• Nenhum resultado encontrado

A escola pode ser entendida como uma instituição que seleciona e usufrui de determinados conteúdos e conhecimentos de caráter social e histórico-cultural, objetivando não apenas transmiti-los, mas possibilitando possíveis transformações e recriações destes. Numa análise mais profunda, Faria (2004) ressalta que a atuação da escola não é isolada de fatores externos, recebendo influências políticas, científicas, religiosas, pedagógicas e econômicas e, ao mesmo tempo, também influenciando essas diversas dimensões.

Anteriormente à criação das escolas, o ensino era desenvolvido por meio da própria vivência e pela transmissão oral de pais para filhos, sendo apenas com os sofistas o surgimento dos primeiros relatos de uma atuação parecida a de um educador. Os sofistas atuaram no período Socrático como educadores pagos por membros da classe social dominante para ensinarem seus filhos algumas disciplinas específicas, como a matemática e a gramática, e também os conteúdos relacionados à atuação política e ao bom desenvolvimento da retórica, como a arte de falar e convencer com as palavras. Após este período, movimentos filosóficos despontaram com os ideais de Sócrates, Platão e Aristóteles, os quais deram início às reflexões pedagógicas e às discussões acerca de um processo educacional (NABÃO, 2011).

Observa-se que o processo educacional, desde esse período principiante no qual não era exclusivamente desenvolvido em instituições específicas como as escolas, se desenvolveu estreitamente vinculado à sociedade, sendo utilizado de acordo com as exigências e interesses desta, num contexto de segregação, a fim de controlar as possíveis transformações sociais favoráveis às classes subordinadas as quais a educação poderia possibilitar.

De forma a exemplificar o pensamento acima elaborado, algumas civilizações da antiguidade podem sem citadas. No Egito Antigo, considerado o berço de todas as civilizações por ter desenvolvido conhecimentos em áreas diversas, a educação objetivou explicitamente o desenvolvimento da sociedade, sendo restrita a poucos e com diferentes conteúdos, os quais eram definidos conforme a classe social. Em Esparta, uma Cidade- Estado permanentemente em guerras e buscas territoriais, a educação foi baseada num ideal

8

denominado de “Kaloskagathia”, o qual se fundamentava na excelência física e moral, objetivando a formação de capacitados guerreiros; enquanto em Atenas, a Cidade-Estado impulsionadora do conceito inicial de democracia, a educação era baseada nos ideais de “paideia”, idealizando o desenvolvimento de cidadãos capazes de atuar na política, como ilustrado pela tela de Rafael Sanzio, na Figura 11 (MANACORDA, 2004; GILES, 2006).

Figura 1 – Rafael Sanzio. A Escola de Atenas. 1510-11. Fonte: www.raphaelsanzio.org.

Nos momentos seguintes, o desenvolvimento das sociedades foi desdobrando- se e adquirindo características e conceitos cada vez mais próximos dos presentes na sua atual organização, perpetuando esta relação de interdependência entre a educação e a sociedade. Caminhando ao período da Idade Média, apenas os nobres tinham acesso à educação, sendo esta manipulada pela Igreja, instituição que, detendo poder sobre as demais, empenhou-se em manter sua posição de superioridade evitando possíveis questionamentos. Em período posterior, durante o Renascimento, a valorização e a procura pelo saber ganharam força, e a educação passou a ser vista em um grau de maior importância ao haver a conscientização da sua necessidade para o desenvolvimento de uma nova sociedade, a capitalista, porém os processos educativos ainda continuavam sendo diferenciados segundo os níveis das classes sociais. Com o Iluminismo, o qual exaltou

1 A tela de Rafael Sanzio ilustra a educação desenvolvida na cidade de Atenas, conforme discutido no

9

como necessária a busca pelo conhecimento, e com a substituição da maioria das sociedades absolutistas – que detinham o controle de todo o poder – por instituições republicanas, a educação finalmente passou a ser pensada como possibilidade de tornar-se um direito de todos. No século XX, as organizações sociais democráticas consolidaram-se na maioria absoluta dos países, o que contribuiu para que o Estado passasse a atuar de modo a possibilitar a criação e difusão de um ensino público que facilitasse o acesso popular à educação (LUZURIAGA, 2001).

