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CAMPINAS/SP 281 APÊNDICE B PLANO BÁSICO DE TELEVISÃO DIGITAL PBTVD MODIFICADO COM A

4. REGULAÇÃO DA RADIODIFUSÃO

4.2.2 Entidades que Regulam a Radiodifusão no Brasil

A regulação é uma atividade que por muitas vezes é executada por mais de uma entidade para um mesmo setor econômico. No caso da radiodifusão brasileira, há uma vasta abrangência jurídica sobre o tema e ao longo do tempo foram sendo criados órgão com atribuições na regulação. Desta forma, atualmente, têm competências regulatórias na radiodifusão: Presidência da República; Congresso Nacional; Agência Nacional de

Telecomunicações; Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Ministério da Justiça; Conselho Administrativo de Defesa Econômica; e Justiça Eleitoral.

4.2.2.1 Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel

Compete à Anatel, entre outras atribuições, adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, de forma independente, imparcial e respeitando os princípios de legalidade, impessoalidade e publicidade. Para isso, a Agência deve expedir normas para regulamentação dos serviços de telecomunicações; propor sugestões ao Poder Executivo para os Planos de Outorgas e de Metas de Universalização; expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços; expedir e reconhecer a certificação de produtos; deliberar na esfera administrativa quanto à interpretação da legislação de telecomunicações; dirimir administrativamente conflitos de interesses entre prestadoras de serviço de telecomunicações; reprimir infrações dos direitos dos usuários; celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço em regime público; e controlar, acompanhar e revisar as tarifas dos serviços prestados no regime público [28].

A Anatel tem atribuição para a regulação da radiodifusão, dadas pela LGT, sendo responsável direta pela gestão do espectro eletromagnético, inclusive pela canalização e gestão dos planos básicos; pela homologação de equipamentos; pela fiscalização técnica dos serviços; e pela arrecadação das Taxas de Fiscalização de Instalação - TFI, Taxa de Fiscalização de Funcionamento - TFF e Taxa de Fomento da Radiodifusão Pública - TFRP [28]. O Regulamento da Agência Nacional de Telecomunicações adiciona a atribuição de licenciar as estações de radiodifusão [127], porém, por ser definida no CBT, esta atribuição ficou com o Ministério das Comunicações. Outro assunto controverso é o de poder normativo sobre os serviços de radiodifusão. Na criação da Agência, todas as normas técnicas dos serviços de radiodifusão foram revogadas pelo Ministério das Comunicações e republicadas como Resoluções da Agência. Com a Televisão Digital, o Ministério emitiu a Norma 10/2010 [134], e posteriormente a Portaria MC n° 925/2014 [135], regulamentando o serviço e novamente abrindo a discussão sobre esta competência.

Atualmente a Anatel também fiscaliza os aspectos não-técnicos da radiodifusão, tais como localização dos estúdios, disponibilidade de equipamento de gravação do conteúdo,

meio de recepção dos sinais para as estações de RTV e RpTV, e a existência de responsável técnico pela entidade, por meio do Convênio MC-Anatel/2011 [136], porém apenas notifica as entidades, cabendo ao MCTIC a sanção das irregularidades. Os procedimentos de pós-outorga, tais como licenciamento das estações, alteração de local de instalação das estações, alteração de frequência ou canal de operação, alteração de características técnicas, mudança de transmissor e/ou sistema irradiante, alteração do local do estúdio, enquadramento em novas características de plano básico, aumento de potência, e mudança de classe das estações de radiodifusão também foram repassadas do MCTIC para a Anatel por meio do Acordo de Cooperação Técnica n° 2/2012, permanecendo no MCTIC a aprovação de local e equipamentos (APL) de todos os serviços e todas as etapas do Serviço de Radiodifusão Comunitária [137].

