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O INAUDÍVEL RUÍDO DA DOR Autor: Supervisor de Campo

Naquele dia, Lara estava sem dupla. Voltava confusa de um atendimento que fizera junto com outras duas estagiárias. Lara sempre esteve presente nos plantões... mas parecia também sempre bastante dispersa!... Ela estava confusa e se questionava: será que precisavam mesmo dela naquele espaço? Quando Lara ia retornar ao trio, convidei-a a ficar comigo.

“egu a,à aà fi à deà segu a à aà ti idezà adoles e teà deà La a,à e t a osà oà sal o à doà Pronto Socorro. O som era dominado por um ruído de uma voz rouca, velha e feminina... parecia clamar de dor. Era um ruído que chamava atenção! A senhora, já bem idosa, tinha o corpo meio contorcido não se sabia se pela idade, se por uma doença, ou por uma manifestação de dor. Deitada numa maca no centro do PS, ela parecia quase inconsciente, ou melhor... parecia saber pouco ou não se dar conta de onde estava. Fazia muito barulho... o som era forte e perturbador.

Como seria não poder sair daquele ambiente com tal barulho? Como seria conviver 20 ou 30 horas com este ruído de dor?... Médicos e enfermeiros pareciam não ouvir. Outros pacientes e acompanhantes pareciam mais incomodados com a falta de silêncio do que com o ruído-da-dor. E nós? Andávamos pelo PS, como se o ruído não fosse.

Eu tentava caminhar com mais segurança do que os ombros tímidos de Lara. Circulando e atentasàaosàolha esà soli ita tes , nenhum nos chamou atenção. Talvez o ruído- da-dor não deixava espaço para qualquer outro ruído no olhar. Sugeri: que tal nos aproximarmos da acompanhante daquela senhora que berra? Uma sugestão ousada!... Afinal nos aproximaríamos do foco do ruído. Mas... se ninguém daquele ambiente parecia se mostrar amolado por aquele som tão constrangedor, como seria estar acompanhando-o? Aproximamo-nos. A moça acompanhante, filha daquela senhora, estava à cabeceira da maca, com a cabeça meio apoiada e olhar distante, acariciava o braço da mãe. Com nossa presença branca, rapidamente começou a nos explicar a doença da mãe. Ela explicava o ruído e o constrangimento... e não poderia ser diferente!... Sejamos coerentes: nossa atenção

foi direcionada a ela e não aos outros muitos do PS exatamente por termos sido convocadas pelo ruído-da-dor. Tão logo, sabemos que o som já era tão constante na vida daquelas senhoras, que os vizinhos já estavam compreensivos.

De pronto, dei foco à filha que dizia da convivência de uma mãe que adoecia em casa, envelhecendo a cada dia. Era uma moça de meia idade. Filha única, foi adotada ainda pequena. Sentia a mãe a cada dia mais distante, que já não queria sair de casa nem para tomar sol como de costume fazia.

Eu, atenta ao sofrimento da filha, deixei que ela contasse da sofrida rotina que vinha vivendo. Masàsuaàfalaàe aàpo àvezesài te o pidaàpo àLa a,à ueàpa e iaàtei a à aà hist iaà deàvida àdaàa o pa ha te...àdaàadoç oàet ...àOà ueàp ete diaàLa a?àE o t a àu aà ueixaà psi ol gi a à talvez?...à La aà oà pe e iaà a uelaà oti aà a adaà peloà uído-da-dor, que a a o pa ha teàj àdiziaàdoàg a deàsof i e toà psí ui o à ueàta toàte tavaài vestiga .àMasà Lara está apenas aprendendo... Tentando ensiná-la e atingir a ambas, apontei o óbvio: hoje, aquela moça de meia idade cuidava com tanta dedicação da mãe que um dia a escolheu para cuidar.

