• Nenhum resultado encontrado

EDUCAÇÃO E ESCOLA NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E A PROPOSTA MARXISTA

CAPÍTULO I FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA ESCOLA: DOIS PROJETOS ANTAGÔNICOS

1.1 EDUCAÇÃO E ESCOLA NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E A PROPOSTA MARXISTA

O movimento histórico confere de forma dialética a transformação do homem pelo trabalho e vice-versa – isto se dá através da busca pela satisfação das primeiras necessidades. Este fenômeno, por sua vez, gera novas necessidades. O trabalho executado na satisfação

destas necessidades transforma o homem. Marx e Engels (1986, p. 19) ressaltam que o “trabalho é (...) o fundamento da vida humana” e mais, “podemos afirmar que, sob determinado aspecto o trabalho criou o próprio homem”. Para Marx (2008, p. 172), o trabalho é “[...] uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana”. O trabalho não só permite a sobrevivência do homem como também o transforma constantemente, historicamente, dialeticamente. A teoria marxista considera o trabalho como elemento fundamental no processo de desenvolvimento do homem enquanto ser social. A educação do homem se dá essencialmente nesta troca, neste intercâmbio do homem com a natureza.

É por meio de suas pretensões que o homem institui suas relações com a natureza e organiza-se socialmente através do trabalho e de acordo com o nível de desenvolvimento dos meios de produção.“O que eles são coincide, portanto, com a sua produção, tanto com o que produzem, como com o modo como produzem. O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção” (MARX e ENGELS, 1986, p. 27, 28). Ou seja, pela produção e reprodução da vida.

Marx definiu o trabalho como o “[...] processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza” (2008, p. 211). O mesmo autor destaca que é através do trabalho que, o homem “põe em movimento as forças naturais de seu corpo - braços e pernas, cabeça e mãos - a fim de apropriar se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana” (2008, p. 211). Portanto, a efetivação da essência humana se dá pelo trabalho.

Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. [...] Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes a sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza (Marx, 1978a, p. 149).

Em acordo Kosik (1985, p. 203) subscreve que é pelo trabalho “o homem alcança [...] a objetivação, e o objeto é humanizado”, ou seja, é “[...] na humanização da natureza (promovida pelo trabalho) e na objetivação (realização) dos significados, o homem constitui o mundo humano (e constitui-se humanamente)”. Segundo Marx (1978a, p. 41) “E como tudo o que é natural deve nascer, assim também o homem possui seu ato de nascimento a história, que, no entanto, é para ele uma história consciente, e que, portanto, como ato de nascimento acompanhado de consciência é ato de nascimento que se supera”. Isto porque os objetos tais como são encontrados na natureza não possuem, de imediato, um sentido humano. É através do trabalho que o homem dá sentido aos objetos, tornando necessária sua ação sobre a natureza. Este é também um processo natural, um ato, onde o homem exercita sua consciência. O único ato da consciência humana é o saber, ou seja, o “saber é seu único comportamento objetivo” (MARX, 1978a, p. 42), de maneira que “o homem só conhece a realidade na medida em que ele cria a realidade humana e se comporta antes de tudo como ser prático”, afirma o mesmo autor. O homem é, portanto, fruto de seu trabalho. De maneira que as relações sociais e as relações produção entre os homens são resultado deste movimento dialético do trabalho e de sua configuração em dado momento histórico. Foi o executar da atividade prática – o trabalho – que impulsionou a passagem do agir instintivo à consciência.

A transformação de objetos naturais desencadeadas por necessidades sociais confere o caráter teleológico do trabalho, resultado de uma atividade previamente idealizada e conscientemente orientada. Dai decorre o processo educativo não formal. Neste processo de intercâmbio do homem com a natureza a consciência humana deixa de ser uma mera adaptação ao ambiente e passa a desenvolver-se.

