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1 – Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte: noções preliminares.
1.1 – Introdução
A promulg
ação da LC 123/06, o chamado Estatuto da Microempresa (ME) e da Empresa de Pequeno Porte (EPP) trouxe um universo jurídico totalmente novo e distinto para as pessoas físicas e jurídicas ali enquadradas.
Suas alterações incluíram regras diferenciadas nos seguintes campos: tributário, empresarial, de registro em órgãos públicos, trabalhista, previdenciária e de acesso aos processos licitatórios do Poder Público, bem maiores facilidades para obtenção de crédito e de apoio para representação e vendas no exterior.
No campo tributário, esta lei extinguiu todos os regimes tributários diferenciados para as ME’s e para as EPP’s, e criou um novo regime unificado chamado Simples Nacional. Sua adoção foi tornada obrigatória para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
1.2 – A regra constitucional
O embasamento constitucional da Lei Complementar 123/06 encontra-se no arts. 146 e 179 abaixo transcritos:
Art. 146. Cabe à lei complementar:[...]
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: [...]
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II1, das contribuições previstas
no art. 195, I e §§ 12 e 132, e da contribuição a que se refere o
art. 2393.
1 Artigo que prevê o ICMS.
2 Artigo que prevê a contribuição patronal sobre a folha e a COFINS. 3 Artigo que prevê o PIS.
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Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:
I - será opcional para o contribuinte;
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado,
visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. (grifos em
negrito e sublinhados de nossa autoria)
Assim, para incentivar as microempresas e para as empresas de pequeno porte, a Constituição Federal determinou que fosse criado um regime jurídico único, com previsão de um tratamento diferenciado, a fim de estimulá-las.
Seguindo a diretriz constitucional, em 14 de dezembro de 2006 foi publicada a Lei Complementar 123, que instituiu o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.
1.3 – A LC 123/06 e suas alterações
Esta Lei Complementar já sofreu modificações através dos seguintes diplomas legais:
OBSERVE:
A Emenda Constitucional 42/2003 estabeleceu a criação de um sistema unificado de arrecadação de impostos e contribuições da União, dos Estados e dos Municípios, e
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- Lei Complementar 127, de 14 de agosto de 2007; - Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008; - Lei Complementar 133 de 29 de dezembro de 2009; - Lei Complementar 139, de 10 de novembro de 2011; e - Lei Complementar 147, de 07 de agosto de 2014.
Além disso, foi regulamentada pela Resolução 94/2011 do CGSN e suas alterações, e pelas Resoluções 16/2009 e 22/2010 do CGSIM e suas alterações.
2 – Regime Tributário – o Simples Nacional
2.1 – Definição
O regime tributário criado pela LC 123/06 ficou conhecido por Simples Nacional, que frequentemente é confundido com o próprio Estatuto.
Entretanto, não se pode confundir ambos. O Estatuto é mais amplo e estabelece regras diferenciadas em outras áreas, bastando à empresa ser enquadrada como Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP) para beneficiar-se delas.
Já o Simples Nacional é um regime tributário unificado e diferenciado para as empresas, sendo sua adesão opcional para as empresas.
ATENÇÃO
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte: regime
favorecido e diferenciado que traz diversas regras favoráveis às empresas nos campos tributário, empresarial, trabalhista, previdenciário, administrativo, de incentivo à inovação e exportação.
Simples Nacional: regime tributário que unificou vários tributos de competência da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como as regras de apuração, escrituração e obrigações acessórias.
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IMPORTANTE LEMBRAR
O SIMPLES NACIONAL ESTÁ CONTIDO NO ESTATUTO NACIONAL DA MICROEMPRESA E DA EMPRESA DE PEQUENO PORTE.
PORTANTO, AS REGRAS QUE EXCLUEM DO SIMPLES NACIONAL NÃO EXCLUEM A EMPRESA DO ESTATUTO, MAS AS REGRAS QUE EXCLUEM DO ESTATUTO IMPEDEM A ADESÃO AO SIMPLES NACIONAL.
2.2 – Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) e suas competências (art. 2º da LC 123/06)
Foi criado o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) para gerir e emitir diversas regras pertinentes ao Simples Nacional. Este Comitê é vinculado ao Ministério da Fazenda.
Sua estrutura contém oito membros, assim distribuídos:
04 (quatro) membros representantes da Receita Federal,
02 (dois) membros representantes dos Estados (indicados pelo CONFAZ) e
02 (dois) membros representantes dos Municípios, sendo:
01 (um) representante das Capitais (indicado pela ABRASF); e 01 (um) representante dos demais Municípios (indicado pela CNM).
O Presidente do Comitê Gestor será sempre um representante da União.
Dentre as diversas competências estabelecidas para o Comitê Gestor estão disciplinar principalmente as regular as seguintes situações: opção, exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento, obrigações acessórias e demais itens relativos ao Simples Nacional.
Também faz parte de sua competência emitir a regulamentação referente ao Microempreendedor Individual (MEI).
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Cabe ainda ao CGSN verificar se há a necessidade da revisão dos valores expressos em reais, inclusive dos valores referentes aos limites de receita bruta para enquadramento. Essa regra já está valendo a partir de 01º/01/2015, conforme o disposto no art. 1º, § 1º da LC 123/06.
O CGSN foi regulamentado pelo Decreto presidencial nº 6.038, de 07/02/2007 e pela Resolução nº 001/2007 do CGSN, e suas alterações.
De maneira geral, o CGSN está implementando SOMENTE as regras complementares que concernem ao regime tributário simplificado conhecido como Simples Nacional.
2.3 – Definição de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (art. 3º e 3-A da LC 123/06 e arts. 2º e 3º da Resolução 94/2011)
Quem pode se enquadrar: O empresário.
A sociedade empresária.
A empresa individual de responsabilidade individual (EIRELI). A sociedade simples.
O produtor rural pessoa física.
O agricultor familiar conceituado na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 20064,
com situação regular na Previdência Social e no Município.
IMPORTANTE: para aderir, os contribuintes devem estar regularmente inscritas no:
Registro de Empresas Mercantis – Junta Comercial (empresário, sociedade empresária ou EIRELI).
Registro Civil de Pessoas Jurídicas (sociedade simples).
Conselho Seccional da OAB (sociedade de advogados).
4 Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.
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Definição de Microempresa (ME): ter receita bruta de até R$ 360.000,00 (Trezentos e sessenta mil reais) ao ano calendário.
Definição de Empresa de Pequeno Porte (EPP): ter receita bruta superior a 360.000,00 (Trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais) ao ano calendário.
A lei também permite a aplicação de sublimites para a receita bruta máxima para os Estados. As implicações serão vistas no tópico correspondente.
Início da atividade no próprio ano de opção pelo regime: a receita bruta deverá ser 30.000,00/mês ou fração para ME e R$ 300.000,00/mês ou fração para EPP multiplicados pelo número de meses de atividade da empresa.
Por exemplo, um contribuinte que tenha iniciado suas atividades no mês de abril será considerada:
Microempresa (ME), se ao final do ano calendário tiver auferido uma receita bruta de R$ 240.000,00 (oito meses vezes R$ 30.000,00).
Empresa de Pequeno Porte (EPP), se se ao final do ano calendário tiver auferido uma receita bruta de R$ 2.400.000,00 (oito meses vezes R$ 300.000,00).
A lei ainda permite que tanto as ME´s quanto as EPP´s possam contar com limites distintos para a receita auferida no mercado interno e para as receitas advindas de exportações, sem perder o direito de permanecer no regime.
Isso vale tanto para a receita proveniente de venda de mercadorias quanto para aquelas provenientes de serviços.
Assim, por exemplo, uma EPP que aufira R$ 3.600.000,00 em receitas no mercado interno, poderá ainda auferir mais R$ 3.600.000,00 em exportações, sem ser desenquadrada. Entretanto, ambas as receitas não podem ultrapassar o máximo permitido.
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Desta maneira, se hipoteticamente o contribuinte obtiver R$ 3.600.000,00 no mercado interno, e ainda R$ 3.800.000,00 no mercado externo, estará automaticamente excluído do Simples.
Os efeitos quanto à alteração da classificação de ME para EPP ou vice-versa, a forma de cálculo, e ainda quanto à exclusão serão vistos no tópico que trata desse assunto.
2.4 – Tributos abrangidos (art. 13, incs. I a VIII da LC 123/06)
O Estatuto unificou as regras de apuração e cálculo dos seguintes tributos:
ENTE TRIBUTANTE TRIBUTOS
União IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS/Pasep e o INSS Patronal Estados e DF ICMS
Municípios e DF ISSQN
A lei também discrimina quais os tributos não estão sujeitos ao regime do Simples, seja como contribuinte ou responsável tributário, e que devem seguir as regras aplicadas às demais pessoas jurídicas (art. 13, § 1° da LC 123/06):
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF;
Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II;
Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou Nacionalizados - IE;
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR;
Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável (neste caso, a tributação é definitiva);
Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos na alienação de bens do ativo permanente;
Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF;
Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;
Contribuição para manutenção da Seguridade Social, relativa ao trabalhador;
Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na qualidade de contribuinte individual;
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Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoajurídica a pessoas físicas;
Contribuição para o PIS/PASEP, COFINS e IPI incidentes na importação de bens e serviços;
ICMS devido:
o nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária, tributação concentrada em uma única etapa (monofásica) e sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto com encerramento de tributação, envolvendo diversos produtos5;
o por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por força da legislação estadual ou distrital vigente;
o na entrada, no território do Estado ou do Distrito Federal, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, bem como energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou industrialização;
o por ocasião do desembaraço aduaneiro;
o na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria desacobertada de documento fiscal;
o na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;
o nas operações com bens ou mercadorias sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, nas aquisições em outros Estados e Distrito Federal:
com encerramento da tributação, observado o disposto no inciso IV do § 4º do art. 18 desta Lei Complementar;
sem encerramento da tributação, hipótese em que será cobrada a diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sendo vedada a agregação de qualquer valor;
o nas aquisições em outros Estados e no Distrito Federal de bens ou mercadorias, não sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, relativo à diferença entre a alíquota interna e a interestadual;
ISS devido:
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o em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou retenção na fonte;
o na importação de serviços;
demais tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, não relacionados anteriormente.
A lei estabeleceu a isenção das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de que trata o art. 240 da Constituição Federal, e demais entidades de serviço social autônomo (o chamado Sistema S – SENAI, SENAC, SESC, SEBRAE).
2.5 – Os sublimites dos Estados (art. 19 da LC 123/2006)
O Estatuto permite que alguns Estados, com base nas suas participações no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, possam optar por sublimites para a receita bruta máxima para enquadramento no regime. Essa opção é anual e divulgada através de uma Resolução do CGSN.
Atualmente, existem 03 faixas previstas, todas baseadas em percentuais do limite máximo de receita bruta hoje em vigor (R$ 3.600.000,00):
Percentual de participação no PIB
Percentual do limite máximo de receita bruta
Valor em reais Até 1% 35% R$ 1.260.000,00 Mais de 1% e de menos de 5% 50% R$ 1.800.000,00 Igual ou superior a 5% 70% R$ 2.520.000,00
Os reflexos para o contribuinte que ultrapassar esses subtetos, e que vão refletir diretamente nas regras de exclusão do próprio regime, e ainda na apuração do ICMS e do ISSQN, serão vistas no tópico que trata do cálculo.
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3.1 – Procedimento para opção (art. 16 da LC 123/06 c/c arts. 6º e 7º da Resolução 94/2011)
A opção pelo Simples Nacional é irretratável para todo o ano-calendário, e está regulamentada pelos arts. 6º a 8º da Resolução 94/2011.
Há regras distintas para as seguintes situações:
Regras gerais a serem observadas por todos os contribuintes.
Empresas já em atividade e
Empresas em início de atividade
Regras específicas para os escritórios contábeis.
As regras específicas para os escritórios de contabilidade serão vistas em tópico próprio.
As regras gerais são as seguintes:
O contribuinte interessado deve sempre fazer sua opção através do portal do Simples na internet.
Para verificar se a ME ou EPP pode optar pelo Simples, serão utilizados os códigos de atividades econômicas previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) informados pelos contribuintes no CNPJ.
No momento da opção, o contribuinte deverá prestar declaração quanto ao não enquadramento nas vedações ao ingresso no Simples Nacional, previstas no art. 17 da LC 123/06, independentemente das verificações efetuadas pelos entes federados.
Há 02 anexos à Resolução 94/2011 que regulamentam a questão dos códigos ditos impeditivos.
O Anexo VI relaciona os códigos da CNAE totalmente impeditivos ao Simples Nacional. Portanto, contribuintes que tenham esses códigos entre suas atividades estão proibidos de optar pelo regime diferenciado.
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O Anexo VII relaciona os códigos ambíguos da CNAE, ou seja, os que abrangem concomitantemente atividade impeditiva e permitida ao Simples Nacional. As empresas que tenham um código ambíguo podem optar pelo Simples Nacional desde que exerçam somente as atividades permitidas e prestem declaração não enquadramento nas vedações previstas no art. 15 da Resolução 94/2011, independentemente das verificações efetuadas pelos entes federados.
Os contribuintes que exercerem determinada atividade econômica que deixar de ser considerada como impeditiva ao Simples Nacional, poderão optar por esse regime de tributação a partir do ano-calendário seguinte ao da alteração desse código6.
Se, ao contrário, o contribuinte exercer atividade econômica que passar a ser considerada impeditiva ao Simples Nacional, a ME ou EPP optante que exerça essa atividade deverá efetuar a sua exclusão obrigatória, porém com efeitos para o ano-calendário subsequente.
A RFB disponibilizará aos entes federados relação dos contribuintes referidos neste artigo para verificação quanto à regularidade para a opção pelo Simples Nacional, e, posteriormente, a relação dos contribuintes que tiveram a sua opção deferida.
O ente que indeferir o ingresso da empresa no Simples Nacional deverá emitir um termo informando o contribuinte.
O contencioso tributário caberá ao ente que indeferir o ingresso, que deverá ainda comunicar oficialmente o contribuinte dos motivos do indeferimento.
