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7.5 Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

(a) Necessidade de autorizações governamentais para o exercício das atividades

e histórico de relação com a administração pública para obtenção de tais autorizações

Geração e Comercialização de Energia

Desde 1995, o governo brasileiro adotou inúmeras medidas para reformar o Setor Elétrico Brasileiro. Estas culminaram na promulgação da Lei nº 10.848/2004, de 15 de março de 2004, conforme alterada (“Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico”). O modelo do setor energético tem três objetivos principais:

 Garantir a segurança de suprimento de energia elétrica. O modelo exige que 100% da

demanda por energia no mercado regulado esteja contratada, além de considerar um cálculo mais realista dos lastros de energia (energia assegurada ou garantia física dos empreendimentos);

 Promover a modicidade tarifária, por meio da contratação eficiente de energia. Os

consumidores do ACR adquirem energia das distribuidoras. A modicidade tarifária consiste em assegurar o suprimento de energia de forma confiável, isonômica e a geração mais econômica possível. Para isso, os agentes do mercado regulado serão obrigados a comprar e vender energia através de licitações; e

 Promover a universalização do atendimento no setor elétrico. A ANEEL passou a fixar

metas de universalização do uso de energia elétrica e foi instituída a Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, visando dentre outros objetivos, o de promover a universalização do serviço de energia elétrica em todo o território nacional.

A Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico introduziu alterações relevantes nas normas do setor elétrico com a intenção de (i) proporcionar incentivos a empresas privadas e públicas para construção e manutenção da capacidade geradora, e (ii) assegurar o fornecimento de energia elétrica no Brasil, com tarifas adequadas, por meio de processos de leilão competitivos de eletricidade.

Nos termos da regulamentação do setor, todas as partes que compram energia elétrica devem contratar a totalidade de sua demanda de energia elétrica segundo as diretrizes da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico e as partes que venderem energia elétrica devem apresentar o correspondente lastro físico. Dessa forma, a quantidade de energia vendida na CCEE deve ser previamente comprada no âmbito de PPAs e/ou gerada por usinas do próprio vendedor. Os agentes que descumprirem tais exigências ficarão sujeitos às penalidades impostas pela ANEEL e CCEE.

De acordo com o Decreto no 5.163, de 30 de julho de 2004, que regulamenta a comercialização

de energia elétrica, o processo de outorga de concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, todo agente gerador, distribuidor e transmissor de energia, produtor independente de energia (“Produtor Independente de Energia”) ou Consumidor Livre e Especial deve notificar ao MME, até 1º de agosto de cada ano, sua previsão de mercado ou carga, conforme o caso, para cada um dos cinco anos subsequentes. Cada agente de distribuição deverá notificar o MME em até 60 dias antes de cada leilão de energia, sobre a quantidade de energia que pretende contratar nos leilões. Baseado nessa informação, o MME deve estabelecer a quantidade total de energia a ser contratada no ambiente de contratação regulado e a lista dos projetos de geração que poderão participar dos leilões.

Para cumprir tais objetivos, foram tomadas as seguintes medidas, também previstas na Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico introduziu as seguintes alterações ao setor:

 Criação de dois ambientes de contratação de energia, o Ambiente de Contratação Regulado (“ACR”) e o Ambiente de Contratação Livre (“ACL”);

 Modificação no critério das licitações, sendo que o maior pagamento pelo uso do bem público foi substituído pelo critério da menor tarifa;

 Obrigatoriedade das distribuidoras de estarem 100% (cem por cento) com sua demanda contratada;

 Desverticalização do setor, ou seja, separação das atividades de geração, distribuição, comercialização e transmissão de energia;

 Eliminação do self-dealing, ou seja, proibição de contratações bilaterais no ACR entre partes relacionadas sem licitação (o self-dealing pode ser incidental, caso de empresa de geração que vence o leilão promovido pela autoridade competente e celebra contratos com distribuidoras do mesmo grupo econômico);

 Criação de novos agentes institucionais, para monitoramento e execução das políticas do setor; e

 Criação de programas de universalização.