4.2.2.2 Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - MCTIC

O MCTIC é um órgão da administração federal direta, criado em 2016 com a Medida Provisória nº 726, convertida na Lei nº 13.341/2016. A lei extinguiu o Ministério das Comunicações - MC e transformou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, expandindo o leque de contribuições do órgão na entrega de serviços públicos relevantes para o desenvolvimento do país. A área de competência do MCTIC está estabelecida pelo Decreto nº 8.877/2016 e o Ministério tem como competências os seguintes assuntos: política nacional de telecomunicações, política nacional de radiodifusão, serviços postais, telecomunicações e radiodifusão, políticas nacionais de pesquisa científica e tecnológica e de incentivo à inovação, planejamento, coordenação, supervisão e controle das atividades de ciência, tecnologia e inovação, política de desenvolvimento de informática e automação, política nacional de biossegurança, política espacial, política nuclear, controle da exportação de bens e serviços sensíveis, e articulação com os Governos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com a sociedade civil e com órgãos do Governo federal para estabelecimento de diretrizes para as políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação.

Quanto à radiodifusão, as atribuições do MCTIC, dadas pelo CBT, abrangem a outorga dos serviços, a exceção da outorga do Serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens que é atribuição da Presidência da República; a aprovação de local e equipamentos; o licenciamento

inicial das estações; a fiscalização de aspectos não-técnicos, do conteúdo e jurídicos; aplicação de sanções e controle societário das entidades [124].

Dentro do Estado Regulador cabem aos ministérios a definição das Políticas Públicas para os setores, desta forma o MCTIC tem essa atribuição tanto para a radiodifusão, quanto para as telecomunicações. Todas as agências reguladoras no Brasil estão vinculadas à algum ministério, porém sem serem subordinadas a este. Não há hierarquia entre o MCTIC e a ANATEL.

4.2.2.3 Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE

O CADE é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça e tem como missão zelar pela livre concorrência no mercado, sendo a entidade responsável, no âmbito do Poder Executivo, não só por investigar e decidir, em última instância, sobre a matéria concorrencial, como também fomentar e disseminar a cultura da livre concorrência. As atribuições do Cade são definidas pela Lei nº 12.529/2011, e complementadas pelo Regimento Interno do Cade - RiCade, aprovado pela Resolução n° 1/2012, e alterações posteriores. A autarquia exerce três funções: preventiva: analisar e posteriormente decidir sobre as fusões, aquisições de controle, incorporações e outros atos de concentração econômica entre grandes empresas que possam colocar em risco a livre concorrência; repressiva: investigar, em todo o território nacional, e posteriormente julgar cartéis e outras condutas nocivas à livre concorrência; e educativa: instruir o público em geral sobre as diversas condutas que possam prejudicar a livre concorrência, incentivar e estimular estudos e pesquisas acadêmicas sobre o tema, firmando parcerias com universidades, institutos de pesquisa, associações e órgãos do governo; realizar ou apoiar cursos, palestras, seminários e eventos relacionados ao assunto e editar publicações, como a Revista de Direito da Concorrência e cartilhas.

Recentemente o Cade aprovou sem restrições a venda da Abril Radiodifusão para o Grupo Spring. A transação inclui uma concessão em TV aberta, na qual a Abril mantinha a MTV e transmite hoje a TV Ideal (canal 32 em São Paulo/SP). O canal ocupa a frequência desde que a Abril decidiu devolver a marca MTV a sua proprietária Viacom.

Também foi analisada a criação da Simba Content que congrega as emissoras de TV Record, SBT e Rede TV. Um dos pontos da operação será a criação e fomento à novos conteúdos audiovisuais. A joint-venture foi criada sob determinadas condições impostas pelo

Cade, como a obrigação de reverter parte de suas receitas na criação de novos conteúdos de TV paga, a apresentação de um plano de negócios de investimentos e as condições dos contratos celebrados.

4.2.2.4 Secretaria Nacional de Justiça - SNJ

A SNJ é uma das secretarias que fazem parte do Ministério da Justiça e possui vasta área de atuação. Sua missão visa promover e construir direitos e políticas de justiça voltadas à garantia e ao desenvolvimento dos direitos humanos e da cidadania, por meio de ações conjuntas do poder público e da sociedade. Uma de suas competências é a atribuição da classificação indicativa (indicação à família sobre a faixa etária para a qual o conteúdo não é recomendado) às obras audiovisuais da televisão, mercado de cinema e vídeo, e jogos eletrônicos.

