.

Nesse período ganha destaque o desenvolvimento e a elaboração do Primeiro Plano Nacional de Pós-graduação, e a sua expansão a partir de 1975. Outro ponto importante é a falta de vagas nas universidades federais, o que acarretou reinvindicações por parte dos estudantes no ano de 1964, no entanto, como forma de controle e repressão, entrou em vigor a Lei nº 4.464 de 9 de novembro de 1964 (conhecida como Lei Suplicy de Lacerda), onde garantia que:

Todas as entidades estudantis foram sujeitas ao controle do Estado, atendo a monitoração controladora com os Diretórios Acadêmicos e os Diretórios Centrais de Estudantes, nos estabelecimentos secundaristas como os Grêmios Livres substituídos pelos Centros Cívicos, sob o controle da diretoria dos colégios. (NAPOLITANO, 1998 apud FONSECA, s.d.)

Dessa forma, os estudantes seriam mantidos sob o controle do Estado, os protestos realizados pelos mesmos seriam anulados e o MEC seria responsável pela transferência

de verba e iriam orientar os órgãos estudantis, que agora passariam se serem reconhecidos como entidades estudantis (FONSECA, s.d.).

Na conjuntura ditatorial, o que se observava era que, amparados pelas leis vigentes, a Igreja Católica e os empresários educacionais possuíam importância central para a formação inicial dos filhos das classes média e alta para a sua entrada no ensino superior; enquanto isso, os filhos da classe subalterna encontravam-se restritos à educação pública no segundo grau e a consequente profissionalização compulsória desse nível escolar. Neves e Pronko (2008, p.48) afirmam que,

As opções desses grupos ficaram restritas aos cursos superiores ministrados em instituições isoladas, aos cursos oferecidos pelo ramo tecnológico, ao sistema de formação gerenciado pelo empresariado (Sistema S) ou, ainda, ao ingresso direto no mercado de trabalho. (NEVES e PRONKO, 2008, p.48)

As reformas institucionais dos ensinos primários, secundário e superior, apesar de serem consideradas progressistas, mantêm o caráter conservador da conjuntura ditatorial, com a diminuição dos direitos dos cidadãos que se tornariam facilmente manipuláveis pelo Estado frente às imposições realizadas pelo mesmo, gerando descontentamento geral por parte dos brasileiros, em especial pela classe estudantis, e as consequentes manifestações e reinvindicações contra o então governo.

Os anos de 1970 e 1980 foram períodos de mudanças no campo econômico, com a reestruturação produtiva, advento do neoliberalismo, e, consequentemente, mudanças nos campos políticos e sociais. A partir da crise econômica e política nos anos de 1970, que impactou diretamente na gestão do Estado, o neoliberalismo encontra possibilidades para avançar. Vale aqui ressaltar que o Brasil, nos anos 1970 começa a evidenciar o esgotamento do regime ditatorial diante de um contexto, a nível global, de crise do capital.

Crise decorrente do esgotamento do regime de acumulação capitalista, citada no tópico anterior, que não dava mais conta das demandas postas pelo capital, apresentando sinais de desmoronamento, e assim, retomar a busca por novas estratégias que reavivassem o ganho de lucro. Onde essa efetivação só irá se dar em decorrência dos avanços no campo das tecnologias que passam a garantir uma maior eficiência e velocidade durante o processo de produção, porém, atinge diretamente o mundo de trabalho – com a alteração da legislação no mercado de trabalho, por exemplo -; e o trabalhador que, de acordo com o próprio sistema, deve se qualificar e se adaptar a forma de produção vigente. Desse modo, a reestruturação produtiva colabora para a

hegemonia do neoliberalismo, que influi não somente na economia e na função do Estado, mas também no campo das políticas sociais e no mercado de trabalho.

No Brasil, a década de 1970 é marcada pelo investimento estrangeiro e pelos empréstimos feitos pelo país a financeiras estrangeiras para o incentivo à industrialização que acarretou a ampliação do mercado interno com o aumento do consumo por parte da população. Porém, todo esse movimento de expansão gerou o aumento incontrolável da dívida externa brasileira e sua consequente subordinação ao capital estrangeiro.

Nos anos de 1970 e de 1980 são visíveis os processos de redemocratização em vários países da América Latina, sendo o Brasil um deles, que passa por um crescente momento de efervescência social diante da derruição da ditadura. No Brasil, ao assumir o governo, o General Ernesto Geisel se deparou com uma grande dívida externa e com o não apoio do presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter ao regime anticomunista autoritário nos países da América Latina. Frente ao momento de crise, Geisel usou como estratégia de enfrentamento a lenta abertura política e econômica do país como forma de não gerar atrito com os setores mais conservadores das forças armadas e ganhou o apoio de militares que estavam sentindo o impacto da crise econômica e da consequente inflação (FONSECA, s.d.).

Após a indicação do partido de oposição Movimento Democrático Brasileiro (MDB) para as eleições, e a consequente vitória em alguns dos estados brasileiros tornou-se mais “fácil” de ser alcançada a abertura política no Brasil. O movimento Diretas Já que reivindicavam eleições diretas para presidência do país possui sua importância, mas que só foi aprovada em 1985 juntamente com algumas outras medidas que puseram fim ao regime militar no Brasil.

Na década de 1980, por meio das mobilizações dos movimentos sociais e com o fim do regime militar no Brasil, se ampliam as perspectivas no âmbito da proteção social. A Constituição de 1988 conhecida como a Constituição Cidadã está ligada à conjuntura política, social e econômica, bem como a luta popular da década de 1980 e de décadas anteriores. A mesma tem como fundamentos a equidade social e os direitos universais e irá definir e implementar a Seguridade Social baseada na tríade: Saúde, Previdência Social e Assistência Social. No entanto, ela não se apresenta de forma ampla e possui uma contradição no que se refere ao princípio universalizante, já que da tríade apenas a Política de Saúde possui caráter universal, no caso da Previdência Social seu caráter é restrito ao trabalhador contribuinte, e a Política de Assistência Social,

mesmo que reconhecida por lei como uma política não contributiva, direciona-se para indivíduos comprovadamente pobres ou incapacitados para o trabalho.

O Brasil não chegou a desenvolver o Estado de Bem-Estar Social da mesma forma dos países mais desenvolvidos. Nas décadas de 1980 e de 1990, o país passou por diversas mudanças estruturais no governo para se adequar ao projeto capitalista. De acordo com MINTO (2008, p.2), “ao mesmo tempo em que a reforma se apresentava como necessidade econômica, haja vista a abertura ao capital estrangeiro e a maior integração do Brasil no comércio internacional, era preciso viabilizá-la politicamente.”

Tendo como foco a educação, no Artigo 3º da Constituição Federal, afirma-se que: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais