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EIXO 01 DINÂMICA FAMILIAR: PREPARAÇÃO DOS FILHOS

O Eixo 01 contempla as classes que representam a dinâmica familiar, desde o período inicial do relacionamento do casal até as mudanças e reflexões vivenciadas pelos pais sobre sua paternidade após o falecimento da esposa.

Para ilustrar cada tópico discutido serão utilizadas as UCEs selecionadas pelo Alceste, identificadas pela presença do símbolo # antes das palavras que o programa considerou relevantes na formação da UCE. Com a Análise de Conteúdo, outros extratos de falas dos participantes foram selecionados e estão apresentados entre aspas. As palavras assinaladas em negrito correspondem às formas reduzidas destacadas pelo Alceste como significativas à classe e também foram marcadas para melhor compreensão dos dados.

A descrição e análise das classes serão iniciadas pela Classe 06 – Aprendizado na Conjugalidade. Optou-se por essa classe por ela contemplar o início do relacionamento dos participantes, o que facilitará a compreensão e discussão das demais classes.

Classe 06 - Aprendizado na Conjugalidade

Essa é a classe que agrega o maior número de UCEs, 216 no total, o que corresponde a 41,78% do corpus. A tabela 02 apresenta as principais formas reduzidas associadas à classe, de acordo com o valor do qui-quadrado (X2), além do número de ocorrências na classe e no corpus (freqüência).

Tabela 02: Principais formas reduzidas associadas à Classe 06 - GV

Formas reduzidas Freqüência na classe Freqüência no corpus X 2 Formas reduzidas Freqüência na classe Freqüência no corpus X 2 fal+ 54 78 28,46 perceb+ 12 13 14,00 Manuela 19 19 27,49 época 17 21 13,81 men+ 27 33 23,23 precis+ 21 28 13,43 pesso+ 50 76 21,12 alegr+ 9 9 12,76 Carina 9 10 20,20 emocion+ 10 11 11,15 dia+ 33 45 20,18 fiqu+ 11 13 10,06

sab+ 34 49 16,96 Ana Maria 9 10 9,75

Além dessas palavras, outras formas reduzidas aparecem com freqüência de 100% na classe, ou seja, só aparecem ligadas a essa classe e também são significativas para a compreensão das representações dos participantes. Algumas delas são: intensa+, lembr+, maravilhos+, amizades, calm+, que evidenciam uma avaliação positiva do período.

Nessa classe são apresentados aspectos positivos da história do relacionamento dos participantes com suas esposas, desde o namoro, casamento e relação com os filhos antes do falecimento. Os pais valorizam esse período e, a partir dele, questionam e avaliam suas práticas atuais na paternidade.

Analisando as palavras que compõem a classe, podem ser identificados alguns temas que se relacionam fortemente. O relacionamento conjugal é relembrado como um período de intenso companheirismo, diálogo, amor e aprendizado. As lembranças positivas dessa época emocionam alguns participantes, como Valério e Valter. O falecimento das esposas configurou uma nova situação familiar e assumir a criação dos filhos foi considerado um processo natural. Eles consideram que o cuidado e educação dos filhos devem continuar e se espelham na maneira como a esposa lidava com eles, revelando aprender com suas atitudes. Buscam maior aproximação ao dia a dia dos filhos, de uma maneira mais intensa do que antes da viuvez. Preocupam-se com o impacto emocional dessa perda para os filhos, mas avaliam que estão conseguindo obter equilíbrio na relação com eles, buscando cada vez mais ser uma boa pessoa e um bom pai.

A palavra suj_01, que aparece no final da tabela 02, demonstra que principalmente os conteúdos evocados por esse sujeito são mais ligados à classe. Trata-se de Valério, cuja esposa faleceu devido ao câncer no intestino e deixou duas filhas adolescentes. Valério é o sujeito que mais manifestou suas recordações do relacionamento conjugal durante a entrevista, emocionando-se e chorando diversas vezes. Ele considera que sua relação com a esposa era intensa e marcante, vendo de forma positiva suas atitudes e espelhando-se nela para continuar a educação das filhas. Demonstra muito cuidado e preocupação com as mesmas, cujos nomes, inclusive, também aparecem na tabela (Manuela e Ana Maria), dada a freqüência de menções. O nome de Carina, sua esposa, também aparece com alto valor de qui-quadrado.

Dos quatro participantes entrevistados, apenas Vagner era separado no momento do falecimento. Apesar disso, valoriza a ex-esposa como mãe, mesmo não evocando muitas lembranças desse relacionamento. Em sua entrevista, ele tende a relatar mais

detalhadamente o período após o falecimento e sua relação atual com o filho. Valério e Valter lembram-se positivamente do que aconteceu naquela época, relatando como conheceram sua esposa e como tomaram a decisão pelo relacionamento. Os trechos da entrevista destacados abaixo sintetizam o início do relacionamento do casal, lembrado de forma positiva:

E ai quando eu #olhei, que #vi no #ônibus eu #falei ah, é a #Carina. Aí #conversamos, dançamos, aí foi aquela coisa toda da conquista e foi muito legal e a partir dali nós #começamos a nos #encontrar, #conversar, a conviver... (Valério)

“Ah, é uma história muito bonita. Ela não gostava que eu falasse isso não, porque eu jogava bola, então a bola era onde o pai dela morava. Então todo final de semana eu ia pra lá, era um lugar muito gostoso, perto de tudo. Então, mas eu namorei as meninas tudinho pra chegar e namorar ela.” (Valter)

Para os pais acima, a decisão pelo casamento foi uma conseqüência natural de um relacionamento considerado positivo. Vilmar também relata um bom relacionamento inicial, mas a decisão pelo casamento foi antecipada pela gravidez de sua companheira. Na época eles enfrentaram dificuldades de aceitação do relacionamento pela família dela. Mas, após essa dificuldade inicial, o casal continuou junto durante vinte anos e tiveram mais quatro filhos, que foram recebidos sem novos conflitos. Vagner também optou pelo casamento após a gravidez, mas relata que seu relacionamento com a esposa era bastante conflituoso, resultando na separação quatro anos depois.

“Não, não tínhamos pensado em ter filhos, mas no momento que rola, a gente aceita (...) Somos naturalistas. Mais intuição do que razão.(...) Foi choque, porque a família dela não aceitava por eu ter sido casado e eu ser dezoito anos mais velho que ela. Então teve uma tremenda pressão que mais ela sentiu, entende?” (Vilmar)

“A decisão foi assim: namorava, né, ela ficou grávida, tudo bem. Aí a gente resolveu que ia... que ia... ó, é melhor a gente casar pra criar o filho, coisa e tal. Mas foi uma relação muito conflitante, entendeu, não foi muito tranqüilo, quer dizer, antes dessa separação definitiva tiveram mais duas separações”. (Vagner)

Para Valério e Valter, a decisão por filhos ocorreu de forma tranqüila, como um desdobramento esperado do relacionamento. Valério e sua esposa desejavam a gravidez, mas não haviam planejado o momento que ela aconteceria. Apenas Valter planejou ter filhos após voltar para o Brasil, pois na época trabalhava e morava no exterior junto com sua esposa.

E #Ana Maria é um #sol. Ruivinha, #né, muito #bonita, simpática, #amiga, #alegre como a mãe, #sabe. Três anos depois nos tivemos #Manuela. Também não houve planejamento, foi uma coisa #natural. E o nome de #Manuela quem #escolheu foi #Ana Maria. (Valério)

Durante a gravidez, os participantes relataram sua participação ligada principalmente ao acompanhamento dos exames e consultas da esposa. Acreditavam que a

presença do pai era sentida pela criança ainda na barriga da mãe e por isso buscavam estar próximos e participativos no dia a dia, desde o pré-natal até o nascimento dos filhos.

“Senti muito legal. Curti muito e nos preparamos pra ter o nosso filho, entende. Sempre eu entendi que o pai também fica grávido. E daí eu acompanhei todos os pré-natais, os partos, eu que ajudei todos. Foi muito legal.” (Vilmar)

“Então essa parte eu sempre procurei, eu sempre procurava viver o dia a dia da gravidez, acompanhar no hospital, fazer exame, ir no médico com ela, ficar não só nas horas ruins, mas nas horas boa também, acompanhar a gravidez. Depois é que eu sempre viajei”. (Valter)

Por causa de seu trabalho, Valter passava períodos em viagens fora do estado. Na terceira gravidez da esposa, ele fez questão de não viajar, já que ela havia operado a mama devido ao câncer e ele estava preocupado com um possível retorno da doença ou dificuldades na amamentação.

Os cuidados com os filhos eram parcialmente partilhados entre mãe e pai. Embora relatem participar de questões relativas à educação, higiene, lazer e alimentação dos filhos, avaliavam que a responsabilidade maior cabia à mãe, mesmo quando ela também trabalhava fora de casa. E relatam que essa carga ficou maior para eles após o falecimento da esposa, admitindo que sua contribuição era menor comparada à responsabilidade assumida por ela.