Nesse contexto, o evento do Iluminismo e a Revolução Industrial contribuíram com novas formas de pensar e de viver socialmente, culminando não apenas no acesso da população aos processos educacionais, mas também induzindo o surgimento de instituições especificas para a educação, como a escola. Visualiza-se uma transformação na estrutura educacional vinculada a uma reestruturação familiar e das sociedades.

Recorrendo a Ariés (1981), anteriormente ao século XVII não existia a formação de uma consciência das particularidades exigidas pelo período da infância, e nem mesmo interesse pelas crianças, sendo estas compreendidas apenas como indivíduos em fase de transição, de aguardo pela idade adulta. Sem consideração relevante nem sequer atenção especial a essa etapa da vida, não havia instituições escolares, sendo os conhecimentos transmitidos pelas famílias através da observação e auxílio que as crianças dispendiam aos adultos em suas tarefas diárias.

Com contribuição dos estímulos proporcionados pela citada Revolução Industrial, uma nova organização social estruturou-se, fase esta visualizada na pintura de Pieter Bruegel, na Figura 22.

2

Neta tela, o período de transição da indiferenciação entre adultos e crianças e o início das particularidades infantis pode ser visualizado. Ao mesmo tempo no qual as crianças e os adultos são indiferenciados quanto aos trajes com crianças vestidas como “mini-adultos”, por outro lado grande diversidade de jogos e brincadeiras típicos do universo infantil são vivenciadas, dando início à construção de uma cultura típica do da infância como um período destinado ao brincar.

10

Figura 2 - Pieter Bruegel. Jogos e Brinquedos Infantis. 1560. Fonte: www.pieter-bruegel-the-elder.org

Segundo o mesmo autor, entre os séculos XVI e XVII foram se desenvolvendo os sentimentos de “paparicação” – o qual, iniciado pelas mulheres, estimulou nas pessoas um encanto com a ingenuidade e a graça das crianças - e de “disciplinamento” – uma preocupação em disciplinar e induzir os valores morais -, colaborando com o surgimento das escolas, instituições que se tornaram responsáveis pela instrução e ensinamentos das crianças, separando-as do mundo adulto até que se completasse o período de educação destas. Pode ser notado, por conseguinte, um vínculo entre a origem das instituições escolares e a importância e atenção destinadas às crianças e aos adolescentes e as suas particularidades.

Continuamente, a escola se desenvolveu unida aos dispositivos disciplinares, uma vez que a educação deixou de ser responsabilidade apenas familiar e transferiu-se também para o poder central, o Estado. Neste caso, entende-se a disciplina como um conceito criado por Foucault no qual está baseado o funcionamento de instituições modernas, como a escolar. A disciplina é percebida, portanto, como uma forma de se exercer o poder sobre outros de maneira a auxiliá-los na conquista de um domínio sobre si próprio, possibilitando também a organização de multidões de indivíduos e o controle de

11

grandes massas populacionais por uma instituição superior (KOHAN, 2003).

Adicionado a esses fatores, a Revolução Industrial consolidou o sistema capitalista, transformando essa nova faixa etária em mais um mercado consumidor específico, e alterou as antigas posições sociais estáticas, pré-determinadas e sem possibilidade de mudanças em classes sociais mutáveis onde a educação tornou-se uma ferramenta de auxílio para essa modificação, instigando o interesse num sistema educacional escolar.

Estabelecendo como foco o Brasil, neste período o país estava sendo colonizado pelos europeus, que se esforçavam não apenas para tomar posse do território, mas também em povoar a terra, converter religiosamente os habitantes locais e ainda organizar as formas de trabalho. Junto com os europeus vieram, nos anos de 1549, os jesuítas - missionários religiosos liderados por Padre Manoel de Nóbrega, incumbidos pelo Rei de Portugal, Dom João III, de organizar a socialização e a educação da população nativa. Para isso, Hilsdorf (2003) esclarece que os jesuítas atuaram em duas frentes - de um lado organizaram agrupamentos de indivíduos nativos com o ensino oral, e de outro inauguraram e expandiram, nos séculos XVII e XVIII, colégios educacionais para os meninos filhos dos europeus da classe dominante. Estes colégios eram oriundos de uma aliança baseada em interesses econômicos entre esses missionários e a Coroa Portuguesa.

