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EM MATEMÁTICA E INICIAÇÃO ÀS CIÊNCIAS OBEDUC

ARAÚJO, Kimberly1 Comecei a ser bolsista do Projeto Observatório da Educação com Foco

em Matemática e Iniciação às Ciências - OBEDUC2 por acaso. A coordenadora

do Polo UNEMAT3, Profª. Drª. Maria Elizabete Rambo Kochhann, disse-me

que estava precisando de pessoas para trabalhar como bolsistas nas escolas atendidas pelo Projeto. Assim, pediu indicação para outro pesquisador, tam- bém bolsista do Projeto, que já tinha sido meu professor no Ensino Médio e na UNEMAT (Campus de Barra do Bugres).

Vendo meu esforço na faculdade, esse professor me indicou à coorde- nadora que, de imediato, propôs-me a bolsa. Confesso que nunca pensei em ser bolsista, mas aceitei, e hoje, penso que está sendo uma grande experiência, pois me vejo com um pensamento mais maduro e seguro sobre minhas decisões.

A escola onde atuo é a Escola Estadual Des. Olegário Moreira de Bar- ros, situada em Nortelândia, um município com pouco mais de 6 mil habitantes, do interior do Estado de Mato Grosso, que dista aproximadamente 250 Km da capital, Cuiabá. O prédio da escola não é o original, pois por motivo de refor- ma, estamos no prédio da antiga escola E. E. Tancredo de Almeida Neves, um bairro distante do prédio original.

Apesar da atual edificação não ser uma dos melhores, a equipe de fun- cionários da escola realizou pinturas, limpezas e mudanças em toda a área in- terna, deixando-a, dessa maneira, organizada, limpa e bem zelada, mesmo que a fachada ainda se encontre em construção.

Vários professores dessa instituição são efetivos, já que há alguns anos essa equipe se mantém coesa, mantendo um ambiente totalmente tranquilo, sem muitas desavenças entre os alunos.

1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Campus Universitário Dep. Est. Renê Barbour - Barra do Bugres. Bolsista do Observatório da Educação com Foco em Matemática e Iniciação às Ciências - OBEDUC.

2 Programa: Observatório da Educação - Edital: 038/2010/CAPES e INEP - Resultado da parceria entre a CAPES e

INEP, foi instituído pelo Decreto Presidencial nº 5.803, de 08 de junho de 2006. Disponível em http://www.capes. gov.br/educacao-basica/observatorio-da-educacao. Projeto Observatório da Educação com Foco em Matemática e Iniciação às Ciências - Coord: Profa. Dra. Lizete Maria Orquiza de Carvalho - UNESP.

3 Projeto em rede: Polo UNEMAT (Campus de Barra do Bugres), Polo UFMT (Campus de Cuiabá) e Polo UNESP (Campus de Ilha Solteira).

Uma das ressalvas, que não posso deixar de mencionar, é sobre o atendi- mento e a disponibilidade de todos os funcionários dessa instituição. Digo isso não só como acadêmica bolsista, mas porque meu Estágio Curricular Supervi- sionado I foi realizado nessa escola, sempre com muito apoio da gestão e da coordenação, em relação ao acesso à documentação geral, ao Projeto Político Pedagógico (PPP), às salas de aulas, entre outros itens necessários para que meu Estágio fosse efetivado com sucesso.

Devo mencionar que a cidade de Nortelândia possui vários assentamen- tos rurais, e por esse motivo, recebe um elevado número de alunos que moram nesses assentamentos e fazendas. Assim, a mobilidade desses estudantes é de inteira responsabilidade da Prefeitura, já que não somente os alunos da zona rural são buscados e levados até perto de suas residências como também os da zona urbana, mas em pontos específicos.

Como bolsista do OBEDUC, realizo várias intervenções em sala de aula envolvendo a Matemática nessa escola. Dessa forma, as atividades nas quais me proponho a partilhar com os alunos são escolhidas a partir do que eles pró- prios almejam e querem aprender. Algumas delas são divulgadas nos encontros do grupo do OBEDUC, e sempre reproduzimos uma atividade que foi positiva para alguma escola; já em outros encontros, estudamos artigos científicos sobre educação matemática.