E desde aquele #dia então eu assumi esse papel, quer #dizer, eu nunca fui #omisso, eu sempre #participei muito, assim, diretamente da educação delas. Ela, a #Carina, fazia isso com, muito mais #intensamente do que eu, até pela #natureza dela, o jeito dela ser, #né. Ela era muito #amiga, muito #participativa, muito #alegre, e com #duas #meninas. (Valério)

“O pai não saca nada. Eu só acordava pra trocar fralda à noite raramente. A mãe que cuidava. Depois que eu tive que assumir, foi diferente essa parte.” (Vilmar)

“Então ela que era, sempre foi, assim, a, motivadora, se tinha um trabalho de escola, sempre ela que era a referência aqui em casa.” (Valter)

Exceto Vagner, que tinha uma relação conflitante com a ex-esposa, os demais participantes relatam um cotidiano familiar positivo, dedicado às esposas e aos filhos. Valério considerava a esposa como uma grande fonte de apoio e de equilíbrio no relacionamento e no cuidado com as filhas, principalmente por se considerar mais introvertido e por ela ser mais calma e alegre. Os demais consideram que seu relacionamento foi um período de aprendizagem e companheirismo, sem brigas ou conflitos relevantes e com ênfase no diálogo.

Então era uma #festa, nossa vida até então era muito #boa, muito #rica. E aí, enfim, eu vivenciei esse #ambiente de riqueza, eu assimilei muito disso. A minha #natureza é uma #natureza mais introvertida, mas, assim, não #daquele tipo #omisso, #né, que se #fecha mais no canto. (Valério)

“Super carinho, super relação amorosa”. (Vilmar)

“Nós nunca tivemos... é, tipo uns problemas de opinião, esse negócio, que é normal no convívio de duas pessoas, mas nunca teve nada, briga séria, nada que ficasse e não passasse de uma, discussões mínimas, à noite tava tudo bem. Nunca acordamos de um dia pra outro com um problema mal resolvido do dia anterior. Nunca. Isso era nosso lema, a gente nunca deixava as coisas crescerem.” (Valter)

O falecimento da esposa foi vivenciado de forma bastante dolorosa por todos os participantes e a decisão por ficar com os filhos foi imediata e considerada natural, sendo que alguns já estavam se preparando para esse momento.

“E nos últimos dias nós conversamos lá no hospital, ela já em estado bem debilitado, né, e eu falava do meu medo exatamente de como é que eu ia fazer tudo sozinho, ia ter que cuidar das crianças sozinho. E Carina, Carina me disse o seguinte: ‘negão, (...) não fica triste, não fica preocupado não, as coisas vão se ajustando com o tempo’. Então foi um momento assim que Carina nos preparou, me preparou para essa jornada, resto de jornada.” (Valério)

“Não, não cheguei a pensar em ficar sem eles. A coisa foi circunstancial. E daí eu fiquei. Naturalmente, nunca pensei que eles ficassem com outros.” (Vilmar)

Para o filho de Vagner, Maurício, o momento foi ainda mais difícil. Quando soube do acidente com a mãe dele, Vagner foi acompanhar seu filho no hospital. Enquanto ela estava internada, a avó de Maurício sofreu uma embolia pulmonar e faleceu. Vagner trouxe Maurício para o Espírito Santo para aguardar a recuperação da mãe, mas, dois dias depois, sua mãe também faleceu. Dessa forma, Maurício perdeu sua avó e mãe na mesma semana.

“Um dos piores momentos que eu já passei na minha vida foi ter que falar com meu filho, eu fiquei praticamente uma noite sem dormir, assim, olhando, olhava pra ele sem saber como é que eu ia falar isso pra ele, entendeu? Com oito anos é uma situação muito difícil.” (Vagner)

As palavras falar e saber, na forma utilizada nos exemplos acima, indicam que os participantes tiveram de expor seus sentimentos e medos e, ao mesmo tempo, comunicar aos filhos o que havia acontecido, mesmo sem saber como reagir. Receber a notícia, falar com os filhos, consolá-los e ao mesmo tempo assumir a continuidade da família foi um período difícil para todos.

Nesse novo contexto, Valério buscou uma aproximação maior com as filhas. Mas considera que, por elas serem mais próximas da mãe e por ele ser homem, nunca irá alcançar a mesma intimidade e confiança que a mãe tinha. Valter também teve dificuldades em se aproximar da filha mais velha, pois a mãe era a intermediária entre eles.

