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ELA VAI VOLTAR A PENSAR SOBRE A MORTE Autor: Estagiária Plantonista

Aproveito esse diário de campo para falar um pouco sobre como foram os meus primeiros plantões no HU. Saí do primeiro dia com uma sensação de estar sozinha. Pensei durante um tempo sobre essa sensação e o que mais a acompanhava... Percebi que não se tratava de solidão por falta de companhia, mas de um sentimento que se referia a estar por si. Não há, no HU, um lugar instituído que seja meu. Não pude formar um limite, para que eu pudesse saber que, estando ali naquele lugar (não necessariamente geográfico), o que deveria fazer ou qual era minha função... Até pensei em não continuar o plantão no HU e resolvi conversar com um dos supervisores do projeto. Precisava dizer desse sentimento! Saí dessa conversa com uma ótica nova. Reelaborei essas questões, o que me moveu a ir ao HU mais uma vez.

No começo do segundo dia de plantão, novamente me senti perdida, sem rumo, sem norte e sem função, até que atendi uma enfermeira. O atendimento aconteceu de maneira tão espontânea, trazendo questões tão sensíveis e tão "lugar comum", que, não sei como, me fizeram sentir pertencente aquele contexto! O expressar daqueles sentimentos, todos vinculados a uma demanda tão consistente, me fez pensar que, naquele momento, eu sabia onde estava pisando. Não sabia, talvez, sair do lugar. Qual o seguinte passo e pra onde ele me levaria? Mas, apesar de tudo, havia um sentimento de pertencimento em relação a toda aquela atmosfera, por vezes resistente ao nosso trabalho. Uma atmosfera que nos faz sentir "estar por si".

No terceiro dia, fomos para a maternidade do hospital por desejo meu, porque aconteciam atendimentos por lá. Entretanto, não havendo demandas expressas, acabamos por ir ao setor de internações clínicas gerais, atender a olhos cansados que solicitavam atenção a quem quer que possa dar-lhe alguma. Lá encontramos uma senhora de aproximadamente 70 anos, muito expressiva e de palavras sinceras que me comoveram ao ponto de me fazer perder a fala e desfazer a pouca segurança que eu pensei que pudesse ter para atender naquela noite.

A paciente tinha a saúde bem debilitada e se confrontava com uma realidade que eu oàpode iaàassu i ,à e àpa aà i ,à e àpa aàela.à Elaà oàpodeàesta à o e do,àelaàest à a ui,à o ve sa doà o igo! .àDeàu aà a ei aà uitoài segu aàelaà osàdiziaàte àavisadoàaosà filhos que se preparassem para sua partida, demonstrando um medo sufocante de ir embora. Em um primeiro momento, sua queixa era a respeito de um exame que ela teria de fazer e que seu genro a havia alertado para o índice de mortes que decorrem de tal procedimento. Relatava que ele tentava assustá-la e isso a angustiava profundamente. A partir daquele momento, eu só pensava em cessar com toda aquela angústia que ela dividiu comigo, que eu passei a carregar também. Partindo dos relatos dela, eu construí uma imagem do genro como aquele que a fazia piorar. Queria mostrar para ela como ele estava errado e como ele e aà ui à pa aà suaà saúde.à Esseà foià u à luga à ueà pe e ià euà es o eg o ,à poisà fuià maniqueísta e sinto que me distanciei do meu propósito de atendimento.

Disse-lhe palavras que pudesse lhe dar ânimo, esperança. Esperança que eu enxerguei por um fio, que ela ainda nutria com algum esforço. Não perguntei como era aquele medo, pois só queria afastá-lo dela e também de mim! Ela contou sobre a sua vida, as pessoas que a amavam (seus netos, principalmente) e, por vezes, achava que mais ninguém se importava com ela. Perguntamos então se os familiares que ficavam ao seu lado no hospital não se i po ta ia à o àelaàouàseà oàaàa ava .à‘espo deuà ue:à pe sa doàpo àesseàlado,àhaviaà pessoasà ueàaà ue ia àpo àpe to ,àeàissoàaliviou um pouco da angústia que ela guardava em si.

