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Educar através de percepções sensoriais com brinquedos

No documento 2012Dulcicleia _Antunes (páginas 97-100)

2.5 Projeto das oficinas de ecodesign

3.2.1 Educar através de percepções sensoriais com brinquedos

Na educação de crianças, muitas das atividades são mediadas pela percepção sensorial, pois no seu aprendizado tudo passa pelos órgãos sensoriais. As crianças são receptivas e devem ser incentivadas pelos professores com recursos que possam desenvolver percepções e principalmente seus sentidos.

As crianças são seres que estão produzindo sentidos sobre o mundo o tempo todo, como todos nós, e que necessitam e apreciam a mediação dos adultos a seu redor para esta produção e ampliação de significados. Elas […] desejam aprender, são curiosas, imaginativas, têm o frescor da juventude e a explosão energética da infância. (SCHMIDT, 2005, p. 13).

Para que aconteça a educação através das percepções, no meio escolar, pela inserção de determinadas técnicas e práticas ligadas a educação estética para cada disciplina, respeitando suas características culturais e seus conteúdos, cabe aos professores, um aprofundamento na sua busca e formação, e à escola, a mudança de alguns padrões educacionais e a obrigação de se interar desses valores para interagir com os alunos, por meio de incentivo à aproximação da arte, ao espaço para o aluno desenvolver seus sentidos através de diversas técnicas, a apresentação de materiais alternativos inseridos ao conteúdo da disciplina, entre vários outros elementos lúdicos que possam estimular esse aprendizado para a educação estética. Constatamos, várias vezes, nas palavras da professora formadora 1 a importância de desenvolver os sentidos das crianças com materiais diferenciados, que possam apresentar algum novo elemento estimulante para a criança:

Eu acho que todo e qualquer elemento que estimule os nossos sentidos que tenham percepções diferentes, por exemplo, coisas que fazem barulho, que

estimulam a audição. Texturas diferentes que estimulam o sentido tátil. Se puder me encostar, abraçar o colega, sentir num material, o que espinha, o que não espinha. Com certeza, eu vou trabalhar com os sentidos. Poder sentir cheiros diferentes e enxergar coisas diferentes, ou não enxergar. Poder desenvolver um trabalho com as percepções sensoriais, principalmente o desenvolvimento cognitivo psicomotor e afetivo temos muitos resultados positivos, além do trabalho ser prazeroso e gratificante.

O uso de brinquedos ou materiais lúdico-didáticos na educação de crianças pode ser muito significativo na relação com a aproximação da estética na aprendizagem, pois nesses materiais lúdicos podem ser encontrados os elementos pedagógicos necessários para a criação de significados na percepção e na leitura de estímulos e desenvolvimento do imaginário infantil oferecido por esses objetos.

A professora formadora 2 diz que o brinquedo também é uma forma de enxergar o lúdico. Ela chama a atenção para a criação de brinquedos que não considera brinquedo lúdico com sua função, pois não teriam a função de desenvolver o imaginário da criança, Para ela, o brinquedo tem que ser algo que inspire a criança, para que ela possa criar e a partir disso, interagir com o objeto, ou seja, criar a partir dele, não necessariamente modificá-lo, mas que aquele brinquedo ou objeto se integre ao imaginário, seja algo que a imaginação projete; que esse objeto ou brinquedo possa ser integrado à imaginação do sujeito que faz uso dele e não da imaginação do criador do objeto. Ela conclui afirmando que alguns brinquedos podem limitar a ludicidade: “Existem brinquedos que definem qual é a conduta que a pessoa ou a criança tem que ter em relação a ele, que define a sua função, me parece que esse é um brinquedo que não é necessariamente lúdico.” A professora formadora 3 também aponta em sua fala a importância de, na criação dos brinquedos, aparecerem elementos inteligíveis, e reforça o fato de que devemos reconhecer um grande avanço da geração atual, tanto no conhecimento, quanto ao acesso às informações. Ela reconhece que vários materiais podem ser criados e pensados, porém, quando se fala em elementos inteligíveis, deve-se considerar que as crianças dessa geração vêm com outro olhar, temos uma cultura hoje de materiais, de um meio social das crianças que é fantástico, que ha dez, quinze anos era diferente. Então quanto mais as crianças têm acessos, mais tem que ser inteligente a nossa forma de construir os materiais pra eles. Existem muitos materiais e brinquedos que fazem as coisas para eles, e a preocupação é que são crianças que precisam desenvolver autonomia,

criatividade. Temos brinquedos muito interessantes, mas nós precisamos criar outros que superem aqueles brinquedos que não trabalham nada da autonomia da criança.

É necessário criar brinquedos e materiais pedagógicos com os quais a criança pense, crie; que ela faça suas produções, suas leituras, na própria educação estética, pois é ali que ela vai construindo o seu mundo, vai se percebendo o que ela pode fantasiar, materiais que trabalham letras, por exemplo; a criança já vai percebendo as formas da letra, o nome, que, quando se juntam, vão formar as palavras, que fazem som, dando mais sentido ao conteúdo quando estimulados por elementos externos.

A aluna 2 também considera que a educação através das percepções pode aparecer nos brinquedos e nos materiais lúdico-didáticos que forem apresentados pelo professor na sala de aula, sempre com a intenção de desenvolver os sentidos da criança, para que ela possa criar, inventar, fantasiar, fortalecer a sua identidade com autonomia; oferecer elementos que a criança realmente precisa para se desenvolver. E juntamente com essas percepções e desenvolvimento de sentidos através dos brinquedos, considero importante fortalecer e respeitar também os seus valores e a sua cultura. Sendo o professor o responsável por criar este elo em que fortalece o pensar da criança com o método usado, sempre considerando e valorizando os seus sentidos e as suas criações. Da mesma forma, a aluna 4 concorda com esse pensamento e reforça que o professor deve estar atento ao ato de brincar que a criança realiza. Que o brincar na sala de aula não pode ser só uma atividade de brincar; tem que existir um sentido na brincadeira, e o professor tem que estar atento, tem que mediar essa atividade que a criança está desenvolvendo com os brinquedos para que possa detectar e analisar as informações e atitudes que a criança traz durante o brincar. Nesse processo a criança traz a informação que o professor vai usar na avaliação do desenvolvimento do aluno, até mesmo do seu trabalho para que possa ver ou interpretar junto ao aluno o que é importante manter ou modificar na sua metodologia para que se tenha melhor resultado em sala de aula.

No documento 2012Dulcicleia _Antunes (páginas 97-100)