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EMISSÕES DE POLUENTES DO SISTEMA DE TRANSPORTE

No documento A São Paulo Transporte SPTrans (páginas 102-111)

Resgate do Sistema Eletrificado de Transporte, Bonde e Trólebus, para mitigação da Poluição Atmosférica da Cidade

EMISSÕES DE POLUENTES DO SISTEMA DE TRANSPORTE

Os principais poluentes atmosféricos e GEE (Gases de Efeito Estufa) oriundos da utilização de energia fóssil no setor de transportes por veículos e a indicação da área de impacto estão relacionados a seguir (CETESB, 2011):

1. CO(monóxido de carbono) com impacto local (poluição urbana).

2. SO2 (dióxido de enxofre), originado da queima de combustíveis com alto teor de enxofre, com impacto regional (chuva ácida).

3. O3 (ozônio), formado pelas reações químicas do HC e NOx com a luz solar, com impacto regional.

4. MP (material particulado), originado dos veículos movidos a diesel, com impacto regional.

5. HC (hidrocarbonetos exceto o metano), originado da queima incompleta e evaporação de combustíveis, com impacto local.

6. H-CHO (Aldeídos), com impacto local.

7. NO2 (dióxido de nitrogênio), com impacto local.

8. CO2 (dióxido de carbono), com impacto no aquecimento global e efeito estufa.

9. CH4 (Metano), originado, principalmente, da combustão incompleta de veículos movidos a gás natural, com impacto no aquecimento global e com uma intensidade 25x superior a do CO2.

A concentração destes poluentes, de acordo com os valores monitorados, classifica a situação da área abrangida pelo ponto de coleta e amostragem.

A CETESB apresentou em 19/08/2011, via resolução SMA 44, (CETESB, 2011), um relatório com a Relação de Municípios do Estado de São Paulo e Dados de Monitoramento do período de 2008 a 2010, com a indicação da classificação de área saturada de suas estações de amostragem. São Paulo apresentou dados significativos que indicam a situação negativa da qualidade de seu ar, principalmente os indicadores de ozônio em que todas as estações da cidade, com equipamentos para este fim, monitoraram dados alarmantes da concentração deste gás:

• Estação Centro: Área em via de saturação, curto e longo prazo, para partículas inaláveis – MP10.

• Estação Ibirapuera: Área em via de saturação, curto prazo, para partículas inaláveis – MP10.

• Estação Parelheiros: Área em via de saturação, curto prazo, para partículas inaláveis – MP10.

• Estação Congonhas: Área saturada e com severidade moderada, curto prazo e longo prazo, para partículas totais em suspensão.

• Estação Pinheiros: Área em vias de saturação, curto prazo, para partículas totais em suspensão.

• Estações Ibirapuera, IPEN (Instituto de Pesquisa de Energia Nuclear) USP (Universidade de São Paulo), Itaquera – Ermelino Matarazzo, Nossa Senhora do Ó, Parque dom Pedro II, Santana e Santo Amaro, áreas saturadas e em severo nível de severidade, em curto prazo, para Ozônio. Dados das medições e regras de classificação estão detalhados nas Tabelas 17, 18 e 19 do Apêndice.

• Estações Mooca, Parelheiros e Pinheiros, áreas saturadas e em sério nível de severidade, em curto prazo, para Ozônio. Dados das medições e regras de classificação estão detalhados nos anexos 6, 7 e 8.

A emissão de calor proveniente das perdas térmicas dos motores de combustão interna (combustíveis fósseis ou renováveis) e uma significativa contribuição para a elevação de temperatura na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), criando um micro clima designado “ilha de calor” com conseqüências no aumento de tempestades, desconforto térmico para a população e possíveis danos a saúde de pessoas sensíveis a baixa hidratação (SMT-SVMA, 2011).

O efeito estufa é responsável pelo aquecimento global provocado pelos derivados de NOX e CO2 dentre outros. Esses gases formam uma camada em volta da terra que impedem a dissipação total do calor irradiado, retendo uma parcela na atmosfera.

O consumo excessivo de energia no setor de transporte, decorrentes de tecnologias de baixo rendimento energético representadas pelos motores de combustão interna, representa o maior contribuinte para os elevados índices de poluentes, GEE e GEL (Gases de Efeito Local) observados em áreas urbanas. As regiões metropolitanas são os locais mais suscetíveis destes impactos devido a alta concentração de veículos em pequenos espaços. BRANCO (2011) representa estas consumos elevados de energia na Tabela 10, comparando as tecnologias mais representativas no transporte de passageiros da RMSP e sua demanda energética para esta locomoção, onde se verifica grandes disparidades como o deslocamento utilizando o automóvel necessitar de 25 vezes mais energia que o deslocamento, na média, utilizando o Metrô para o transporte de 1 pessoa.