Ambiente de Contratação Regulada - ACR

No Ambiente de Contratação Regulada, as distribuidoras compram suas necessidades projetadas de energia elétrica para distribuição a seus consumidores cativos de geradoras por meio de leilões públicos. Os leilões são coordenados pela ANEEL e MME, direta ou indiretamente, por intermédio da EPE e CCEE.

Os leilões regulados de compra de energia pelas distribuidoras podem ser na modalidade energia existente (que visam à renovação de contratos de compra e venda de energia) leilões de energia nova (para contratação de novas usinas), dentre outros O governo também tem a prerrogativa de organizar leilões especiais de energia renovável (usinas de biomassa, pequenas centrais hidrelétricas, eólicas e solares).

Os agentes vencedores dos leilões de energia existente ou nova celebram Contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica ("CCEARs”), também denominado que podem ser na modalidade (i) Quantidade de Energia; e (ii) Disponibilidade de Energia.

Nos termos dos CCEARs por Quantidade de Energia, a unidade geradora se compromete a fornecer certa quantidade de energia elétrica e assume o risco de o fornecimento de energia elétrica ser, porventura, prejudicado por condições hidrológicas e baixo nível dos reservatórios, entre outras condições, que poderiam interromper o fornecimento de energia Nos termos dos CCEARs por Disponibilidade de Energia, a unidade geradora compromete-se a disponibilizar certa capacidade ao ambiente de contratação regulada. Neste caso, a Receita Fixa da unidade geradora está garantida independente da entrega da energia e as distribuidoras em conjunto enfrentam o risco hidrológico e recebe uma Receita Variável proporcional a sua geração, valorada pelo seu CVU. As subsidiárias da Companhia geradoras de energia celebram exclusivamente contratos de disponibilidade de energia, exceto pela Parnaíba IV e Tauá, que fornecem energia no Ambiente de Contratação Livre.

Os vencedores dos leilões de energia nova promovidos pela autoridade competente têm os seguintes direitos e obrigações principais:

(a) são autorizados a estabelecer-se como Produtores Independentes de Energia Elétrica (“PIEs”) para a implantação e exploração da central geradora que permitiu sua

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

participação no leilão (a autorização/outorga estabelece os direitos e obrigações do agente setorial); e

(b) celebrar os CCEARs com o conjunto de distribuidoras que declararam demanda no leilão. Nesse contexto, os agentes de geração que pretendem participar do ACR devem entrar em procedimento licitatório. Os vencedores desses leilões (caso de grande parte das usinas da Companhia) recebem autorização governamental para a produção de energia e celebram contratos para a venda de energia no SIN, com o preço/receita nos termos da oferta apresentada no Leilão.

As companhias ou consórcios que visem à construção ou operação de instalações de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica no Brasil devem requerer ao poder concedente, a outorga de concessão, permissão ou autorização, conforme o caso:

 as concessões são delegações de prestação de serviço público, de competência da União, estabelecida pelo Poder Concedente, por meio de contrato de concessão;

 as permissões são delegações, para fins de prestação de serviço público, a título precário, estabelecida pelo Poder Concedente à pessoa física ou jurídica, formalizada via ato de permissão;

 as autorizações são atos administrativos discricionários e precários que determinam as condições necessárias da exploração do serviço de energia elétrica, que deve ser feita por tempo determinado, no próprio interesse do agente e por sua conta e risco. As autorizações das usinas da Companhia participantes do ACR estão listadas a seguir:

Empresa titular Usina Ato de outorga

Itaqui Geração de Energia S.A. Itaqui Portaria MME 177/2008 Pecém II Geração de Energia

S.A. Pecém II Portaria MME 209/2009

Parnaíba I Geração de Energia S.A

Maranhão IV e Maranhão

V

(i) Portaria MME 464/2009 (transferida a titularidade para a atual titular pela REA ANEEL 3175/2011); e

(ii) Portaria MME 466/2009 (transferida a titularidade para a atual titular pela REA/ ANEEL 3174/2011).

Parnaíba II Geração de Energia

S.A. Maranhão III Portaria MME 169/2012 Parnaíba III Geração de Energia

S.A. Venécia 2 Nova Portaria MME n° 446/2009

Ambiente de Contratação Livre - ACL

O Ambiente de Contratação Livre engloba as operações entre concessionárias geradoras, PIEs, autoprodutores, comercializadores de energia elétrica, importadores de energia elétrica, Consumidores Livres e Consumidores Especiais. Para mais informações sobre os Consumidores Livres, vide o item 7.3(c).

