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Reconhecendo o lúdico na formação docente

No documento 2012Dulcicleia _Antunes (páginas 90-94)

2.5 Projeto das oficinas de ecodesign

3.1.2 Reconhecendo o lúdico na formação docente

Na formação docente, inicial ou continuada, reconhece-se a presença do lúdico, assim como a sua extrema importância, às vezes de forma intensa e outras superficiais. Cada professor tem sua capacidade lúdica e, dessa forma, precisa ser trabalhado no seu método de ensino com essa atividade para que possa realizar um trabalho com efeitos positivos nos alunos. O professor tem que aprender a brincar. Para a professora formadora 1, o lúdico é o aprendizado que acontece no ato de brincar, tanto para o professor quanto para o aluno; é brincando que a gente aprende. Penso que o professor tem que se despir desse adulto para poder ser criança, para poder fazer o lúdico prevalecer. Existe esse desafio. Se eu estou trabalhando com crianças, tenho que ter consciência de que eu tenho que pôr a minha criança à tona também. É rolando no chão, é brincando, é construindo. Então, a criatividade tem que ser desenvolvida junto com a criatividade das crianças. Faz parte do planejamento da aula. Como é que eu vou oportunizar se eu não crio, se eu não participo?

A professora formadora 1 afirma que, além do tempo de formação inicial de estudante de pedagogia na universidade, o planejamento pedagógico vem muito com a experiência docente, sendo no tempo de estágio do magistério, no atendimento em escolinha com educação infantil, pelo gosto com o trabalho infantil, no jeito para trabalhar com crianças. No início faz-se tanta experiência, o autodidatismo, a procura, por si só, por algumas práticas e o que fazer. Enfim, a experiência pedagógica vai trazendo os elementos e recursos e daí se constroem, se buscam e se aprofundam os estudos a respeito do que e de como utilizar esses recursos. A minha experiência se fortaleceu muito por meio de tentativas, de uma busca pela formação, no objetivo de pensar e fazer pensar. Agora aqui como professora da graduação do curso de Pedagogia, aprofundando as leituras, me debruçando sobre os assuntos pertinentes para a educação de crianças. Considero que: “Se a aula faz pensar, ela é válida, quando a aula não faz pensar, ela é questionável”. Então, ao estimular o raciocínio lógico da criança, independente do que se está trabalhando, a aula e a proposta metodológica passam a ser positivas. Então, depende muito daquilo que se espera dos alunos, o encontro com bons autores que fundamentam e norteiam a nossa prática, mas principalmente mantendo nossos princípios. Para mim, o papel do educador de criança é estimular

a linguagem, estimular todos os órgãos sensoriais, a criatividade, através do lúdico, para que através desse movimento a aprendizagem aconteça.

A professora formadora 2 conceitua o lúdico como sendo uma forma de atividade do homem sobre o mundo, uma forma de interação do homem com o mundo, que passa por outros elementos, além do aspecto cognitivo racional. A vivência do lúdico como uma forma de relação do homem com a vida, com a natureza, com os outros. É uma relação, uma forma de agir que demanda outros recursos psicológicos como a imaginação, a criatividade, o impulso, a capacidade de percepção da beleza ou da feiura. Em seguida a professora formadora 2 reconhece que no seu trabalho existem limites, uma dificuldade em fazer com que as alunas aprendam como gostaria que elas aprendessem senão da forma como faz.

Para mim, no meu trabalho, como eu trabalho na a Pedagogia com os aspectos ligados a linguagem, com o aprendizado da linguagem eu tenho um limite, que é o limite de trabalhar basicamente com a dimensão cognitiva, ou seja, eu desejo que os meus alunos aprendam determinadas coisas, mas para que eles aprendam, eu me sirvo dos recursos cognitivos que eles possuem e mesmo que isso componha o lúdico, o lúdico ele não se restringe só a isso, ele requer outros elementos e isso eu não tenho...

A professora formadora 2 expõe que racionalmente sabe que se, utilizasse de outras formas de linguagem, que se apelasse para outra forma de utilidade no mundo, talvez tivesse mais sucesso. Ela afirma que esses limites, além do seu trabalho, também podem afetar o aprendizado das alunas. Reconhece que possam existir métodos ou dinâmicas diferentes, porém, na maioria das atividades, sente dificuldades em definir quais dinâmicas seriam produtivas e positivas para este objetivo.

