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Entre o meter a colher e o cale-se para sempre

No documento FALE AGORA OU CALE-SE PARA SEMPRE: (páginas 135-144)

5. OS SENTIDOS: O FAZER POLICIAL

5.1 Entre o meter a colher e o cale-se para sempre

Se todas as vezes que a pergunta se alguém tiver algo contra, fale a gora ou cale-se para sempre fosse procedida por toda uma série de relatos delituosos que acontecem também no ambiente familiar, o casamento seria ainda mais colocado à prova a partir de uma crítica que manifesta as assimetrias que permeiam as relações de poder no dia a dia do enlace. Para Nelson Rodrigues, no clássico romance O Casamento, os interesses da burguesia carioca compõem os meandros das uniões que em muitos casos desembocam no firmamento da validação sacramental: os considero marido e mulher. Por outro lado, como apontou Jacquet (2003), olhando para mulheres pertencentes a um recorte de classe vulnerável socioeconomicamente na cidade de Fortaleza, entre as décadas de 1990 e 2000, as proximidades geográficas alinhadas à consanguinidade são vetores relevantes a entender a trama pelo enlace matrimonial, assim como a fuga dele através da busca pela autonomia financeira oriunda do emprego (mulheres que saem das pequenas cidades interioranas para a capital cearense em busca desta independência financeira).

Extremamente desafiador estabelecer uma rota que conte a história de crimes bárbaros considerando o contexto aqui analisado. A leitura de cada inquérito se mostrou desafiadora devido à linguagem jurídica que mesmo não sendo o foco do trabalho, fez-se necessária para entender o contexto histórico em que se buscava transitar150.

150 Os depoimentos aqui mencionados foram redigidos no documento em terceira pessoa do singular; o escrivão ouve o depoimento e redige em forma de texto escrito.

Recordamos o sofrimento explicitado por uma mulher em uma terça-feira do mês de outubro de 2020, logo na primeira semana na DT, pela manhã, que marcou o período da análise documental. A parede do local impedia de vê-la, todavia sua voz nitidamente transmitia desespero e um grito de socorro parecia preso no seu consciente enquanto tentava descrever sua queixa ao denunciar as agressões que sofria de seu companheiro. Esgotada da situação, ela estava acompanhada de um bebê de colo e declarou que residia na zona rural e não suportava mais as agressões físicas sofridas.

Ao ser posto pelas autoridades policiais que poderia ser expedido uma intimação para depoimento de seu companheiro, sua voz mostrou-se desconfiada e em dúvida. Ela falava da preocupação de ele ser preso. Não foi possível saber se ela registrou a denúncia, entretanto sobressaiu naquele momento o sentir da realidade que começava a se descortinar nas leituras;

nas tramas encontradas em cada relato registrado desde 2006, tanto nos registros de feminicídios como nos de violência doméstica e familiar.

São diversos fatores que podem justificar o receio da denúncia e o que propomos aqui é alinhavar, a partir da aproximação econômica, como se estabelece um diálogo para a ação criminal. Como apontou Meneghel et al. (2017), o feminicídio é uma resposta que a sociedade patriarcal executa às mulheres que “saíram” de sua posição historicamente imposta na sociedade: uma espécie de punição. No entanto, a esfera econômica tem permitido ler os documentos oficiais de maneira a sobressair neles questões em torno do trabalho, renda e propriedade que tensionam e motivam muitas das agressões, assim como os papéis tradicionais do gênero suprimem a autonomia da mulher impondo a eles a permanência desse lugar de exploração, como aponta Saffioti (1987), no campo da divisão sexual do trabalho.

Fernandez (2018) nos ajuda a entender a difícil trama que meandra as relações de gênero a partir do olhar da Economia Feminista: as assimetrias nas relações de poder validam as desigualdades de gênero corroborando desdobramentos violentos. A autora indicou que a existência de “custos de caráter menos facilmente identificáveis como decorrentes de questões econômicas, como o aumento do estresse na família e, consequentemente, da violência doméstica [...]” (p. 577) são oriundos muitas vezes das respostas conjunturais que afetam sujeitos e famílias, de uma forma macroeconômica com cortes e ajustes orçamentários.

