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CAPÍTULO 5 – PEÇAS ARTESANAIS

5.7 PEÇA 6 ARRANJOS FLORAIS DE MESA

A peça, visualizada na figura 37 remete ao rol de produtos do grupo de trabalho. A base é feita com pedaços de MDF53 (madeira modificada com resina) recortados de forma quadrada e revestidos com tecido de juta. O suporte é formado por dois segmentos de bambu cortados transversalmente e unidos por fibras trabalhadas em forma de flor.

Figura 37 – PEÇA 6 - Arranjo floral mesa – 1 AF confeccionado pela Cia do Bambu.

Fonte: elaborado pelo autor, 2012.

A função principal é prática, tendo como objetivo suportar ornamento de pequeno porte. A peça seria mais indicada para ambientes que não necessitassem de destaque no ambiente devido a sua proporção reduzida. Pode servir para enfeitar mesas de um almoço comunitário, à luz do dia, uma festa infantil, um café da manhã ou ainda uma reunião corporativa, laboral. Pode servir como uma lembrança dos eventos e suporte para marketing de divulgação comercial.

O sistema construtivo é simples, composto por base, fixação, corte e amarração. Os artesãos põem em ação somente seus conhecimentos e saberes básicos, e as novidades podem vir pelas experiências pessoais e por erros e tentativas. A vantagem deste arranjo é que pode ser feito a partir de resíduos de outras peças e desmanches

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MDF é uma sigla que significa fibra de madeira de média densidade. As indústrias a utilizam como matéria prima na confecção de móveis.

de peças com defeitos oriundas de doações. Devido à resistência do material, é possível prorrogar sua vida útil, caso a peça seja desfeita.

No caso da peça analisada, o tamanho do suporte limita a altura dos talos das flores a serem utilizadas. As relações dimensionais da peça partem de um parâmetro humano. Os gregos “haviam alcançado a escala humana numa relação estática de proporção entre coluna e estatura do homem” (ZEVI, 2002, p. 72).

Pelo fato de ser pequena, ela é de fácil transporte para feiras, e outros locais de comercialização, interessando também a lojistas que desejarem personalizar as peças. Depois de servirem a sua função primeira de arranjo, elas podem assumir outras funções como porta-lápis, porta-trecos e porta-palitos.

Nas figuras 38 e 39 apresenta-se um arranjo modificado, com função específica. Suas funções práticas e estéticas se fundem para ornamentar ambientes. A base pode ser a mesma da peça 1AF, porém revestida com fibras. O sistema de amarração é simples, sem ornamentos, feito com fibras em dois pontos da peça para gerar mais estabilidade no conjunto dos elementos.

Figura 38 – PEÇA 6 – Croquis do arranjo floral de mesa– 2 AF executado pelo arquiteto (perspectiva).

Figura 39 – PEÇA 6 - Arranjo floral de mesa 2 AF confeccionado pela Cia do Bambu. Fonte: elaborado pelo autor, 2010.

O corte longitudinal se manteve. A grande diferença está na altura e no número de pilares, que causam a elevação do nível das flores escolhidas para ornamentação. Por isso, a peça tem outra função comparada à desempenhada pelo arranjo menor. Ao elevar a posição das flores, o arranjo passa a fazer parte do ambiente como um todo na medida em que ele fica mais exposto e é visto de mais ângulos.

No caso do arranjo menor, se ele ficar no centro de uma mesa e as pessoas ao redor o encobrirem com seus corpos, a visibilidade dele e a sua posição impedem uma leitura visual ampla do arranjo no ambiente. A altura da peça em relação à iluminação natural e artificial pode valorizar as cores, a forma e a aparência do conjunto.

As relações entre estabilidade e proporções da peça 2 AF foram idealizadas a partir deste exemplo, de outras vivências e do projeto. Mesmo que as três torres de bambu estejam em alturas diferenciadas, por intenção plástica, a estabilidade não foi comprometida. Foi encontrado um ponto de equilíbrio físico entre as torres e o tamanho da base com este material utilizado. O objetivo é que a base quadrada em MDF, revestida em bambu ou em roti, não ocupasse um espaço desproporcional na mesa.

A distância entre as amarrações segura os esforços das torres que tendem a se separar por questões de peso, tamanho e espessura. Quando unidas, formam uma só peça que constitui um sistema estrutural. Esta união aumenta a estabilidade das torres em relação à área ocupada na base. Como um tripé, os segmentos em bambu exercem

uma força distribuída sobre a base. Por esta razão, a base não precisa ser volumosa, e ter um peso próprio. As torres adquirem maior equilíbrio com sua fixação na base, e a distribuição das forças permite que a estrutura seja elevada.

A proporção é mais adequada para utilização junto ao mobiliário. Elas se sobressaem com mais intensidade quando colocadas sobre os móveis. Por isso, a peça tornou-se um produto de grande demanda na Cia do Bambu. Salvadori (2006, p. 328) afirma que “[...] a humanidade sempre tentou alcançar resultados estéticos, mesmo em seus artefatos mais humildes, pois a satisfação dos sentimentos estéticos é uma das necessidades fundamentais da humanidade”.

No quadro 6, faz-se um resumo sucinto, a partir dos conceitos teóricos, das tendências de mudanças ocorridas nos arranjos florais antes (1AF) e depois das intervenções do pesquisador (2AF).

Quadro 6 - Comparativo analítico dos arranjos florais de mesa ARRANJO FLORAL EM BAMBU – 1AF Linguagem Visual/ Equilíbrio Desenho/ Concepção Técnicas Estética/Forma e Função Aprendizado da técnica fácil Estável Resultado de composição espontânea Amarração e travamento simples Convencional Função indefinida ARRANJO FLORAL EM BAMBU – 2AF Aprendizado sistêmico - fácil Estável Resultado de melhoria formal do produto Amarração, travamento simples Compatível com a função; estabilidade. Fonte: elaborado pelo autor.