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CAPÍTULO 4 ANÁLIS E DAS ENTREVIS TAS

4.1.2 Entraves no desenvolvimento do APL

Os cursos oferecidos pelo Senai, que tem como foco maior a mão-de-obra para as empresas, não têm nenhuma espécie de parceria como o corre no caso do NAD. Eles são custeados pelas próprias pessoas, girando em torno de 95 % e somente 5% são pessoas que fazem o os cursos financiados pelas empresas. O problema que para muitos, os cursos são caros, devido ao poder aquisitivo da região e muitas vezes são pessoas desempregadas que procuram o Senai pelos cursos, não tendo condições de o fazer. A duração do curso “tem em média três meses, ele é caro, ele é um curso caro ainda, caro no sentindo se a gente considerar o poder aquisitivo da região, são três parcelas de R$85,00” (Representante do Senai).

Sendo que, a falta de capacitação da mão-de-obra para as empresas é um dos principais problemas existentes para o desenvolvimento do PM I, pois a quantidade de empresas estruturadas com funcionários capacitados, produzindo produtos de alta qualidade ainda é pequena quando comparada com o universo do APL, sendo que a resistência por parte dos donos das confecções é expressiva.

Nessa questão de capacitação, um fator muito importante observado pelo representante do Senai é o nível de educação das pessoas que fazem o curso. Pessoas, por exemplo, que têm o correspondente ao ensino médio apresentam uma grande dificuldade de compreender e acompanhar as aulas, sendo necessário uma espécie de nivelamento. Essa questão mostra um problema não só regional e sim nacional que é a qualidade da educação do país, a qual é a base para qualquer forma de desenvolvimento tanto local quanto nacional. Nessa questão, o principal ator para modificar essa estrutura é o poder público na figura do Governo Federal, Estadual e M unicipal, junto com a sociedade, que precisa cada vez mais pressionar as autoridades para que haja realmente alguma mudança neste contexto.

“M as é, estamos aqui vivendo em período complicado, nós acabamos de aplicar uma avaliação para um programa de nível técnico, onde as pessoas estariam ou cursando a 2ª série do ensino médio ou com o ensino médio concluído e foi uma catástrofe. (...) Espera-se que um período de três meses essas pessoas tenham condições de ler e interpretar com facilidade para estar solucionando as situações, problemas que vão ser apresentadas durante o desenvolvimento do curso. (...) é difícil ou praticamente impossível você corrigir determinada lacunas, que ficaram na formação geral. Então a escolaridade para nós, ela tem sido assim, uma baixa escolaridade, é um elemento que dificulta. Se o poder público conseguisse dar conta dessa questão, olha, a gente já teria assim, muita coisa encaminhada, mas olha e facilitaria muito, (...) a gente poderia avançar mais, agilizar muito mais, porque em todos os programas, com exceção e praticamente em todos os programas, nós somos obrigados a fazer uma espécie de nivelamento” (Representante do Senai). M ais uma vez é apontada a questão de atuação do CDM de buscar promover questões mais ambiciosas ao invés de trabalhar no sentido de uma capacitação mais abrangente dos empregados e empresários, pois simplesmente existe um grande número de confecções que não têm conhecimento e a disponibilidade de uma infra-estrutura, como por exemplo, um computador.

“Só que um cuidado que deve se ter é com relação ao foco, com a importância que se dá ao usuário que isto está sendo desenvolvido, porque é claro que a gente tem que ter o foco sempre para o cliente e tentar aprimorar o APL, mas eu não sei até que ponto o empresariado tem o mínimo de capacitação suficiente para entender que aquilo é importante no médio prazo para ele, que muitos são imediatistas e então preocupados somente com o seu aspecto na minha, e na minha concepção a universidade tem que ter preocupação de gerar renda sim, mais distribuir renda, eu tenho que estar atuando, assim como eu posso apoiar uma empresa informal para que ela possa se estruturar e de repente tem a possibilidade dela vir para a formalidade. Eu não posso desenvolver ações com um grupo fechado de pessoas de empresas, fazer com que eles melhorem atividades em detrimento do restante e a universidade ela tem essa preocupação de estar modernizando, de estar socializando as suas ações. (...) Baixa em todos em sentidos é a capacitação empresarial, é capacitação em produção, é trabalhar com capacitação de informática, porque no primeiro nível vê precisa dar para o cara para ele aprender a usar o word, passar o e-mail, fazer pesquisa na Internet, usar a planilha do Excel para recursos de caixa, começar a pensar a desenvolver um sistema mínimo de custo básico, mais muito básico mesmo (...)” (Representante da UERJ).

Uma outra característica do PM I que precisa ser observada é a existência de segmentos bem heterogêneos. Como já descrito há empresas informais, com poucos funcionários e baixa capacitação tanto dos empresários, quanto dos empregados com uma fabricação de produtos de qualidades inferiores. Ao mesmo tempo há segmentos já estruturados com empresas com 100 funcionários, com produtos de alta qualidade diferenciados, uma infra-

estrutura tecnológica de alto padrão, gestores com nível superior, entre outros. Neste contexto, os programas direcionados para o desenvolvimento do PM I não abrangem essas discrepâncias. Ao invés de ter uma atuação mais de base para tentar harmonizar essas diferenças, alguns programas acabam atuando nos segmentos mais favorecidos, como a capacitação para a criação de consórcios de exportação, beneficiando pequenos grupos e não resolvendo o problema maior do APL.27

“(...) algumas outras empresas estão fora desse processo, já estão preocupados com o padrão de qualidade, com canais de distribuição diferenciados (...), eles estão preocupados com aplicação de design e seus produtos, e aí é outra realidade, na verdade o centro de confecção ele é muito heterogêneo, você vê um cara informal tem duas máquinas, até o cara que tem 120 funcionários, uma estrutura está exportando, uma variação muito grande, o nível de capacitação empresarial e tecnológica é variado. E aí começou uma série de projetos com o Sebrae nacional. Começam desenvolver agora também em 2000-2001, um projeto de promoção de consórcios de exportação para poder alavancar, isso é atender uma política macroeconômica, mas só que o problema que muitas empresas não tem nível de capacitação tecnológica necessária para desenvolver produtos, para atender mercados maduros lá fora, você tem grupos de empresas com uma disparidade muito grande, (...)” (Representante da UERJ).

É porque você pega a cadeia de valor, ai você começa essa é a minha concepção, você pega a cadeia de valor ao invés de você capacitar, a parte de profissão, a parte de recursos humanos, na capacidade de projetos das empresas, o Furtado, o Celso Furtado tem um conceito muito legal sobre capacidade tecnológica, e quando você pega a cadeia valor, em vez de você trabalhar primeiro a capacitação para criar condições dos empresários desenvolverem um produto de qualidade, eles põe logo para exportação, o que aponta você está apresentando os problemas para ele, quanto mais vende, quanto mais você tenta domínio de mercado, mas você está mostrando suas deficiências, na minha concepção é um erro gritante. Tem muito trabalho de base para ser feito (...), as empresas têm um nível educacional baixo, (...)”(Representante da UERJ).