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Efeito do ano e mês de nascimento na fêmea na idade ao primeiro parto

III. Trabalho experimental

3.8 Efeito do ano e mês de nascimento na fêmea na idade ao primeiro parto

Pela análise dos resultados concluímos que o ano e mês de nascimento da fêmea têm efeito altamente significativo na IPP (p<0,0001).

Assim, procedeu-se a um teste de comparação de médias (Tukey) para averiguar as diferenças que existem entre os anos de nascimento e a IPP (Anexo 4).

A partir da Figura 25, podemos concluir que o ano de nascimento da vaca influenciou a sua IPP. O ano que registou uma IPP inferior foi 2013, porém, esse ano tem apenas 856 registos, o que representa um número bastante baixo comparativamente com os outros anos, por essa razão a IPP poderá não ser representativa da realidade, nesse ano.

Figura 25. Idade ao primeiro parto (IPP) média por ano de nascimento.

33,91 34,56 34,07 34,93 35,27 35,36 36,18 36,32 34,36 35,4 34,78 33,1 30,28 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 2000 2001 2002 2003 2004 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 IPP (m e s e s ) Ano de nascimento

Pela análise do gráfico verificamos que, até 2009, a IPP sofreu algumas oscilações não havendo grandes diferenças entre as idades até esse ano. Em 2009 verifica-se uma descida acentuada no valor da IPP. Nesse ano, a IPP foi de 34,36 meses passando em 2013 para 30,28 meses (Figura 25). Assim, as vacas que nasceram a partir de 2009 atingiram, em praticamente todos os anos a IPP mais cedo.

A diminuição da IPP poderá ser devida a uma mudança de maneio adotada pelos produtores, optando por pôr à cobrição novilhas mais novas ou por lhes proporcionar melhores fases de recria, devido a melhores disponibilidades alimentares, o que permite que as fêmeas atinjam a maturidade sexual mais cedo e com melhor condição corporal.

Também o mês de nascimento da fêmea influencia a sua IPP. Pela análise da Figura 26, concluímos que as vacas que nasceram entre outubro e janeiro tiveram IPP inferiores comparativamente com aquelas que nasceram nos restantes meses do ano. O mês de nascimento tem efeito direto sobre todo o processo de crescimento e desenvolvimento da vaca, por estar relacionado com as oscilações de disponibilidade alimentar, influenciando a idade à puberdade e consequentemente a possibilidade de conceção. As mudanças estacionais no plano nutricional têm impacto direto na performance reprodutiva das fêmeas. O maneio nutricional é um fator com grande importância em todos os parâmetros reprodutivos (lnskeep, 1987) sendo que alguns autores consideram que o tipo de alimentação que é feito entre o nascimento e o desmame é decisivo para a idade à puberdade e IPP. Assim sendo, podemos considerar que a capacidade de aleitamento da mãe é decisiva para a performance reprodutiva da filha. A capacidade leiteira da mãe está relacionada com a genética da raça e com a quantidade e qualidade de alimento de que dispõe, enquanto está a amamentar a cria. Desta maneira, podemos considerar que uma fêmea que nasça numa época em que seja beneficiada a capacidade leiteira da progenitora, terá uma performance reprodutiva melhor.

Figura 26. Idade ao primeiro parto (IPP) média por mês de nascimento.

Partindo de uma média de 35 meses de IPP, podemos concluir que as vacas que nascem entre outubro e janeiro iniciam a puberdade entre janeiro e abril (Figura 27). Adicionalmente, no Alentejo, a época de cobrição inicia-se em novembro e termina em abril, (Vaz e Robalo Silva, 1995), nas explorações com época de cobrição definida. Assim, as fêmeas que nascem entre outubro e janeiro, iniciam a puberdade em meses coincidentes com a época de cobrição e com a altura em que a disponibilidade alimentar é maior e melhor. Desta forma a possibilidade de conceção na primeira época de cobrição é superior. Esta pode ser uma razão que justifique que as vacas que nasceram entre outubro e janeiro tenham alcançado IPP inferiores em relação aquelas que nasceram nos outros meses do ano.

Figura 27. Esquema da relação entre o mês de nascimento e a idade à puberdade.

Ainda relativamente ao mês de nascimento e tendo em conta que havia 15 anos em estudo, foi necessário proceder a uma nova análise de variância simples para cada ano, de maneira a determinar em que anos o mês de nascimento teve influência na IPP (Tabela 16). 34,16 34,49 34,52 35,08 35,39 34,83 35,21 34,89 35,4 34,44 34,23 33,37 32 33 34 35 36 J F M A M J J A S O N D IPP (m e s e s ) Mês de Nascimento

Tabela 16. Análise de variância (ANOVA) do mês de nascimento por ano de nascimento.