De outro modo, as políticas macroeconômicas que em muito visam austeridade fiscal em sua matriz neoliberal, sobretudo desembocam nas classes socioeconomicamente mais vulneráveis destacando ainda mais as desigualdades que recaem sobre as mulheres, pois o saldo desta transação que visa a redução de gastos implica na piora das condições de vida das populações mais carentes. Mesmo não fazendo parte do escopo da pesquisa, a equipe policial

relatou, em umas das muitas conversas de corredor, o aumento de casos de violência doméstica no período de pandemia em 2020. O que chama a atenção é que eles relatavam ouvir das vítimas a queixa de que o companheiro exigia receber parte dos R$ 1.200,00 recebidos por elas do Auxílio Emergencial. Uma questão sobressaiu-se: como uma medida macroeconômica que em essência adicionava significativamente renda nas mãos dessas mulheres tensionam ainda mais a relação conjugal nos moldes da violência de gênero? Mais uma vez, novos contornos e averiguações necessitam serem pesquisados151.

Era uma segunda-feira em meio à rotina das leituras dos inquéritos policiais quando foi possível perceber o som que vinha da recepção. Bem próximo com o horário do almoço, 11:46h, chegou uma mulher para registrar ocorrência contra as agressões sofridas pelo seu companheiro152. Muitas Marias deste caso relatava agressões sofridas como sendo comum e sentia-se culpada por ainda não ter registrado nenhuma ocorrência. Residia na zona rural e com vigor prometia “que falará [falaria] tudo”. Algumas orientações lhes foram passadas, o que denotou todo um caráter ritual de um modo de operar o registro, ou como chamaremos aqui: o

“fazer policial”. Esta expressão fornece um sistema de produção e circulação de informações, isto é, o produto manifestado pela busca da verdade caracterizando um processo que necessariamente indique quem ganha e quem perde.

Após informar a Muitas Marias que o laudo para exame de lesão corporal ainda seria emitido e que para ser ouvida ela deveria retornar no dia seguinte, terça-feira, algumas queixas foram proferidas, como quem precisava desabafar. Discorreu que não era uma mulher traída pelo companheiro e que no último sábado foi agredida com um empurrão em direção ao fogão.

Os policiais indicaram a importância que é a abertura do inquérito, implicando a não desistência, por ela, após aberto. Perguntaram se houvera testemunhas e por sinalizar que somente os filhos e uma irmã presenciaram o caso, eles salientaram a necessidade de vizinhos que pudessem confirmar o ocorrido. Este fator recorrentemente chama atenção nos crimes contra as mulheres em Olindina: a participação dos vizinhos, rompendo a máxima social de não se envolver.

Seja no caso de As Lauras em 2009, com participação ativa das vizinhas que ouviram os sons do acontecimento, existe uma tendência das pessoas que moravam próximas das

151 O Auxílio Emergencial em 2020 foi uma política de transferência de renda destinada a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica a fim de conter os efeitos da pandemia de Covid-19. Inserido no planejamento orçamentário conhecido como Orçamento de Guerra”, o programa visou um valor diferenciado, maior, para mães chefes de família monoparental.

152 É comum não somente a DT, como outros órgãos públicos, bem como estabelecimentos comerciais fecharem seus atendimentos entre 12h e 14h.

mulheres vítimas decidiram continuar falando. Dito de outra maneira, são pessoas que não atenderam à norma do “cala-se para sempre”. Sendo assim, muito mais recorrente foi a participação ativa das mulheres em denunciar, enfrentando os riscos inclusive da inexistência de políticas públicas no enfretamento e apoio à violência de gênero, conforme apontado nas seções 2 e 3; o “fale agora”, expressão de quem controla e só permite uma única chance de voz parece perder espaço para uma ativa ação e cooperação no envolvimento das vivências entre ao menos vítimas e vizinhos.

