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2 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE NO BRASIL

3.5 A EMERGENTE RELAÇÃO DOS PROFESSORES DE ARTE FRENTE ÀS

Neste subcapítulo pretende-se abordar um conjunto de reflexões sobre a emergente relação dos professores de arte frente às mídias digitais. Da mesma forma, analisar como se dá a relação desses no ciberespaço, com objetivo de ensinar, conhecer e compreender a arte. É percebida uma aproximação cada vez maior do professorado aos dispositivos digitais, tais como celulares, televisão, rádio, vídeo câmeras, e, em especial aos computadores e a Internet.

O assunto torna-se pertinente à essa pesquisa por entender que muitos professores de arte já utilizam o ciberespaço para formar-se, por meio da educação

online; e ensinar, por meio de blogs e AVA; conhecer e acessar arte, por meio de

sites.

É emergente uma educação crítica para as imagens veiculadas e criadas por meio das novas mídias, pois elas interferem no cotidiano do século XXI, ditam regras e influenciam nossa cultura. Caminha-se em direção a uma sociedade, segundo Barbeiro em que a divisão social não vai passar apenas por possuir ou não objetos, mas, por possuir conhecimentos e saberes.

As tecnologias hoje são um lugar de batalha estratégica para redefinir o futuro das sociedades: vamos deixar que realmente as maiorias fiquem desconectadas ou vamos começar a lutar no campo estratégico das novas destrezas mentais que estão relacionadas às tecnologias? (BARBERO, 2003, p. 107)

Tanto para Iavelberg (2003) quanto para Kenski (2008), o professor precisa estar em estado permanente de aprendizagem, além da reflexão e atualização sobre o conteúdo da matéria ensinada.

A formação de qualidade dos docentes deve ser vista em um amplo quadro de complementação às tradicionais disciplinas pedagógicas e que inclui algum conhecimento sobre o uso crítico das novas tecnologias de informação e comunicação (não apenas o computador e as redes mas também os demais suportes midiáticos, como o rádio, a televisão, o vídeo etc.) em variadas e diferenciadas atividades de ensino. É preciso que o professor saiba utilizar adequadamente, no ensino, essas mídias, para poder melhor explorar suas especificidades e garantir o alcance dos objetivos do ensino oferecido. (KENSKI, 2008, p. 89).

Segundo o autor supracitado pode-se perceber que programas de formação continuada precisam ser multiplicados e qualificados para atender a demanda. As escolas públicas brasileiras estão sendo equipadas tecnologicamente, devido a programas governamentais, que possibilitam o acesso à Internet de forma prática e gratuita, desta forma os professores e os estudantes podem ter acesso a museus virtuais e a espaços culturais remotos, bem como, realizar visitas virtuais em três dimensões sob imagens em alta resolução, por meio de sites que já disponibilizam esses recursos. O deslocamento a espaços expositivos nem sempre é possível, devido a inúmeros desafios que permeiam o contexto escolar de modo geral. Assim, surgem novas possibilidades de acesso à Internet que participam do processo educacional.

As novas mídias apresentam outros modos de comunicação e exigem uma construção de maneiras diferentes de se relacionar com elas, que além de democratizarem o acesso a obras de arte e possibilitarem a visita virtual, também promovem a produção de obras de arte exclusivamente digitais. O maior acesso proporcionado pela Internet, às criações intelectuais e artísticas, contribui com a formação cultural do professor e do estudante, ao mesmo tempo em que colabora para o desenvolvimento de “consumidores e produtores de cultura".

O professor como pesquisador ativo que, ao se apropriar dessas mídias, compreende a forma de navegação múltipla proposta pela rede, pode possibilitar uma interlocução significativa da Arte produzida por essas mídias com seus alunos. O ensino de arte somado as possibilidades apresentadas pelo vídeo digital por

exemplo promove uma viabilidade técnica, como a produção de informação alternativa, fomentando assim a cultura seja ela qual for no espaço digital.

Ao permitir um acesso guiado pelo interesse do estudante ou do pesquisador, as mídias digitais apresentam uma transgressão no modo linear de pensamento e narração.

Com as novas propostas de qualificação por meio da EaD online, acredita-se estar promovendo uma aproximação crítica dos professores de arte às ferramentas digitais. As diferentes formas de interação e os processos de decodificação, programação e exploração desses novos meios, permitem aos professores de arte, gradativamente, ter maior contato com diversos programas e editores gráficos.

