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intitulado: “FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA ESCOLA: DOIS PROJETOS ANTAGÔNICOS” Este capítulo tem

como objetivo debater sobre o antagonismo de dois projetos de educação e escola. Tendo como ponto inicial para esta reflexão a concepção de educação como processo de socialização do conhecimento, procura-se analisar os elementos constitutivos da base histórica onde fundamentou-se a educação tida como formal e da institucionalização da escola na sociedade burguesa; bem como a perspectiva marxista de educação e escola que se coloca neste contexto como refutação ao projeto instituído. Dessa forma, no item 1.1 intitulado EDUCAÇÃO E ESCOLA NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E A PROPOSTA MARXISTA propõe-se uma discussão acerca dos temas educação e escola. De forma que verifica-se processualmente a constituição do ato de educar em algumas sociedades, considerando contextos sociais, históricos, geográficos, políticos, culturais e econômicos dada a relação espaço-tempo. Tendo como princípio o caráter teleológico do trabalho que impulsionou a passagem do agir instintivo à consciência, ou seja, a educação do homem acontecendo essencialmente no intercâmbio do homem com a natureza. Por conseguinte, complementam este momento da reflexão proposta, a institucionalização da escola pública sob a ótica do modo de produção capitalista. Concomitantemente, verifica-se a proposta marxista de educação e escola, que se apresenta neste contexto, como projeto antagônico ao da sociedade burguesa.

Por conseguinte o texto 1.2 intitulado A CONSTITUIÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA BRASILEIRA SOB A ÓTICA DO MERCADO expõe o resultado de uma análise acerca da constituição da escola pública brasileira sob a ótica do mercado. Para este debate foi fundamental considerar a análise com base nas categorias “trabalho e

educação”. Bem como, outras categorias que dão suporte ao debate na perspectiva materialista histórica de análise, consideradas essenciais para a compreensão dos temas suscitados.

No capítulo II versaremos sobre a REFORMA DO ESTADO: AS PROPOSTAS DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA E DA GESTÃO ESCOLAR. Este texto expõe um estudo acerca das relações entre a reforma do Estado, a modernização da gestão pública e suas conexões com a reforma educacional brasileira na década de 1990 – considerando a repercussão destes encaminhamentos e seus desdobramentos na gestão escolar das escolas públicas. Nesta perspectiva é apresentado no item 2.1 intitulado MODERNIZAÇÃO DO ESTADO E DA GESTÃO PÚBLICA uma análise sob a perspectiva histórica em que se deu a reforma do Estado e a reforma educacional. Bem como, a implantação do modelo gerencial de administração pública no Brasil. Conjecturou-se, nessa reflexão, a convergência de diretrizes entre as duas reformas e a articulação destes elementos com o contexto da reorganização do capital.

Já, no item 2.2 intitulado GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL E AS PROPOSTAS DE “NOVAS FORMAS” DE GESTÃO é feita uma abordagem (relacionando a reforma de estado) sobre como estes encaminhamentos e modelos adotados para a gestão do estado foram (são) transferidos e repercutiram (em) na forma burocrática organizativa das escolas públicas estaduais. Por conseguinte elaboramos uma reflexão sobre a adoção de princípios pautados na democracia e na participação firmados em documentos oficiais de governo (tanto em nível estadual quanto federal, como leis, Decretos, Programas, Projetos, etc). Para este debate intitulamos dois textos da seguinte forma: 2.2.1 Concepção “democrática” de gestão escolar e 2.3 GESTÃO DA ESCOLA PÚBLICA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS BRASILEIROS. De forma que os documentos analisados nesse estudo, encontram-se dispostos da seguinte forma: 2.3.1 Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação; 2.3.2 Plano Nacional de Educação; 2.3.3 Programa Progestão e Programa nacional escola de gestores da educação básica pública; 2.3.4 Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares; 2.3.5 Plano de Gestão Escolar. Em suma, este capítulo tenta estabelecer uma reflexão crítica acerca da forma paulatina que as políticas educacionais formalizam e formatam, por meio de Programas, Leis, Decretos, entre outros documentos oficiais, um novo modelo de gestão para a escola pública engendrando e sugestionando uma organização de escola nos moldes gerencialistas e

mercadológicos, porém pautados num discurso de democracia, participação e autonomia.