No entanto, essa cooperação sofre ainda resistência, pois como norma social, não se é tão fácil ser quebrada. Como foi o caso do inquérito 033/2007 em que, devido à agressão, a vítima buscou abrigo na casa da vizinha que foi impedida de realizar a denúncia pelo seu companheiro. Em julho de 2009153, mesmo separados, uma mulher foi agredida pelo ex-companheiro, foi socorrida pelo vizinho, ao passo que o agressor proibiu que a mulher recebesse visitas em casa alegando que “ainda tenho parte nela”. Noutro caso, duas vizinhas ouviram gritos de socorro quando o algoz atacava a vítima pelas costas, e conseguiram retirar a mulher do local por medo de ser morta, em outubro de 2010154. No inquérito 060/2010, de dezembro de 2020, os policiais civis conseguiram prender em flagrante o acusado por agredir fisicamente sua companheira, desrespeitando a medida protetiva impetrada por outras agressões, justificando os desentendimentos em razão da pensão alimentícia (tensão renda), o que foi acionado pela vizinha quando ligou para a PC. Em agosto de 2008, no inquérito 036/2015, a vizinha e comadre da vítima foi até a delegacia registrar a ocorrência de agressão física por parte do ex-companheiro. Casos que salientam a violência não como passiva pelas mulheres, mas em sua agência, também uma ação que é reforçada pela reprovação por parte do agressor em um ciclo de relações estabelecidos no espectro não só familiar como o de convivência, em que:

Na maioria das vezes, a relação entre compadres não envolve uma cerimônia religiosa, mas um laço de consideração. As relações de parentesco de consideração não excluem desentendimentos e críticas entre as pessoas envolvidas. (McCALLUM e BUSTAMANTE, 2012, p. 241)

McCallum e Bustamante (2012), olhando para um bairro popular em Salvador em 2012, apontam que os laços de parentesco transcendem o espectro sanguíneo e se confundem nas experiências que elas chamam de “consideração”, oriundas das vivencias próximas através das relações de vizinhança. Para as autoras, ceder a laje de sua residência para outras famílias enquanto estas constroem suas casas criam um espectro de envolvimento afetivo.

153 Inquérito 045/2009.

154 Inquérito 047/2010.

No caso de Olindina, as relações através de quintais, a conversa próxima entre vizinhos sem enclausuramentos dos muros, pode gerar a quebra de barreiras físicas e o sentimento de proximidade. Dos três casos de feminicídios registrados na cidade, fica claro como em algum momento vizinhos, parentes e até conhecidos contribuem na narrativa expressando a possibilidade de uma perturbação do que se é entendido comumente por limites da relação. Em uma carta encontrada na cena do crime de As Lauras, ela dedicou ao seu companheiro no último dia dos namorados:

19/06/2009

Feliz dia do namorado

Diga me para onde você vai que eu lhe indico alguns caminhos que você poderá seguir Quase todos nós já passamos

Por isso uma vez e parte de nós se transformou.

Diga me para onde você vai, não tenha medo de me revelar.

Quase todos nos iremos passar

Por isso uma vez pois por mais que tentamos ser fortes, um dia isso pode acontecer.

Nos podemos nós enganar, nas temos que acreditar.

Por mais alto que tenhamos caido, ainda podemos levantar.

Temos uma vida inteira pela frente e varios caminhos atomar. Espero sua saida para agente ser feliz eu estou com muito nedo da vida não por você mais si por mim mesmo, eu acho que você já saber duque eu estou falado não precisa eu falar os seus amigo esta mim deichado com medo, eu já falei com advogada para pegar o seu caso o juiz estár dando presa no seu caso, eu fui falar com ele na quinta feira ele falou que quando ele voltar dois festa ia cuidar do seu caso.

Eu te amar

Eu te amo nada vai mudar ese amor que sinto por você poriso estou lutando por você com tantas as minhas força sua familia não mim dar forças para lutar por você Estou só sem você a minha paz nuca mais bateu a minha porta, poriso preciso de você hoje amanha e sempre:

A minha saudade não sai daqui do meu lado, não sei o que esta acontecendo com nossa vida, mais eu peço a deus todos os dias dar minha vida esta ai com você a minha saúde a minha dor de cabeça, te amo te quero te desejo te espero, tudo na vida passa tudo nudar tudo tenhe um perço so não passa este amor do meu peito que não passa mais

Eu espero que não passe mesmo porque se passa eu não estarei mais nesta vida para senti no neu peito.

