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3 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DA PRIMEIRA

3.4 Levantamento Dimensional

3.4.2 Levantamento Estrutural (planta de formas)

O levantamento estrutural é a reprodução do projeto estrutural da edificação a partir do prédio propriamente dito. Essa reprodução é fundamental para o conhecimento da edificação, pois a partir dele se obtém visão mais específica a respeito da estrutura no que concerne às condições das armaduras. Este tópico abordará apenas o aspecto geométrico externo das peças estruturais, tendo em vista não ser possível, neste momento, a determinação das condições quantitativas e qualitativas das armaduras no interior da estrutura.

Outro aspecto que se reveste de importância é a verificação da geometria das peças estruturais quanto às questões de prumo e excentricidade. Muitas vezes, os processos corrosivos podem vir a gerar deformações importantes na estrutura de concreto armado. Dessa forma, um levantamento da estrutura que leve em conta esses aspectos configura-se em tópico relevante.

Neste momento de análise da estrutura, será realizado o levantamento do que se refere basicamente às suas formas, ou seja, dimensões externas de pilares, vigas e lajes, como se dão as interações entre os elementos estruturais, etc. Temos de ter em mente que, no próximo passo, obter-se-ão informações referentes ao interior da estrutura, como espessura de cobrimento, tipo de armadura, distribuição das barras, espaçamento entre barras, etc. Portanto, é necessário realizar esse levantamento tendo em mente as demais informações que serão agregadas.

Para a operacionalização do levantamento estrutural não destrutivo, parte-se do levantamento arquitetônico, pois existe similaridade grande entre ambos. A prática construtiva de que, normalmente, abaixo das paredes de alvenaria são posicionadas as vigas de concreto, o fato de que nas extremidades dos andares, via de regra, há o posicionamento de pilares, e assim por diante, conferem ao levantamento arquitetônico um papel de destaque na elaboração do levantamento da estrutura. Outro aspecto em que o trabalho realizado nas plantas arquitetônicas contribui para o da estrutura é a provável localização de peças estruturais que estão embutidas nas alvenarias. Ao se analisarem as paredes da edificação, pode-se inferir a provável localização de vigas e pilares embutidos.

Quanto ao levantamento estrutural propriamente dito, deverão ser explicitados, da melhor maneira possível, todos os aspectos da estrutura que podem ser levantados com a disponibilidade de acesso, levando-se em conta um processo não destrutivo. Todos os elementos constantes na estrutura passíveis de observação e/ou dedução deverão ser retratados nas plantas elaboradas, desde as lajes, se rebaixadas ou não, vigas, pilares, escadas, marquises, sacadas, reservatórios, fundações superficiais quando observáveis, dentre outros elementos. Especial atenção deverá ser dada aos elementos que podem indicar deformações perceptíveis na estrutura como prumo e excentricidade.

3.4.2.1 Prumo (verticalidade)

Na avaliação da estrutura acabada, as informações sobre a verticalidade da estrutura como um todo e dos componentes em particular são de grande importância para a análise dos possíveis efeitos patológicos em geral, ou de processo corrosivo em particular e suas influências sobre a estrutura de concreto armado.

Realiza-se a investigação da verticalidade medindo-se os afastamentos das faces externas dos componentes estruturais a uma linha de referência de verticalidade. Como referência de verticalidade, pode-se usar linhas de prumo ou linhas verticais produzidas por

aparelhos de topografia. Os resultados das medições dos afastamentos são apresentados em um desenho do perfil vertical, conforme indicado na Figura 12 (HELENE & REPETTE, 1989, p.20-21).

Figura 12. Forma de apresentação gráfica dos resultados das investigações de verticalidade (HELENE & REPETTE, 1989, p. 21).

Como limitação do desvio máximo admissível no prumo do componente estrutural, pode-se adotar H/600 ou no máximo 20 mm, sendo H a altura total do componente analisado (HELENE & REPETTE, 1989, p.20-21).

