• Nenhum resultado encontrado

3 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DA PRIMEIRA

3.7 Levantamento Dimensional Destrutivo

O levantamento dimensional destrutivo é a complementação dos dados faltantes do primeiro levantamento que não puderam ser obtidos devido à diretriz de não realizar na estrutura ou edificação processos que possam causar dano. Mediante as prescrições do Laudo Preliminar, realizar-se-á nova coleta de dados naqueles levantamentos em que há a necessidade de complementação de informações para melhor entendimento da situação global tanto da edificação, como da estrutura de concreto armado. Nos itens subsequentes, serão apresentados os procedimentos destrutivos que podem vir a complementar as informações já coletadas.

3.7.1 Levantamento Aquitetônico Destrutivo

Aspectos como a determinação da espessura de paredes, da composição dos elementos de pisos cerâmicos, de contrapiso, entre outros, são elementos que podem ser determinados

com processo destrutivo para constarem do laudo. Qualquer elemento arquitetônico que não possa ser levantado por processo não destrutivo e que pode ter alguma influência em fatores que contribuam para um processo corrosivo das armaduras pode ser determinado com maior precisão. Como precede os demais, o levantamento arquitetônico deve ser realizado da maneira mais minuciosa possível, em vista da sua importância no contexto geral dos demais levantamentos que serão realizados na edificação. Apesar de não ensejar em si mesmo a indicação de possível processo corrosivo das armaduras, ou de sua localização, bem como suas causas, o levantamento arquitetônico deve ser realizado com cuidado e precisão, a fim de garantir essas mesmas características aos demais levantamentos.

3.7.2 Levantamento Estrutural Destrutivo (planta de formas e armaduras)

O levantamento estrutural destrutivo consiste em remover-se a camada de cobrimento de áreas de peças da estrutura e espessura de lajes, ou a extração de testemunhos, com a finalidade de realizar verificações no próprio local de análise. Nas áreas onde há possibilidade de processo corrosivo, sem evidências visíveis, o levantamento estrutural destrutivo deve ser utilizado. Devido a certo grau de dano à estrutura, os locais deverão ser cuidadosamente escolhidos, de forma que não se afete a estrutura de modo contundente. Nesse caso, por precaução, na região do ensaio, a estrutura deve ser escorada.

Deve-se levar em conta a complementaridade das observações, ou seja, para que várias observações possam ser realizadas por ocasião de uma inspeção a dada peça estrutural, deve- se verificar a espessura do cobrimento, o estado de conservação das armaduras e suas bitolas, os espaçamentos entre as barras, o espaçamento médio entre estribos, a profundidade de carbonatação e demais informações que puderem ser obtidas no local.

O levantamento destrutivo da estrutura é o procedimento que mais informações pode fornecer para a análise de provável ocorrência de processo corrosivo nas armaduras. É também o que possui maior potencial de causar danos à estrutura. Por isso, deve ser realizada minuciosa escolha dos pontos a serem observados para não sejam efetuadas aberturas desnecessárias. Como relação dos fatores intervenientes na corrosão das armaduras, podem-se destacar os seguintes elementos que são passíveis de verificação nesta etapa, a saber:

 as características do aço, como: bitola, resistência mecânica e tipo do aço (liso ou rugoso);  os tipos de agregado graúdo: seixo rolado, pedra britada, tijolo, pedra-pomes, barro, argila

xistosa e argila betuminosa;

 o espaçamento entre as barras de distribuição das lajes;  o espaçamento entre estribos de vigas e pilares;

 o espaçamento entre as armaduras longitudinais das vigas e pilares;  a utilização de tarugos de madeira como espaçadores;

 a utilização das alvenarias de vedação como formas para a estrutura de concreto armado;  as condições das impermeabilizações;

 o contato da estrutura de concreto armado com tubulações metálicas, especialmente as de esgoto.