Cabe ressaltar que nem todas as atividades aplicadas aos alunos pos- suem sempre um resultado positivo. Às vezes, é porque os alunos não gostam ou acham “difícil”, mas a estratégia é sempre aplicar algo que chame a atenção de todos, e que lhes possibilite demonstrar suas habilidades e falhas para serem diagnosticadas.

Uma atividade em que pude intervir, e que muito me interessou, não pela extensão de organização e grau de dificuldade, mas pela participação dos alunos e pela demonstração de interesses de alguns, foi sobre a multiplicação, realizada com uma turma do 6º Ano. Entendo que esse conteúdo não é o mais apropriado para esse ano, mas como se sabe “o motivo faz a ocasião”.

Realizei essa atividade nessa turma a pedido do professor de Matemá- tica que observava que os alunos não conseguiam progredir nos estudos, pois havia muitas dificuldades com a operação da multiplicação.

Assim, por meio do Bingo Invertido, procurei revisar o conteúdo da multiplicação para essa sala. Tal atividade é explicitada a seguir.

Recortei inicialmente cartelas de papel contendo 12 números aleato- riamente, e podendo repeti-los. Essas foram entregues a cada um dos alunos e, após a explicação, comecei o jogo sorteando multiplicações alternadas da

tabuada (Exemplo: 2x2, 3x4, 0x1...). Para poder marcar na cartela, eles teriam de saber o resultado da multiplicação sorteada e, a partir daí, poderiam operar de qualquer forma para encontrar a solução.

Essa primeira fase foi feita sem nenhuma explicação inicial sobre ma- neiras fáceis e simples de encontrar os resultados, com o intuito de que houves- se uma avaliação parcial do que eles compreendiam. Como esperado, não deu muito certo porque muitos acabavam chutando as respostas e ocorria falha na hora da correção da cartela do bingo, principalmente do jogador que “fechava” a cartela. Então, expliquei-lhes o porquê de estudarmos essa operação e tam- bém sobre algumas dicas para realizá-la. Por consequência, eles entenderam que não era suficiente apenas tentar fazer de qualquer jeito a operação, mas que era preciso compreender o que estavam fazendo.

Assim, na segunda fase, depois da explicação que realizei, tudo ocorreu de forma tranquila, com algumas falhas, mas nada que negasse a qualidade des- sa atividade. Percebi que todos os alunos entenderam a praticidade que traria à vida deles se aprendessem a tabuada ou ao menos as estratégias de se chegar a um resultado.

Após o término da atividade, escrevi na lousa algumas questões que eles deveriam responder e me entregariam. Essas questões me forneceriam respos- tas sobre qual a prioridade que eles dariam para o conteúdo ensinado, e a partir daquele momento, quais eram as expectativas que eles tinham em relação às aulas de Matemática.

Recolhidas as folhas, os alunos começaram a fazer questões de acordo com as dúvidas surgidas, ou seja, se podiam fazer atividades diferenciadas não somente em sala de aula cotidianamente, mas também em aulas de campo.

Tentei, de início, explicar que eu não era a professora de Matemática da sala, e que todas as decisões deveriam ser tomadas pelo professor. Então, eles se reuniram e foram comunicar a sugestão ao professor, mas ele não encontrou disponibilidade naquele momento para realizar essa aula.

Acredito que a minha entrada no grupo do OBEDUC me fez pensar além do diploma de Licenciatura que irei receber. Isso me fez acreditar também no potencial que cada pessoa carrega dentro de si. A lembrança do primeiro dia em uma sala de aula proporcionada pelo Projeto me trouxe uma nova esperan- ça e um novo olhar. Cada criança que aprende algo comigo e retribui com um grande sorriso é mais satisfatório que muitos outros pagamentos.

Espero que esse amor que sinto pela minha futura profissão nunca perca as forças, e que eu sempre continue motivada e interessada em tudo que aprendi como formação profissional nesse Projeto.

VOZES, PULSAÇÕES E EXPECTATIVAS NAS