Foià ua doà aà filhaà des o iuà ossaà espe ialidade:à a osà psi logas.à Éà o à te à psi logosà a ui.à Que e à fala à o à i haà e?à Elaà podeà ouvi . .à “e à desvia à oà olha ,à euà disseà o à uitaà segu a ça:à N oà vejoà e essidade,à vo à te à uidado bastante dela. Esta osàa uià po àvo .àáí...à oà eioà da ueleàP“à heioàdeàa i os...à aà oçaài i iouàseuà choro doído... o choro-da-dor?... Ela pedia desculpas, porque não encontrava o que dizer. Esta osàta àpa aàoàseuàsil io .àPo àu ài sta te,àtive a impressão de que o ruído-da- dor calava-se diante do silêncio daquela que o acompanhava já há tanto tempo. Ouvia apenas o silêncio molhado da moça, quando Lara não se conteve e o interrompeu com alguma outra pergunta qualquer. Lara parecia suportar mais o ruído-da-dor do que o silêncio do choro.

A moça então voltou a contar de sua rotina... agora de maneira mais sentida... é verdade!... Dizia das coisas que a mãe ia gradativamente deixando de fazer, como sentar na varanda, tomando sol e contando hist ias.àOà to a àsol àe aài po ta teàpa aàaàsaúdeàdela,à diziam os médicos. Mas a moça dizia de um desejo de viver mais uma vez aquele ritual. E foi com ele que encerrei o atendimento: convidar a mãe dizendo daquele seu desejo talvez fosse

mais importante para as duas, naquele momento, do que tentar convencê-la a cuidar de si. É!...àVouàte ta ! ,àdisseàaà oça,à o oàseàeuàtivesseàlheàpassadoà aisàu à e eitu io.

Já estava na hora de ir. Ela agradeceu nossa presença e disse da importância de nosso trabalho. Expliquei do atendimento em plantão psicológico no IPUSP e de como ela poderia usufruir dele, quando achasse necessário. Ela agradeceu mais uma vez.

Saímos. E lá ficou novamente aquele ruído ainda ecoando pelos cantos do salão...

Na narrativa, crises múltiplas se expressam, confirmando a vocação do hospital como pal oà p ivilegiadoà pa aà aà e e aç oà deà i ú e asà t ag dias .à áà psi logaà pla to ista,à aà audiência, a acompanhante, o supervisor de campo, a equipe de saúde e, ainda que alheia a tudo, a paciente, vão apresentando seus modos particulares de lidar com a situação crítica, levando à imbricação das crises pela inevitável afetação por estarem todos lançados em um mesmo mundo.

Desde o princípio, o supervisor de campo, por dever de ofício, está atento ao modo que a psicóloga plantonista, ainda em formação, vai transitando pelo ambiente hospitalar. Vivendo de maneira inóspita sua práxis e o cotidiano/palco de sua atuação, Lara não consegue alojar-se e encontra na dispersão um modo possível de estar se p eàp ese te . Envolvida pelo insólito da situação, que não encontra nos modos habituais do cotidiano nada que possa trazer acalento para o momento, Lara deixa-se levar por um sentimento de impotência e inadequação, não reconhecendo o quanto a circunstância em que se encontra à eal e teàli ite.àNestaà iseàdeàide tidade ,àtípi aàdosà adolescentes ,àse àsa e àquem é ou o que fazer, ora deseja fugir dos encontros desfavoráveis, alegando a inutilidade de sua presença no hospital, ora tende a ir de encontro a eles: busca organizar e dar sentido à vida alheia para apaziguar seu próprio caos? Neste movimento, pendular entre repulsa e aproximação, carente de ferramental que possa trazer algum sentido para aquele momento, busca aplacar o desconforto de se ver lançada no nada, visto que coisa nenhuma que venha do mundo mostra-se pertinente.

Naquele dia, Lara estava sem dupla. Voltava confusa de um atendimento que fizera junto com outras duas estagiárias. Lara sempre esteve presente

nos plantões... mas parecia também sempre bastante dispersa!... Ela estava confusa e se questionava: será que precisavam mesmo dela naquele espaço?