A interatividade proposta pelos softwares permite simulações e maior exploração de re-arranjamentos em menor tempo. As obras de arte contemporâneas digitais permitem alterar, simular, experimentar, agregar aspectos da cor e da forma dos objetos. Os sujeitos podem experimentar hibridar, agilmente linguagens como sons, textos e imagens em uma mesma composição. Entendem-se mídias, como um conjunto de meios de informação e comunicação que possibilitam a difusão e distribuição ou comunicação do pensamento humano. Essas mídias podem ser ferramentas de acesso, ou um sistema que também produz obras de arte. Refletir criticamente sobre a arte mediada por mídias digitais constitui-se um desafio para o professor de arte na contemporaneidade.

As novas mídias digitais possibilitam conjugar tecnologia e prática, de forma efetiva, a inserção de conteúdos de artes relacionados a este tema. Porém ainda deparamos com um desafio, há sujeitos que identificam a tecnologia como um mero mecanismo de diversão (jogos, música, vídeos) ou meio de relacionamento (chats,

blogs, orkut, facebook), desconsiderando o caráter educacional que pode ser obtido

por este meio. Faz-se necessária uma formação crítica para analisar essas ferramentas e suas relações sociais. É preciso considerar a Cibercultura como complementar e concomitante a vida contemporânea. A geração do século XXI tem acompanhado a uma explosão tecnológica, especialmente eletrônica e informacional, recriada a cada dia, por meio de games, redes virtuais, televisão redes de computadores e transmissão via satélite.

As questões sobre a inclusão das tecnologias digitais , permeiam as novas abordagens da educação em arte, como destacado no capítulo anterior, dialogando diretamente com o ensino e a formação em arte. Com uma proposta de educação

inclusiva, por meio de tecnologias diditais, reaproximando cultura, educação e cidadania. Fantin (2006) afirma que a educação para as mídias forma um usuário ativo, crítico e criativo em todas as TIC e que essa proposta é um instrumento para a democratização de oportunidades educacionais e de acesso ao saber, o que contribui para a redução das desigualdades sociais. Entende-se assim que uma educação inclusiva engloba a educação para a cidadania, reconhece os direitos universais e promove um sentimento de pertencimento ao contexto local, nacional e global.

O computador com acesso a Internet ocupa um espaço de resistência ainda no cotidiano de alguns professores, sendo assim não aproveitam as potencialidades que as TIC oferecem. Como conviver com as cabeças digitais estando numa escola analógica65? A geração de estudantes a qual nos referimos possuem modos de pensar e compreender influenciados pela cibercultura, presente em números exponenciais em seu cotidiano.

Na sociedade atual mídia e cultura dialogam todo o tempo, revelando a história real, significativa, na qual a tecnologia também tem a função social de informar e conscientizar problemáticas de toda ordem, sejam políticas, sociais, econômicas, ambientais entre outras. Criando assim uma nova ordem, entendida por muitos, como Cibercultura.

Contribuir com um diálogo entre o professor de arte e o meio tecnológico torna-se um desafio pela circunstância, que, o professor formou-se na era da industrialização e precisa urgente lecionar na era da informação. Há, hoje, lacunas que só são preenchidas por saberes específicos, sejam eles específicos da linguagem computacional, seja das produções artísticas em mídias digitais.

Barbosa (2005, p. 110) aponta algumas preocupações ao questionar: “Como ver a arte produzida pelas tecnologias contemporâneas? A arte no ciberespaço estimula mais o intelecto? Qual o alcance da sensorialidade virtual?” Sem dúvida, essas questões são recorrentes tanto aos professores inseridos no contexto educacional como a aqueles professores que ainda estão em formação inicial, por se

65 Petranella (2008)O autor parte de aspectos desvalorizados do conhecimento empírico pela escola,

essa que, a cada dia está mais equipada com tecnologias midiáticas e digitais de informação e comunicaçãoO autor denomina cabeças digitais, aos sujeitos que inseridos no contexto escolar são desafiados a pensar e responder a organizações analógicas. Estudantes do Século XXI, em contato com os docentes formados na era industrial, travam uma batalha, um choque cultural.

depararem com as possibilidades tecnológicas e com os aspectos que envolvem este universo com os quais necessitam urgente se familiarizar.