Essa competência decorre de previsão constitucional regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e disciplinada por Portarias do Ministério da Justiça. A classificação indicativa se encontra consolidada como Política Pública de Estado e seus símbolos são reconhecidos pela maioria das famílias e estas os utilizam para escolher a programação televisiva, os filmes e os jogos que suas crianças e adolescentes devem ou não ter acesso.

A radiodifusão é afetada pela classificação indicativa principalmente pela relação entre as categorias de classificação e faixas horárias de exibição, conforme determinado pela Portaria MJ nº 1.220/2007:

Livre e 10 anos: exibição em qualquer horário; 12 anos: inadequada para exibição antes das 20:00; 14 anos: inadequada para exibição antes das 21:00; 16 anos: inadequada para exibição antes das 22:00; 18 anos: inadequada para exibição antes das 23:00.

4.2.2.5 Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual - OCA

Apesar de não ter nenhuma atribuição regulatória em relação à radiodifusão, faz parte da Agência Nacional do Cinema o OCA, com o objetivo da difusão de dados e informações qualificadas produzidas pela Agência. Desta forma, sua atuação encontra-se em consonância com o objetivo estratégico da ANCINE de “aprimorar a geração e disseminação de conhecimento do Setor”.

São emitidos relatórios da televisão aberta brasileira, tais como o “TV Aberta no Brasil: aspectos econômicos e estruturais” e o “Informe Anual TV Aberta”, desde 2007, que apresentam o resultado do monitoramento da programação de redes de televisão nacionais, emissoras cuja programação chega a vários estados do Brasil. Os dados compilados referem-se majoritariamente a conteúdos programados para serem veiculados em São Paulo/SP, onde está sediada a maior parte das emissoras “cabeças-de-rede” do país.

4.2.2.6 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT

A ABNT é o Foro Nacional de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por meio de diversos instrumentos legais. Entidade privada e sem fins lucrativos, a ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT NBR), elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE).

As normas técnicas da ABNT não são normas jurídicas ou legais e, desta forma, não possuem poder vinculante, sendo que cabe, exclusivamente, interpretação e aplicação técnica pelos técnicos qualificados, enquanto que a norma legal vincula a todos os administrados. Porém, diversos órgãos de fiscalização aceitam as publicações da ABNT como referência para suas autuações, tal como a Portaria MC n.º 925/2014, estabelece na seção II, art. 3º, que os sinais emitidos pelas estações de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de televisão devem estar de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, referentes ao padrão do SBTVD-T adotado no Brasil [135].

4.2.2.7 Justiça Eleitoral

A Justiça Eleitoral brasileira é um ramo especializado do Poder Judiciário, com atuação em três esferas: jurisdicional, em que se destaca a competência para julgar questões eleitorais; administrativa, na qual é responsável pela organização e realização de eleições, referendos e plebiscitos; e regulamentar, em que elabora normas referentes ao processo eleitoral.

A radiodifusão é utilizada político-partidariamente e pelo processo eleitoral pois é o meio de divulgação dos partidos políticos e candidatos, por obrigações impostas pelo CBT, nos 90 dias anteriores às eleições gerais do País ou da circunscrição eleitoral, onde tiverem sede, reservando diariamente 2 horas à propaganda partidária gratuita, sendo uma delas durante o dia e outra entre 20 e 23 horas e destinadas, sob critério de rigorosa rotatividade, aos diferentes partidos e com proporcionalidade no tempo de acordo com as respectivas legendas no Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Além das divulgações diárias obrigatórias, de no máximo 30 minutos, da própria Justiça Eleitoral a partir de 60 dias antes das eleições.

A Justiça Eleitoral deve receber denúncias e julgar as infrações nas propagandas eleitoral, política e partidária regulamentadas pela legislação, coibindo e sancionando a propaganda eleitoral antecipada. Cabe ressaltar que a Justiça Eleitoral não tem iniciativa para abrir investigação, necessitando, portanto, ser acionada para julgar práticas suspeitas de irregularidades. De acordo com o artigo 36-A da Lei nº 9.504/1997, não configuram propaganda eleitoral antecipada a menção a uma pretensa candidatura e a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos, desde que não haja pedido explícito de voto. É permitida a participação de filiados a partidos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos. As emissoras de rádio e TV devem dar tratamento isonômico aos pré-candidatos.