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3 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DA PRIMEIRA

3.8 Ensaios Destrutivos

3.8.4 Ensaios Destrutivos de Identificação dos Agentes Iniciadores da Corrosão

Nos itens anteriores, foram apresentados métodos destrutivos ou não que podem determinar se a armadura está em processo de corrosão e o seu grau de intensidade. Entretanto, deve-se saber, também, qual é a origem da corrosão, pois, para um processo corrosivo iniciar-se, é necessário que ocorram pré-condições, como ataque de cloretos e/ou uma frente de carbonatação. Quando um desses dois fenômenos acontece separadamente ou em conjunto, poderá ocorrer um processo corrosivo nas armaduras.

Nos itens seguintes, serão apresentados e comentados, à luz da corrosão das armaduras em estruturas de concreto armado antigas, os ensaios destrutivos que podem determinar o agente iniciador da corrosão – se por frente de carbonatação e/ou ataque de cloretos.

3.8.4.1 Ensaio de Avaliação da Frente de Carbonatação no Concreto

Em geral, a frente de carbonatação do concreto é medida pelo emprego de indicadores como fenolftaleína e a timolftaleína, borrifados em perfis do concreto de cobrimento. Esses indicadores são substâncias químicas que, em contato com a solução alcalina do concreto, rica em hidróxido de cálcio, adquirem colorações típicas a partir de uma determinada faixa de pH da solução. A fenolftaleína adquire coloração vermelha carmim com pHs iguais ou superiores a uma faixa entre 8,0 e 9,8, aproximadamente. Abaixo dessas faixas de pHs de modificação, o concreto tende a não sofrer alteração de cor quando da aspersão do indicador (mantém-se incolor). Tem-se, então, com a linha divisória entre a região incolor e a de coloração típica, uma clara evidência do avanço da frente de carbonatação para o interior do concreto de cobrimento. Admite-se que o concreto não está carbonatado quando, ao se aspergir o

indicador, ele adquirir em sua superfície a coloração típica; caso fique incolor, assume-se que o concreto está carbonatado (CASCUDO, 2005, p. 1089).

A Figura 25 ilustra um perfil do concreto de cobrimento borrifado com soluções de fenolftaleína e timolftaleína (CASCUDO, 2005, p. 1089).

Figura 25. Análise da Carbonatação do Concreto por meio do Emprego dos Indicadores Timolftaleína (azul) e Fenolftaleína (vermelho carmim), em que se vê, na Parte do Concreto de Cobrimento, uma Frente de

Carbonatação Incipiente na Região de Aspersão da Timolftaleína (CASCUDO, 2005, p.1090).

3.8.4.2 O Ensaio de Avaliação da Frente de Carbonatação no Concreto e as Estruturas de Concreto Armado Antigas

Foram abordados anteriormente os cuidados que deveriam ser observados nos ensaios para se determinar o grau de corrosão das armaduras (principalmente os eletroquímicos) em concretos antigos. A ênfase dada relacionou-se a algumas características diferentes entre os concretos antigos e os atuais, as quais poderiam afetar o resultado dos ensaios.

No que diz respeito à avaliação de frentes de carbonatação em estruturas de concreto armado antigas, não há esse tipo de preocupação. É um ensaio que pode ser aplicado para se verificar o grau de contaminação de frente de carbonatação em estrutura de concreto armado antiga. A efetividade desse ensaio reside no fato de se poder constatar a ocorrência do fenômeno da carbonatação e a profundidade que ela já penetrou na estrutura.

Muitos podem ser os fatores que favorecem ou não o aparecimento de uma frente de carbonatação em concretos antigos e atuais. Mas a partir do momento em que se inicia o ataque de uma frente de carbonatação, não importa mais quais foram as pré-condições que facilitaram o seu aparecimento.

Observação importante é a espessura do cobrimento nas estruturas de concreto armado antigas, por vezes reduzida, podendo, em certos casos, chegar a menos de 1 cm. Assim, deve- se ter cuidado por ocasião da verificação de uma frente de carbonatação em uma estrutura antiga que tenha uma pequena espessura de cobrimento, porque, provavelmente, estará totalmente carbonatada.

3.8.4.3 Extração das Amostras na Estrutura e Determinação dos Teores de Cl –

O modo mais prático para a extração da amostra é na forma de pó, mediante furadeira, porque evita problemas com o corte do concreto por meio de dispositivos de corte diamantados, que geralmente empregam água para refrigeração (a água pode solubilizar os sais presentes e lixiviar soluções do concreto, alterando, assim, as concentrações de cloretos). Além disso, a extração por furadeira permite facilmente uma análise dos teores em profundidades preestabelecidas, possibilitando traçarem-se perfis de concentração dos cloretos ao longo da profundidade de cobrimento. Furadeira profissional dotada de coletor de pó é, em princípio, o equipamento mais adequado para se promover a extração de amostras de concreto, tendo em vista a sua maior velocidade na execução do serviço e a forma “automática” de armazenamento do pó extraído (o coletor de pó acoplado à furadeira já armazena diretamente a maior parte do pó produzido na extração). Contudo, na impossibilidade de uso desse tipo de equipamento, fragmentos de concreto podem ser extraídos da estrutura mediante talhadeira e marreta, uma forma também adequada de extração de amostra, porém com comprometimento da análise estratificada dos teores de cloreto ao longo do perfil de cobrimento (CASCUDO, 2005).

3.8.4.4 Extração das Amostras na Estrutura e Determinação dos Teores de Cl– e as Estruturas de Concreto Armado Antigas

O ensaio para extração das amostras na estrutura pode ser aplicado para se verificar o grau de contaminação de um ataque de cloretos em uma estrutura de concreto armado antiga. Sua efetividade reside na possibilidade de se constatar a ocorrência do fenômeno do ataque de cloretos e a profundidade de penetração na estrutura.

Muitos podem ser os fatores que favorecem ou não o aparecimento de um ataque de cloretos em concretos antigos e atuais. Mas a partir do momento em que se inicia um ataque de cloretos, não importa mais quais foram as pré-condições que facilitaram o seu

aparecimento. O estudo dos fatores que propiciaram o aparecimento de um ataque de cloretos é importante por ocasião da escolha da terapêutica de reabilitação da estrutura. O que interessa não são os fatores que contribuíram para o aparecimento, mas sim se ele está ou não está presente na estrutura. Nesse quesito, concretos antigos e atuais possuem o mesmo comportamento. Desta maneira, esse ensaio é adequado para determinar a presença ou não de um ataque de cloretos em uma estrutura de concreto armado antiga.

3.9 Análise dos Ensaios Destrutivos e Não Destrutivos Mais Adequados às Estruturas de