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CAMPINAS/SP 281 APÊNDICE B PLANO BÁSICO DE TELEVISÃO DIGITAL PBTVD MODIFICADO COM A

2. CONTEÚDO AUDIOVISUAL, PLATAFORMAS DE DISTRIBUIÇÃO E OS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES

2.4.2 Relevância da Televisão Terrestre

Com o passar do tempo, a televisão passou por uma transformação. Hoje o conteúdo audiovisual abrange todo tipo de plataforma de distribuição e seu consumo foi transposto de um lugar para um momento. Aquele único televisor, posicionado na sala da casa, foi estendido e já se pode assistir qualquer conteúdo, em qualquer local e a qualquer horário [46]. Entretanto, ainda há um consumo expressivo da TV terrestre, conforme será apresentado a seguir.

Dentre as plataformas de distribuição ainda há de se considerar a relevância da televisão. Principalmente por ainda ser o televisor o dispositivo de comunicação mais presente nos domicílios brasileiros (97%), sendo o telefone celular o segundo colocado com 93% [47]. A Figura 2-15 apresenta o percentual de domicílios que possuem cada dispositivo de comunicação, extraída de [47].

No Brasil, do total de 67 milhões de domicílios existentes no país, 97,1% tinham pelo menos um televisor em 2014, sendo que 80,3% têm acesso a recepção de TV terrestre, digital ou analógica [48]. Os 16,8% dos domicílios que não são cobertos pela TV terrestre podem ser atendidos pela TV via satélite, que atinge todo território nacional e é utilizada por 38,4% dos telespectadores [17].

A pesquisa TV and Media 2017 da Ericsson ConsumerLab [49], realizada em 13 países (Alemanha, Brasil, Canada, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Índia, Itália, Reino Unido, Rússia, Suécia e Taiwan), mostra que a televisão linear tem perdido a atenção do telespectador, porém ainda ganha em relação ao vídeo por demanda. Em 2017, 58% do tempo de consumo de conteúdos audiovisuais foi na televisão linear, contra 42% para os vídeos por demanda. A previsão para os próximos anos é de um equilíbrio nestes percentuais. A Figura 2-16 apresenta a divisão do consumo de televisão linear e de vídeos por demanda desde 2010, extraída de [49].

Figura 2-16 - Divisão do Consumo de Televisão Linear e Vídeo por Demanda

Curiosamente, os telespectadores de ambas modalidades, televisão linear e vídeo por demanda, gastam um tempo similar procurando o que assistir, porém os usuários da televisão linear passam um tempo maior consumindo o conteúdo selecionado que no vídeo por demanda [49]. E isso ocorre tanto para os telespectadores jovens, de 16 a 34 anos, quanto para os adultos, maiores de 35 anos. A Figura 2-17 apresenta estes resultados, extraída de [49].

Figura 2-17 - Tempo de Procura e Tempo de Consumo

Um ponto muito relevante que afetará significativamente o consumo de vídeo pela internet é a discussão sobre o fim da neutralidade da rede, que, de acordo com a Lei nº 12.965/2014 - Marco Civil da Internet, é definida como: “O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação” [50]. Nas discussões quanto à elaboração do Marco Civil da Internet o assunto foi amplamente debatido, permanecendo na legislação brasileira a neutralidade da rede. Nos EUA, a agência reguladora das telecomunicações (FCC) anunciou que revogou regulamentos que garantem acesso igual à internet [51], permitindo que os provedores de acesso de alta velocidade bloqueassem ou reduzissem a velocidade de acesso a sites ou cobrassem um adicional de seus assinantes por streaming e outros serviços. A falta da neutralidade da rede pode provocar um aumento do custo no consumo de vídeos por demanda, alterando a divisão de consumo entre estes e a TV linear.

Em relação aos hábitos de assistir TV no Brasil, o consumo médio diário da televisão nos dias de semana foi de 3 horas e 21 minutos [52]. Aos fins de semana, o tempo médio de consumo do veículo foi maior do que o registrado de segunda a sexta-feira: 3 horas e 39 minutos [52]. 77% disseram que assistem televisão nos sete dias da semana [52].

A audiência da televisão não é necessariamente uma atividade exclusiva. Assim, concomitante ao uso da TV, 35% disseram que comem alguma coisa quando estão assistindo a esse meio de comunicação e 28% afirmaram que usam o celular [52]. Quase um quarto (24%) assinalou que conversa com outra pessoa enquanto assiste a TV; 19% responderam que fazem alguma atividade doméstica; 17% disseram usar a internet; e 16% afirmaram trocar mensagens

instantâneas [52]. 26% revelaram não fazer duas atividades ao mesmo tempo quando estão ligados na TV [52].