IMPORTANTE:
01) Várias atividades foram incluídas entre aquelas que podem ser optantes pelo Simples, principalmente a partir de 2012 (Lei Complementar 139/2011) e 2015 (Lei Complementar 147/2011). Assim, é fundamental que
6 A LC 147/2014 incluiu diversas atividades que antes eram impedidas de optar, e que a partir de 2015 foram autorizadas a ingressar no Simples. Essas atividades serão vistas mais adiante.
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se verifique a partir de quando determinada foi incluída durante o período fiscalizado.
02) A Receita Federal não faz a conferência entre o objeto social, o código CNAE indicado no CNPJ (pelo contribuinte) e a real atividade exercida. Portanto, durante a fiscalização de empresa optante esses aspectos devem ser verificados.
Para as empresas já em atividade, as regras são as seguintes:
A opção deve ser feita até o último dia útil de janeiro, sendo irretratável para o resto do ano.
Enquanto não vencido esse prazo, a empresa pode regularizar eventuais pendências e desistir da opção, caso seu requerimento ainda não tenha sido deferido.
A não regularização dessas pendências resulta no indeferimento da opção, e este indeferimento poderá ser objeto do contencioso administrativo.
IMPORTANTE: AS PENDÊNCIAS PODEM SER REFERENTES TANTO A EVENTUAIS DÉBITOS JUNTO À FAZENDA, QUANTO A PROBLEMAS CADASTRAIS, COMO CADASTRO IRREGULAR OU FALTA DAS LICENÇAS NECESSÁRIAS PARA FUNCIONAR.
O contribuinte pode fazer o agendamento para sua opção, em aplicativo disponível no Portal do Simples, entre o primeiro dia útil de novembro e o penúltimo dia útil de dezembro do ano anterior ao da opção.
VOCÊ SABIA?
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) é uma classificação usada com o objetivo de
padronizar os códigos de identificação das unidades
produtivas do país nos cadastros e registros da administração pública nas três esferas de governo, em
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O agendamento pode ser indeferido, caso haja pendências a serem regularizadas. Nesse caso, a empresa pode regularizar as pendências e fazer a solicitação para um novo agendamento, ou fazer sua opção no mês de janeiro. A rejeição do agendamento não será objeto do contencioso tributário, nem implica na opção pelo Simples Nacional.
Para as empresas em início de atividade, as regras são as seguintes:
A opção deve ser feita em até 30 dias após o deferimento da última inscrição obrigatória.
ATENÇÃO:
As inscrições no CNPJ e no Município serão sempre obrigatórias; já a inscrição estadual somente deve ser feita caso o sujeito passivo seja contribuinte do ICMS.
A RFB deve repassar periodicamente as informações a respeito dos contribuintes que formalizarem a sua opção pelo regime, aos entes federativos, para que eles possam relatar eventuais pendências.
Os prazos para que os entes federados relatem eventuais pendências são os seguintes:
PERÍODO DE INFORMAÇÃO DA
RECEITA
PRAZO PARA RESPOSTA DOS ENTES FEDERADOS
Informações disponibilizadas do dia 20 (vinte) ao dia 31 (trinta e um) do mês anterior.
Até o dia 5 (cinco) de cada mês
Informações disponibilizadas do dia 1º (primeiro) ao dia 9 (nove) do mesmo mês.
Até o dia 15 (quinze) de cada mês
Informações disponibilizadas do dia 10 (dez) ao dia 19 (dezenove) do mesmo mês.
Até o dia 25 (vinte e cinco) de cada mês
Caso a regularidade seja confirmada, ou ainda, caso os prazos supra não
sejam respeitados, a opção será deferida. Ou seja, caso o município não se
manifeste o deferimento será tácito7.
7 Por este motivo – entre outros igualmente importantes –, é fundamental que o Município desvincule a
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Uma vez deferida, a opção será valida desde a data de abertura constante noCNPJ, salvo se for relatada alguma pendência cadastral.
A empresa é considerada nova até 180 dias após a última inscrição obrigatória.
3.2 – Vedações para ingresso no Estatuto e no Simples8(art. 3º, § 4º da LC 123/06
e art. 15 da Resolução 94/2011)
Existem dois tipos de vedação previstas na LC 123/06: aquelas para ingresso no Estatuto, e aquelas para ingresso no Simples Nacional.
As vedações para ingresso no Estatuto, além do limite de receita bruta de R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais), estão previstas no art. 3º, § 4º da LC 123/06, e são divididas em dois grupos:
o Vedações ligadas à atividade.
o Vedações ligadas ao quadro societário e/ou à forma de constituição.
Os impedimentos ligados à atividade são para as sociedades (incisos VI e VIII):
constituídas sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo (inciso VI);
que sejam instituições financeiras ou equiparadas (inciso VIII);
cujos titulares ou sócios guardem cumulativamente com o contratante do serviço relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade (inciso XI). .
Por outro lado, os impedimentos ligados ao quadro societário e/ou à forma de constituição da pessoa jurídica são as seguintes:
de cujo capital participe outra pessoa jurídica (inciso I);
que seja filial, sucursal, agência ou representação de empresa com sede no exterior (inciso II);
de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba o tratamento jurídico previsto no
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Estatuto, desde que a receita bruta global ultrapasse o teto R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais) (inciso III);
com titular ou sócio que participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada, desde que a receita bruta de ambas as empresas ultrapasse o limite anual de R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais) (inciso IV);
com sócio ou administrador (pessoa física) que seja inscrita como empresário, ou seja, inscrito como MEI, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite anual de R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais) (inciso V);
que participe do capital de outra pessoa jurídica (inciso VII);
resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 05 (cinco) anos-calendário anteriores (inciso IX);
constituída sob a forma de sociedade por ações (inciso X).
IMPORTANTE!!!
As restrições dos incisos IV e VII não se aplicam as participações no capital de:
cooperativas de crédito; centrais de compras; bolsas de subcontratação;
nos consórcios formados especialmente para obter acesso a serviços especializados em segurança e medicina do trabalho;
na sociedade montada especificamente para realizar negócios de compra e venda de bens, para os mercados nacional e internacional, prevista no art. 569 da
LC 123/2006;
em associações assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte.
8 As restrições referentes ao Microempreendedor Individual (MEI) serão tratadas no tópico
correspondente.
9 Art. 56. As microempresas ou as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão
realizar negócios de compra e venda de bens, para os mercados nacional e internacional, por meio de sociedade de propósito específico nos termos e condições estabelecidos pelo Poder Executivo federal.
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3.3 – As atividades proibidas para o Simples Nacional (art. 17, incisos I a XVI da LC 123/06 e art. 15 da Resolução 94/2011)
O art. 17 prevê três tipos de vedação: em função da atividade desenvolvida, em função da constituição societária da empresa, ou ainda em função de pendências com a Fazenda.
As atividades vedadas de ingresso no Simples Nacional são as seguintes:
Exploração de atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring) (inciso I).
Serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto (inciso VI):
o na modalidade fluvial; ou
o nas demais modalidades, quando:
possuir características de transporte urbano ou metropolitano10; ou
10 Enquadra-se nessa situação a situação o transporte intermunicipal ou interestadual que, cumulativamente (art. 15, § 5° da Resolução 94/2011):
I - for realizado entre municípios limítrofes, ainda que de diferentes estados, ou obedeça a trajetos que compreendam regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios, instituídas por legislação estadual, podendo, no caso de transporte metropolitano, ser intercalado por áreas rurais;
II - possuir caráter público coletivo de passageiros entre municípios, assim considerado aquele realizado por veículo com especificações apropriadas, acessível a toda a população mediante pagamento individualizado, com itinerários e horários previamente estabelecidos, viagens intermitentes e preços fixados pelo Poder Público.
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realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores11.
Geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica (inciso VII).
Importação ou fabricação de automóveis e motocicletas (inciso VIII).
Importação de combustíveis (inciso IX).
Produção ou venda no atacado de (inciso X):
o cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes;
o bebidas alcoólicas e cervejas sem álcool.
Cessão ou locação de mão-de-obra (inciso XII).
Loteamento e incorporação de imóveis (inciso XIV).
Locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISSQN (inciso XV).
Em relação à cessão ou locação de mão de obra, a LC 123/2006 (art. 18, § 5o-H) e a
Resolução 94/2011 (art. 15, § 4º) abrem uma exceção e permitem a adesão de empresas que prestem serviços nas áreas de:
Construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores.
11 Enquadra-se nessa situação o transporte intermunicipal ou interestadual de estudantes ou trabalhadores que, cumulativamente (art. 15, § 6° da Resolução 94/2011):
I - for realizado sob a forma de fretamento contínuo, assim considerado aquele prestado a pessoa física ou jurídica, mediante contrato escrito e emissão de documento fiscal, para a realização de um número determinado de viagens, com destino único e usuários definidos;
II - obedecer a trajetos que compreendam regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, instituídas por legislação estadual.
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Serviço de vigilância, limpeza ou conservação.
As pessoas jurídicas cuja constituição societária veda o ingresso no Simples Nacional são:
Com sócio domiciliado no exterior (inciso II).
De cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal (empresa pública ou de economia mista) (inciso III).
As situações de pendência com a Fazenda que vedam o ingresso no Simples Nacional são:
Com débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa (inciso V).
Ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível (inciso XVI).
ATENÇÃO!
A LC 123/06 impede a adesão de contribuintes ao Simples Nacional em dois casos de especial interesse para os municípios: nos casos de desatualização cadastral e de inadimplemento.
Esses impedimentos podem ser instrumentos importantes tanto para a atualização do cadastro mobiliário, quanto para a quitação de débitos em aberto.
As empresas somente estão impedidas se desenvolverem uma atividade em conjunto com outra que tenha sido expressamente vedada.
A vedação ainda se estende às empresas que tenham incorrido em outras proibições, previstas no art. 3º, § 4º (vedação de adesão ao Estatuto).
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A Resolução nº 94/2011 do CGSN trouxe essas atividades listadas e vinculadas a CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas).
Há duas relações: uma com os códigos referentes às atividades totalmente impeditivas à entrada no Simples Nacional, e outra em que há códigos CNAE que abrangem atividades impeditivas simultaneamente com outras liberadas.
3.4 – Os escritórios contábeis e as regras diferenciadas
Os escritórios contábeis optantes do Simples Nacional podem, na forma da legislação municipal, continuar a pagar o ISSQN sob a forma fixa (§ 22-A do art. 18).
Portanto, caso a legislação municipal não preveja a tributação fixa para os escritórios contábeis, eles deverão pagar pela receita12.
Eles também deverão, individualmente ou por meio de suas entidades representativas de classe, deverão:
promover atendimento gratuito relativo à inscrição, à opção e à primeira declaração anual simplificada da microempresa individual, podendo firmar convênios e acordos com a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por intermédio dos seus órgãos vinculados;
12 Mais detalhes serão vistos no tópico 5.3. IMPORTANTE
Os códigos constantes nessas tabelas se referem somente ao regime tributário simplificado.
Empresas que desenvolvam atividades impeditivas, mas que não estejam impedidas a aderir ao Estatuto pelas regras do Art. 3º da LC 123/06 podem se declarar Microempresa ou ainda Empresa de Pequeno Porte, e usufruir as demais regras diferenciadas previstas no Estatuto.
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fornecer resultados de pesquisas quantitativas e qualitativas relativas às microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional por eles atendidas; promover eventos de orientação fiscal, contábil e tributária para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional por eles atendidas.
O escritório contábil que descumprir essas obrigações será excluído, com efeito a partir do mês seguinte ao da exclusão (art. 18, § 22- c/ art. 76, II da Resolução 94/2011).
4 – Forma de cálculo do Simples Nacional
4.1 – Base de cálculo: o conceito de receita bruta
Antes de adentrarmos na forma de cálculo do Simples Nacional, é primordial conceituar o que é a receita bruta e como ela é apurada. Assim:
Conceito de receita bruta (RBT): serão consideradas para esse fim todas as vendas de bens ou serviços, além do preço dos serviços prestados, descontando-se as vendas ou serviços cancelados e os descontos incondicionais13 concedidos. (Art. 3º, § 1.º da
LC 123/2006).
Apuração da receita bruta: deve ser apurada globalmente, considerando-se todos os estabelecimentos da pessoa jurídica (matriz e filiais), ainda que estabelecidos em outro Município ou Estado.
Como já mencionado no item 2.3, a LC 123/06 ainda permite contabilizar em separado as receitas advindas de exportações, sem perder o direito de permanecer no regime. Desta maneira, ambas as receitas devem ser apuradas separadamente, para fins de determinação da faixa da alíquota a ser paga.
Por exemplo, se a empresa obtiver R$ 2.000.000,00 em vendas para o mercado interno e mais R$ 1.200.000,00 no mercado exterior, ambas deverão ser
13 Aqueles dados para todo e qualquer comprador dos produtos ou serviços. Por exemplo, o preço de um corte de cabelo é R$ 20,00 (Vinte reais). Mas, numa promoção, o salão diminui o valor cobrado para R$ 15,00 (Quinze reais).
21
contabilizadas para a apuração da receita bruta do mês. (LC 123/2006 art. 3°, § 15 c/c art. 16, § 3º, inciso II da Resolução 94/2011).
Por fim, há ainda que se observar que a LC 123/06 permite que a receita seja contabilizada pelo Regime de Competência ou pelo Regime de Caixa (art. 18, 3º da LC 123/06 c/c art. 16, caput da Resolução 94/2011).
No Regime de Competência contabiliza-se a receita bruta total mensal auferida. Nesse caso, incluem-se todas as vendas, independentemente do recebimento do valor correspondente a essas vendas.
No Regime de Caixa contabiliza-se a receita bruta total mensal recebida. Nesse caso, incluem-se somente os valores efetivamente recebidos pelas vendas feitas.
A opção por um ou por outro regime deve ser feito no momento da opção e é irretratável para todo o ano-calendário (art. 18, 3º da LC 123/06 c/c art. 16, § 1º da Resolução 94/2011).
ATENÇÃO!!!!!!!