Os estudiosos do tema, como o autor acima citado, concluem que os jesuítas foram os responsáveis pelo primeiro sistema educacional do Brasil. Porém, Aranha (2009) elucida que apesar do sistema educacional ter tido, finalmente, seu início, esse não foi um passo glorioso. Quando os missionários chegaram ao Brasil, a sociedade era agrária e elitista, e como o trabalho na agricultura não exigia qualificação, a educação era utilizada como forma de converter os índios ou para ocupar o tempo dos filhos dos colonos ricos, mantendo grande parte da população analfabeta.

Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, por Marquês de Pombal – Primeiro Ministro do então Rei de Portugal, Dom José I -, a Coroa Portuguesa passou a realizar diretamente a educação no território brasileiro, e a situação d a educação brasileira manteve-se na precariedade, com pouca qualidade, dificultando o acesso da população ao ensino, já que era ausente um planejamento educacional adequado. Com a posterior

12

Proclamação da Independência do Brasil, por Dom Pedro I, e com a Constituição do Império, este declarou a instrução e a educação popular um direito ao organizar a primeira legislação referente ao cenário educacional brasileiro. Porém, sem definir os responsáveis por arcarem com o encargo de disponibilizar tal educação, esta tinha sua existência escassa e, quando da abertura de novas escolas estas dispunham de uma educação sem grande qualificação para a maior parte da população (SAVIANI, 2002).

Durante período compreendido pelo Império e a Primeira República (1822- 1930), a educação brasileira foi desenvolvida em consonância com o contexto mundial, de acordo com os interesses das classes sociais dominantes. Enquanto que membros da alta sociedade deslocavam-se ao exterior para terem acesso a uma educação com alta qualidade, as classes baixas foram ingressando vagarosamente nas instituições escolares, as quais tiveram sua construção e disponibilização à população conforme necessário para que os interesses da elite fossem atendidos. Elucidando o fato, Jannuzzi (2006) cita como grande impulso contribuinte para o acesso à educação da classe baixa a necessidade de voto e de mão de obra destas pessoas, que eram essenciais para a classe dominante manter o sistema social, político e econômico vigente na época.

Com a difusão dessas instituições escolares, discussões sobre a criação de um sistema nacional de ensino passaram a permear o cenário político nacional. Conforme esclarecido por Saviani (2002), vários foram os fatores que contribuíram para a proliferação dessa ideia. Inicialmente, os próprios filhos da aristocracia ao irem ao exterior estudar voltaram trazendo para o Brasil os ideais democráticos que estavam em efervescência na Europa. Além disso, havia a necessidade de uma solução para os problemas sociais que dificultavam a implantação da modernização no país, adicionados ao questionamento das camadas média e baixa - que passaram a defender o acesso à educação - e a influência do liberalismo e do movimento da Escola Nova - que culminaram numa série de reformas no sistema educacional para democratizar o ensino brasileiro.

Contudo, apenas a partir da Segunda República, no período compreendido pela denominada Era Vargas (1930-1945), a educação adquiriu relevância nacional devido a sua necessidade para o alcance aos objetivos políticos do governo vigente, uma vez que o país mantinha-se com grande parte da população analfabeta e rural, como ilustrado pela Figura

13

33, em contrapartida a uma crescente urbanização e intenção de modernização.

Figura 3 - Candido Portinari. O Lavrador de Café. 1939. Fonte: masp.art.br

Com esse cenário conflituoso entre a realidade e as intenções do país, o governo de Getúlio Vargas assumiu as rédeas da questão num marco no cenário educacional brasileiro. Com a Primeira Constituição de Vargas, a educação definitivamente passou a ser considerada como fator de desenvolvimento social e industrial para o país, instigando o estabelecimento da maioria das bases do sistema educacional brasileiro existente até os dias atuais. Dentre as medidas e propostas estabelecidas por este documento, Aranha (2009) ressalta que estavam o planejamento nacional para a educação, o ensino primário

3A tela de Candido Portinari retrata um trabalhador rural, ilustrando o período vivenciado no cenário

brasileiro no qual os trabalhadores da zona rural iniciaram um processo de migração em direção às áreas urbanas devido à intensa busca por trabalhadores pelas novas indústrias instaladas no país. Industrialização e urbanização estas instigadas pelo governo brasileiro em prol da construção de um país com desenvolvimento semelhante aos países desenvolvidos europeus.