O capítulo III intitulado: A GESTÃO DA ESCOLA: PRINCÍPIOS E INSTRUMENTOS DA GESTÃO DA ESCOLA PÚBLICA, apresentamos a escola Padre Anchieta, local onde desenvolvemos a pesquisa de campo. Para esta reflexão teórico empírica realizamos o cotejamento entre as falas coletadas nas entrevistas, os documentos oficiais e a base teórica. Esta forma de analisar o objeto pesquisado é definida por Triviños como “técnica da triangulação na coleta e análise de dados” (TRIVIÑOS, 1987). Parte de princípios que sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social, sem raízes históricas, sem significados culturais e sem vinculações estreitas e essenciais com uma macro-realidade social” e tem por objetivo “abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo” (TRIVIÑOS, 1987, p. 138). Segundo o mesmo autor, é uma técnica que parte de “princípios que sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social, sem raízes históricas, sem significados culturais e sem vinculações estreitas e essenciais com uma macro-realidade social” (1987, p. 138). A técnica apresentada por Triviños (1987) está estruturada em três pontos centrais (temas) que se desdobram em vários aspectos. Ou seja, cada ponta do triângulo concentra um assunto que contem em si aspectos relacionados.

Os três pontos seriam: “processos e produtos originados pela estrutura socioeconômica e cultural do macro-organismo social do sujeito”, “processos e produtos centrados no sujeito”, e “elementos produzidos pelo meio do sujeito”. No que tange aos “processos e produtos originados pela estrutura socioeconômica e cultural do macro- organismo social do sujeito”, essa pesquisa apresenta como um dos pontos a análise do objeto de estudo sob a perspectiva do modo de produção capitalista – quando analisa os dois projetos de escola (a da classe burguesa e da classe trabalhadora) e para isso desenvolve uma reflexão sobre as relações de produção, com base na literatura. Por conseguinte o segundo ponto do triângulo seria, nessa pesquisa, o que Triviños chama de “processos e produtos centrados no sujeito”. O que inclui neste os momentos de entrevistas, de observação livre, percepção, comportamentos e ações registrados pelo (a) pesquisador (a). O terceiro ponto do triângulo diz respeito aos “elementos produzidos pelo meio do sujeito”. Essa parte estruturante da técnica considera importante (no processo) a análise dos documentos oficiais. Estão relacionados à este

ponto e incluídos neste aspecto: documentos (internos e externos), leis, regimentos, decretos, atas de reuniões, políticas de ação, fotografias, sistema escolar, etc. E todos esses elementos correspondem aos recursos (pontos) utilizados para a coleta de materiais para essa pesquisa. Dessa forma, compreendemos que a análise da perspectiva da triangulação de informações correlacionando entrevistas, teoria e documentos, concede desde o processo de pesquisa, maior confiabilidade aos resultados e possibilita ao pesquisador um enriquecimento textual, uma vez que articula teoria e prática à interpretação e exposição das informações. E nos faz crer que esta forma de agregar e analisar as informações obtidas pela pesquisa, contribui para uma compreensão da totalidade do processo e melhor entendimento do objeto estudado.

No segundo momento (do referido capítulo III), apresentamos uma reflexão a respeito das “implicações sobre as condições e as relações de trabalho” configuradas nesta Escola. Para essa análise foi importante trazer elementos da categoria marxiana “relações de produção”, uma vez que esta categoria alicerça a subcategoria “relações de trabalho”. É interessante ressaltar, que no princípio esta subcategoria relações de trabalho, não era objetivo de verificação nesse estudo e tão pouco, tinha intento de ser. Entretanto, surgiu da empiria sempre associada as falas dos entrevistados e observações realizadas na Escola. À medida que os depoimentos eram coletados, as categorias “contradição e totalidade”, que já foram anunciadas no capítulo I12,

reafirmam-se aqui como necessárias e imprescindíveis para alicerçar este debate.