Ano de nascimento ANOVA SIMPLES

2000 p<0,0001 2001 p<0,0001 2002 p<0,0001 2003 p<0,0001 2004 p<0,0001 2005 p<0,0196 * 2006 p<0,0001 2007 p<0,5182 * 2008 p<0,0001 2009 p<0,1708 * 2010 p<0,0001 2011 p<0,0001 2012 p<0,0001 2013 p<0,0001

* Grau de significância muito baixo, não há diferença entre as médias.

- Para o estudo, não consta o ano 2014 porque não estão registadas vacas primíparas que tenham nascido no mês de dezembro.

- Para o estudo, não consta o ano 2015 porque apenas existem 3 registos de vacas nascidas nesse ano.

Para os anos em não há diferenças significativas conclui-se que o mês de nascimento da fêmea não teve qualquer influência na IPP (2007 e 2009).

Para os anos em que o mês de nascimento influenciou a IPP, procedeu-se a um teste de comparação de médias de Tukey para averiguar as diferenças que existem, em cada ano, entre o mês de nascimento e a IPP (Anexo 5). Em 2005, apesar de se ter verificado efeito significativo entre o ano e o mês de nascimento, o teste de comparação de médias permitiu concluir que não existem diferenças entre os meses do ano.

A partir da análise dos resultados obtidos conclui-se que não existem grandes diferenças em cada ano face ao resultado global. Importa apenas destacar que foi em 2013 que se registaram valores mais baixos de IPP e que os meses em que se registaram valores mínimos foram outubro, novembro e dezembro, assim, as vacas que nasceram nestes meses tiveram o 1º parto mais cedo em relação às que nasceram noutros meses do ano. Este resultado está de acordo com os dados globais dos anos em estudo.

Existem diversos fatores, tanto ambientais como genéticos, com efeito na IPP. O seu conhecimento permite ao produtor atuar sobre eles, antecipando e melhorando

este índice, tendo sempre em conta os limites fisiológicos dos animais, de forma a não comprometer a eficiência reprodutiva futura das fêmeas.

No que refere a fatores não genéticos, podemos destacar o efeito da exploração na IPP. Este parâmetro é já amplamente estudado por vários autores. Contudo, os resultados encontrados nem sempre são iguais, havendo autores que verificaram efeito positivo entre a exploração e a IPP, (Vilas et al., 1986) e outros onde tal não se verificou (Caballero de la Calle, s.d.). O efeito da exploração deve-se fundamentalmente a aspetos de maneio alimentar e reprodutivo. O mesmo autor verificou que também a área geográfica onde a exploração se localiza, tem efeito sobre a IPP. Tal pode ser justificado pelas diferenças de clima entre regiões e o seu impacto sobre os animais que vivem em regime extensivo.

É difícil determinar razões concretas que justifiquem o motivo pelo qual, o ano e a época de nascimento, afetam o momento em que é atingida a puberdade e consequentemente a IPP. Isto acontece porque existem outros parâmetros que estão incluídos no ano e época de nascimento e que se alteram entre anos. São eles o fotoperíodo, a temperatura, a alimentação (produção de pastagem), o maneio reprodutivo, entre outros, que atuam em conjunto sobre o desenvolvimento dos animais, alterando as suas performances reprodutivas. O autor Hansen (1985), afirmou que a maioria dos autores consideram o mês de nascimento como uma das mais importantes causas de variabilidade da IPP. No entanto, não chegam a um consenso acerca do mês de nascimento que proporciona uma IPP mais baixa. Segundo Róman e colaboradores, (1997) supõem-se que as novilhas que nascem na primavera têm partos mais cedo em relação aquelas que nascem no outono.

Além das condicionantes ambientais existem outros fatores com influência sobre a performance reprodutiva das fêmeas e que influenciam diretamente os índices reprodutivos. O efeito da vaca foi estudado por alguns autores, Richter (1995) e Pimpão (1996) concluíram que existe efeito significativo entre a vaca e a IPP. A explicação pode estar relacionada com o somatório das características inerentes ao indivíduo com o resultado do maneio exercido pelo produtor sobre os animais. Assim conclui-se que a vaca em particular e a raça, têm efeito sobre a IPP, por isso, devem ser tidos em consideração ao se estudarem os parâmetros reprodutivos.

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