Circunstancialmente no transcorrer da história todas as sociedades se sustentaram “[...] no antagonismo entre classes dominantes e dominadas. Mas, para que uma classe possa ser oprimida, é necessário garantir-lhe as condições que lhe permitam, pelo menos, sobreviver em sua existência servil”, salientam Marx; Engels (1989, p. 98). Nesta perspectiva Dalmagro (2010, p. 33) assinala que, “nas sociedades divididas em classe as contradições sociais se acentuam, com o antagonismo de interesses. A educação também expressa esse antagonismo com diferentes percepções acerca de como o homem se educa e os fins do processo educacional”. Contudo é importante ressaltar que o trabalho é a mola propulsora destes movimentos. Estes

elementos constitutivos no desenvolvimento do homem enquanto ser social, conduziu-a configuração de modos de vida e sistemas econômicos distintos (e transitórios) em tempos e espaços diferentes. Entretanto, foi com o desenvolvimento da sociedade capitalista, e especialmente com as características que alicerçaram (e alicerçam) esta forma de sociabilidade, como: a divisão do trabalho, a especialização e a valorização do consumo, que o sentido humano, em grande parte, passou à valorização do ter ao invés do ser. Gerando também, neste modelo de sociedade, a divisão de classes. Que por sua vez, deflagra conjuntamente características de segregação, de divisão – constituindo uma classe dominante e outra dominada. Disso alimenta-se o capital.

Para Shiroma, Moraes, Evangelista (2002, p. 09, 10) “[...] a escola é um dos seus loci privilegiados” desse processo. Através da institucionalização da escola, ao longo da história, “a educação redefine seu perfil reprodutor/inovador da sociabilidade humana” e “[...] adapta- se aos modos de formação técnica e comportamental adequados à produção e reprodução das formas particulares de organização do trabalho e da vida […]”. Ou seja, em cada tempo e espaço geográfico a educação e a escola constituíram-se e renovaram-se em seus métodos e formas, de maneira gradativa. Sendo assim, a educação materializada na escola é resultado de uma construção histórica e social. No entanto, para definir algumas características da educação e da configuração da escola em diversas sociedades e em diferentes períodos históricos devemos considerar que se trata de uma temporalidade bastante extensa, com diferentes elementos e formas de manifestações e transformações no próprio modo de aprender e ensinar. Portanto, nosso objetivo será demonstrar de maneira breve algumas características e especificidades da educação e da institucionalização da escola, relacionadas às questões de cunho contextual – para isso, consideramos alguns elementos sociais, históricos, geográficos, políticos, culturais e econômicos, que ora aparecem na descrição, ora não, em cada um desses períodos13.

13Tradicionalmente, costuma-se dividir o processo histórico em Pré-história e História, sendo a utilização da escrita o fato que distingue uma sociedade pré- histórica ou primitiva de outra sociedade histórica ou civilizada. Por isso, considera-se a pré-história como o período que compreende a atividade humana desde suas origens até o surgimento da escrita. Essa denominação foi definida por pensadores e estudiosos no século XIX, pois, naquela época, acreditava-se que a história de qualquer sociedade só poderia ser documentada através da escrita. Atualmente, historiadores e estudiosos de áreas afins, consideram que a existência de outras fontes (como as imagens, por exemplo) são tão importantes quanto a escrita na verificação da história de um povo ou uma sociedade.

Nas sociedades pré-históricas e indígenas é importante não existiam escolas e tampouco professores. Mesmo assim, o processo de socialização acontecia pela convivência social e pela relação intrínseca do indivíduo com o meio ambiente. De forma que, à medida que o ser humano mediava suas relações sociais, desenvolvia sua consciência, seu conhecimento. Já na antiguidade, (período que vai do século VIII a.C., até o V d.C., com a queda do Império Romano) “o processo educativo acontecia através da transferência de pais para filhos” (ROCHA, 2004, p. 32) através da prática e da vivência diárias. Havia, nessa época, um universo de saberes considerados importantes para a criança e, ao mesmo tempo, uma divisão sexual daquilo que meninos e meninas deveriam aprender para as suas vidas. Preocupavam-se com o desenvolvimento individual do ser humano.