Uma pesquisa da Kantar IBOPE Media MW mostra que no primeiro semestre de 2016, o percentual de televisores ligados nos domicílios foi superior ao do mesmo período nos anos anteriores, com o pico entre 20h e 22h [53], como indica a Figura 2-18, extraída de [53].

Figura 2-18 - Evolução do Percentual de Televisores Ligados

Dentre as possibilidades de consumir conteúdo audiovisual por meio do televisor, verificamos que o percentual o uso da plataforma televisão têm aumentado [54]. A Figura 2-19 mostra que de 2014 a 2017 a utilização da plataforma televisão (terrestre, via satélite, cabo ou por assinatura) aumentou quase 5%.

Figura 2-19 - Percentual de Televisores Ligados Consumindo Televisão

Como é apresentado na Figura 2-19, 46,17% dos televisores ligados em 2017 estavam consumindo televisão. Para determinarmos o percentual de consumo de TV aberta é

41,2 42,7 45,78 46,17 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2014 2015 2016 2017

Consumo de TV (%)

necessário observarmos os dados da Figura 2-20, extraída de [55], que apresenta a audiência dos quatro maiores canais de televisão aberta no Brasil: Rede Globo (Glo), Record TV (Rec), Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e Rede Bandeirantes (Band), em conjunto com o somatório de todos os demais canais abertos e fechados (OCN) [55].

Figura 2-20 - Audiência da Televisão

Em 2017, a Globo detinha 17,1% dos televisores ligados, enquanto que Record, SBT e Band tinham 6,9, 6,3 e 1,9%, respectivamente [55]. O somatório dos demais canais abertos e de todos os canais fechados representa 11,7% dos televisores ligados entre as 7:00 e as 0:00 [55]. Observamos que somente a audiência do primeiro canal aberto já ultrapassa a somatória de todos os canais fechados. Podemos analisar pelos dados da Figura 2-20 que há uma concentração em relação a audiência, mas isto não diminui a relevância da plataforma.

Compilando todos os dados, temos que dos 65 milhões de domicílios com televisor no Brasil [48], 7,15 milhões (11%) tem acesso à vídeo por demanda [26], 18,64 milhões (28,6%) tem acesso à TV por assinatura [21], 25 milhões (38,4%) tem acesso à TV aberta via satélite [17], porém 52,2 milhões (80,3%) tem acesso à TV terrestre [48]. Evidentemente há sobreposição destas plataformas em diversos domicílios, ainda mais se considerarmos que a cobertura da TV via satélite (bandas C, Ku e DTH) é de 100% dos domicílios, mas concluímos que a TV por radiodifusão ainda permanece como a plataforma de maior consumo no Brasil. Também observamos que o consumo da televisão tem aumentado, porém em um ritmo inferior ao aumento do consumo dos vídeos por demanda.

A Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 [52] revelou que 63% dos 15.050 entrevistados responderam TV a pergunta: “Em que meio de comunicação o(a) sr(a) se informa mais sobre o que acontece no Brasil? E em segundo lugar?”. Somando-se a primeira e segunda menção, a TV atinge 89%, demostrando que perante os telespectadores, a TV ainda tem credibilidade. A Figura 2-21 apresenta o resultado desta pesquisa, extraída de [52].

Figura 2-21 - Resposta sobre a Fonte de Informação

Por fim, se analisarmos a fonte de recursos da TV aberta, que é a publicidade, observamos que em 2016, 55,1% dos R$130 bilhões destinados à publicidade no Brasil foram gastos na TV aberta [56]. O somatório da TV aberta, TV por assinatura e merchandising TV atinge 70%, demostrando que para os anunciantes a plataforma televisão ainda tem impacto em seus negócios. A Figura 2-22 mostra a quantidade de anunciantes em cada mídia analisada, extraída de [56].

A televisão, enquanto plataforma de distribuição de conteúdo audiovisual mais utilizada, assume um lugar muito relevante no cotidiano da sociedade [3]. Tendo em vista as tecnologias de informação e comunicação aplicadas à televisão, essa solidificou-se cada vez mais como um veículo de informação e conhecimento, assumindo papéis educativos, publicitários, ideológicos e de entretenimento [3]. Pode-se fazer uma leitura do mundo contemporâneo por meio do que é exibido pela televisão por saber-se que em grande parte das vezes os telespectadores aceitam passivamente o que é apresentado, limitando suas ações, enquanto protagonista da própria história de vida [3]. A televisão tem uma função muito importante como mídia de comunicação e informação, entretanto é necessário refletir e ressignificar seu papel social, para que efetivamente passe a ser usada como ferramenta de educação, cultura, informação, entretenimento e mobilização social [3].