A categoria contradição porque é a base da metodologia dialética, é o ir e vir do fenômeno. É o movimento que está introjetado no fenômeno e ao mesmo tempo o valida e o questiona como realidade material. Desprezar esta categoria neste momento de reflexão seria considerar a realidade como algo estático, seria retirar do real o movimento. Da mesma forma a categoria totalidade permite a conexão e articulação do que se apresenta como real a outros processos, observando o que se apresenta como resultado de um processo histórico. Abrir mão desta categoria seria, neste ponto da pesquisa, considerar a realidade materializada na Escola como uma sequência de níveis autônomos, sem relação com o todo, como se cada instância no processo de gestão (administrativo, financeiro e pedagógico), por 12Quando da análise do modo de produção capitalista, das relações de produção, das classes sociais e dos projetos antagônicos de escola para a classe burguesa e classe trabalhadora.

exemplo, funcionassem separados. Já, os vínculos que se estabelecem no âmbito do trabalho, dizem respeito às “relações de trabalho”. Esta categoria de análise – se verificada sob a ótica da estrutura de mercado – de um modo geral, diz respeito ao processo de produção. Ou seja, faz referência às relações entre o trabalho e o capital, ou melhor dizendo, entre a venda da mão de obra pelo trabalhador à entidade empregadora. Mas, esta forma de entendimento do processo de produção pode se dar também em organizações não privadas e em escalas bem menores, como é o caso da Escola pública. Neste espaço as “relações de produção” podem configurar uma determinada forma de organização e acarretar em aspectos muito específicos nas relações de trabalho.

É oportuno esclarecer que o uso desta categoria de análise não teve o propósito de verificar aspectos pedagógicos da relação ensino- aprendizagem entre professor e estudante na Escola pesquisada. Este não é o objetivo da pesquisa. Como anunciamos anteriormente, esta categoria surgiu no decorrer da prática de campo. Sua pertinência foi se intensificando a medida que as entrevistas eram realizadas e os profissionais eram ouvidos. Nessa perspectiva, é importante também, assinalar que não desconsideramos a grande importância do trabalho pedagógico realizado pelos professores e sobretudo, sua forte influência sobre aspectos da gestão pedagógica da Escola, especialmente, à nível de formação e politização dos estudantes, para ação em órgãos colegiados, por exemplo. Entretanto, o caminho percorrido por esta pesquisa não objetivou alcançar este ponto da discussão. Julgamos que este elemento a mais (o trabalho pedagógico do professor em sala de aula) merece ampla discussão e pesquisa abrangente, respeitando as complexidades e a magnitude do ato pedagógico.

Esta etapa da pesquisa, reservou-se em verificar como a divisão e a organização do trabalho na Escola podem estar influenciando e afetando as relações de trabalho entre os todos profissionais da escola. Consideramos, para esta parte do estudo, uma reflexão partindo do pressuposto de que ao longo dos anos a escola vem obedecendo a uma formatação de organização estrutural e aderindo à “novas formas” de gestão, as quais vem acarretando problemas nas condições de trabalho e inúmeros conflitos nas relações de trabalho e por sua vez, desarticulando a perspectiva de uma gestão democrática num sentido pleno de participação.

A terceira e última parte da análise anuncia, com certo tom de “provocação”, o último texto que propõe uma reflexão sobre uma das questões suscitadas neste capítulo: É possível uma gestão democrática

plena numa escola pública, na forma de sociabilidade capitalista? O texto faz um convite a refletir sobre as contradições presentes na concretude da escola e quais as possibilidades para a construção de uma gestão democrática, sendo a escola parte de uma macroestrutura social do modo de produção capitalista.

Por fim, apresentamos algumas conclusões e considerações finais sobre a pesquisa dialogando com alguns autores citados no decorrer deste trabalho e com os elementos depreendidos da pesquisa realizada nos documentos oficiais governamentais e com a experiência vivida na escola Padre Anchieta.

CAPÍTULO I - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA ESCOLA: