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Entre a Lei e a Resolução, deve-se cumprir a Lei.

No documento SIMPLES NACIONAL INSTRUTORA CLAUDIA ROVERI (páginas 54-58)

Além das regras já previstas na LC 123/06, a Resolução 94/2011 determina o seguinte:

O contribuinte que contar com isenção ou redução de ISSQN devido à legislação municipal ou distrital deverá informar a alíquota aplicável, bem como a legislação que concedeu o benefício.

No caso da ME ou EPP ser substituto tributário, ele deverá segregar as receitas próprias decorrentes de revenda de mercadorias ou industrialização de produtos, daquelas decorrentes da substituição tributária.

Os tributos sujeitos à substituição tributária devem ser recolhidos diretamente ao ente tributante pela ME ou EPP que se encontre na condição de substituto tributário.

5.3 – ISS fixo e sua (im)possibilidade no Simples Nacional

O ISSQN recolhido de forma fixa é um regime diferenciado previsto no art. 9º, § 3º do DL 406/68 e que de acordo com o STJ25 ainda continua em vigor.

Por outro lado, a LC 123/2006 afasta categoricamente todo e qualquer tratamento diferenciado para os contribuintes que aderirem ao Simples Nacional.

Desta maneira, caso uma sociedade uniprofissional faça sua adesão ao Simples Nacional, ela perde automaticamente o tratamento diferenciado para recolhimento do ISSQN, DEVENDO RECOLHER O IMPOSTO PELA RECEITA, CONFORME A

SISTEMÁTICA DO SIMPLES NACIONAL.

25 (AgRg no AgRg no AgRg no REsp 1013002/RS, Rel.Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 18/03/2009).

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A exceção fica por conta dos escritórios contábeis, que estão autorizados a recolher o ISSQN pelo regime fixo, desde que autorizados pela lei municipal.

Portanto, esse regime diferenciado aplicável aos escritórios contábeis é uma

liberalidade dos municípios, que podem dentro da sua competência, excluir os escritórios contábeis que não se enquadrem como sociedades uniprofissionais.

Entretanto, ainda de acordo com jurisprudência pacificada do STJ, somente as sociedades sem caráter empresarial podem se beneficiar desta forma diferenciada de recolhimento, como pode ser visto no julgado abaixo:

TRIBUTÁRIO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. INSTRUMENTALIDADE RECURSAL. SOCIEDADE UNIPROFISSIONAL DE ADVOGADOS. ISS. RECOLHIMENTO COM BASE EM VALOR FIXO ANUAL. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DIFERENCIADO PREVISTO NO ART. 9º, §§ 1º E 3º, DO DECRETO-LEI N. 406/68. REQUISITOS PARA O BENEFÍCIO LEGAL VERIFICADOS NA CORTE DE ORIGEM E. SÚMULA 7/STJ. 1. (...) 2. A jurisprudência das duas Turmas que compõem a Primeira Seção é uniforme no sentido de que o benefício da alíquota fixa do ISS somente é devido às sociedades unipessoais integradas por profissionais que atuam com responsabilidade pessoal, não alcançando as sociedades empresariais, como as sociedades por quotas cuja responsabilidade é limitada ao capital social. 3. É, portanto, necessário, para o deferimento das benesses do dispositivo em questão, o atendimento de requisitos específicos. 4. O Tribunal de origem entendeu que o recorrido não preenche tais requisitos. Incidência da Súmula 7/STJ. 5. Quanto à interposição pela alínea c, este Tribunal tem entendimento no sentido de que a incidência da Súmula 7 desta Corte impede o exame de dissídio jurisprudencial, uma vez que falta identidade entre os paradigmas apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do caso, com base na qual a Corte de origem deu solução à causa. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, e improvido. (STJ - EDcl no AREsp: 425635 PE 2013/0364483-5, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 10/12/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/12/2013).

Em resumo temos a seguinte situação para a tributação fixa das sociedades uniprofissionais que aderirem ao Simples Nacional:

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 A regra geral vigente hoje é a perda automática do tratamento diferenciado para recolhimento do ISSQN, DEVENDO RECOLHER O IMPOSTO PELA

RECEITA, CONFORME A SISTEMÁTICA DO SIMPLES NACIONAL.

 Para os escritórios contábeis, esse regime diferenciado foi facultado, desde

que previsto na legislação municipal.

 De acordo com a jurisprudência pacificada do STJ, caso esses escritórios contábeis se caracterizem como sociedades empresárias perdem automaticamente o direito ao regime diferenciado.

6. Parcelamento (art. 21, §§ 15 a 24 da LC 123/06).

As regras previstas para o parcelamento e para o reparcelamento na LC 123/06 são as seguintes:

01) O CGSN é o órgão competente para fixar critérios, condições para rescisão, prazos, valores mínimos de amortização e demais procedimentos para parcelamento dos recolhimentos em atraso dos débitos tributários apurados no Simples Nacional (art. 21, § 15 da LC 123/06).