Na Grécia antiga o modelo de educação estava pautado em ideais de liberdade política e moral. A configuração desse modelo de educação tem relação com a constituição da ideia de cidadania democrática e de participação política14 na história das sociedades, e

especificamente, com a constituição do modelo de estado patrimonialista, e não de um estado de direito. O ensino visava a preparação para o desenvolvimento intelectual da personalidade e do exercício da cidadania, fundamentados na liberdade política, moral e no desenvolvimento intelectual.

Há três fatores importantes que se constituem em elementos históricos, político e social a serem considerados aqui: primeiramente, a saber que, qualificar educação na Grécia antiga de maneira genérica é uma tarefa bastante equivocada do ponto de vista geográfico e especialmente político e social, pois sabemos que sua organização em Cidades-Estado permitia a manutenção de características e formas de organização diferenciadas em cada uma delas. Mesmo assim, apesar das diversidades, existia um ideal que pode ser considerado bastante abrangente quando nos referimos aos princípios norteadores da educação na Grécia Antiga. O segundo fator a ser considerado aqui é a questão da democratização da educação. Dependendo do período e da cidade-estado a qual nos referimos, os princípios dessa educação poderiam dizer respeito ao cultivo da mente ou do corpo. Ou seja, ainda estavam mais ou menos atrelados à questões filosóficas e morais. Haja 14“A palavra política deriva do grego pólis, que significa cidade. A vida social na Grécia Antiga, especialmente em Atenas, se dava na pólis. E o fenômeno mais importante da história Grega foi a pólis, a cidade-Estado” (OLIVEIRA, 1996, p. 17).

vista que em algumas cidades-estados como Atenas e Esparta os princípios e valores exaltados em cada uma delas tinham especificidades. A educação era regida a partir desses princípios. O processo educativo era direcionado de formas e preceitos totalmente diferenciados quando se tratavam de homens, mulheres e crianças.

Um terceiro, fator igualmente importante, veio com o desenvolvimento do comércio, com a ascensão da vida pública e com o gradual abandono das explicações unicamente baseadas nos mitos - que por sua vez, incitaram o desenvolvimento de certo racionalismo e de uma maior valorização do homem – surge a necessidade de uma formação que prepare o homem a atuar neste novo cenário, ou seja, a necessidade de um processo formativo que transformará este homem em um cidadão. Entretanto, a educação era encarada como uma atividade restrita a poucos. Segundo Oliveira (1996, p. 18), “[…] havia limites na democracia ateniense. A cidade não compreendia todos os habitantes, mas apenas os cidadãos propriamente ditos. Os gregos de outras cidades, como também os escravos, as mulheres e os estrangeiros residentes em Atenas não eram considerados cidadãos”. A educação era um privilégio daqueles que podiam consumir seu tempo livre com o saber e não tinham a necessidade de trabalhar para garantir a própria sobrevivência. A mesma autora salienta que num âmbito geral é “[...] a democracia ateniense constituiu-se […] no embrião da cidadania democrática [...]” (OLIVEIRA, 1996, p. 18) e influenciou as demais sociedades. Estando aí o indício de que, em sua gênese, a educação e a escola, mesmo sendo inicialmente gestada nos princípios de um estado democrático – a medida que era posta como um privilégio garantido a uma parcela mínima da população – tem seus alicerces essencialmente segregatórios.

Já na história da educação romana a primeira e fundamental instituição de educação é a família. O educador é o pai, que na sociedade familiar romana desempenha também as funções de senhor e de sacerdote. O objetivo da educação é o sentido prático social. A formação era designada aos oficios de agricultor, do cidadão, do guerreiro. O fim prático social que era conduzido o aprendizado traduzia-se sendo o próprio conteúdo teorético da educação naquele período – era a instrução propriamente dita, que se reduzia a uma aprendizagem mnemônica de prescrições jurídicas, que regulavam os direitos e os deveres recíprocos naquela sociedade agrícola-político- militar. Contudo, a educação romana sofreu uma profunda modificação, quando o antigo estado-cidade, desenvolveu-se e expandiu-se para a