Outras questões poderão ser elucidadas e são passíveis de verificação, a saber:  fissuras no concreto paralelas às armaduras que estão em processo de corrosão;  fragmentação e destacamento do cobrimento;

 lascamento do concreto em estágios avançados;

 apresentação de produtos que se avolumam radialmente às barras, sob a forma de “crostas de ferrugem”, ou mesmo apresentam perda acentuada de seção, em geral mostrando rugosidade superficial excessiva das barras;

 comprometimento da aderência aço-concreto;

 flambagem de armaduras longitudinais de pilares pelo decréscimo na seção de concreto e pela perda do monolitismo estrutural dado pela aderência aço-concreto ou corrosão dos estribos, em peças onde há lascamento do concreto e exposição das barras;

 manchas “ferruginosas”, caso esse concreto apresente-se úmido o suficiente para dissolver os produtos de corrosão e fazê-los percolar pela rede porosa até eflorescer na superfície (em geral, concretos contaminados por cloretos são mais úmidos do que aqueles simplesmente carbonatados, dada a higroscopicidade desses íons);

 natureza e morfologia do ataque identificadas por intermédio de análise visual cuidadosa da superfície do aço – se for por cloretos, há geralmente a presença de pites de corrosão na superfície; se houver apenas carbonatação, a corrosão dá-se de forma mais homogênea (corrosão generalizada).

Também deverão ser realizadas novas observações de elementos já analisados por ocasião do levantamento de formas, tais como: eventuais patologias, furos passantes, ninhos de concretagem, fissuras, deformações e flechas. Todos esses elementos que foram coletados de forma não tão conexa por ocasião do levantamento das plantas de formas podem ser agregados para esclarecer as condições efetivas do estado das armaduras frente às reais condições em que se encontram.

Também poderão ser analisados novamente os quesitos relacionados à verificação de prumo e excentricidade da estrutura de concreto armado que já haviam sido iniciados por ocasião do primeiro levantamento da estrutura. Devido, portanto, à grande quantidade de informações colhidas, há possibilidade de se elaborarem plantas exclusivas para cada manifestação, como, por exemplo, as plantas de ninhos de concretagem, fissuras, deformações, flechas, desaprumos e excentricidades e as de sintomatologia de corrosão das armaduras. Assim, o levantamento completo da estrutura da edificação poderá fornecer parcela significativa de informações necessárias para o diagnóstico final das condições das armaduras frente a um processo corrosivo.

3.7.3 Levantamento Hidrossanitário Destrutivo

Muitos dos elementos necessários para o entendimento das condições das instalações hidrossanitárias e sua inter-relação com um eventual processo corrosivo das armaduras não podem ser claramente determinados devido às limitações não destrutivas dos levantamentos iniciais. Nessa nova fase dos levantamentos, em que há a possibilidade de se efetuarem esses procedimentos, alguns elementos poderão ser melhor elucidados, dando ao levantamento hidrossanitário destrutivo os subsídios necessários para o entendimento das suas influências em eventuais processos de corrosão a que possam estar submetidas as armaduras da estrutura. Os principais locais que podem ser avaliados por esse processo são:

 lajes rebaixadas;

 ramais de descida junto a pilares;

 ramais de descida de esgoto pluvial junto à impermeabilizações de terraços e coberturas;  ramais de saída enterrados no solo junto às fundações.

3.7.4 Levantamento Destrutivo dos Demais Aspectos da Edificação

Os elementos que não foram passíveis de observação por ocasião do levantamento não destrutivo e que apresentaram condições que propiciem o desenvolvimento de processos de degradação nas armaduras deverão ser investigados por meio do levantamento destrutivo. Os principais sistemas que podem ser avaliados são:

 estruturas metálicas;

 elementos de impermeabilização;  sistema de drenagem;

 instalações elétricas, telefônicas e complementares;  instalações de processamento de lixo;

 instalações de transporte vertical (elevadores).