Usualmente geradoras de energia vendem sua geração simultaneamente, no ACR e ACL, porém é possível vender energia separadamente nos ambientes.

A ANEEL é competente para autorizar o exercício das atividades de PIE para usinas destinadas ao ACL (exceto hidrelétricas) e a atuação como agente comercializador de energia no SIN. Tais autorizações não dependem de licitação, mas apenas do preenchimento dos requisitos da legislação específica.

As autorizações e registros para as usinas da Companhia que não participam do ACR e sim do ACL, bem como da empresa comercializadora estão listadas a seguir:

Eneva Comercializadora de Energia Ltda.

N/A (autorização para atuar como agente comercializador de

energia)

despacho SCT/ANEEL nº 747/2008

Consório UTE Parnaíba IV composto pela Parnaíba Geração e Comercialização de Energia S.A.e Kinross Parnaíba IV despacho SCAG/ANEEL nº 352/2013 c/c Resolução Autorizativa nº 4.473, de 17 de dezembro de 2013.

Amapari Energia S.A. Serra do Navio Resolução 1.369/2008 Autorizativa ANEEL nº Vale destacar que a regularização da exploração da usina solar de Tauá deu-se pelo Ofício nº 755/2009 SCG/ANEEL, por se tratar de usina solar com capacidade instalada menor do que 5 MW.

Questionamentos sobre a Constitucionalidade da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico Partidos políticos contestaram a constitucionalidade da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico perante o Supremo Tribunal Federal (“STF”). Em outubro de 2007, foi proferida uma decisão do STF relativo a agravos apresentados no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3090 e 3100, negando referidos agravos por maioria de votos.O Governo Federal requereu a extinção das ações argumentando que as alegações de inconstitucionalidade haviam perdido o objeto, pois tinham relação com medida provisória, já convertida em lei. Até o momento, não existe ainda uma decisão final sobre o mérito e não se sabe quando esta será proferida. Neste ínterim, a Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico continua em vigor. Independentemente da decisão final do STF, espera-se que continuem em vigor certas disposições da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico relacionadas a restrições das distribuidoras de se dedicarem a atividades não relacionadas à distribuição de energia elétrica, incluindo vendas de energia elétrica para Consumidores Livres, e a eliminação do direito à auto contratação.

Se toda ou parte da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico for considerada inconstitucional pelo STF, o arcabouço regulatório introduzido pela Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico pode perder sua validade, gerando, assim, incertezas quanto a forma de atuação do Governo Federal na reforma do setor de energia elétrica. Todavia, importa ressaltar que o STF pode considerar, em suas decisões, aspectos relacionados à teoria do fato consumado, diante de situações consolidadas, o que é o caso de fatos decorrentes da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico.

Modelo Antigo (até 1995) Modelo de Livre Mercado (1995 a 2003) Modelo em Vigor (2004 em diante)

Financiamento através de recursos

públicos Financiamento através de recursos públicos e privados Financiamento através de recursos públicos e privados

Empresas verticalizadas geração, transmissão, distribuição e Empresas divididas por atividade: comercialização

Empresas divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição,

comercialização, importação e exportação. Empresas predominantemente

Estatais

Abertura e ênfase na privatização das Empresas

Convivência entre Empresas Estatais e Privadas

Monopólios - Competição inexistente Competição na geração e comercialização Competição na geração e comercialização Consumidores Cativos Consumidores Livres e Cativos Consumidores Livres e Cativos

Tarifas reguladas em todos os segmentos

Preços livremente negociados na geração e comercialização

No ambiente livre: Preços livremente negociados na geração e comercialização. No ambiente regulado: leilão e licitação pela menor

tarifa

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

Modelo Antigo (até 1995) Modelo de Livre Mercado (1995 a 2003) Modelo em Vigor (2004 em diante)

Planejamento Determinativo - Grupo Coordenador do Planejamento dos

Sistemas Elétricos (GCPS)

Planejamento Indicativo pelo Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE)