A opção pelo Regime de Caixa servirá exclusivamente para a apuração da base de cálculo mensal, aplicando-se o Regime de Competência para as demais finalidades, especialmente, para determinação dos limites e sublimites, bem como da alíquota a ser aplicada sobre a receita bruta recebida no mês (art. 18, parágrafo único da Resolução 94/2011).
4.2 – Forma de cálculo e segregação de receitas
4.2.1 – Conceitos básicos
A fim de se apurar o valor a ser pago mensalmente dentro do Simples Nacional, é primordial conhecer três conceitos importantes para a apuração do total devido e para a permanência no regime: o período de apuração, a receita bruta do ano, a receita bruta total dos últimos 12 (doze) meses e a receita bruta no ano-calendário anterior.
Todos são determinados à partir da apuração da receita bruta, e são usados para diferentes finalidades, conforme o quadro abaixo:
22
CONCEITO SIGNIFICADO USO
Período de Apuração (PA) É o mês-calendário considerado como base para apuração da receita bruta.
É a base de cálculo usada para o cálculo dos tributos devidos no mês.
Receita Bruta Anual (RBA) É o total de receita bruta acumulada durante o ano-calendário. É usada para: determinar se o contribuinte enquadra-se como Microempreeendedor Individual (MEI), Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP); verificar se o contribuinte deve ser excluído e com que efeitos.
Receita Bruta Total dos últimos 12 meses (RBT12)
É a receita bruta acumulada nos últimos 12 meses.
Determina em qual faixa de alíquota o contribuinte se encaixa.
Receita Bruta no ano-calendário anterior (RBAA)
É a receita bruta acumulada no ano-calendário anterior.
Serve como parâmetro para determinar se um contribuinte tem direito ao recolhimento pelo regime de estimativa da base de cálculo14.
Esses conceitos são importantes, e serão melhor trabalhados durante os exercícios
de cálculo.
4.2.2 – Forma de segregação das receitas
Uma vez definida a faixa de alíquota, deve-se determinar em qual ou quais tabelas o contribuinte deve recolher os tributos relativos à sua atividade produtiva.
Assim, os contribuintes optantes devem separar em as suas receitas conforme a classificação abaixo:
14 Não confundir com o recolhimento do ISS de forma fixa, ou ISS fixo, previsto para as sociedades uniprofissionais no art. 9º, inc. III do DL 406/68.
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revenda de mercadorias, que serão tributadas na forma do Anexo I; venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte, que serão tributadas na forma do Anexo II;
prestação de serviços tributados na forma do Anexo III;
prestação de serviços tributados na forma do Anexo IV;
prestação de serviços previstos na forma do Anexo V;
prestação de serviços previstos tributados na forma do Anexo VI15;
locação de bens móveis, que serão tributadas na forma do Anexo III, deduzida a parcela correspondente ao ISS;
atividade com incidência simultânea de IPI e de ISS, que será tributada na forma do Anexo II, deduzida a parcela correspondente ao ICMS e acrescida a parcela correspondente ao ISS prevista no Anexo III; prestação do serviço de escritórios de serviços contábeis, que serão tributados na forma do Anexo III, desconsiderando-se o percentual relativo ao ISS, quando o imposto for fixado pela legislação municipal e recolhido diretamente ao Município em valor fixo
prestação de serviços tributados com base no Anexo III, desconsiderando-se o percentual relativo ao ISS e adicionando-se o percentual relativo ao ICMS previsto na tabela do Anexo I:
a) transportes intermunicipais e interestaduais de cargas; b) transportes intermunicipais e interestaduais de passageiros, c) de comunicação.
Esta regra serve especialmente para a apuração do IPI, do ICMS e do ISSQN, pois no caso desses impostos, somente a receita específica do fato gerador deverá ser considerada para fins de cálculo do imposto devido.
24
A forma de segregação dessas receitas, bem como a forma do cálculo do valor final devido pelo contribuinte, estão previstas nos arts. 25-A e 26 da Resolução nº
94/2011 do CGSN.
Exemplo: uma empresa tem R$ 100.000,00 de receita bruta no PA, sendo R$ 20.000,00 de serviços tributados pela tabela do Anexo III, e R$ 80.000,00 de venda de mercadorias por ele industrializadas (Anexo II). A RBT12 naquele mês foi de R$ 400.000,00.
Assim, deve-se buscar em qual faixa deve-se enquadrar essa RBT12, aplicando-se sobre a base de cálculo da seguinte maneira:
01) O valor auferido com serviços – que será de R$ 20.000,00 –, deverá ser submetida à tabela do Anexo III.
02) O mesmo procedimento deve ser feito em relação à base de cálculo do IPI/ICMS, que será de R$ 80.000,00 e será submetida à tabela do Anexo II.
Feita essa segregação, deve-se buscar qual a faixa correspondente à RBT12 e aplicar as alíquotas previstas em ambas as tabelas.
4.3 – O reflexo dos sublimites dos Estados para o cálculo do ISSQN e do ICMS
Como já foi visto no tópico 2.5, alguns Estados foram autorizados a adotar sublimites em seus territórios.
Esses sublimites são calculados em função da participação no PIB e obrigam os Municípios que estiverem situados em seus territórios, sendo válidos somente para a apuração do ICMS e do ISSQN.
16 Os Estados que adotam esses sublimites podem fazer a opção até novembro de cada ano, e portanto eles podem variar. Para verificar quais os Estados adotaram e qual os sublimites deve-se fazer a consulta anualmente nas Resoluções do CGSN.
No caso dos Estados que adotam sublimites16, os valores médios de receita bruta são
25
IMPORTANTE:
1. Caso o contribuinte exceda esses limites, ele estará impedido de recolher somente o ISS e o ICMS, não afetando o recolhimento dos tributos federais.
2. O contribuinte também não será excluído do Simples, podendo fazer a opção normalmente no ano seguinte.
3. Se constatado, durante uma fiscalização, que uma empresa com sedes em diferentes estados tenha ultrapassado esses sublimites, somente a sede estabelecida no Estado com sublimite será desenquadrada para fins de apuração do ICMS e do ISSQN.
4.4 – Tabelas de alíquotas
4.4.1 – FORMA DE ENQUADRAMENTO NAS TABELAS
Para cálculo do valor a ser pago de tributo, deverão ser utilizadas as tabelas previstas nos Anexos, que deverão ser escolhidos de acordo com a atividade e com o valor da receita bruta dos últimos 12 meses (RBT12) (art. 18, §§ 3° a 5°-I da LC 123/06 e art. 25-A da Resolução 94/2011).
É importante lembrar que, até 2011 o valor máximo de receita bruta prevista era de R$ 2.400.000,00.
A partir de 2012 com a LC 139/11 mudaram as faixas de receita bruta, ficando inalteradas as alíquotas.
VALOR DO SUBLIMITE VALORES MÉDIOS DE
RECEITA BRUTA Até R$ 1.260.000,00 R$10.500,00/mês e R$150.000,00/mês Até R$ 1.800.000,00 R$15.000,00/mês e R$150.000,00/mês Até R$ 2.520.000,00 R$ 21.000,00 e R$ 2.100.000,00
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Anexo I – receita decorrente da revenda de mercadorias (ICMS). Anexo II – venda de mercadorias por elas industrializadas (IPI e ICMS).