nova forma do Estado imperial (entre o terceiro e o segundo século a.C.). Com a expansão do Império Romano e o domínio de diversos povos, houve uma necessidade de conhecimento das leis para atuação política e territorial. Estes objetivos tiveram influências de ideais de diferentes civilizações, especialmente pelo contato com a civilização grega, e tal fator, proporcionou uma universalização na forma de se pensar a educação romana. Assim como ocorria na Grécia, a sociedade romana também era escravista. A educação era, portanto, um privilégio dos grupos mais abastados. Ela deveria preparar o cidadão (definido pela possibilidade de contribuir economicamente com a manutenção do Império) para a atuação política e social. Como deveria voltar-se à manutenção do Estado Romano, os conteúdos dirigiam-se especialmente ao conhecimento do Direito Romano e da retórica, ou seja, dos elementos que permitiriam uma participação ativa na vida política.

Processualmente, este contato com a civilização helênica15,

colocou a exigência de um novo sistema educativo. Neste contexto, evidentemente, a família não estava mais à altura de ministrar esta nova e mais elevada instrução. As famílias das mais altas classes sociais hospedam em casa um mestre, geralmente grego (pedagogus ou litteratus). E, para atender às exigências culturais e pedagógicas das famílias menos abastadas, vão-se, aos poucos, constituindo escolas de instituição privada sem ingerência alguma do Estado. Essas escolas são constituídas de dois graus: sendo uma delas a chamada escola elementar, onde aprendia-se a ler, escrever e calcular. A outra foi a chamada escola média também chamada de escola de gramática, na qual ensinava-se a língua latina e a grega. Havia também a escola de retórica, considerada um terceiro grau no processo de aprendizado. Foi uma espécie de instituto universitário que surgiu com uma diferenciação superior da escola de gramática. A sua finalidade era formar o orador, porquanto a carreira política representava, para o espírito prático 15Compreende-se por período helenístico (do grego, hellenizein – falar grego, viver como os gregos) a difusão da civilização grega numa vasta área que se estendia do mar mediterrâneo oriental à Ásia Central. Este período é caracterizado principalmente por uma ascensão da ciência e do conhecimento. A cultura essencialmente grega se torna dominante nas três grandes esferas atingidas pelo helenismo, a Macedônia, a Síria e o Egito. Mais tarde, com a expansão de Roma, cada um desses reinos será absorvido pela nova potência romana, dando espaço ao que historicamente se demarca como o final da Antiguidade. Antes disso, porém, os próprios romanos foram dominados pelos gregos, submetidos ao helenismo, daí a cultura grega ser depois perpetuada pelo Império Romano. Fonte: http://www.infoescola.com/historia/helenismo/

romano, o ideal supremo. O orador romano seria o tipo do homem de ação, um político culto.

Por conseguinte, com a queda do Império Romano por consequência das invasões germânicas/bárbaras na Europa do século V16., tem início o período denominado Idade Média. Esta fase tem como

características a economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sociedade hierarquizada e um sistema de produção baseado nos feudos. E como o feudo era a base econômica deste período, quem tinha a posse da terra acabava possuindo mais poder. A nobreza feudal era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses e juntamente com o clero tinham um grande poder econômico, político e jurídico; e, interferiam substancialmente na educação daquela época. As influências da Igreja na educação se materializam especialmente, pelos ensinamentos do latim e de doutrinas religiosas. Dessa forma a educação era para poucos, e somente os filhos dos nobres estudavam. Com o renascimento dos centros urbanos e a dinamização das atividades comerciais, ainda neste período, estabeleceu-se aos poucos a necessidade de organização dos negócios e de administração das cidades. É neste contexto que surge a necessidade de formação de pessoas capacitadas para ocuparem postos de gestão administrativa dos negócios nas cidades em expansão comercial. As instituições de ensino passaram a ofertar oportunidade de instrução para o público leigo, ainda com a presença de membros da Igreja que lecionavam em tais instituições. Ainda assim, o saber continuava restrito a uma parcela pequena da população.