14

obrigatório e gratuito, a difusão de escolas públicas, a criação de fundos de auxílio para alunos necessitados, além do início da exigência de concurso para os cargos de magistério principiando uma atenção referente à qualificação dos profissionais da educação.

Seguindo os interesses políticos e socioeconômicos da época vigente, o sistema educacional brasileiro passou por 21 reformas desde o ano de 1759 – ano no qual os jesuítas foram expulsos e o governo português assumiu a atuação educacional no Brasil - até o ano de 1996 – quando foi promulgada a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -, reformas estas que alteraram a finalidade e a estrutura da educação, as características do ensino, a divisão e a duração dos ciclos escolares (MARCILIO, 2005).

Desdobrando esses acontecimentos de forma a esclarecer as ações que influenciaram e ainda refletem-se no atual cenário da educação brasileira, posteriormente ao período do governo de Vargas, foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), pela Lei n° 4.024 de 1961. Esta foi uma lei consideravelmente importante por abarcar todos os níveis de ensino, decretando o ensino primário como obrigatório e gratuito, e os ensinos do ginásio, colegial e superior como facultativos. A segunda LDB foi publicada em 1971 pela Lei n° 5.692. Sem muitas mudanças em relação à anterior, sua principal característica foi a unificação do ensino primário com o ginásio transformando-os em um primeiro grau obrigatório e gratuito, com a intenção de atender a demanda social que clamava por maior escolarização (SILVA; FERNANDAES, 2011).

Já em 1996 foi instituída a terceira e última, até o momento, LDB pela Lei n° 9.394, de 20 de dezembro (BRASIL, 1996), norteando o sistema educacional atual. A legislação em questão regulamentou a educação brasileira – a qual passou a ter por objetivo o desenvolvimento pleno do aluno, incluindo a cidadania e a preparação para o mercado de trabalho - e distinguiu a educação da educação escolar. Dessa forma, a educação passou a compreender todos os processos que auxiliam na formação humana em uma sociedade como a família, o trabalho, os movimentos sociais, entre outros; e a educação escolar ficou delimitada à educação desenvolvida especificamente em instituições especiais para esse fim – as escolas -, com os objetivos acima mencionados. Acrescentadas a essas definições, a lei acima anda:

15

quais passaram a ser constituídos pelo ensino básico (com a inclusão do ensino infantil abarcando as crianças de 0 a 5 anos), o ensino fundamental e o ensino médio;

 Iniciou propostas de educação escolar baseada em tempo integral de permanência do aluno na escola;

 Predisse a necessidade de haver um atendimento especializado e gratuito para os alunos com necessidades especiais preferencialmente nas escolas regulares;

 Proporcionou autonomia para que as próprias escolas estabelecessem algumas de suas organizações e padrões de funcionamento, como a criação de seu próprio projeto político pedagógico, com o governo determinando apenas um conteúdo básico e mínimo como obrigatório;  Propôs uma ampliação do conceito de educação a qual passou a ser

entendida além do ensino escolar, incorporando também as relações nos diversos ambientes sociais.

Acarretando elogios e críticas por diferentes segmentos da sociedade, aproximando essas definições da realidade atual, são notórias as contribuições trazidas por esta Lei, contudo ainda é nítida a falta de desenvolvimento da proposta na realidade da sociedade brasileira, o que pode ser comprovado quando analisado o fato de que, apesar da Lei relacionar a educação a outros setores de convivência social, na maioria das vezes as escolas não realizam essa aproximação do conteúdo escolar com as questões e vivências da cidadania e das realidades sociais, restringindo-se a cumprir e seguir os conteúdos teóricos dos materiais didáticos.