Enquanto eu estava lá e até o dia seguinte, falei disso com minha companheira de plantão, achei que tivesse feito um bom atendimento. Antes de sair perguntamos se ela estava melhor e ela disse que sim, fazendo com que eu me sentisse muito bem com isso. Já oà elevado ,à i haà o pa hei aà disseà algoà ueà eà fezà ai ,à u à pou o,à aà eal:à elaà vaià volta àaàpe sa àso eàaà o te .àÉàexata e teàesseàoàse ti e toà ueà eàto ouà ua doàpudeà pensar sobre o atendimento com mais calma. Considero que esvaziei uma pequena parcela de um copo que estava sendo cheio por uma goteira constante e irrefreável, mas que daqui a pouco novamente iria transbordar e ela, de novo, choraria e perderia o sono, negando a necessidade de estar naquele hospital. Foi difícil me desvencilhar do sentimento de impotência e de incompetência, de não ter feito o que ali estava ao meu alcance,

movimentar, quem sabe, toda aquela soma de angústia e sofrimento que ela tinha. Eu ainda continuo pensando no que terá acontecido com ela.

A narrativa vai apresentando, de maneira explícita, as dificuldades da psicóloga plantonista quando adentra o contexto hospitalar através da proposta do Plantão Psicológico.

Aproveito esse diário de campo para falar um pouco sobre como foi os meus primeiros plantões no HU. Saí do primeiro dia com uma sensação de estar sozinha. Pensei durante um tempo sobre essa sensação e o que mais a acompanhava e percebi que não se tratava de solidão por falta de companhia, mas de um sentimento que se referia a estar por si. Não há, no HU, um lugar instituído que seja meu. Não pude formar um limite, para que eu pudesse saber que, estando ali naquele lugar (não necessariamente geográfico), o que deveria fazer ou qual era minha função... Até pensei em não continuar o plantão no H.U e resolvi conversar com um dos supervisores do projeto. Precisava dizer desse sentimento!

Colocando-se disponível a qualquer evento crítico, sem a possibilidade de estar escorada na segurança de uma equipe multidisciplinar ou estrutura institucional, tende a sentir-se desalojada e desamparada em um ambiente vivido como pouco acolhedor. A proposta de estar aberta, quase que de maneira incondicional, às demandas atípicas que podem surgir no espaço hospitalar, mostra-se difícil e pesada para a estudante que experimenta suas primeiras excursões fora dos muros da academia. Afinal, trata-se de uma aluna do terceiro semestre do curso de Psicologia que, espontaneamente, optou por este trabalho como estágio extracurricular. Não podendo se valer de um constructo técnico pré- definido que possa trazer, mesmo que fantasiosamente, parâmetros de conduta mediante as crises alheias, é lançada impiedosamente na sua própria crise. Deste modo, acolhendo aqueles que se veem expurgados do modorrento cotidiano por conta de um acontecimento imponderável, o hospital confirma sua vocação como lócus privilegiado no desvelar da crise – tanto dos pacientes, como daquele que os acolhem no intuito da atenção e do cuidado. Prevalece a solidão mediante a amplidão absoluta. Cada atendimento lança a estagiária

plantonista no vazio absoluto, obrigando-a a se resgatar e constituir-se a partir de si mesma, pois nada que venha do mundo lhe parece pertinente.

Media teà aà t oà a solutoà desa pa o,à us aà u aà soluç o à pa aà u à se ti e to à intensamente experienciado, ainda inominável. Em um primeiro momento, como acontece com todos nós, lhe ocorre fugir. Afinal, seria mais prudente manter-se longe desta inospitalidade. No entanto, como se soubesse em seu íntimo que isto de nada valeria, procurou amparo na figura do supervisor, aquele que, supostamente, saberia formar um li ite , ou seja, dar forma(ção), contorno, contenção, e que poderia lheàdize à o que deveria faze , tirando-a da angústia atroz e absoluta.

Saí dessa conversa com uma ótica nova. Reelaborei essas questões, o que me moveu a ir ao HU mais uma vez.

O supervisor, contudo, não aponta suas fronteiras ou diz o que deve ou não fazer, porém, favorecendo a travessia pela crise em que se encontra, pode acompanhá-la, trazendo à luz os seus próprios recursos, convidando-a ao desafio. Surpreendida com sua bagagem, até então negligenciada, sente-se confiante para, pela segunda vez, lançar-se neste contexto vivido como rude e desfavorável.