Com as grandes navegações iniciadas ainda no século XV, diversas partes do planeta começaram a se integrar economicamente. A descoberta da América e as rotas comerciais com a África e a Ásia criaram as bases de acumulação de capital necessárias ao desenvolvimento do capitalismo no período histórico posterior. Contudo a origem do sistema capitalista é creditado ao período da passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Os estudiosos denominam de Primeira Fase do Capitalismo Comercial ou chamam de Pré-capitalismo e este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Europeias, fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam a procura de ouro, prata,

16Essa época estende-se até o século XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano.

especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu17. Para

Luzuriaga (1959) é neste ínterim, mais precisamente no início do século XVI que nasce – sob a égide da Igreja católica – o primeiro momento da educação chamada pública. Para o autor, é nesse período que se estabelece, a Educação Pública Religiosa e esta mantém o objetivo da educação medieval, visando a formação do fiel e do cristão. Segundo Luzuriaga (1959, p. 05) o “[...] humanismo da Renascença se havia dirigido essencialmente à educação das classes sociais superior, e tinha caráter estético e intelectual e antes individualista; ao passo que o movimento da reforma se encaminhou para a educação de todo o povo, com fins essencialmente religiosos e éticos”. E acrescenta, “[...] politicamente, é o século do chamado ‘despotismo esclarecido', da instrução do povo, mas sem o povo, imposta de cima para baixo; da secularização da educação e de sua subordinação ao Estado [...]” (LUZURIAGA, 1959, p. 23). É no final do século XVII que o Estado entra em processo de secularização culminando no século XVIII na Educação Pública Estatal. Esta educação tem caráter disciplinar e autoritário e objetiva a formação do súdito. É importante destacar que concomitantemente, no final do século XVIII, aconteceu a Revolução Francesa (no ano de 1789) o que culminou na união do povo francês contra a liderança da burguesia, tendo forte influência nas relações de educação e trabalho configuradas naquele momento. Este movimento teve como principal marco a derrota do regime Absolutista. Neste processo nascem as primeiras reivindicações de direitos, dentre eles, o direito à escola pública como responsabilidade do Estado. Manacorda (2002, p. 358) mostra que neste período histórico, o qual é chamado por ele de Setecentos, é que “[...] a instrução torna-se uma necessidade universal.O autor faz referência às mudanças avultadas na passagem do velho mundo para o novo mundo e a forma como gradativamente os modos de vida das sociedades foram se reconfigurando, sob a égide do modo de produção capitalista. Processualmente, com o acontecimento das descobertas, a forma de trabalho foi gradativamente mudando do artesanato para a manufatura, e consequentemente foi acentuando a divisão do trabalho, levando a decadência do feudalismo e a inauguração de um novo período denominado Idade Moderna18.

17Este período de transição da Idade Média para a Idade Moderna (século XV a XVI) foi marcada por uma série de transformações na visão de mundo do homem ocidental. Foi o período da história em que predominou o regime absolutista que concentrava o poder no clero e na nobreza.

18O início da Idade Moderna (século XVI) aconteceu com a tomada da cidade de Constantinopla pelos Turcos- Otomanos, em 1453, e encerrou-se com a queda

Segundo Manacorda (1989, p. 270), “na Idade Moderna, o modo de produzir os bens materiais necessários para a vida da sociedade transformou-se profundamente”. Outros aspectos também marcaram esta ruptura da Idade Média para a Idade Moderna. Tais como: as grandes invenções, a exemplo da pólvora e do papel, as descobertas do caminho das Índias e da América, a revolução comercial, a ocupação burguesa, o avanço do sistema capitalista e a já citada decadência do feudalismo; somando-se à Formação das monarquias nacionais (aliança entre banqueiros e reis) e a Reforma e Contra-reforma que trazia em seus princípios o espírito inovador a favor da crítica à estrutura