3.4.2.2 Excentricidade (quando possível)

A verificação da excentricidade está condicionada, nesta fase da análise, a se dispor de aberturas que fazem parte originalmente da estrutura com a finalidade de se realizar a verificação. Como essa verificação necessita de um conjunto de orifícios que se comunicam entre as lajes, sua realização fica condicionada às disponibilidades originais da estrutura. Podem ser elementos originais na estrutura que possam ser utilizados na verificação, tais como: os poços dos elevadores, os entre vãos das escadas, os shafts de serviço ou qualquer outra parte da estrutura que permita a realização da verificação. Caso a edificação não ofereça as condições para a sua realização, a verificação poderá ser efetuada quando do início dos procedimentos destrutivos.

Na verificação dos elementos da estrutura, principalmente pilares e paredes estruturais, o conhecimento da excentricidade que estes apresentam em relação aos seus trechos subsequentes (geralmente trechos entre lajes e vigas) pode ser decisiva para a correta análise da estrutura tendo em vista as possíveis deformações que um processo corrosivo pode vir a causar. Excentricidades acima de certos limites podem acarretar danos à estrutura já que ocorrem alterações nas formas e valores das solicitações. As excentricidades acidentais são provocadas por erros nas

locações das peças estruturais, sendo mais frequentes em pilares na região de seguimento de uma laje para outra. Já as excentricidades incidentais, são aquelas provocadas, por deformações nas peças estruturais, com mais ênfase em pilares que podem ter seu centro de gravidade deslocado devido a alguma deformação sofrida pela estrutura. Há ainda a possibilidade de uma excentricidade mista que é a combinação das acidentais com as incidentais. A medição das excentricidades pode ser feita através de linhas de prumo que são posicionadas em furos passantes nas lajes, medindo-se os afastamentos das peças estruturais a esta linha de referência, conforme a figura 24 (HELENE & REPETTE, 1989, p. 21-23).

Figura 13. Medição das excentricidades (HELENE & REPETTE, 1989, p. 22).

Helene e Repette (1989) recomendam como limite dos valores das excentricidades: a) não superar a b/30 ou 20 mm, sendo b a dimensão da seção transversal considerada numa dada direção; b) nos componentes lineares submetidos à compressão simples, flexo- compressão ou flexo-compressão oblíqua, a excentricidade deve estar contida nos seguintes limites:

• ea ≤ 20 mm (para n menor ou igual a 100 mm); • ea ≤ n/5 (para n maior ou igual a 100 mm).

Na direção dos eixos centrais de inércia (x,y), a distância nuclear n é a grandeza correspondente ao quociente do momento de inércia pelo produto entre a distância do centro de gravidade e a fibra mais afastada e a área da seção transversal.

3.4.2.3 Demais Elementos da Estrutura de Concreto Armado

Além de elaborar as plantas de formas da estrutura de concreto armado, nesta etapa já poderão ser lançados, nesse levantamento da estrutura como construída, todos os elementos coletados na Vistoria Preliminar, como: os levantamentos preliminares das patologias, os furos passantes, os ninhos de concretagem, as fissuras, deformações e flechas e a sintomatologia do processo corrosivo. Todos esses elementos que foram coletados de forma não conexa por ocasião da Vistoria Preliminar agora começam a agregar-se para começar a dar as primeiras informações a respeito das condições das armaduras.

Os furos passantes e ninhos de concretagem poderão ser indicados em seus verdadeiros lugares na planta de formas. Da mesma forma as fissuras, deformações e flechas deverão ser indicadas em seus exatos locais para poder-se começar a inferir sobre as suas inter-relações. Os eventuais sintomas de corrosão das armaduras, desaprumos e excentricidades, também devem ser lançados de maneira a realizar-se uma primeira aproximação das condições gerais das armaduras na estrutura de concreto armado. Devido eventualmente a grande quantidade de informações colhidas, há a possibilidade de se elaborar plantas exclusivas para cada manifestação como, por exemplo, as plantas de ninhos de concretagem, as plantas de fissuras, as plantas de deformações, flechas, desaprumos e excentricidades e as plantas de sintomatologia de corrosão das armaduras (HELENE & REPETTE, 1989, p. 24-25).

Além das plantas baixa, o levantamento estrutural deve englobar as elevações verticais de vigas, a marcação de fissuras, deformações e flechas. Portanto, deverão ser confeccionados todos os detalhes que possam levar ao perfeito entendimento da geometria das peças estruturais, bem como à possibilidade de visualização de todos os elementos coletados na Vistoria Preliminar.