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De acordo com Anderson et al. (2007), diversos pesquisadores, tais como Burt (1992), Coleman (1990), Kogut (2000) e Uzzi, (1996), apresentam uma rede como um sistema aberto ou fechado. Em um sistema aberto, as relações entre dois atores são o principal constructo e todos os relacionamentos entre os atores envolvidos são de caráter não- redundante. O sistema aberto promove um fluxo único de conhecimento de cada fornecedor e consumidor para a empresa industrial, com isso, é menos provável que dois atores em um sistema aberto tenham o mesmo conhecimento para transferir.

Inicialmente, um ator tendo dois ou mais relacionamentos não redundantes entre atores que não estão conectados entre si, ocupa uma forte posição de negociação conhecida como buraco estrutural (BURT, 1992). Atores situados em buracos estruturais têm uma posição mais forte dentro de uma rede, à medida que controlam o fluxo de conhecimento entre outros atores. Essa visão é também verdadeira para atores que são o nó entre duas redes, independentemente do grau de redundância dentro de cada rede separada, a medida que o ator em questão for o único conectando as duas redes. Redes desse tipo tendem a ter uma estrutura “hierárquica”, de fato várias hierarquias. O ator posicionado entre essas redes (isto é, posicionado em um buraco estrutural, é o que controla o fluxo de conhecimento entre as redes ou atores (KOGUT, 2000).

O sistema fechado, por outro lado, estabelece a noção de que os atores na rede coordenam seus esforços e ações (ver Figura 10), porque o conhecimento dos consumidores e fornecedores pode alcançar a empresa de duas formas. Em principio, a empresa pode obter a mesma informação do fornecedor, assim obtém do consumidor, isto é, os relacionamentos provêm do conhecimento redundante devido à conectividade do sistema fechado (ANDERSON et al., 2007).

Interação contínua entre os atores na rede melhora a coordenação (COLEMAN, 1990). Os relacionamentos redundantes entre os atores da rede resultam em uma resolução para ações sobre problemas coletivos (KOGUT, 2000), e o sistema fechado também permite que o ator confira a qualidade, e reflita sobre, compare e avalie o conhecimento recebido (ANDERSON et al., 2007). Essa interação fechada e redundância de relacionamentos com outros atores resultam na dificuldade em manter o conhecimento dentro da firma. Ao invés, a interação enfatiza confiança e rotinas partilhadas (ANDERSON et al., 2007).

Ao contrário do sistema aberto, um sistema fechado produz um compartilhamento de conhecimento entre os atores (ANDERSON et al., 2007).

Em um sistema aberto, o conhecimento que uma empresa industrial ganha tende a ser do tipo novo, à medida que a empresa adquire conhecimento especifico não-redundante de seus consumidores e fornecedores. O conhecimento obtido em um sistema aberto é único (ANDERSON et al., 2007).

a

b

Figura 10: a. Sistema aberto e b. Sistema fechado Fonte: adaptado de Anderson et al. (2007)

Ainda de acordo com Anderson et al. (2007), se o conhecimento é partilhado com outros atores, a vantagem de ser um ator único com todo o conhecimento crítico é perdida. Em outras palavras, esse tipo de sistema facilita o movimento do conhecimento e não muito de fazê-lo, em termos de solução de problemas através da colaboração e cooperação. Mais “fazer” do que “mover” ocorre em um sistema fechado, que é em uma rede na qual todos os atores são ligados uns aos outros. Novo conhecimento, usualmente, aparece à medida que os atores resolvem os problemas, adaptando produtos e processo em direção uns aos outros, ao invés de novo conhecimento que entra de fora no sistema ou na firma industrial. O conhecimento novo aparece quando o conhecimento existente é combinado de novas formas, por exemplo, o processo de adaptação entre consumidores e fornecedores. A adaptação entre

Fornecedor Empresa Industrial Fornecedor Consumidor Consumidor Fornecedor Empresa Industrial Fornecedor Consumidor Consumidor

dois atores em um sistema fechado, inevitavelmente, afeta os atores conectados nesse relacionamento.

Ahuja (2000) analisou o modo como as redes afetam a inovação, medida pelo número de patentes no setor químico. Examina as redes fechadas, ou seja, redes com relacionamentos de longo prazo entre os atores. Essas redes são propícias para criar um ambiente colaborativo e para superar os riscos envolvidos (risco de o atual parceiro não cumprir os prazos e acordos da parceria e usar o conhecimento da parceria para disputar com a empresa).

A rede aberta aborda principalmente a transferência de recursos e informações, enquanto a rede fechada foca o intercâmbio social, confiança e partilha normas (JACK, 2005, WALKER et al., 1997).

Sendo, a rede um sistema fechado, o relacionamento entre os parceiros se faz através de laços fortes. Esse tipo de rede promove confiança e troca de conhecimento, mas as informações são redundantes. Na rede como um sistema aberto, o laço de relacionamento é considerado fraco, foca a transferência de recursos e troca de informações não-redundantes o que se torna importante para a inovação e criação.

Por fim, o Quadro 6 e o Quadro 7 apresentam um resumo geral dos principais conceitos e autores, no que se diz respeito, ao embeddedness estrutural e embeddedness relacional.

O Quadro 6 ilustra os principais conceitos e autores que abordam o embeddedness estrutural, subdivido em estrutura da rede.

ESTRUTURA

DA REDE EMBEDDEDNESS ESTRUTURAL AUTORES

Rede densa Promove a confiança e a cooperação entre os seus membros e pode gerar capital social.