Planejamento pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

Contratação: 100% do Mercado Contratação: 85% do mercado (até agosto/2003) e 95% mercado (até dez./2004)

Contratação: 100% do mercado + reserva

Sobras/déficits do balanço energético rateados entre compradores

Sobras/déficits do balanço energético liquidados no MAE

Sobras/déficits do balanço energético liquidados na CCEE. Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD) para as Distribuidoras. Fonte: CCEE

Outras Informações

O marco regulatório do setor de energia foi alterado pela Medida Provisória nº 579, de 11 de setembro de 2012, a qual foi convertida na Lei nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013, promulgada com o objetivo de viabilizar a redução do custo de energia elétrica para o consumidor brasileiro, promover a modicidade tarifária, garantir o suprimento de energia elétrica e tornar o setor produtivo ainda mais competitivo.

No entanto, ressalta-se que as alterações trazidas pela nova regulamentação afetaram direta e efetivamente os geradores cuja atividade foi outorgada pelo MME por meio de concessões. As usinas da Companhia são operadas via outorgas que a Companhia recebe por meio de autorizações, assim, a Companhia não foi afetada diretamente por tais alterações.

Nos termos da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, as operações de compra e venda de energia elétrica são realizadas em dois diferentes segmentos de mercado: (i) o Ambiente de Contratação Regulada, que prevê a compra pelas distribuidoras, por meio de leilões, de toda a energia elétrica que for necessária para fornecimento a seus consumidores e, (ii) o Ambiente de Contratação Livre, que compreende a compra de energia elétrica por agentes não regulados (como Consumidores Livres e comercializadores de energia elétrica).

Modelo Regulatório para Geração de Energia

A Constituição Brasileira prevê que a exploração de serviços e instalações de energia elétrica devem ser diretamente autorizados pelo Governo Federal, ou indiretamente, por outorga de concessões ou autorizações.

Nesse caso, empresas ou consórcios que desejem operar na comercialização ou na geração térmica no Brasil devem solicitar permissão ou autorização ao MME ou à ANEEL, conforme o caso. A solicitante necessita fazer um estudo técnico-econômico preliminar e apresentá-lo a ANEEL. A Companhia possui empreendimentos de geração térmica por meio de autorizações.

Remuneração das Geradoras Termelétricas

Segundo as leis do sistema brasileiro,as usinas hidrelétricas vendem “energia assegurada”, a qual consiste na máxima produção de energia que pode ser mantida continuamente por tais usinas ao longo dos anos, considerando principalmente a variabilidade hidrológicaà qual a usina está submetidaeadmitindo-se um risco de não atendimento de até 5% da quantidade total de energia assegurada.Já as usinas termelétricas possuem uma “energia equivalente” para atender o mercado, conhecida como “garantia física”, que conceitualmente se assemelha à energia Para o ACR, as distribuidoras adquirem energia com a finalidade de atender ao aumento de carga por meio de Leilões. Todas as usinas da Companhia, com exceção da UTE Parnaíba IV que

comercializa energia no ACL, sagram-se vencedoras de Leilões de Compra de Energia Elétrica proveniente de novos empreendimentos de geração por disponibilidade ("Leilão de Energia Nova").

Para a participação nos Leilões de Energia Nova, os competidores do certame declaram (i) o Custo Variável Unitário ("CVUs") que são custos que a usina incorre ao operar incluindo os custos com combustível e de operação e manutenção; (ii) a inflexibilidade contratual, ou seja, o montante de energia que estão dispostos a gerar independentemente de serem despachados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico ("ONS"); (iii) e a potência instalada pretendida.

Com base nessas informações o modelo computacional utilizado durante o Leilão de Energia indica o Índice de Custo Benefício ("ICB") das usinas participantes, ou seja, o custo estimado de contratar aquela energia incorrido pela Distribuidora, representando em R$/MWh (custo em reais por MWh). Para as usinas o ICB, além de representar o CVU, também representa a receita fixa da usina, ou seja, o valor que ela receberá por estar disponível para o sistema independente de ser ou não despachada.