Acometida de súbita coragem, respaldada pela presença do supervisor de campo que a convida ao desafio, vai de encontro àquilo que todos, como modo de preservação, tendem a ignorar. Neste ponto, cabe apontar a importância do supervisor de campo, que investido de um suposto saber – quase seguro, aà fi à deà segu a à aà ti idezà adoles e teà deà La a à - afiança os arroubos de coragem da psicóloga plantonista em formação, permitindo o exercício e o cultivo dos ainda parcos recursos de sua pupila: o videi-aàaàfi a à o igo .

Andávamos pelo PS, como se o ruído não fosse.[...]Sugeri: que tal nos aproximarmos da acompanhante daquela senhora que berra? Uma sugestão ousada!... afinal nos aproximaríamos do foco do ruído. Mas... se ninguém daquele ambiente parecia se mostrar amolado por aquele som tão constrangedor, como seria estar acompanhando-o?

Vendo-se lançada no epicentro da crise, busca se valer dos artifícios obtidos na academia para, inutilmente, tentar proporcionar amparo para si mesma. À mercê de sua própria crise, a psicóloga plantonista não consegue se abrir para as emergências alheias, restringindo-seà aà us a à aà vastid oà doà ruído da dor à eà doà silêncio do choro ,à a asà inexoráveis e absolutas, uma boia de salvação que pudesse dar parâmetros, trazer segurança e acalento neste momento crítico. No entanto, nada se mostra suficiente para este intento, restando-lhe refugiar-se nos estereótipos da profissão, que precisa honrar por ser uma presença branca .à T aja -se de branco em um hospital é dizer à assistência que se está disponível, e, deste modo, isto precisa ser honrado de alguma forma. Se de um lado a acompanhante, de pronto, fala da doença e do doente, por outro, Lara parece impor-se em sua especialidade e vive o peso de ostentar o avental dentro de um hospital, alvo de todas as demandas e apelos.

Mas sua fala era por vezes interrompida por Lara, que parecia teimar na hist iaà deà vida à daà a o pa ha te...à daà adoç oà et ...à Oà ueà p ete diaà

La a?à E o t a à u aà ueixaà psi ol gi a à talvez?...à La aà oà pe e iaà

grande sof i e toà psí ui o à ueàta toàte tavaài vestiga .àMasàLa aàest à apenas aprendendo...

O supervisor de campo, de maneira muito diferente da psicóloga plantonista, também vive, ainda que com discrição e maior serenidade, a sua crise. Assim como todos, não passaài lu eàpeloà ruído da dor ,àp e isa doà eu i àfo çasàpa aà caminhar com mais segurança do que os ombros tímidos à deà suaà ap e diza.à “eà vale doà u i a e teà deà suaà experiência pessoal e profissional, sente-se suficientemente capaz para, levando sua aluna pelas mãos, aproximar-se do centro dos acontecimentos. Esta segurança relativa, pois ninguém consegue total garantia mediante a imponderabilidade do destino, permite a abertura para aquilo que está para além do óbvio: vê a acompanhante que sofria sua própria dor.

De pronto, dei foco à filha que dizia da convivência de uma mãe que adoecia em casa, envelhecendo a cada dia.

Parece, neste encontro, ter ficado dividido entre ensinar sua pupila e acolher o acompanhante, não sabendo a qual crise deveria responder. Sem abandonar a psicóloga plantonista e trazendo-a para perto de si, como faz o artesão com seu aprendiz, se dedica à crise da acompanhante, que não compreende como alguém pode dar ouvido a ela mediante aàt oàevide teà uído .

Mas Lara está apenas aprendendo... Tentando ensiná-la e atingir a ambas, apontei o óbvio: hoje aquela moça de meia idade cuidava com tanta dedicação da mãe que um dia a escolheu para cuidar.

A acompanhante, sentindo-se testemunhada e autorizada pela atenção recebida, vai aos poucos deixando de ser coadjuvante, trazendo á luz seu próprio sofrimento. No entanto, como modo de aplacar a dor de uma velha ferida abruptamente revivida, tende a esquivar- se da responsabilidade a ela devolvida, buscando disponibilizar para a mãe aquilo que, naquele momento, lhe pertencia.