No entanto, não basta que alguém diga que podemos algo para que passemos a percebê-lo em nós mesmo, pois é necessário que haja uma apropriação, só possível através da experiência.

No começo do segundo dia de plantão novamente me senti perdida, sem rumo, sem norte e sem função, até que atendi uma enfermeira. O atendimento aconteceu de maneira tão espontânea, trazendo questões tão sensíveis e tão "lugar comum", que, não sei como, me fizeram sentir pertencente aquele contexto!

Deste modo, quando se vê lançada a campo, longe do conforto da maternagem do seu supervisor, vive, novamente, a frieza asséptica, a amplidão e o desamparo que o seu ofício lhe impõe naquele lugar. Precisando urgentemente de um lenitivo para o seu desa pa o,àoàe o t aàe àu àate di e toà ealizadoàaà uma enfe ei a à– um diferente quase igual. O apaziguamento surge do "lugar comum". áà enfermeira àofe e e,à de maneira tão espontânea, t aze doà uest esà t oà se síveis ,à a possibilidade de refugiar-se em uma

cotidianidade que a preserva da invasão súbita do imponderável. Lá, junto com a e fe ei a ,à tudoà fazà se tido,à poisà a uiloà ueà e e geà oà à a eaçado à eà e à desestruturante.

O expressar daqueles sentimentos, todos vinculados a uma demanda tão consistente, me fez pensar que, naquele momento, eu sabia onde estava pisando. Não sabia, talvez, sair do lugar. Qual o seguinte passo e pra onde ele me levaria? Mas, apesar de tudo, havia um sentimento de pertencimento em relação a toda aquela atmosfera, por vezes resistente ao nosso trabalho. Uma atmosfera que nos faz sentir "estar por si".

Não há a eaçaà late teà oà ate di e toà li h à o à aà enfermeira à eà ela,à e t o,à passa a sentir-se pe te e teà ueleà o texto . Na verdade, se vê incluída em uma providencial rotina que os eventos hospitalares, por sua característica crítica e emergencial, teimam em destruir impiedosamente, lançando a todos em um vazio absoluto. O que a salva à àaà de a daàt oà o siste te , ueàaàfazà pe sa à ue,à a ueleà o e to ,àela sa iaà o deàestavaàpisa do ,àtornando aquele solo também seu – est a gei aà atu alizada.à Não sabia, talvez, sair do lugar. Qual o seguinte passo e pra onde ele a leva ia ,à mas, naquele momento, o que lhe bastava era justamente esta modorrenta e pacata imobilidade.

No terceiro dia fomos para a maternidade do hospital por desejo meu, por que aconteciam atendimentos por lá. Entretanto, não havendo demandas expressas, acabamos por ir ao setor de internações clínicas gerais, atender a olhos cansados que solicitavam atenção a quem quer que possa dar-lhe alguma.

No entanto, por ironia, é justamente desta irmanação apaziguadora com o outro em crise que emana sua perturbação no seu terceiro dia de atendimento.

Fazendo pequena digressão, foi possível notar, ao longo dos vários anos em que acontece o projeto de Plantão Psicológico no HU, que há, quando o psicólogo plantonista ade t aà pelasà p i ei asà vezesà oà a ie teà hospitala ,à u aà te d iaà aà seà efugia à aà maternidade e na pediatria. Mediante a uma rotina que é sucessivamente rompida pela imponderabilidade e pela ameaça constante de várias finitudes, pairando u aàat osfe a à trágica, o psicólogo plantonista, ainda que não intencionalmente, prefere instalar-se onde a

vida prevalece, e, de maneira geral, a imponderabilidade refere-se ao momento do nascimento. Neste ambiente, ainda que a crise esteja presente, ela associa-se de imediato à vida. Isto não significa que a morte não esteja presente, visto que ambas são indissociáveis, porém é possível, sem grandes esforços, negligenciá-la naqueles corredores, trazendo certo apaziguamento para a estadia conturbada. A narradora mantém a tradição, porém, não encontrando demandas e sabendo que seu ofício não prescinde das crises, lá foi ela ate de à a olhos cansados que solicitavam atenção a quem quer que possa dar-lheàalgu a .à

Lá encontramos uma senhora de aproximadamente 70 anos, muito expressiva e de palavras sinceras que me comoveram ao ponto de me fazer perder a fala e desfazer a pouca segurança que eu pensei que pudesse ter para atender naquela noite.