Venturelli afirma que

A arte no contexto da Cibercultura pode ser considerada um instrumento para participar do processo de reconstrução do mundo e da renovação cultural, opondo-se radicalmente à ilustração artística, explicativa ou expressiva. Desse modo, quando se trata de sua produção no ambiente do ciberespaço, talvez a preocupação maior, além de sua linguagem específica, esteja em redefinir noções conceituais como o tempo, o espaço, o real, o virtual, o único, o coletivo, o local, o global, a interação, entre outros. Sua inserção nesse processo cultural de globalização parece apresentar características construtivas mais próximas de pensamentos otimistas quanto às conseqüências que possam acarretar à sociedade. (VENTURELLI, 2004, p. 96).

Ou seja, o papel da arte neste contexto das TIC é ou pelo menos tem sido de tradução e congregação do simbólico na construção do próprio espaço de existência. Negá-lo no contexto escolar é ir contra o fluxo histórico.

Faz–se necessário e simultaneamente exercitar a interdisciplinaridade, verticalidade e a horizontalidade em cada linguagem ou disciplina e, ao mesmo tempo, proporcionar a construção de limites como ponto de contato com outro campo, igualmente construído na prática. Permitindo assim a permeabilidade entre essas disciplinas ou limites – fluxo contínuo, de dupla mão, garantindo sua diferenciação e autonomia: criação de vínculos epistemológicos, éticos, estéticos e políticos. Expandindo assim as possibilidades, cada linguagem ou disciplina é um campo definido que entra em contato com outro em função da necessidade de expansão de seu domínio e sua possibilidade.

Educar neste mundo digitalizado requer alguns desafios e desenvolvimento de competências antes não exigidas do professor, como conhecer ferramentas digitais e refletir criticamente como essas podem ser utilizadas de forma a ampliar o conhecimento.

Segundo Haddad (2007) que é otimista quanto a inclusão de novas tecnologias na escola, o país não possui uma indústria de conteúdos digitais educacionais que acompanhe toda infraestrutura oferecida pelas novas tecnologias. O MEC possui alguns ambientes virtuais nos quais são veiculados conteúdos desenvolvidos por educadores da rede pública, que incentivam a

interdisciplinaridade, a comunicação, a produção em artes, potencializando sua utilização na escola. Exemplos desses ambientes virtuais são o Rede Interativa virtual de Educação - RIVED; TV Escola e o Portal do Professor.

Infelizmente presenciamos muita resistência ao novo na maioria das unidades escolares, por parte de professores que não estão dispostos a rever seus paradigmas e assumir uma nova postura diante da inclusão das salas informatizadas. Também de modo geral os projetos que envolvem a informática na educação, são implantados acrescentando uma carga de trabalho maior ao professor sem que exista uma compensação salarial ou mesmo de carga horária.

A realidade social contemporânea necessita fazer parte do repertório de experiências do professor. Igualmente, professores e pesquisadores precisam se preparar, de forma a acompanhar as novas lógicas comunicacionais de adolescentes e jovens. Evitando, dessa maneira, abrir mais uma brecha de comunicação na relação professor/aluno. A arte contemporânea e a tecnologia digital necessitam ser vistas, revistas e descobertas em seus sentidos e significados. O chamado à participação que ocorre em diferentes níveis, intelectual, afetivo e, muitas vezes, físico na arte contemporânea é, indubitavelmente, estimulante para os alunos que têm ao seu alcance duas formas autônomas para adquirir seu aprendizado, a hipertextualidade e a interatividade.

Os jovens têm hoje íntimo contato com tecnologias interativas, diante das quais eles agem, na maioria das vezes, automaticamente, sem tempo nem estímulo à reflexão. Os professores que atuam com esses jovens devem estar atentos à cultura digital que adentra a escola. Segundo, Maneary secretário executivo do ministério da Cultura, usar o espaço digital e virtual é, “Cultura e não só como suporte [...] captamos a cultura das redes, do compartilhamento, da criação coletiva, da convergência. (MANEVY, 2009, p.35).