Coletivo - Revista Técnica da SPTrans - Edição nº 1 / dezembro de 2012

Consumo de Energia por Passageiro Transportado (Estimativa na RMSP)

A SMT-SVMA. 2011, calcula que 78,54% das emissões do uso de energia pelo Município de São Paulo, em 2003, foram oriundas do setor de transportes. Transportando o índice informado para os dias e números atuais a presente frota de ônibus de transporte público, 14.869 veículos com tecnologia de ciclo diesel de uma frota total de 239.993, contribui com 4,87 % das emissões do uso de energia.

O Sistema Trólebus da Cidade de São Paulo consome em média 1.880.000 KWh/mês (SPTrans, 2011), energia oriunda do sistema elétrico interligado do Brasil que atráves das torres de transmissão, conectam todas as regiões do país permitindo a transferência de carga das usinas geradoras para os consumidores e socorrendo os locais, que por problemas técnicos ou falta de chuvas, tem a sua a geração reduzida a ponto de não atender a carga local.

A matriz de composição da energia elétrica é composta, principalmente, por fonte hidráulica e renovável, mas que apresenta indicadores de emissões de CO2 oriundo direto e indireto dos processos envolvidos na geração é foi calculado entre 4 a 36 g/KWh produzido (CARVALHO, 2012) com uma média nacional de 19 g/KWh.

Apenas como comparação a geração eólica no Brasil emite entre 10 a 38 g/KWh de CO2 com uma média nacional de 24 g/KWh de CO2. O gás natural, empregado em grande volume nas usinas térmicas, emite entre 399 a 644 g/KWh de CO2 com uma média nacional de 521,5 g/KWh de

De acordo com dados base da CETESB, informados no seu Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo 2010 (CETESB, 2011), onde são estimados os valores de emissão de poluentes por ônibus diesel na RMSP representados pelos seguintes valores: 1,84 g/Km de CO, 0,51 g/

Km de HC, 10,23 g/Km de NOx e 0,35 g/Km de MP, calculá-se que um ônibus da frota municipal da Cidade de São Paulo emitiu no ano de 2010 os seguintes volumes, considerando uma quilometragem média de 220/

dia, 25 dias úteis mês: 121,44 Kg de CO, 33,66 Kg de HC, 675,18 Kg de NOx e 23,1 Kg de MP.

Impactos na Saúde

A relação entre a saúde da população e a elevação dos índices de poluição atmosférica nos grandes centros urbanos vem sendo avaliada em diversos estudos, nacionais e internacionais. Os dados não são conclusivos, mas são indicativos do impacto negativo das emissões provenientes, principalmente, da queima de combustível fóssil no sistema de transporte.

Os estudos são baseados no número de internações em um determinado período de tempo e relacionados com os índices de poluição apurados pelas empresas controladoras. Não são contabilizadas as ações domésticas de atendimento, pois não são declaradas, nos quais as próprias pessoas se automedicam (dores de cabeça, tonturas, tosses, resfriados e outros sintomas) ou reduzem a atividade física por sentirem dores no corpo ou cansaço.

Um fator importante foi observado por CANÇADO et al (2006) o qual relaciona os corredores de transporte e a saúde da população circunvizinha.

São estudos europeus onde encontraram uma associação do local de moradia e a mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias.

Quanto mais próxima a residência das vias de grande fluxo de veículos, maior o risco de morte pelas doenças citadas.

Gouveia et al (2006) efetuaram uma pesquisa que bem representa o impactos danosos do efeito da poluição na população do Município de São Paulo. No período compreendido entre 01/05/1996 e 31/04/2000, com dados de internações em hospitais do Sistema de Informações Hospitalares do SUS e da monitoração dos indicadores de emissões diários da CETESB detalharam a relação entre exposição à poluição atmosférica e a ocorrência de hospitalização. Os resultados indicaram o aumento das internações de crianças menores de 5 anos e idosos acima de 65 anos com diagnósticos de doenças respiratórias, doenças isquêmicas do coração e do aparelho circulatório. As Tabelas 11 e 12 indicam os resultados obtidos na pesquisa.

Coletivo - Revista Técnica da SPTrans - Edição nº 1 / dezembro de 2012

Internações Decorrentes do Aumento de 10ug/m3 no Nível diário de PM10

Internações Decorrentes do Aumento de 1ppm no Nível diário de CO.