Em seu terceiro dia de plantão, a narradora mostra-se disponível e confiante, abrindo-se ao imponderável. Sem conseguir fugir do antagonismo que permeia o ambiente hospitalar, ao afastar-se da maternidade, onde irrompe a vida, encontra-se com a morte no seto à deà i te aç esà lí i asà ge ais . Retirada de sua cômoda e frágil estabilidade, é o f o tadaà deà fo aà uitoà exp essiva à pelasà palav asà si e as à daà senhora de aproximadamente 70 anos , iniciando um esforço de apaziguamento: dela e de si mesmo.

A paciente tinha a saúde bem debilitada e se confrontava com uma ealidadeà ueàeuà oàpode iaàassu i ,à e àpa aà i ,à e àpa aàela.à Elaà não pode estar morrendo, ela está aqui, conversando comigo! .

Talvezàdesejasseàe àseuàí ti oà ueàaàse ho aàfosseà e osà si e a àeà e p essiva ,à mas o mal já estava feito.

A paciente tinha a saúde bem debilitada e se confrontava com uma ealidadeà ueàeuà oàpode iaàassu i ,à e àpa aà i ,à e àpa aàela.à Elaà não podeà esta à o e do,à elaà est à a ui,à o ve sa doà o igo! .à Deà u aà maneira muito insegura ela nos dizia ter avisado aos filhos que se preparassem para sua partida, demonstrando um medo sufocante de ir embora.

Ambas, não podendo negar o inegável, encontram modos de lidar com o transbordamento aflitivo. A senhora, apesa àdaà a ei aà uitoài segu a , convive com esta

verdade sufo a te à e tenta preparar os seus. Perplexa com o fato de saber esta à o e do alguém que ali conversa com ela, a estagiária plantonista vê uma senhora temendo a morte.

Pode-se pensar que, neste momento, tenha se apresentado a atitude nomeada por á i s,à à àdeà o teàdo ada ,à efe i do-se à ideia básica de que a morte faz parte da vida. Ainda por esta perspectiva, uma situação muito frequente é a do moribundo, em seu leito de morte e estando próximo ao fim, realizar ações, mesmo simples, que expressam uma aceitação da morte (KOVÁCS, 2003). Esta aceitação não significa ausência de aflição, mas um conformar-se com o inevitável.

Em um primeiro momento, sua queixa era a respeito de um exame que ela teria de fazer e que seu genro a havia alertado para o índice de mortes que decorrem de tal procedimento. Relatava que ele tentava assustá-la e isso a angustiava profundamente.

Ainda por esta via, que inclui a morte na vida, a se ho a não se afasta de seu cotidiano, utilizando-o para falar, embora de modo coloquial, sobre sua angústia e eleger um

vil o ,à ueàousaàdize àoài dizívelàdesvela doàaà iseàj ài stalada:àaà o teàest à àesp eita! A partir daquele momento, eu só pensava em cessar com toda aquela angústia que ela dividiu comigo, que eu passei a carregar também. Partindo dos relatos dela, eu construí uma imagem do genro como aquele que a fazia piorar. Queria mostrar para ela como ele estava errado e como ele era ruim pa aàsuaàsaúde.àEsseàfoiàu àluga à ueàpe e ià euà es o eg o ,àpoisàfuià maniqueísta e sinto que me distanciei do meu propósito de atendimento. Chocada com o fato, a psicóloga plantonista cai na armadilha e busca apaziguar a uiloà ueà oà seà apazigua.à Te taà i util e teà essa à o à todaà a uelaà a gústia , esquecendo que esta é condição fundante do homem no mundo. Na verdade, lembrando-se de sua qualidade de mortal, busca, na infrutífera tentativa de sossegar a se ho a ,àserenar sua própria crise que se avizinha. Provavelmente questionou-se em seu íntimo, agora atormentado: por que abandonei a maternidade?! Em seu afã de proteger-se do nefasto, sentindo-se na pele da se ho a ,à t a sfo aà oà ge oà e à a joà daà o te ,à te ta doà des ualifi a àaàve dadeà ueàtalvezàt ou esse.àResgata doàoàditoàpopula ,à elaà espo sa ilizaà

oà e sagei oàpelaà à otí ia .à Es o ega ,à à e àve dade,à oà a i ueís o,àpoisàte touà expurgar a morte da vida.