Outro aspecto destacado por Maneary (2009, p.40) trata-se do nível de exclusão dos brasileiros ao acesso de bens culturais. Segundo ele dados do IBGE apontam que, em torno de 10% dos brasileiros vão ao cinema, ao teatro, a exposições de museus, freqüentam centro culturais, e que os outros 90% acessam algum tipo de lazer e cultura pela televisão ou pelo computador. Neste cenário, que se tem uma luta de poderes, na rede, há novos elementos para o enfrentamento de valores em todas as dimensões, desde a psicológica até a política, produzindo uma nova maneira de nos relacionarmos com estas ferramentas.

É preciso formar o fruidor digital como já apontou Cunha (2008). Porém pode- se ir além, essa perspectiva do digital que quebra a sociedade industrial e a transforma em sociedade em rede nos direciona a disseminar novos hábitos. Segundo Coelho (2009, p.117) “[...] a Internet é a ferramenta de um caminho que já vinha se construindo em termos de direitos de informação”. A rede é um espaço político que permite negociações coletivas muito abrangentes.

Segundo Lemos;

[...] Hoje você pode não só criticar, como você pode fazer o seu próprio jornal, pode produzir a sua música, pode fazer o seu filme com tecnologias que estão aí na mão, com qualidade muito razoável a partir desses dispositivos. (LEMOS, 2009, p.140).

É neste ponto que a possibilidade de convergência entre a arte e a tecnologia re-direcionam inclusive sua função social, em cada criação.

As escolas enquanto espaço de construção e socialização do conhecimento, precisam acompanhar e se adaptar as exigências da sociedade atual. O saber caracteriza-se pela transitoriedade à informação, pela seleção e uso de conteúdos. Acredita-se que a aproximação com obras interativas digitais se mostra como uma porta de entrada para a interação com outras formas de abordagem da arte. Verifica- se que, a partir desse contato, os estudantes e o público que compartilham a exposição, atingem outros níveis de percepção e manifestam o desejo de aprofundar a experiência e ampliá-la.

No contexto atual, em que o fato científico e tecnológico tem ultrapassado a nossa imaginação ficcional, e colocado um poder de transformação sobre a natureza e o próprio ser humano, a arte ocupa o papel de humanizar e democratizar pro meio de uma poética sintonizada com o seu tempo. Aproximar todas essas possibilidades apresentadas pelas novas tecnologias e se refletir criticamente sobre os espaços por onde a arte está caminhando é papel do professor de arte.

4 AS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS E MULTICULTURALISMO-CRÍTICO NO ÂMBITO DO ENSINO DE ARTE

Esse capítulo contemplará os antecedentes da pesquisa, ou seja, o processo anterior que criou as bases para a coleta de dados. Destacam-se as experiências de ensino de arte online realizados no Centro de Educação a Distância CEAD/UDESC a partir do ano de 2008, compreendendo também o processo de seleção e formação dos professores sujeitos dessa pesquisa. Em seguida discorre-se sobre a abordagem do multiculturalismo-crítico na qual a pesquisa está embasada. Por fim, expõ-se a metodologia aplicada, apresentando a escolha dos procedimentos para a análise dos dados.

A construção deste cenário se fez necessária como reflexão sobre a realidade da educação em arte na contemporaneidade, para nele situar experiências concretas ou de campo.

É fato que os estudantes do século XXI encontram a maioria das respostas em sites de busca na rede mundial de computadores. É preciso, então, que os professores aprendam a refletir sobre quais e como serão as perguntas a partir de agora, e como as elaborar, a fim de preparar os estudantes criticamente para esse contexto aberto, disponível a partir da Internet e fazer suas escolhas.

A convivência com as mídias digitais e as TIC exige uma nova forma de entender e de interpretar a realidade, consequentemente é preciso uma alteração comportamental. Estamos diante de um novo paradigma educacional, se nos basearmos em projetos como o programa “Um Computador por Aluno” – UCA66 no

Brasil ou mesmo em projetos de escolas conectadas pelo programa Skype nos Estados Unidos. Os estudantes nunca estiveram tão equipados, tecnologicamente, e conectados como nos dias atuais. No entanto, como aponta Fischer (2007) essa aproximação carece de profundidade e de experiências históricas de tempo e memória que sejam significativas para eles.