Estudos indicam (DANNI-OLIVEIRA, 2008) que ações de mitigação das emissões veiculares, como a implementação do Programa de Controle da Qualidade do Ar por Veículos Automotores – PRONCOVE, apresentado na Tabela 13, são determinantes para a melhoria da qualidade do ar. DANNI-OLIVEIRA, 2008 apresenta dados significativos baseados em estimativas do Programa EconomizAR e do CONPET que estudaram, no período de 1996 a 2005, a aplicação do PRONCOVE na RMSP e as suas reduções das emissões ao longo das fases do programa que evitou 1448, 48 mortes por ano, conforme tabela abaixo.

Mortes Evitadas pelo PRONCOVE RMSP

Estudos nacionais e internacionais indicam (NOVAES et al, 2010) que a exposição à poluição do ar com níveis elevados de SO², NO, NO², O³ e principalmente Material Particulado e CO, durante o período gestacional tem se mostrado associado a casos extremos de óbito no período perinatal, como problemas na gestação e no nascimento como o baixo peso do feto ao nascer, prematuridade, retardo do crescimento intrauterino e anomalias

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congênitas. Um exemplo de uma meta-análise identificou que o aumento de 10 ug/m³ do MP eleva em 1,6% o risco de baixo peso ao nascer. Os mesmos estudos identificaram que a proximidade da residência das mães em locais de grande fluxo de veículos aumenta o risco de ocorrências de óbito neonatal.

A CETESB (2011), através do seu Relatório Qualidade do Ar no Estado de São Paulo elaborou diversos estudos pormenorizados referenciando os índices de poluição com os efeitos diretos e indiretos na saúde da população, que geraram as seguintes tabelas que estão disponíveis nos anexos deste trabalho:

1. Tabela de Relação dos Índices de Qualidade do Ar e os Efeitos à Saúde na População, v. Anexo 3.

2. Tabela de Ações Preventivas para Minimizar os Efeitos dos Poluentes na Saúde, v. Anexo 4.

3. Tabela de Principais Efeitos à Saúde para cada Poluente, v. Anexo 5.

CONCLUSÃO

O transporte urbano eletrificado de passageiros, representado pela tecnologia de Bondes e Trólebus, é uma alternativa proposta em diversos estudos nacionais e internacionais como sistemas mitigadores da redução das emissões de gases poluentes e tóxicos emitidas pela frota composta por ônibus diesel.

O impacto das emissões da frota circulante na Cidade de São Paulo é representado, principalmente, pelo crescente índice de internações de crianças e idosos após os dias com elevado nível de poluentes. Ações preventivas e normativas, impostas pelo poder público, estão surtindo efeitos positivos na saúde da população como a aplicação das fases do PRONCOVE. Ações políticas propondo a mitigação do efeito estufa e melhora do clima urbano se fazem presentes na Cidade de São Paulo como a meta de pesquisa e desenvolvimento de fontes de energia alternativas e renováveis para a frota pública de transporte de passageiros.

O Sistema Bonde, desativado no ano de 1968, e o Sistema Trólebus, reduzido por ações políticas, já demonstraram sua relevante contribuição ao transporte público da Cidade de São Paulo. Atualmente a fonte de energia para estas tecnologias seria fornecida pelo Sistema Interligado Nacional de Transmissão Elétrica que apresenta uma larga presença de fontes renováveis hidráulicas e de baixas emissões de poluentes.

O potencial hidroelétrico do Brasil ainda não totalmente utilizado e dispõe de 126.000 MW para ser aproveitado e com atual parque gerador hídrico o nosso

país ocupa a 2ª posição entre os países com a maior participação desta fonte na produção de energia elétrica. Estas últimas posições corroboram a hipótese deste trabalho que argumenta que a utilização desta energia para alimentar um sistema de transporte eletrificado seria a solução mais positiva para os problemas da poluição atmosférica.

O resgate e o incremento das tecnologias Bondes e Trólebus, com significativa participação na frota de transporte de passageiros da Cidade de São Paulo, e uma forte alternativa para a mitigação das emissões do Sistema Municipal de Transporte e para o atendimento das atuais políticas municipais de mudança do clima.

O atual trabalho não esgota o assunto, devendo ser pesquisado a viabilidade ambiental e econômica de novas tecnologias que utilizam a tração elétrica e fontes alternativas não fósseis, como os ônibus híbridos álcool/biodiesel/diesel de cana, super capacitores, hidrogênio e baterias.

Coletivo - Revista Técnica da SPTrans - Edição nº 1 / dezembro de 2012

Anexos

Anexo 1 - Mapa da Rede Elétrica do Sistema Trólebus – DEZ.2011

No documento A São Paulo Transporte SPTrans (páginas 102-111)