“Manuela, por exemplo, eu lembro de Manuela porque ela foi muito apegada à mãe, sempre. Então... mãe é aquela que, é porque de mulher pra mulher, existe uma intimidade de mulher pra mulher que não é a mesma coisa. Por mais que eu tente ser, eu não consigo.” (Valério)

“E a Maísa, sempre ela foi muito calada em relação comigo porque a mãe que era a intermediária.” (Valter)

Diante disso, Valter tem procurado, desde já, não criar essa distância com a filha mais nova, de cinco anos. Ele também se espelha nas atitudes da esposa para direcionar suas relações com os filhos, tentando manter algumas formas de atuação dela e pedindo para que os filhos preservem os valores e ensinamentos passados pela esposa.

“Então eu sempre conversei muito com eles que apesar da mãe deles não estar mais presente aqui, a idéia de família continua. O laço família é uma coisa que não acaba nunca. A mãe se foi, mas ficou a essência dela aqui.” (Valter)

A educação dos filhos é encarada como um processo que deve continuar. Para isso, os pais buscam no convívio anterior o aprendizado necessário para atingir o equilíbrio na relação com os filhos no presente. É o desejo de ser um bom pai que os faz refletir sobre seu relacionamento familiar e buscar mudanças em seu comportamento.

Então eu quero cada vez mais ser uma #boa #pessoa para poder ser um #bom pai, #continuar sendo um #bom pai. Eu tô em #busca de ser uma boa pessoa. #Continuo em #busca, #sabe. De #saber perdoar, de #saber, é... De abraçar, #né, de ser mais carinhoso. Tudo dentro do #equilíbrio, #né. (Valério)

Ao falar de seus filhos, os pais também demonstram orgulho e satisfação, considerando que estão no caminho certo na educação deles, o que demonstra, mais uma vez, a predominância de conteúdos positivos relacionados a essa classe.

#Duas belezas que nós temos, #Ana Maria e #Manuela são #excelentes #meninas. (Valério)

“O contato com eles. Tê-los por perto. Não são muitos como muita gente pensa que são muitos. Não são muitos. É muito gratificante tê-los.” (Vilmar)

Valério avalia que seus novos relacionamentos amorosos também o auxiliam na reflexão sobre sua paternidade. Como ele tem buscado se expressar mais afetivamente na relação com suas namoradas, considera que também tem expressado esse carinho com suas filhas, aproximando-se mais delas. Elas ainda não aceitam os relacionamentos do pai e, por isso, ele ressalta a importância do equilíbrio entre sua relação com os filhos e com a namorada, de forma a não magoar nenhuma das partes. Já Valter pretende casar-se novamente, mas busca a aceitação e adaptação dos filhos a esse fato, principalmente da filha mais velha. Assim, a aceitação dos novos relacionamentos amorosos por parte dos filhos parece ser um fator importante para que esses pais retomem sua vida amorosa.

Eu #preciso #tomar cuidado #nesses #relacionamentos, até para não me ferir muito, para... para não ferir as #pessoas, #continuar #nessa linha de #equilíbrio, eu acho que eu sou um cara certo, #sabe. (Valério)

“E em relação ao casamento, então é uma coisa que eu sempre gostei de deixar pra eles que o tipo de relacionamento que eu tenho com eles não pode mudar muito. E nem quero que a Marilda [namorada] mude com os filhos dela. Tem que ser uma coisa boa pra todos os seis. Os oito, no caso, né.” (Valter)

Vagner terminou recentemente um relacionamento e acredita que há dificuldades em conciliar a criação do filho quando há outra pessoa envolvida, pois pode haver interferência nesse processo. Apesar disso, teve um relacionamento de seis anos, com boa aceitação de seu filho. Vilmar não pretende envolver-se com outras pessoas no momento, e suas filhas mais novas também não aprovam novos relacionamentos.

“Eu acho que sim, claro, claro, seria importante, é importante [o relacionamento amoroso]. Mas o difícil é... é... tipo assim, você se relaciona com uma pessoa que tem filhos, por exemplo, como eu tenho filhos. Então ela tem o universo dela. Eu, assim, fundir esses universos é complicado.” (Vagner)

“Não, não. Pra mim já bastou. Duas vezes eu amei intensamente e fui amado intensamente. Não estou a procura de outra, entendeu, de uma companheira. Não preciso.” (Vilmar)

É possível verificar, também, que para esse grupo ficar com os filhos também foi uma opção, já que eles não repassaram essa responsabilidade para outros familiares. Da mesma forma, quando buscaram novos relacionamentos amorosos, não tinham como foco a busca de uma ‘mãe’ para seus filhos, mas de uma companheira para eles, o que reforça o cuidado com os filhos sendo assumido como uma responsabilidade paterna.

