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3 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DA PRIMEIRA

3.4 Levantamento Dimensional

3.4.1 Levantamento Arquitetônico

O levantamento arquitetônico, mais conhecido como levantamento do existente, nada mais é do que a reprodução do projeto arquitetônico da edificação a partir do prédio propriamente dito. Esse trabalho é fundamental para o conhecimento da edificação, pois é a partir dele que se obtém visão global a respeito do prédio como um todo. Esse levantamento é relevante também para se começar a esboçar os demais projetos necessários para a análise da edificação, como os projetos estruturais, hidrossanitários, entre outros.

Entretanto, é frequente a existência de algum tipo de documento referente ao prédio. No próximo item, serão abordados os passos que devem ser dados para a aquisição de dados sobre a edificação.

3.4.1.1 Levantamento Cadastral do Existente

Nos dias de hoje, acostuma-se rapidamente com a evolução dos fatos quotidianos e, com frequência, esquece-se de como eles eram no passado, às vezes recente. Deve-se lembrar que não faz muito tempo que as prefeituras municipais começaram a organizar arquivos públicos com a finalidade de guardar a documentação referente às edificações. Em algumas pequenas cidades do interior, esse tipo de arquivo ainda não existe. Hoje, é comum crer-se

que o projeto arquitetônico de uma edificação existe na prefeitura; contudo, quando se trata de edificações mais antigas, muitas vezes, não existe nada referente a essa edificação nos arquivos municipais. Os locais onde mais existe a possibilidade de encontrar-se documentação a respeito de prédios antigos são os seguintes:

 Arquivos Públicos: conforme for a idade da edificação, podem ser encontradas as plantas históricas da edificação (originais), bem como as plantas de alterações efetuadas durante o uso do prédio. Também podem ser obtidas informações sobre os diferentes usos da edificação.

 Órgãos de Patrimônio Histórico: caso a edificação tenha o caráter de patrimônio histórico, podem ser encontrados documentos sobre a edificação, sua história, eventuais processos de tombamento, registros fotográficos, entre outros.

 Arquivo Histórico e Literatura: pode ser encontrada uma documentação que relate o desenvolvimento urbano em torno da edificação, com dados de transformação do meio ambiente envolvente, ou mesmo documentos que contem o histórico da edificação. Caso tenha relevante significado para a cidade na qual está inserida, é comum a sua citação em livros que contem a história da cidade, bem como fotos antigas. Outra fonte que pode ser consultada nesses locais são os arquivos dos jornais da época, que frequentemente produziam matérias que enfocavam as grandes realizações da sociedade.

3.4.1.2 Levantamento Arquitetônico do Existente

O levantamento arquitetônico do existente deve ser feito de forma metódica para retratar de forma clara e precisa todos os aspectos da edificação. Essa tarefa não é somente a confecção de plantas de situação e localização, plantas baixas, cortes e fachadas. Esse tipo de levantamento deve ser mais rigoroso e minucioso do que simplesmente se limitar a questões gráficas de plantas. A seguir, serão apresentados os principais aspectos que devem ser levados em conta por ocasião da confecção de um levantamento arquitetônico do existente.

 Para a tomada de medidas in loco, é necessário observar o tamanho dos intervalos a serem medidos. É importante a escolha de trenas compatíveis com as dimensões a serem medidas. Não é possível a utilização de trena de 2 m se as medições necessárias alcançam

dimensões superiores a 4 m. Quanto menos medidasparciais em dada dimensão, mais correta será a cota. Ou seja, em uma peça da edificação que meça 5,50 m, será mais correta a utilização de trena de 10 m, efetuando uma medida única, do que uma trena de 2 m, com a qual serão necessárias três medidas.

 Outro hábito prejudicial aos levantamentos arquitetônicos do existente é a presunção de que todas as peças possuem um ângulo de 90 graus entre as paredes. Com o advento da computação gráfica, esse tipo de problema tornou-se mais evidente. Após a realização das medidas em campo, elas serão passadas para o computador, que, normalmente, está pré- selecionado a trabalhar com ângulos de 90 graus. Tendo em vista que os ângulos entre as paredes da peça original poderão não ser exatamente retos, o operador não conseguirá efetuar o fechamento das cotas e terá de ajeitá-las, por sua conta, para efetuar o fechamento das medidas. Resultado: ou as cotas estarão certas e os ângulos errados, ou vice-versa.

 Para evitar os problemas do item anterior, deve-se realizar, além da medida do perímetro da peça, também a das diagonais. Dessa forma, será possível repassar essas cotas para o computador, desde que a seleção para ângulos de 90 graus não esteja ativada.

 Nesse levantamento, todos os pavimentos deverão ser retratados com absoluta fidelidade de medidas e de detalhes. Todos os elementos que compõem a edificação deverão ser cuidadosamente retratados. Locais e elementos como escadas, corrimãos, aberturas, diferenças de níveis, enfim, todos os detalhes que bem caracterizam uma planta baixa bem elaborada deverão estar presentes.

 Quando se refere às plantas baixas, devem estar nela incluídas a planta de telhado, a de cobertura, a de situação e localização com riqueza de detalhes, plantas baixas de mezaninos, subsolos, casas de máquinas, poços de elevadores, caixas de água inferiores e superiores, terraços, sacadas, etc.

 As plantas de corte não podem se referir apenas a um corte longitudinal e transversal em locais de fácil representação, como plantas meramente figurativas e/ou burocráticas. Devem ser elaborados quantos cortes forem necessários no sentido tanto longitudinal como transversal. Eles deverão retratar de forma inequívoca todos os aspectos da edificação. Nesses casos, escolhem-se os locais para a passagem dos cortes que sejam mais difíceis, que retratem

escadas em vários sentidos, os que mostrem esquadrias, banheiros, cozinhas, áreas de serviço, casa de máquinas, poço de elevadores, reservatórios superiores e inferiores e subsolos.

 Quanto à planta de fachada, deve ser lembrado que, via de regra, uma edificação possui no mínimo quatro fachadas. Não se pode considerar a planta que retrata a edificação vista da rua, ou das ruas, como sendo a planta de fachada. Na realidade, todas as faces da edificação que se orientam para as divisas são consideradas fachadas. Outro aspecto importante é o de que a planta de fachada não é esquemática; deve retratar com fidelidade todos os aspectos e detalhes da fachada. Nas edificações mais antigas, é necessário grifar-se essa precaução, pois é muito comum elas serem ricamente decoradas e todos os detalhes como platibandas, cornijas, balaustradas, capitéis, arabescos, entre outros, os quais deverão ser representados de forma fidedigna. Nesse aspecto, a tomada de fotos e a digitalização gráfica podem auxiliar sobremaneira.

 Do ponto de vista da escala de representação das plantas, devem ser utilizadas as de uso corrente, como 1:50 e 1:100. No entanto, conforme a necessidade e para o seu bom entendimento, as plantas poderão ser modificadas. Especial atenção deve ser dada aos detalhes, pois, quando não for possível representá-los com um grau de precisão adequado, deverão ser elaborados detalhes específicos na escala conveniente para adequada compreensão.