Para os contribuintes do ISSQN, estão previstos 04 tabelas, sendo que a principal é aquela prevista no Anexo III.
Anexo III – sobre a receita decorrente dos seguintes serviços:
a) creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental, escolas técnicas,
profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de artes, cursos técnicos de
pilotagem, preparatórios para concursos, gerenciais e escolas livres.
b) agência terceirizada de correios;
c) agência de viagem e turismo;
d) transporte municipal de passageiros e de cargas em qualquer modalidade;
e) centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre
de passageiros e de carga;
f) agência lotérica;
g) serviços de instalação, de reparos e de manutenção em geral, bem como de
usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais;
h) produções cinematográficas, audiovisuais, artísticas e culturais, sua exibição ou
apresentação, inclusive no caso de música, literatura, artes cênicas, artes visuais,
cinematográficas e audiovisuais;
i) fisioterapia;
j) corretagem de seguros;
k) corretagem de imóveis de terceiros, assim entendida a intermediação na compra,
venda, permuta e locação de imóveis;
l) serviços vinculados à locação de bens imóveis, assim entendidos o assessoramento
locatício e a avaliação de imóveis para fins de locação;
m) locação, cessão de uso e congêneres, de bens imóveis próprios com a finalidade
de exploração de salões de festas, centro de convenções, escritórios virtuais, stands,
27
diversões, canchas e congêneres, para realização de eventos ou negócios de
qualquer natureza;
n) escritórios de serviços contábeis17;
o) locação18;
p) farmácias de manipulação19
o) outros serviços que, cumulativamente:
1. não tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício
de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou
cultural, que constitua profissão regulamentada ou não;
2. não estejam sujeitos especificamente à tributação na forma prevista nos
Anexos IV, V e VI;
Anexo IV – sobre a receita decorrente dos seguintes serviços:
a) construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de
subempreitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração
de interiores;
b) serviço de vigilância, limpeza ou conservação;
c) serviços advocatícios.
Anexo V – sobre a receita decorrente dos seguintes serviços:
a) administração e locação de imóveis de terceiros, assim entendidas a gestão e
administração de imóveis de terceiros para qualquer finalidade, incluída a cobrança de
aluguéis de imóveis de terceiros;
17 Os escritórios contábeis podem recolher o ISSQN de forma fixa, desde que previsto na legislação municipal. Mais detalhes serão vistos no tópico correspondente.
18 Deduzida a parcela correspondente ao ISS, pois o imposto municipal não incide nessa atividade.
19 Tributar no Anexo III (ISSQN) quando o medicamento for feito sob encomenda para entrega posterior ao adquirente, em caráter pessoal, mediante prescrições de profissionais habilitados ou indicação pelo farmacêutico, produzidos no próprio estabelecimento após o atendimento inicial; tributar no Anexo I (ICMS), nos demais casos.
28
b) academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais;
c) academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas de esportes;
d) elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos, desde que
desenvolvidos em estabelecimento da optante;
e) licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;
f) planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas, desde
que realizados em estabelecimento da optante;
g) empresas montadoras de estandes para feiras;
h) laboratórios de análises clínicas ou de patologia clínica;
i) serviços de tomografia, diagnósticos médicos por imagem, registros gráficos e
métodos óticos, bem como ressonância magnética;
j) serviços de prótese em geral;
Anexo VI – sobre a receita decorrente dos seguintes serviços:
a) medicina, inclusive laboratorial e enfermagem;
b) medicina veterinária;
c) odontologia;
d) psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, podologia, fonoaudiologia,
clínicas de nutrição e de vacinação e bancos de leite;
e) serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de interpretação;
f) arquitetura, engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, geodésia, testes,
suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia;
g) representação comercial e demais atividades de intermediação de negócios e
serviços de terceiros;
h) perícia, leilão e avaliação;
i) auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, controle e administração;
j) jornalismo e publicidade;
k) agenciamento, exceto de mão de obra;
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1. tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de
atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou
cultural, que constitua profissão regulamentada ou não;
2. não estejam sujeitas especificamente à tributação prevista nos demais
Anexos.
Em resumo, temos três regras distintas para o enquadramento dos serviços nas quatro
tabelas:
Há aqueles serviços que tem previsão específica para determinado Anexo. Se o serviço não tiver previsão específica, deve ser tributado no Anexo III. Caso o serviço se caracterize como decorrentes do exercício de atividade
intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que
constitua profissão regulamentada ou não e não tenha previsão específica20,
deve ser tributado no Anexo VI.
4.4.2 – MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA (Art. 18, §§ 16-A a 17-A da LC 123/2006 e arts. 22 a 24 da Resolução 94/2011)
Caso o contribuinte exceda o valor máximo permitido para a receita bruta no ano-calendário (RBA), vai sofrer majoração na alíquota aplicada, mas somente sobre o valor que exceder o limite máximo.
Por exemplo: um contribuinte atinge o limite máximo de receita bruta em outubro, alcançando o valor de R$ 3.800.000,00 (Três milhões e oitocentos mil reais). Nesse caso, somente o valor que ultrapassou o teto, ou seja, R$ 200.000,00 (Duzentos mil reais) sofrerão majoração na alíquota.
20 São os seguintes serviços: fisioterapia e escritórios contábeis (Anexo III), e serviços advocatícios (Anexo IV).
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O texto abaixo21, extraído do site Mundo Contábil (www.mundocontabil.com.br) explica
o passo-a-passo e todas as hipóteses previstas.
A majoração das alíquotas também ocorrerá quando o contribuinte ultrapassar os sublimites estaduais e municipais fixados em R$ 1.260.000,00, R$ 1.800.000,00 ou R$ 2.520.000,00, conforme o caso.
Essa regra é válida enquanto o contribuinte não atingir o limite máximo para exclusão no mesmo ano-calendário, ou seja, R$ 4.320.000,00 (Quatro milhões, trezentos e vinte mil reais).
Também será aplicada a majoração das alíquotas se, no ano de início das atividades, o contribuinte ultrapassar os limites ou sublimites proporcionais ao número de meses compreendidos entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário.
As hipóteses variam conforme vários fatores, como existência ou não de filiais, quantidade de atividades desenvolvidas com previsão de tabelas distintas, entre outras, conforme abaixo.
E para apuração dos limites, deve ser considerado o montante da receita auferida no ano, inclusive em relação ao próprio mês de apuração. Dessa forma, além do controle da receita auferida nos 12 meses anteriores ao período de apuração, o contribuinte também deverá controlar o montante da receita auferida no ano.
Com a majoração, as alíquotas máximas do Simples Nacional a partir de 01/01/2012 são:
ESPÉCIES DE RECEITAS ALÍQUOTA MÁXIMA ALÍQUOTA MÁXIMA
MAJORADA EM 20%
Comércio (Anexo I) 11,61% 13,932% Indústria (Anexo II) 12,11% 14,532% Serviços (Anexo III) 17,42% 20,904% Serviços (Anexo IV) 16.85% 20,22%
Serviços (Anexo V) 27,90% 33,48% Serviços (Anexo VI) 22,45% 26,94%
21http://www.mundocontabil.com.br/contador.php?acao=abrir_documento&cod_documento=655&contador
31
Nos tópicos a seguir analisaremos as diversas formas de cálculo da majoração das alíquotas.