Conforme se pode verificar, a partir do conteúdo acima, essa classe contempla vários elementos positivos da história dos participantes, enfatizando como eles trouxeram aprendizados da conjugalidade para suas relações atuais. Além disso, ter assumido a criação dos filhos também foi avaliado positivamente pelos pais, que consideram que estão obtendo êxito nesse processo.

Classe 01 – Enfrentamento e Apoio Social

Esta classe possui 72 UCEs (13,93% do material aproveitado) e seus conteúdos estão fortemente associados ao suj_03, Valter, cujo nome da esposa também aparece na tabela: Vânia.

Nessa classe encontram-se os conteúdos relativos à adaptação ao falecimento da esposa, às fontes de apoio e o incentivo recebido para superar essa situação e às dificuldades encontradas nesse processo, principalmente em relação aos filhos. Os participantes enfatizam a importância da família, principalmente nesse momento, e relatam seu esforço para conseguir mantê-la unida. Consideram que, como pais, devem se

dedicar ao acompanhamento dos filhos, preparando-os para o futuro. E avaliam também que estão conseguindo alcançar esses objetivos.

As principais formas reduzidas estão demonstradas na tabela 03.

Tabela 03: Principais formas reduzidas associadas à Classe 01 - GV

Formas reduzidas Freqüência na classe Freqüência no corpus X 2 Formas reduzidas Freqüência na classe Freqüência no corpus X 2 filhos 27 19 75,71 Arrum+ 6 9 21,25 esp+ 13 15 68,19 Procur+ 12 28 20,67 ajud+ 18 34 46,21 Ministro 3 3 18,65 cont+ 11 17 37,81 consegu+ 4 5 18,39 irm+ 10 15 35,85 mant+ 4 5 18,39 famili+ 16 35 31,65 adapt+ 5 8 15,99 vânia 5 5 31,20 forte+ 6 11 15,47 incentiv+ 6 8 25,28 *suj_03 55 143 99,27 gente 31 110 23,69

Para enfrentar a situação de perda e adaptar-se ao novo contexto, os pais relatam ter buscado, principalmente, o apoio de grupos religiosos, de familiares e amigos, além de ressaltar a importância do fortalecimento da família nesse momento.

Alguns participantes apoiaram-se em suas crenças religiosas para enfrentar a situação e dar suporte aos filhos. Valter e sua esposa sempre participaram de trabalhos religiosos, sendo ministros em sua igreja. Ele considera que esse envolvimento e o entendimento de que a morte deve ser encarada como um chamado de Deus o ajudaram nesse processo. Mesmo relatando momentos de revolta, o trabalho na igreja trouxe conforto e contribuiu para aceitar o falecimento da esposa.

E também nunca, a #gente não deve ficar #procurando o porquê, né. A #gente tem que se #apoiar um #pouquinho na palavra e #procurar #viver cada vez mais, né. Então, nesse ponto, o meu #contato, a minha atividade na comunidade #da #igreja me #ajudou muito, porque em momento nenhum eu me #senti abandonado pelo pessoal, pelos amigos, o pessoal continuou. (Valter)

Vilmar, também por suas crenças espirituais, considera que a morte é um processo natural, que deve ser visto como uma continuidade e não como sofrimento e acredita que seus filhos também entendem dessa maneira. Já Valério e suas filhas passaram a freqüentar uma igreja evangélica.

“Naturalmente. A morte, nesse processo da educação deles, eles aprenderam que era uma continuidade. Então foi fácil. Foi difícil, mas foi fácil. Não é doloroso em forma de apego. Sem apego, entendeu? Sem

apego. Todos sentiram e sentem até hoje essa falta. Mas é normal. Sem traumático, sem processo traumático.” (Valmir)

“E nós temos, nós somos, nós somos da Igreja Cristã Maranata, a gente procura ir no culto todos os dias, às sete e meia estar lá. Tem sido um momento muito, muito rico pra nós também, muito importante. Eu tenho, sinto que tem dado muita sustentação pra nós, né, de encarar esse, essa dificuldade...” (Valério)

Para oferecer maior suporte ao filho após o falecimento de sua ex-esposa, Vagner voltou a morar com sua mãe logo nos dois primeiros anos, possibilitando maiores cuidados e companhias ao filho, já que ele próprio se ausentava de casa o dia inteiro devido ao

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