Disse-lhe palavras que pudesse lhe dar ânimo, esperança. Esperança que eu enxerguei por um fio, que ela ainda nutria com algum esforço. Não perguntei como era aquele medo, pois só queria afastá-lo dela e também de mim!

As atitudes de esquiva frente ao vazio absoluto vão se sucedendo. Vendo a se ho a à como frágil e desprovida, a estagiária plantonista tenta, a todo custo, fazê-la sentir-se mais rica. Sendo uma profissional da escuta e tendo o verbo como instrumento, parte do princípio deà ueàte àalgoàaàofe ta àal àda uiloà ueàlheà a e.àEs olheà lhe dar ânimo,àespe a ça ,à i te p eta doà e à asà e essidadesà dela,à j à ueà i o à (lat. animus) alude à vida, alma, princípio vital, disposição, vontade, e espe a ça à (lat. sperantia), outra das dádivas pretendidas, refere-se àquele que algo espera (esperar+ança), denotando que para ter esperança é necessário acreditar na possibilidade de futuro. Tratava-se de algo que a própria se ho a , seus familiares e a estagiária plantonista, no fundo, não acreditam que disponha. Bem intencionada, busca aliviar a agonia de sua cliente, acreditando que, sendo bem sucedida, conseguiria apaziguar sua aflição. Esforça-se para amenizar a at osfe a , tentando escamotear a morte que teimava em prevalecer.

Ela contou sobre a sua vida, as pessoas que a amavam (seus netos, principalmente) e, por vezes, achava que mais ninguém se importava com ela. Perguntamos então se os familiares que ficavam ao seu lado no hospital não se importariam com ela ou se não a amavam. Respondeu que: pe sa doà po à esseà lado,à haviaà pessoasà ueà aà ue ia à po à pe to ,à eà issoà aliviou um pouco da angústia que ela guardava em si.

Revelando uma necessidade atávica do profissional de saúde de expurgar a dor a todo custo, a estagiária pla to istaàpe sisteà oài tuitoàdeà o sola ,àdesvia do-se de seus propósitos profissionais: auxiliar o trânsito por aquele momento crítico. No entanto, é a velha se ho a à que, conduzindo a estagiária plantonista para o seu lugar de ouvinte privilegiado, assume recontar sua história, no intuito de conseguir nova perspectiva que pudesse trazer alguma serenidade para aquele momento. Acertadamente, a estagiária pla to istaà apo ta,à ai daà ueà deà a ei aà sutil,à oà legadoà ueà aà senhora à dei ava,à

encarnado no afeto que alguns membros de sua família sentiam por ela, permitindo, assim, certa transcend iaà oà e o t oà o à aà o te.à N oà e aà e ess ioà o solo ,à ape asà lembrá-la de que não estava só neste momento crítico.

Se, ao nascer, o ser humano precisa do amparo da mãe para resistir vivo, por que na morte deveria prescindir da presença de alguém? Atualmente, as pessoas estão morrendo cada vez mais apartadas de seus entes queridos e confinadas em setores inacessíveis dentro de hospitais, ampliando ainda mais este momento de solidão e dificultando as possibilidades de elaboração e transcendência, tanto do moribundo como da família.

Enquanto eu estava lá e até o dia seguinte, falei disso com minha companheira de plantão, achei que tivesse feito um bom atendimento. Antes de sair perguntamos se ela estava melhor e ela disse que sim, fazendo com que eu me sentisse muito bem com isso. Já no elevador, minha o pa hei aàdisseàalgoà ueà eàfezà ai ,àu àpou o,à aà eal:à elaàvaiàvolta àaà pe sa à so eà aà o te .à Éà exata e teà esseà oà se ti e toà ueà eà to ouà quando pude pensar sobre o atendimento com mais calma. Considero que esvaziei uma pequena parcela de um copo que estava sendo cheio por uma goteira constante e irrefreável, mas que daqui a pouco novamente iria transbordar e ela, de novo, choraria e perderia o sono, negando a necessidade de estar naquele hospital.

Continuando a narrativa, a estagiária plantonista fica feliz por ter conseguido apaziguar o momento da se ho a . No entanto, rapidamente percebe que não conseguiu extirpar a morte da vida dela e, por conseguinte, de sua própria vida. Frente a isto, começa a