Éà o àte àpsi logosàa ui.àQue e àfala à o à i haà e?àElaàpodeàouvi . .à

“e àdesvia àoàolha ,àeuàdisseà o à uitaàsegu a ça:à N oàvejoà e essidade,à

Não podendo fugir do encargo de sua própria existência, a filha acompanhante vai, ainda que estranhando a permissão concedida, abordando suas várias feridas e pequenas mortes de seu cotidiano. A crise, neste caso, se expressa não de maneira aguda, como se espera no ambiente hospitalar, mas já aparentemente cronificada ao longo do tempo.

Por um instante, tive a impressão de que o ruído-da-dor calava-se diante do silêncio daquela que o acompanhava já há tanto tempo.

Fica evidente que seu choro revela o luto por uma presença materna e um cotidiano aprazível que há muito se perderam. Percebe-se só, desamparada, carecendo de sentido próprio para a sua existência, visto viver em função de uma mãe que vai, aos poucos, se desvanecendo.

A moça então voltou a contar de sua rotina... agora de maneira mais sentida... é verdade!... Dizia das coisas que a mãe ia gradativamente deixando de fazer, como sentar na varanda, tomando sol e contando hist ias.à Oà to a à sol à e aà i po ta te para a saúde dela, diziam os médicos. Mas a moça dizia de um desejo de viver mais uma vez aquele ritual.

O sile ioàdoà ho o apresenta-se como possibilidade elaborativa, meio de poder ir adia te,à estitui doà à iseà o ifi ada àseuà a te àdi i o,àpróprio da impermanência do mundo, constituindo abertura de possibilidades. Deste modo, por mais que Lara tentasse preenchê-lo com perguntas vazias, é mais pertinente, como fez o supervisor de campo, mantê-la na abertura, confiando nas suas próprias possibilidades de resgatar-se. Obviamente, segurar-se confiando na capacidade do outro em tecer sua própria abertura não é algo fácil, como revelam as atitudes de Lara, talvez porque rompa com o estereótipo do profissional de saúde, sempre com a missão de mitigar a dor a todo custo, talvez pela responsabilidade de ter ido ao encontro de um olha à dista te e propiciado um ho oà doído .

E foi com ele que encerrei o atendimento: convidar a mãe dizendo daquele seu desejo talvez fosse mais importante para as duas, naquele momento, do que tentar convencê-laà aà uida à deà si.à .à É!...à Vouà te ta ! ,à disseà aà oça,à como se eu tivesse lhe passado mais um receituário.

Naquele dia, foi através do atendimento em Plantão Psicológico que a filha acompanhante pôde revisitar as histórias vividas com a mãe-doente, resgatando o seu p p ioà uida à deà si à oà e o t o,à ago aà deà a ei aà aisà se tida , com aquilo que manifestou como seu: o desejoàdeàvive à aisàu aàvezàa ueleà itual .àTalvez sem perceber- se ativa em seu próprio cuidado, seja pela dificuldade inerente a essa responsabilidade, seja pelaà ultu aà i stituídaà deà passivosà pa ie tes à doà lo al,à elaà espo deà o oà ue à tivesseà

e e idoà mais um receituário .à

Já estava na hora de ir. Ela agradeceu nossa presença e disse da importância de nosso trabalho. Expliquei do atendimento em plantão psicológico no IPUSP e de como ela poderia usufruir dele, quando achasse necessário. Ela agradeceu mais uma vez.

O supervisor de campo, ciente de suas responsabilidades, deixa aberto outras possibilidades de ajuda, para o caso da travessia se mostrar muito difícil. Se expressa aí uma peculiaridade do Plantão Psicológico. Por ser uma metodologia que não se presta ao acompanhamento sistemático, é necessário confiar na capacidade do cliente e intervir através das capacidades elaborativas deste, sempre no intuito de preservar as possibilidades de trânsito pelo acontecimento crítico. Deste modo, o Plantão Psicológico não é uma ferramenta inócua, devendo os psicólogos plantonistas exercê-lo com o devido cuidado.