Eu acho que algumas coisas poderiam ser feitas mediante a brincadeira, mediante o jogo, mediante a criação, mas quando se tem objetivos de linguagens que requerem comportamentos verbais, aprendizados que devam ser verbalizados e claramente conceitualizados, fica bem complicado.

Essa dificuldade de como realmente utilizar-se do lúdico no planejamento das aulas e na formação dos docentes é uma questão muito comum nesse meio. Muitos professores reconhecem a importância do lúdico, tentam se integrar e usufruir desse método, porém algumas dúvidas ficam pairando, sobretudo se sua área de atuação é muito conceitual e requer métodos cognitivos mais intensos: Como trabalhar com o lúdico? Quando e onde aplicar esse recurso? Essas são algumas das questões que os professores apresentam. Como vemos nas palavras da professora formadora 2, que reconhece essa dinâmica positivamente, mas, referindo-se à aplicação desse recurso na sua área da linguagem, diz que:

Eu não sei muito bem como fazer isso... É a dinâmica do meu trabalho, é uma dinâmica que não me ajuda muito a pensar sobre como fazer diferente... Então isso é uma coisa que me incomoda um pouco... E penso também que tem limites o aprendizado que as alunas realizam sobre o meu trabalho, sobre aquilo que eu quero que elas aprendam...

 

Para a professora formadora 3, existem conteúdos em todas as áreas, conceitos sendo construídos, e o lúdico e o brincar acabam sendo o instrumento de aprendizagem e de desenvolvimento que tem que ser o diferencial, o mais variado possível. Ela chama a atenção para a importância do olhar do professor para o aluno, para quem brinca, pois ali tem princípios, tem conteúdos, existem especificidades e é algo que pode ajudar no desenvolvimento da melhor metodologia a ser aplicada em cada área, em cada disciplina. Para ela, quanto mais o professor puder trabalhar nesse planejamento, melhor. Logicamente considerando que esse “brincar” é espontâneo da criança e também um processo de aprendizagem. O trabalho do professor é planejar, e as crianças executam esse brincar e/ou não brincar livre. O professor faz o planejado, mas deve olhar, registrar sobre o que brincam, de que brincam, o que querem. Assim, o lúdico e os materiais são fundamentais; são importantíssimos.

A aluna 3 afirma que o lúdico na formação docente é fundamental, para o aluno e para o professor, no desenvolvimento da educação, no desenvolvimento cognitivo; nas práticas ajuda a desenvolver a gesticulação da criança, a oralidade, a espontaneidade. Então o lúdico sempre tem

que estar presente na sala de aula. Porém, ela diz ainda que sente uma ausência desse método no currículo e que poderia ser bem mais utilizado na universidade.

Eu percebo nas minhas observações que, assim como tem professores que inseriram este método nas suas aulas, aqui na universidade é pouco trabalhado, poderia ser mais bem trabalhado, tem professores que não se utilizam da técnica na sala de aula preferem ficar só no livro didático com os alunos sentados.

Para a aluna 4, o professor tem que reconhecer o lúdico no planejamento curricular e nas atividades da sala de aula tentando inserir e mesclar as atividades lúdicas com as teóricas. E, no dia a dia da sala de aula, incentivar o aluno com materiais diferentes, alternativos; organizar um espaço num lado da sala de aula para que as crianças possam interagir com esse material. Não somente para ficar lá no canto, mas dando oportunidade de as crianças manusearem, interagirem, construir com esse material lúdico.

Não adianta ter a sala bonita e a criança não poder chegar lá e brincar, tem que ter o espaço da criança brincar e se sentir livre para isso. Ela considera muito importante a interação do aluno com os objetos, somando a participação ativa do professor em cada atividade realizada pelas crianças.

Nesta pesquisa os sinônimos de lúdico mais se aproximam de jogos, brinquedos e brincadeiras, tendo em vista as palavras das entrevistadas tanto no reconhecimento do lúdico para a aprendizagem quanto sua importância na formação dos professores.

A seguir apresentamos os dados coletados nas entrevistas nos referindo aos brinquedos e brincadeiras e seus significados na educação.

No documento 2012Dulcicleia _Antunes (páginas 90-94)