Cabe destacar, desde já, que a maior complexidade no cálculo da majoração refere-se ao mês em que é ultrapassado o limite do Simples Nacional. Neste mês, deverá ser destacada a parcela que ultrapassou o limite daquela que se manteve nele, afim de que a majoração se aplique somente à parcela excedente. Nos demais meses do respectivo ano-calendário, o total da receita auferida estará sujeita à majoração.
II - Contribuinte com todos os estabelecimentos localizados em entes federativos que não adotem sublimites
II.1 - Contribuinte com atividade no ano-calendário anterior
Quando todos os estabelecimentos do contribuinte (matriz e filias) estiverem localizados em Estados e Municípios que não adotem sublimites, para apuração das alíquotas no mês em que for ultrapassado o limite de R$ 3.600.000,00, deverá ser calculada a relação entre a parcela da receita bruta mensal que exceder o referido limite e a receita bruta total mensal.
O cálculo da relação entre as receitas é necessário para determinação do montante da receita bruta mensal que sofrerá a majoração das alíquotas. Dessa forma, essa apuração se faz necessária tão somente no mês em que
a receita bruta mensal ultrapassar o limite de R$ 3.600.000,00. Nos demais
meses do ano-calendário, o montante da receita bruta mensal estará sempre sujeito à majoração da alíquota, ou seja, não haverá mais relação entre
receita sujeita e não sujeita à majoração.
EXEMPLO:
a) Mês de apuração: Novembro
b) Receita bruta auferida no mês: R$ 100.000,00
c) Receita bruta auferida nos 12 meses anteriores (Novembro/2011 a Outubro): R$ 3.600.000,00
32
d) Receita bruta auferida durante o ano-calendário (Janeiro a Novembro): R$ 3.700.00,00
e) Receitas decorrentes da revenda de mercadorias (Anexo I).
Ignorando a questão da majoração da alíquota, pela regra geral de cálculo, com base na receita bruta auferida nos 12 meses anteriores, seria aplicada, neste exemplo, a alíquota de 11,61% sobre a receita bruta auferida no mês.
Entretanto, tendo em vista que a receita bruta acumulada no ano ultrapassou o limite de R$ 3.600.000,00 sobre a parcela excedente deverá ser aplicada a alíquota máxima do respectivo Anexo, majorada em 20%.
Dessa forma, sobre o montante auferido no mês será aplicada a alíquota de 13,932%, que corresponde à alíquota máxima do respectivo Anexo, majorada em 20%.
Uma vez ultrapassado o limite do Simples Nacional, a ME ou EPP poderá ser excluída do regime a partir do mês seguinte, caso esse excesso seja superior a 20%. Não o sendo, a ME ou EPP poderá permanecer no Simples Nacional, até o final do ano, situação em que todos os demais meses do ano estarão sujeitos à majoração da alíquota.
Neste caso, portanto, abandona-se a regra de cálculo com base na receita bruta auferida nos 12 meses anteriores (regra geral), para aplicar a alíquota máxima majorada.
Além da majoração da alíquota, portanto, outra consequência do excesso de receita é a exclusão22 do Simples Nacional a partir do mês seguinte ou do ano-calendário
subsequente, quando esse excesso não for superior a 20%.
Observa-se que a maior dificuldade no cálculo da majoração da alíquota ocorre no mês em que for ultrapassado o limite estabelecido, sendo que parte do montante auferido no mês estará sujeito à majoração e outra parte não.
22 Vide item 08 da apostila.
33
Sobre a parcela que ultrapassar o limite será aplicada a alíquota máxima majorada em 20%; sobre a parcela que respeitar o limite, a alíquota será determinada com base na regra geral, ou seja, com base da receita bruta auferida nos 12 meses anteriores.
EXEMPLO
Neste exemplo, considere os seguintes dados: a) Mês de apuração: Novembro/2015
b) Receita bruta auferida no mês: R$ 150.000,00
c) Receita bruta auferida nos 12 meses anteriores (Novembro/2014 a Outubro/2015): R$ 3.550.000,00
d) Receita bruta auferida durante o ano-calendário (Janeiro a Novembro/2015): R$ 3.700.00,00
e) Receitas decorrentes da revenda de mercadorias (Anexo I)
Observa-se, nos dados do exemplo, que parte da receita (R$ 50.000,00) ficará sujeita à regra geral de cálculo, sendo aplicável a alíquota de 11,61%, e outra parte da receita (R$ 100.000,00) ficará sujeita à alíquota máxima majorada, correspondente a 13,932%.
A majoração, portanto, é aplicada somente em relação à parcela que ultrapassou o limite R$ 3.600.000,00.
Nos próximos tópicos serão analisadas as peculiaridades que podem surgir da majoração das alíquotas, principalmente em relação ao início de atividade e à aplicação dos sublimites estaduais e municipais.
Para facilitar a compreensão do cálculo, não foi adotada a forma prevista na Resolução CGSN nº 94/2011. O resultado, de qualquer forma, é o mesmo.
II.1.1 - Contribuinte que aufere tão-somente um tipo de receita
Em relação ao contribuinte com atividade no ano-calendário anterior, no mês em que for verificado que a receita bruta anual acumulada ultrapassou o limite de R$ 3.600.000,00, deverá ser aplicada sobre a parcela da receita bruta mensal que
34
ultrapassou esse limite a alíquota máxima majorada em 20%. Sobre a parcela auferida no mês que não exceder ao limite será aplicada a regra geral de cálculo.
EXEMPLO:
a) Mês de apuração: Outubro/2015
b) Receita bruta auferida no mês: R$ 350.000,00
c) Receita bruta auferida nos 12 meses anteriores (Outubro/2014 a Setembro/2015): R$ 3.400.000,00
d) Receita bruta auferida durante o ano-calendário (Janeiro a Outubro/2015): R$ 3.700.00,00
e) Receitas decorrentes da revenda de mercadorias (Anexo I)
Para apuração do Simples Nacional, no mês em que foi ultrapassado o limite, poderá ser aplicada a seguinte regra:
A) Determinação do valor que excedeu o limite
Para este cálculo, sobre o montante da receita bruta auferida durante o ano, basta deduzir o limite aplicável:
R$ 3.700.000,00 - R$ 3.600.000,00 = R$ 100.000,00
B) Apuração do Simples Nacional em relação à parcela que não ultrapassou o limite Para esta apuração, sobre o montante da receita auferida no mês deve ser subtraído o valor apurado no item anterior:
R$ 350.000,00 - R$ 100.000,00 = R$ 250.000,00
Sobre esse resultado deve ser aplicada ainda a alíquota determinada com base na regra geral de cálculo, ou seja, considerando a receita bruta auferida nos 12 meses anteriores. No presente exemplo, essa alíquota corresponde ao percentual de 11,51%:
R$ 250.000,00 x 11,51% = R$ 28.775,00
C) Apuração do Simples Nacional em relação à parcela que ultrapassou o limite
Sobre a parcela que ultrapassou o limite de R$ 3.600.000,00 deve ser aplicada a alíquota máxima do respectivo Anexo, majorada em 20%.
