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CAPÍTULO 3 – GESTALT E BAUHAUS

3.3 TEORIAS DA FORMA E REPRESENTAÇÕES: BAUHAUS

3.3.1 Elementos da composição

As ideias principais da composição podem ser exemplificadas como se fossem linguagens escritas, assumindo significados: o ponto, a linha, a forma a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.

As representações da expressão visual passam pelos níveis da experiência, da abstração e do simbólico. A realidade já é uma representação apreendida, absorvida e armazenada pelo cérebro humano. As imagens diferentemente daquelas apreendidas por um aparelho fotográfico, são interpretadas subjetivamente. Esta questão subjetiva persiste no campo das artes visuais e no ato criativo.

As regras não ameaçam o pensamento criativo em matemática; a gramática e a ortografia não representam um obstáculo à escrita criativa. A coerência não é antiestética, e uma concepção visual bem expressa deve ter a mesma elegância e beleza que encontramos num teorema matemático ou num soneto bem elaborado (DONDIS, 2007, p. 88).

Na abstração, por exemplo, os trabalhos de pintura e escultura fazem uso, com maior frequência, deste recurso, enquanto que na arquitetura para o caso de uma casa, pouco parece com qualquer elemento que existe na natureza. Os conhecimentos de técnicas construtivas, materiais disponíveis, ferramentas existentes, conhecimento de solo, meio ambiente, proporções e sistemas construtivos contribuem em diferentes graus, para a criação artística, simbólica ou utilitária.

A chave da percepção encontra-se no fato de que todo processo criativo parece inverter-se para o receptor das mensagens visuais. Inicialmente, ele vê os fatos visuais, sejam eles informações extraídas do meio ambiente, que podem ser reconhecidas, ou símbolos passíveis de definição. No segundo nível de percepção, o sujeito vê o conteúdo compositivo, os elementos básicos e as técnicas (DONDIS, 2007, p. 105).

Caso o autor da composição obtenha êxito em comunicar com clareza seu objetivo, pode-se dizer que existe o equilíbrio entre os fatores de representação, o simbólico e o abstrato, e que a combinação destes fatores tenha proporcionado ao receptor um juízo estético da obra, seu conteúdo e forma. O contraste vai contra a tendência do equilíbrio. Ele desequilibra e chama a atenção na composição visual (DONDIS, 2007).

Os gregos demonstram a busca absoluta e lógica de resultados harmoniosos na concepção de templos como Parthenon. Não só se utiliza ali a fórmula da seção áurea, a proporção matematicamente determinada, como também o mais completo uso do equilíbrio axial simétrico. Os gregos se anteciparam inclusive nos truques perceptivos de concepção e construção, de tal modo que aquilo que se vê pareça o mais próximo possível da perfeição de que o homem é capaz (DONDIS, 2007, p. 114).

O olho transforma a linha reta em ligeiramente côncava. Através deste conhecimento os gregos projetaram seus templos de uma maneira que de longe sua percepção corrigisse as linhas curvas em retas resultando em harmonia visual perfeita. A perfeição grega e sua busca constante nas artes denominaram-se estilo clássico.

A simetria não é um fator isolado e sinônimo de harmonia sempre. É possível se obter harmonia mesmo em soluções assimétricas. As forças visuais de uma composição se formam e se relacionam em estados de diferentes pesos. A influência das formas em relação aos tamanhos e proporções, cores, e texturas na organização

visual, não dependem somente de simetrias. O aguçamento visual provocado pela relativa tensão da assimetria é compensado pelas posições das formas e cores mais ou menos acentuadas em suas mais variadas posições no campo visual apreendido.

No gosto popular, a tendência é achar que o mais simétrico é o correto. Porém, para arriscar-se na assimetria é necessário habilidade na composição e conhecimento dos fatores de harmonização.

3.3.1.1 Linguagem visual: um elemento de composição

Muitas coisas no ambiente parecem não ter estabilidade. Um exemplo é o círculo, uma forma fechada. Porém no ato de ver, o observador traça eixos verticais e horizontais e lhe confere estabilidade. Estes fatores estruturais ocultos auxiliam na referência de estabilidade na forma visual. Quando algo ou uma linha se posiciona fora destes padrões (horizontal e vertical), existe uma tensão visual para enxergar com equilíbrio.

Os eixos invisíveis conferidos às formas servem também como referência para estabelecer os sentidos de nivelamento ou aguçamento. Por exemplo, ao se observar um retângulo, vê-se que quando os pontos desenhados estão em várias posições, o ponto que está no centro geométrico passa a sensação de equilíbrio e estabilidade, pois os eixos visuais imaginários permitem estabelecer esta sensação.

Mas quando se posiciona o ponto num quadrante superior direito em que ele não coincide com um eixo diagonal que corta visualmente do vértice inferior ao superior, esta informação se torna uma tensão para a percepção do olho. A mente precisa se esforçar para estabelecer um equilíbrio.

Quando as posições estabelecidas não estão nem próximas e nem afastadas, o suficiente para provocar um contraste, há uma conotação de informação ambígua. Neste caso, o esforço para equilibrar a percepção visual é enorme, assim como na linguagem verbal em que a ambiguidade obscurece a composição final. Estas situações podem ser observadas em composições nas quais as ideias predominantes não estão definidas com clareza, e nem há posicionamento que revele tendências contra ou a favor.

A maior importância tanto psicológica como física sobre a percepção humana é a necessidade que o homem tem de equilíbrio, ter os pés firmemente plantados no solo e saber que vai permanecer ereto em qualquer circunstância, em qualquer atitude, com um certo grau de certeza. O equilíbrio visual é então, a referência mais forte e firme do homem, sua base consciente e inconsciente para fazer avaliações visuais (DONDIS, 2007, p. 32).

Em uma composição visual, estando ela na vida cotidiana, em um objeto ou fato observado, existem níveis de atração entre as formas. Numa análise, por exemplo, de pontos inseridos e distribuídos em forma geométrica, ocorre imaginariamente uma interação entre eles. Logo, as probabilidades de leitura da mensagem visual relacionam-se com a estrutura principal da forma absorvida, ou seja, aquilo que domina o olho na experiência visual.