Relevante também é mencionar a questão trazida pela Lei sobre a educação especial, pois apesar de ter o intuito de contribuição para a inclusão escolar, deve-se esclarecer que apenas devido ao fato do aluno com alguma necessidade especial frequentar o ambiente da escola regular não denota a inclusão deste de fato, já que não há a garantia de estrutura e de funcionamento adequados, de conscientização e respeito dos demais alunos e funcionários sobre a pessoa em condição de deficiência, muito menos de uma boa qualidade de ensino.

16

Outras determinações desta Lei como valorização do professor e garantia de um padrão de qualidade no ensino ainda estão muito distantes da realidade sem medidas práticas destinadas à questão. Nota-se, por conseguinte, a ausência de ações efetivas para que cada item estipulado se consolide, porém a importância desses temas educacionais serem legalmente estabelecidos não deve ser negligenciada, sendo um passo relevante para o futuro desenvolvimento de projetos no cenário educacional.

Outro documento importante a ser trazido a essa discussão foi o proclamado pela Lei n° 10.172, decretada em 09 de janeiro de 2001, a qual instituiu o primeiro Plano Nacional da Educação (BRASIL, 2001b), orientando o cenário educacional brasileiro. Com validade para 10 anos, esse plano teve por objetivos a elevação do nível de escolarização da população, maior qualidade do ensino, a acessibilidade e a permanência do aluno na escola, e a redução das desigualdades quanto à escolarização. Neste documento, o governo federal definiu como obrigatório o acesso e permanência de todas as crianças entre 07 a 14 anos no ensino fundamental. Além disso, garantiu o acesso ao ensino fundamental às pessoas que não o tiveram na idade estipulada, por meio da educação de jovens e adultos (EJA), objetivou a ampliação do atendimento dos indivíduos no ensino infantil, médio e na educação superior, além de valorização dos professores.

Esse Plano foi estruturado, inicialmente, por profissionais da área da educação e estudantes, além de integrantes da sociedade que, com a conquista de atenção política exigiram a definição de uma Lei Nacional para a educação, pressionando, para isso, o governo do período vigente, presidido por Fernando Henrique Cardoso. A exigência foi acatada pelo governo, todavia, inúmeras mudanças foram sofridas nesta proposta inicial ao transformar-se no Plano Nacional de Educação aprovado. Uma das maiores críticas, segundo Valente e Romano (2002), está relacionada ao fato do Plano aprovado não estabelecer medidas e ações práticas a serem tomadas para desenvolver e aplicar cada item declarado, tornando-se um documento puramente teórico sem efetivação prática, conforme ocorreu também com a LDB publicada em 1996.

Já em momento seguinte, no ano de 2006, o governo brasileiro instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), por meio da Emenda Constitucional 53. Este órgão foi incumbido da responsabilidade de organizar a

17

distribuição de recursos financeiros para os diferentes segmentos educacionais, os quais foram renomeados como ensino infantil, fundamental, médio, educação de jovens e adultos e também educação especial. Além disso, neste mesmo ano foi criada a Lei n° 11.274, alterando a duração do ensino fundamental obrigatório de 8 para 9 anos ao incorporar as crianças com 06 anos de idade já completos, as quais anteriormente frequentavam nesse período a denominada pré-escola (BRASIL, 2009).

Dessa forma, se antes a infância era compreendida somente como um momento de transição e aguardo pela idade adulta, na sociedade contemporânea esses ideais foram integralmente transformados com o período infanto-juvenil amplamente considerado em suas particularidades por um sistema educacional intencionado de uma prática pedagógica adequada a esse período de desenvolvimento humano, conforme ilustração da Figura 4.4

Figura 4 – Lord Frederick Leighton. Estudo; na mesa de leitura. 1877. Fonte: www.frederic-leighton.org

Em contrapartida, por ser um país em desenvolvimento, lutando para combater profundas desigualdades entre sua população, percebe-se nitidamente a diferença ao acesso

4Na tela de Lord F. Leighton pode ser visualizado uma criança estudando representando o início da

construção de um sistema educacional destinado ao período da infância e juventude, em substituição aos séculos anteriores nos quais as crianças não possuíam local destinado à escolarização.