66 (PROUCA) é uma iniciativa da Presidência da República desenvolvida em conjunto com o MEC,

com finalidade de promover a inclusão digital, pedagógica e social mediante a aquisição e a distribuição de computadores portáteis em escolas públicas, em escala piloto de teste e avaliação. O Programa UCA integra planos, vinculando-se às ações do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, do Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo (Decreto nº 6.300, de 12/12/2007) e do Programa Um Computador por Aluno – PROUCA (Lei 12.249, de 14/06/2010).

Este novo contexto é uma importante oportunidade para se refletir sobre a realidade histórica e tecnológica, repensar a prática docente e construir novas formas de ação que permitam não só lidar com essa nova realidade, como também construí-la (UNESCO, 2008). Estudos indicam que a utilização da informática nas práticas educativas não tem sido priorizada tanto quanto a compra de computadores de última geração e de programas educativos pelas escolas (UNESCO, 2008). A esse respeito, é possível pensar que no Brasil temos realidades sociais diversas. Programas como o da UNESCO são uma realidade e um grande avanço, mas não basta ter o equipamento sem preparar os professores para utilizá-los.

Muitas escolas ainda estão sem infraestrutura adequadas, tampouco contam com profissionais preparados para o uso das tecnologias contemporâneas de forma crítica, bem como pessoal técnico para realizar a manutenção dos equipamentos. Entretanto, sabemos que mudanças no contexto educacional ocorrem de forma lenta e gradativa, em oposição à urgência da vida atual. Levar os educadores habituados ao quadro e giz a mudar suas práticas e aceitar as possibilidades tecnológicas é um passo árduo para muitos.

A inclusão das tecnologias de informação e comunicação digitais aos programas de EaD apresenta possibilidades de formação contínua aos professores, de forma flexível e mais acessível do ponto de vista geográfico e financeiro. Com a inclusão digital nas escolas, há uma intervenção pedagógica através dos objetos de aprendizagem, esses que já apresentam resultados positivos, possibilitando aos estudantes acesso às artes visuais e o envolvimento com elas. Dessa forma, incentivando-as e integrando-as ao processo de aprendizagem, poderão aumentar o interesse por novas pesquisas e ampliar seu campo do conhecimento.

A EaD somada às TIC e à Internet demanda, portanto, a construção de novos conceitos e práticas pedagógicas que respondam às necessidades dos professores que atuam ou usam essa modalidade de ensino para aprender e ensinar. Compreende-se que o papel do docente, com a inclusão das novas tecnologias, passa por um momento de grande transformação, em que o professor também aprende com seu aluno que é nativo digital.

O respeito e a valorização da cultura, trazidos pelos estudantes para o ambiente virtual devem ser considerados da mesma forma que uma discussão presencial, pois só assim teremos um ambiente propício à troca de lugares que exige o ato de aprender, onde quem ensina também aprende e quem aprende

sente-se potencialmente capaz de ensinar. (FREIRE, 1987). Para que isso ocorra de forma efetiva o professor precisa “mudar de lugar” dentro da sua sala de aula colocando-se como mediador de conhecimentos, mas é preciso entender que para mudar de lugar é preciso antes saber para onde se quer ir. A formação contínua via Internet pode ser uma aliada do professor nesse sentido, de ajudá-lo a entender a sociedade contemporânea e incluir-se nela, construindo uma visão crítica da realidade social.

Pensar um currículo de aprendizagem virtual que aborde a arte e a cultura em contextos diversos, utilizando as tecnologias e o estímulo à participação coletiva, é desafiador. O perfil do professor é um aspecto relevante para o sucesso da experiência.

Martin Barbeiro nos alerta para uma desordem cultural e uma mudança na percepção do espaço e do tempo vivido na contemporaneidade, e questiona, nos remetendo a reflexão

Que significam aprender e saber no tempo da sociedade informacional e das redes que inserem instantaneamente o local no global? Que deslocamentos cognitivos e institucionais estão exigindo os novos dispositivos de produção e a apropriação do conhecimento a partir da interface que enlaça as telas domésticas da televisão com as laborais do computador e as lúdicas dos videogames? Está a educação se encarregando dessas indagações? E, se não o está fazendo, como pode pretender ser hoje um verdadeiro espaço social e cultural de produção e apropriação de conhecimentos? (BARBEIRO, 2004, p. 58).

Outras questões ainda podem ser acrescentadas, como: Que relações