É a extensão da interconexão entre os atores da rede, quanto maior a interconexão, maior a densidade.

É possível participar de uma rede densa e altamente conectada com relações de longo prazo.

Coleman (1988)

Gnyawali e Madhavan (2001)

Sacomano Neto (2004) Rede difusa Obtenção de informações não redundantes.

Pode participar de uma rede difusa e obter novas informações. O nível de interconexão é menor, possibilitando a entrada de novas informações através dos relacionamentos de curto prazo.

Burt (1992)

Sacomano Neto (2004)

Sistema Aberto As relações entre dois atores é o principal constructo, e todos os relacionamentos entre os atores envolvidos são de caráter não redundante. O conhecimento é compartilhado entre os atores. Aborda principalmente a transferência de recursos e informações. Este tipo de rede é necessário para a aplicação da inovação, porém inadequado para a exploração.

Anderson et al. (2007) Jack (2005), Walker et al. (1997) Ahuja (2000). Sistema Fechado

Permite que o ator confira a qualidade e reflita sobre, compare e avalie o conhecimento recebido. A interação fechada e a redundância de relacionamentos com outros atores resultam na dificuldade em manter o conhecimento dentro da firma. A interação enfatiza confiança e rotinas partilhadas. Interrompe o fluxo de conhecimento não-redundante.

Foca o intercâmbio social, confiança, e partilha normas.

Anderson et al. (2007)

Jack (2005), Walker et al. (1997)

Centralidade O nível de análise é o ator, que centraliza a relação com outros atores da rede. Os efeitos resultam no acesso a recursos, poder, informações do ator na rede.

Permite acessar novos conhecimentos e medir o envolvimento de um ator na rede.

Indica até que ponto uma empresa está conectada às demais

Sacomano Neto (2004) Wasserman e Faust, (1994) Balestrin e Verschoore (2008) Estabilidade da rede

Atores entrando e atores deixando a rede Gobbo Junior e Vasconcellos (2008) Tamanho da

rede

A quantidade (número) de atores na rede Wasserman e Faust, (1994)

O Quadro 7, apresenta os principais conceitos e autores que abordam o

embeddedness relacional, subdivido em formas de relacionamento.

FORMAS DE RELACIONA

MENTO

EMBEDDEDNESS RELACIONAL AUTORES

Laços Fortes Confiança e intercâmbio de informações entre os parceiros. Caracterizam-se pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter conexão entre duas pessoas. Coesão das relações é uma propriedade relacional dos pares de atores de uma rede e pode ser compreendida pela intensidade do relacionamento (forte ou fraco; estratégia de saída ou diálogo, relações de longo prazo).

Na coesão, o nível de análise são os pares de atores. A coesão é a intensidade do relacionamento (forte ou fraco), e os efeitos estão relacionados ao ganho de informações, conhecimento tácito, controle social e reciprocidade.

Relações sólidas, recíprocas e baseadas em confiança entre os parceiros. Uzzi (1997). Granovetter (1973) Wasserman e Faust, (1994) Sacomano Neto (2004) Granovetter (1973)

Laços Fracos Caracterizam-se por relações diversas, que não traduzem proximidade e intimidade. Os laços fracos levam a novas informações, e o seu acesso acontece por meio dos laços indiretos.

Para a manutenção da rede social, os laços fracos são mais importantes que os laços fortes, pois conectam pessoas de diversos grupos sociais, dando aos clusters características de rede.

Podem alcançar um amplo número de pessoas e percorrer maiores distâncias sociais do que os laços fortes. Proporcionam às pessoas acesso a informações e recursos, além daqueles disponíveis em seu círculo social próprio.

Granovetter (1973). Granovetter (1973). Masquefa ( 2008). Duração do relacionamento Duração da interação Duração do relacionamento Gobbo Junior e Vasconcellos (2008) Gilsing e Nootebom (2005) Freqüência de interação entre os atores na rede

Frequência de interação de um dado relacionamento.

Interação contínua entre os atores na rede melhora a coordenação. O aumento da frequência de contato entre os atores conectados também permite facilidade na observação e replicação das atividades de rotina. Gobbo Junior e Vasconcellos (2008) Coleman (1990) Confiança/Aber tura

Laços fortes são relações sólidas, recíprocas e baseadas em confiança entre os parceiros.

Vontade de partilhar conhecimentos em prol da mútua aprendizagem (competência)

Controle dos contratos na rede (formal, informal)

Extensão do controle contratual formal.

Em redes sociais, as empresas mantêm relações puramente sociais, ou seja, elas não são acompanhadas de acordos formais de qualquer natureza.

Redes sociais não utilizam contratos ou acordos formais. São as relações sociais que suportam e regulam as trocas econômicas.

Gobbo Junior e Vasconcellos (2008) Grandori e Soda (1995)

Sacomano Neto (2004) Escopo Refere-se ao comprimento e profundidade do know-how

partilhado, também para diferentes conteúdos do conhecimento.

Gobbo Junior e Vasconcellos (2008) Buraco

estrutural

Áreas dentro da rede onde os laços estão em falta ou a densidade

é baixa. O autor utiliza o conceito de “pontes”. Os atores pontes

têm uma posição de intermediadores de informação.

Relações não redundantes caracterizam informações novas e não dominadas pelos atores.

Burt (1992)

Burt (1997)

Quadro 7: Principais conceitos das variáveis independentes do embeddedness relacional