A paciente, nesta narrativa, surge quase como uma coadjuvante. Cumpre seu papel quando, de maneira inequívoca, consegue atrair a atenção do supervisor de campo e da psicóloga plantonista para o acontecimento. Expressa-se de maneira bastante regredida, assim como fazem os bebês mediante a falta de recursos quando são afetados pela aspereza do mundo. Na ausência das palavras, artifício sofisticado e indisponível no momento, traz à luz de maneira pertinente o seu sofrimento através do uídoàda do .

Filha única, foi adotada ainda pequena. Sentia a mãe a cada dia mais distante, que já não queria sair de casa nem para tomar sol como de costume fazia. [...] hoje, aquela moça de meia idade cuidava com tanta dedicação da mãe que um dia a escolheu para cuidar.

Na presença de alguém tão desamparado, o que cabe é maternagem, algo que sua filhaà fazà uitoà e ,à fi a doà à cabeceira da maca e assistindo-a em seu crepúsculo,

tentando ainda assoprar-lhe alguma vida. Ainda como os bebês, as possibilidades de apaziguamento podem vir do contato físico, algo que sua filha, instintivamente, já sabia, quando o àaà a eçaà eioàapoiadaàeàolha àdista te,àa a i iavaàoà açoàdaà e .

Tal palco contava ainda com outros atores: u àP“à heioàdeàa i os .àPacientes e equipe de saúde, cada qual a seu modo, também tentam tornar inaudível o uídoàdaàdo .à Os outros pacientes do hospital, que por falta de opção são obrigados a assistir aos acontecimentos, tentam, na medida do possível, manter certa discrição e se refugiar no anonimato. Afinal, seus apelos ensurdecem-se mediante a exuberância da dor.

Ci ula doà eà ate tasà aosà olha esà soli ita tes ...à e hu à osà ha ouà atenção. Talvez o ruído-da-dor não deixava espaço para qualquer outro ruído no olhar.

Negando o óbvio, na vã tentativa de passar incólumes pelo acontecimento, fazem como a criança, que se sentindo ameaçada por algo, fecha os olhos e acredita estar segura. O incômodo maior não vem do som deà u aà vozà ou a,à velhaà eà fe i i a à que pa e iaà la a àdeàdo ,àmas daquilo que o evento revela para a assistência. Deitadaà u aà a aà oà e t oà doà P“ à jazia uma perturbadora revelação que teimava em anunciar, mesmo para aqueles que não queriam ouvir, que a vida é frágil, perecível e finita, ou ainda, podia também ser sofrida. Estando eles no mesmo lugar, com suas dores e infortúnios, torna-se impossível não pensar na própria existência e nas inevitáveis finitudes.

Outros pacientes e acompanhantes pareciam mais incomodados com a falta de silêncio do que com o ruído-da-dor. E nós? Andávamos pelo PS, como se o ruído não fosse.

Revela-se,àdeà a ei aàdespudo ada,àaà ealà o diç oàhu a a.àMedia teàaà t ag dia à a audiência se cala, por saber também ser seu o desfecho que aguarda: quão suportável será? Sendo assim, torna-se mais cabível se ater à incômoda faltaàdeàsil io , do que ao conteúdo revelador do uídoàdaàdo .

Como seria não poder sair daquele ambiente com tal barulho? Como seria conviver 20 ou 30 horas com este ruído de dor?... médicos e enfermeiros pareciam não ouvir.

A equipeàdeàsaúde,àvive doàestaàeàout asà t ag dias àpo àdeve àdeàofí io,àte deàaàseà esquivar, se perdendo na faina diária para não ser impactada como a audiência. Naturalizando a dor, buscam domar o indomável através de procedimentos e técnicas. Com sofreguidão, esperam que tudo dê certo, e que possam chegar ao final do expediente sem se encontrarem com o inevitável, perpetuando a fantasia de que a morte não lhes pertence, embora apenas deixando para trás, a cada fim de dia, a ueleà uídoà ai daà e oa doà pelosà ca tos... .