Durante a realização do Leilão as participantes podem reduzir o valor do seu ICB. Considerando que o CVU declarado para participação do Leilão é fixo, pode-se dizer que as usinas estão reduzindo a receita fixa a fim de serem as vencedoras do Leilão. Devendo, nesse momento, sempre considerar a taxa de retorno pretendida além dos custos fixos da usina, como encargos, custos com operação e manutenção fixos e financiamentos.

Ao fim do leilão sagram-se vencedoras as usinas com o menor ICB, limitando-se a quantidade de vencedoras pela quantidade de energia necessária declarada pelas distribuidoras antes da realização do certame.

Ao contrário do ACR, no caso do ACL os consumidores podem não ser especializados na área de energia. Os contratadores são voltados diretamente para a compra de energia e negociados livremente entre as partes, podendo não estar atrelados à geração de uma usina. Em suma, no ACR as térmicas vendem capacidade e no ACL, energia.

Despacho Termelétrico

No que diz respeito ao sistema de despacho de geração, as usinas no âmbito do ACR e do ACL são despachadas de forma centralizada pelo ONS. As decisões de despacho são tomadas pelo ONS por subsistema (Norte, Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste e Sul), e por carga (pesada, média e leve), balanceando a geração das usinas hidrelétricas, que consomem os reservatórios de água, porém contam com um custo relativamente menor, com a geração através de fontes térmicas, que em contrapartida conta com custos relativamente maiores.

- Despacho por Ordem de Mérito de Custo: de forma a otimizar custos, o ONS despacha das usinas com CVU inferiores ao Custo Marginal de Operação (“CMO”)

- Despacho Fora da Ordem de Mérito de Custo: por garantia energética: ou seja, o ONS despacha a usina independente do CVU ser superior ao CMO, conforme orientações do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE);

- Despacho Fora da Ordem de Mérito de Custo por restrição elétrica, o ONS pode emitir ordem de despacho para usinas com CVU acima do CMO, por uma restrição operativa (ex. problema da rede de transmissão ou distribuição elétrica), de forma a assegurar que o sistema elétrico brasileiro seja abastecido

Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu artigo 177, o monopólio da União sobre a exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, gás natural e outros depósitos de hidrocarbonetos fluidos, assim como sobre o refino, importação, exportação e transporte, marítimo ou por oleoduto de petróleo bruto e gasodutos (gás natural).

No entanto, em 9 de novembro de 1995, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Emenda Constitucional nº 9, que impactou o ambiente regulatório da indústria do Petróleo e Gás natural no Brasil, tendo sido autorizada a contratação de empresas privadas para a realização de tais atividades. Com isso, se abriu a possibilidade de empresas de exploração e produção participarem de contratos de concessão para explorar e produzir óleo e gás natural, sujeitas às condições previstas na legislação aplicável.

Em 6 de agosto de 1997, foi editada a Lei n° 9.478, conforme alterada (“Lei do Petróleo”), a qual prevê:

 a criação do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP como agentes exclusivos para exercer o monopólio da União;

 as atividades de exploração, desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos, a serem regulamentadas e supervisionadas pelo Governo Federal por meio de uma agência estatal normativa; e

 a revogação da Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, que indicava a Petrobras como o agente exclusivo para exercer o monopólio da União.

Em 2009, o Congresso Nacional promulgou a Lei nº 11.909, de 4 de março de 2009, conforme alterada (“Lei do Gás”), a qual regulamentou as atividades na indústria do gás, incluindo o seu transporte e comercialização. A Lei do Gás criou um regime de concessão para a construção e operação de novos gasodutos, mantendo ao mesmo tempo um regime de autorização para os gasodutos sujeitos a acordos internacionais. De acordo com a Lei do Gás, após um determinado período de exclusividade, as operadoras serão obrigadas a dar acesso aos gasodutos e terminais

offshore, exceto os terminais de gás natural liquefeito, a terceiros, a fim de maximizar a utilização

da capacidade. Autorizações anteriormente emitidas pela ANP para o transporte de gás natural permanecerão válidas por 30 anos a contar da data de publicação da Lei do Gás e as primeiras transportadoras receberam exclusividade para esses gasodutos por 10 anos. A ANP emitirá os regulamentos que regem o acesso de terceiros e remuneração do transportador, se não houver