35
Considerando a receita do exemplo, a alíquota máxima aplicável é de 11,61%. Majorada resultará em 13,932%.
Sobre a parcela mensal que ultrapassou o limite de R$ 3.600.000,00 será aplicada essa alíquota:
R$ 100.000,00 x 13,932% = R$ 13.932,00
D) Apuração do montante a ser recolhido pelo Simples Nacional
O montante a ser recolhido corresponderá ao valor calculado com base na regra geral, adicionado do valor apurado com base na alíquota majorada, ou seja:
R$ 28.775,00 + R$ 13.932,00 = R$ 42.707,00
E uma vez ultrapassado o limite, a ME ou EPP estará excluída do Simples Nacional a partir do mês seguinte, caso esse excesso seja superior a 20%. Não o sendo, a ME ou EPP poderá permanecer no Simples Nacional, até o final do ano, situação em que todos os demais meses do ano estarão sujeitos à majoração da alíquota.
1. Para as ME e EPP que possuírem filiais, o valor devido em relação à parcela da receita bruta total mensal que exceder o limite, será obtido mediante o somatório das expressões formadas pela multiplicação da relação a que se refere o tópico II.1 pela receita correspondente de cada estabelecimento, e, ainda, pela respectiva alíquota máxima majorada em 20% (vinte por cento).
2. Para as ME e EPP que possuírem filiais, o valor devido em relação à parcela da receita bruta total mensal que não exceder o limite, será obtido mediante o somatório das expressões formadas pela multiplicação da diferença entre 1 (um) inteiro e a relação a que se refere o tópico II.1 pela receita correspondente de cada estabelecimento, e, ainda, pela respectiva alíquota.
II.1.2 - Contribuinte que aufere mais de um tipo de receita
Como já disposto, ao contribuinte com atividade no ano-calendário anterior, no mês em que for verificado que a receita bruta anual acumulada ultrapassou o limite de R$
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3.600.000,00, deverá ser aplicada sobre a parcela da receita bruta mensal excedente a alíquota máxima majorada em 20%. Sobre a parcela auferida no mês que não exceder ao limite será aplicada a regra geral de cálculo.
Quando o contribuinte auferir mais de um tipo de receita no mês será necessário, no entanto, segregar as receitas para fins de majoração das alíquotas.
EXEMPLO:
a) Mês de apuração: Outubro/2015
b) Receita bruta auferida no mês: R$ 350.000,00
c) Receita bruta auferida nos 12 meses anteriores (Outubro/2014 a Setembro/2015): R$ 3.400.000,00
d) Receita bruta auferida durante o ano-calendário (Janeiro a Outubro/2015): R$ 3.700.00,00
e) Segregação das receitas auferidas no mês:
e.1) Receitas decorrentes da revenda de mercadorias (Anexo I): R$ 210.000,00
e.2) Receitas decorrentes da venda de mercadorias por elas industrializadas (Anexo II): R$ 140.000,00
Para apuração do Simples Nacional, no mês em que foi ultrapassado o limite aplicável, poderá ser aplicada a seguinte regra:
A) Relação entre as diversas receitas e a receita bruta mensal
Inicialmente será calculada a relação entre cada tipo de receita e o total auferido no mês:
R$ 210.000,00 / R$ 350.000,00 = 0,60 R$ 140.000,00 / R$ 350.000,00 = 0,40
B) Determinação do valor que excedeu o limite
Para este cálculo, sobre o montante da receita bruta auferida durante o ano, basta deduzir o limite aplicável:
R$ 3.700.000,00 - R$ 3.600.000,00 = R$ 100.000,00
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Para esta apuração, sobre o montante da receita auferida no mês deve ser subtraído o valor apurado no item anterior:
R$ 350.000,00 - R$ 100.000,00 = R$ 250.000,00
Sobre esse resultado devem ser aplicadas as relações encontradas no item 1:
R$ 250.000,00 x 0,60 = R$ 150.000,00 R$ 250.000,00 x 0,40 = R$ 100.000,00
A esses valores serão aplicadas as alíquotas determinadas com base na receita auferida nos 12 meses anteriores ao período de apuração. No presente exemplo, essas alíquotas são de 11,51% e 12,01%:
R$ 150.000,00 x 11,51% = R$ 17.265,00 R$ 100.000,00 x 12,01% = R$ 12.010,00
O valor devido em relação à parcela que não excedeu ao limite será a soma dessas últimas expressões:
R$ 17.265,00 + R$ 12.010,00 = R$ 29.275,00
D) Apuração do Simples Nacional em relação à parcela que ultrapassou o limite
Sobre a parcela mensal que ultrapassou o limite de R$ 3.600.000,00 devem ser aplicadas as relações percentuais encontradas:
R$ 100.000,00 x 0,60 = R$ 60.000,00 R$ 100.000,00 x 0,40 = R$ 40.000,00
A esses valores serão aplicadas as alíquotas máximas previstas em cada Anexo, majoradas em 20%. Considerando as receitas do exemplo, as alíquotas máximas são de 11,61% e 12,11%. Majoradas resultarão em 13,932% e 14,532%:
R$ 60.000,00 x 13,932% = R$ 8.359,20 R$ 40.000,00 x 14,532% = R$ 5.812,80
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O valor devido em relação à parcela que excedeu ao limite será a soma dessas últimas expressões:
R$ 8.359,20 + R$ 5.812,80 = R$ 14.172,00
E) Apuração do montante a ser recolhido pelo Simples Nacional
O montante a ser recolhido corresponderá ao valor calculado com base na regra geral, adicionado do valor apurado com base na alíquota majorada:
R$ 29.275,00 + R$ R$ 14.172,00 = R$ 43.447,00
E uma vez ultrapassado o limite, a ME ou EPP estará excluída do Simples Nacional a partir do mês seguinte, caso esse excesso seja superior a 20%. Não o sendo, a ME ou EPP poderá permanecer no Simples Nacional, até o final do ano, situação em que todos os demais meses do ano estarão sujeitos à majoração da alíquota.
1. Sobre a segregação de receitas por contribuintes que auferem mais de um tipo de receita, consulte o tópico I.2 do Roteiro Simples Nacional - Cálculo para recolhimento - Regras gerais - Roteiro de Procedimentos.
2. Para as ME e EPP que possuírem filiais, o valor devido em relação à parcela da receita bruta total mensal que exceder o limite, será obtido mediante o somatório das expressões formadas pela multiplicação da relação a que se refere o tópico II.1 pela receita correspondente de cada estabelecimento, e, ainda, pela respectiva alíquota máxima majorada em 20% (vinte por cento).
II.2 - Contribuinte em início de atividade no ano-calendário
No caso de início de atividade no ano-calendário, o limite para fins da majoração das alíquotas será proporcional ao número de meses de atividade.
Dessa forma, no mês em que for verificado que a receita bruta anual acumulada ultrapassou o limite de R$ 300.000,00 multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário, o contribuinte deverá aplicar sobre a parcela da receita bruta mensal que ultrapassou esse limite a alíquota máxima majorada em 20%.