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Ensino centrado na explicitação verbal

P: Agora essa reportagem também foi impressa no suplemento infantil do jornal Folha de São Paulo, sábado 18.11 2006, escrita por Patrícia Trucs da Veiga, Marceloa

5.4. Princípios contemplados durante as aulas

5.4.4. Ensino centrado na explicitação verbal

O quarto princípio elencado foi o ensino centrado na explicitação verbal. Esse princípio também foi contemplado em todas as aulas pelas duas docentes. O ensino centrado na explicitação verbal está respaldado pelos estudos de Karmiloff-Smith (1997), com a teoria da Redescrição Representacional, como discutimos no referencial teórico.

Os alunos durante a sequência explicitaram verbalmente quais foram as estratégias usadas nas atividades, os modos de resolver os problemas, os seus conhecimentos em relação aos assuntos abordados nas reportagens, as aprendizagens das características do gênero.

Abaixo segue um extrato de aula em que a professora 1 desenvolveu um ensino centrado na explicitação verbal (Módulo 4, aula 5). Nesta aula, os alunos foram convidados a discutirem em duplas as aprendizagens já adquiridas sobre as características do gênero reportagem:

P: Nessa dupla quem é o relator? A: Gustavo.

P: Pode falar Gustavo.

A: Eu aprendi que na reportagem têm que ter manchete, uma autora, entrevistas. P: E sobre Reportagem impressa?

A: Eu aprendi que no jornal tem vários cadernos e cada caderno tem a especificação, tem vários cadernos como caderno C.

A: Eu entendi que o jornal impresso é não falado, e o jornal escrito tem vários cadernos para não se misturar os assuntos, o jornal impresso vem vários cadernos como da

política esportes, Brasil, etc. Aí nesses cadernos vem falando vários assuntos, tem manchete, reportagens, assinatura do autor, da autora, e entendi também que o assunto pode tá no mesmo, de maneiras diferentes. Ele vai ser escrito, pode ser outro autor que vai escrever. O jornal do Comércio tá o mesmo assunto do jornal da Folha, só que vai tá a manchete, vai tá a mesma, mas o assunto vai tá diferente. Por exemplo: o assunto pode tá outro, mas falando de outra coisa, daquele outro caso. A gente entendeu também que no jornal vem vários cadernos e nesses cadernos vem a carta do leitor que é pessoas que mandam essa carta pro jornal dizendo alguma coisa que aconteceu. Foi isso que a gente entendeu.

P: Essa dupla: quem é o relator?

A: Entendi também que tem muitos cadernos, como ele. Tem vários cadernos pra conhecer, classificados.

P: Essa dupla quem é o relator?

A: Eu entendi que no jornal tem informações, e nesses cadernos cada um tem seu assunto, e a reportagem tem que ter a data, identificação do local, a data, caderno C, economia.

A: Eu aprendi que no jornal tem imagem, a data. A: Eu aprendi que tem que ter ilustração, vários textos.

Nesse extrato de aula podemos perceber que os alunos, além de discutirem em duplas sobre o que aprenderam em relação às características do gênero, tiveram que socializar suas discussões para o grande grupo, explicitando os conhecimentos já adquiridos. Essa forma de atividade permite também que a professora realize uma avaliação formativo-reguladora durante a aula, passando a entender como os alunos construíram seus conhecimentos e refletindo sobre as formas de organizar as aulas de modo que os alunos progridam nas aprendizagens. Esse pressuposto apóia-se nos autores discutidos anteriormente, como Hoffmann (1992); Silva (2003); Ferreira e Leal (2006).

A seguir temos uma extrato de aula da professora 2, em que os alunos eram questionados como estavam pensando sobre o conteúdo textual, (módulos 3 e 4, aula 5):

P: Essa reportagem tava na Folha de São Paulo no dia 21 de outubro de 1996 (Bicho Homem).

A: Faz tempo.

P: Faz tempo, mas é bem atual, né? Podemos continuar? Qual o tema dessa reportagem? A: Bicho homem.

P: É o título. E qual o tema? Qual o assunto? A: Homem preso na jaula?

A: Sobre o homem.

P: Sobre o homem, pessoas né? Seres humanos numa jaula. Num foi isso? A: Eu pensei que era...

P: Um lobisomem, né? Aí como a gente tá trabalhando essas lendas, o lobisomem tá muito mais perto. Presente na sua vida, mas não foi não. Esse bicho homem é a manchete, né? E qual é o tema? Qual é o assunto desse texto? Kelinton quer falar agora.

Qual o assunto do texto Kelinton? Por que os homens estavam numa jaula? As pessoas, os seres humanos.

A: Para uma experiência. P: Experiência de que? A: Comportamento. P: De quem?

A: Das pessoas. P: Com relação a que? A: Umas com as outras.

P: Não maltratar os animais. Que menino sabido. Exatamente, como é que a gente se sente no lugar do animal? Como é que as pessoas viam as outras pessoas no lugar dos animais? Como? Não era animal, não. Seres humanos.

A: Era pra soltar os seres humanos. P: E a gente solta os animais? A: Eu solto o meu.

A: O meu gato fica o dia todinho solto.

P: Mas aqui no zoológico, os animais ficam em jaulas. São animais selvagens que não estão no lugar deles, né isso? E como é que as pessoas tratam esses animais?

A: Mal.

P: Dá o que? Prego? A: É.

P: E no zoológico, como é que os humanos se comportam? A: Dá comida aos animais. (...)

P: O que é que Marília achou do texto? Qual o tema do texto, Marília? Vamos agora ver como reportagem. Vocês não viram a reportagem escrita. Quem olhou e perguntou, observaram uma ilustração. E aí os daqui da frente já foram dizendo. É jaula. Essa ilustração já antecipou um pouquinho do texto num antecipou?

A: Já.

P: Quando vocês viram, já ficaram pensando o que seria: Não perca, domingo exposição de primatas humanos.

A: Onde tia?(A Professora mostra a ilustração).

P: Como a gente já sabe que o tema... a proposta é a seguinte: todo mundo já compreendeu qual o tema dessa reportagem?

A: Já.

P: Qual o tema dessa reportagem? Fala de que? A: Do homem.

P: Não. Aqui é título, o tema. Qual é o assunto? Maltrato de quê? A: Dos animais.

Percebemos na condução da professora 2 que ela questionava os alunos a darem suas repostas de modo que tinham que refletir sobre o assunto abordado, identificando aspectos explícitos e implícitos no texto, desenvolvendo também opiniões.