02) O parcelamento pode ser feito em até 60 (sessenta) meses, obedecidas as normas estipuladas pelo CGSN (art. 21, § 16 da LC 123/06).

03) Às parcelas será acrescentada a SELIC acumulada mensalmente, calculada a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado (art. 21, § 17 da LC 123/06).

04) A lei tambem permite o reparcelamento de débitos consolidados em um parcelamento ou de parcelamento rescindido, podendo ser incluídos novos débitos, conforme as regras do CGSN (art. 21, § 18 da LC 123/06).

05) O pedido de parcelamento deferido importa confissão irretratável do débito e configura confissão extrajudicial (art. 21, § 20 da LC 123/06).

06) Serão aplicadas na consolidação as reduções das multas de lançamento de ofício previstas na legislação federal, conforme regulamentação do CGSN (art. 21, § 21 da LC 123/06).

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07) O repasse para os entes federados dos valores pagos e da amortização dos débitos parcelados será efetuado proporcionalmente ao valor de cada tributo na composição da dívida consolidada (art. 22, § 22 da LC 123/06).

08) No caso de parcelamento de débito inscrito em dívida ativa, o devedor pagará custas, emolumentos e demais encargos legais (art. 22, § 23 da LC 123/06).

09) Implicará imediata rescisão do parcelamento e remessa do débito para inscrição em dívida ativa ou prosseguimento da execução, conforme o caso, até deliberação do CGSN, a falta de pagamento de 3 (três) parcelas, consecutivas ou não; ou de 1 (uma) parcela, estando pagas todas as demais (art. 22, § 24 da LC 123/06).

6.1. Regulamentação do CGSN (arts. 44 a 55 da Resolução 94/2011).

O CGSN editou diversas normas concernentes ao parcelamento e ao reparcelamento. Algumas delas foram repetições do que a LC 123/06 determina. Abaixo, estão as regras exclusivas do CGSN:

NORMAS GERAIS

01) A redução das multas de ofício (isto é, aquelas impostas como penalidade pelo não pagamento dos tributos) após a consolidação do débito seguirá o disposto nos incisos II e IV do art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, na proporção de (art. 44, inc. IV da Resolução 94/2011):

01.1) 40% se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de trinta dias, contado da data em que foi notificado do lançamento (art. 44, inc. IV da Resolução 94/2011);

01.2) 20% (vinte por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de trinta dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância (art. 44, inc. IV da Resolução 94/2011).

02) Somente serão parcelados débitos já vencidos e constituídos na data do pedido de parcelamento e que não se encontrem com exigibilidade suspensa na forma do art. 15126 do Código Tributário Nacional (CTN) (art. 44, §§ 1º e 2º da Resolução 94/2011).

26 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória;

II - o depósito do seu montante integral;

III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

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03) As multas de ofício vinculadas a débitos já vencidos poderão ser parceladas antes da data de vencimento (art. 44, § 1º da Resolução 94/2011).

04) Os débitos constituídos por meio de Auto de Infração e Notificação Fiscal (AINF) de que trata o art. 79 poderão ser parcelados desde a sua lavratura, desde que não estejam com a exigibilidade suspensa (art. 44, § 3º da Resolução 94/2011).

VEDAÇÃO AO PARCELAMENTO

05) Os sujeitos passivos com falência decretada estão proibidos de solicitar parcelamento (art. 44, § 4º da Resolução 94/2011).

06) O parcelamento não se aplica (art. 45 da Resolução 94/2011):

06.1) às multas por descumprimento de obrigação acessória;

06.2) à CPP para a Seguridade Social para a empresa optante com base tributada com base nos anexos IV e V da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, até 31 de dezembro de 2008; e para a empresa optante com base no anexo IV da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, a partir de 1º de janeiro de 2009;

06.3) aos demais tributos ou fatos geradores não abrangidos pelo Simples Nacional, previstos no § 1º do art. 13 da LC 123/2006.

COMPETÊNCIA PARA CONCESSÃO E ADMINISTRAÇÃO

07) Por regra geral, a concessão e a administração do parcelamento serão de responsabilidade da Receita Federal do Brasil (art. 46, inc. I da Resolução 94/2011). A RFB emitiu a Instrução Normativa 1.229/2011, que regulamentou a forma do pedido de parcelamento.

08.1) As exceções ficam por conta dos débitos inscritos em Dívida Ativa da União (DAU), quando a responsabilidade é da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) (art. 46, inc. II da Resolução 94/2011); ou

08.2) do Estado, Distrito Federal ou Município em relação aos débitos de ICMS ou de ISS (art. 46, inc. III da Resolução 94/2011):

a) transferidos para inscrição em dívida ativa, em face do convênio previsto no § 3º do art. 41 da Lei Complementar nº 123, de 2006;

No documento SIMPLES NACIONAL INSTRUTORA CLAUDIA ROVERI (páginas 54-58)