Pertecerá [nome subtraído para resguardar envolvidos no inquérito policial]155 O meu anjo

100% Sua (CADERNO DE CAMPO, INQUÉRITO 043/2009)

Na seção anterior, chamamos a atenção para a forma da escrita policial. Denominamos aqui de “fazer policial”, e através dele é possível entender os meandros da escrita como fruto

155 Mesmo nome encontrado tatuado na região baixa da barriga da vítima pelo laudo pericial do cadáver.

da composição do que os agentes policiais destacam como tensões alinhavadas nos crimes, expressando uma forma de busca pela verdade.

No que concerne o “fazer policial”, ele está sob uma perspectiva de narrar os fatos criminais sempre em terceira pessoa: a pessoa é inquirida e esse processo se resume a uma troca de informações formatada entre perguntas e respostas. A forma de instrumentalizar esse procedimento é a partir da noção de entrevista, entendida nas Ciências Sociais como um processo de interação social que busca obter algum tipo de informação sendo que de um lado encontra-se o entrevistador e de outro, o entrevistado (HAGUETTE, 1994). O produto gerado deste esquema de produção e circulação é a “verdade”, ou melhor dizendo, a busca pela

“verdade”. No entanto, ela passa a ser entendida no contexto policial como a ação dos agentes de segurança pública que precisam encaminhar à Vara Criminal (estância julgadora dos crimes) o que aconteceu: qual crime previsto no Código Penal foi violado, quem foi vítima, quem violou a norma legislativa, em que lugar se sucedeu e quem corrobora ou pode testemunhar a veracidade dos fatos.

Em seu processo de registro, ele é tomado pelas autoridades públicas sob um viés individual, como se sua manifestação estivesse destituída de elementos externos, como fatores sociais, econômicos etc. Por esta razão é imperioso evocar na análise destes documentos o palavra, o historiador deve sempre, sem negligenciar a forma do discurso, relacioná-lo ao social.

A todo momento a trama se apoia em uma dialética que traz um sentido exclusivo ao que poderia ser a racionalização do sujeito criminoso. A perspectiva do trabalho dos agentes policiais, que em Corrêa (1983) é resumido pela atuação do delegado, qualitativamente se distingue do sistema judiciário: sendo o primeiro passo a investigação policial e o segundo, o julgamento pelo juiz/júri, o “fazer policial” se enquadra sob uma esquemática distante dos holofotes da sociedade uma vez que cada oitiva é privada tentando resguardar a integridade do ato de ouvir. Já este segundo estágio acontece em um campo exposto, publicamente (presença do juiz, advogados de defesa e acusação, assim como a possibilidade da existência de um júri popular) e com ritos articulados que a todo momento interfere e busca “manipular” a visão de quem avalia (julga). A característica de aproximação entre o “fazer policial” e o objeto criminal,

no ato da entrevista, está para o que Corrêa (1983, p. 49) chamou de “contato direto com a realidade”. No entanto, para a autora o que se torna central, e aqui para os sentidos de gênero e como se expressam as tensões econômicas (renda, trabalho e propriedade) existentes nestes documentos, está em “o delegado não se limita [limitar] a informar a existência de um crime e as medidas adotadas pela polícia; vai além e explicita uma versão própria do ocorrido (...) através da escolha dos fatos e testemunhas que merecem registro” (p. 43). Um ditado jurídico que diz que “o que não está nos autos não está no mundo”, para Corrêa (1983), representa uma forma particular e institucional de produção do que se entende por “verdade”. Logo, o que se produz como narrativa policial nos inquéritos servem para em um segundo momento ser não somente guia, mas fonte de averiguação por parte do judiciário que pode a todo momento se balizar pelo o que foi produzido via investigação policial.

Não é a íntegra da história dos atores envolvidos, mas também não pode ser entendido como uma dramaturgia: precisamente falando os documentos policiais, são o que a DT relatou sobre as ocorrências criminais. Debert e Gregori (2008) chamaram de “economia processual”

a forma como os inquéritos policiais e boletins de ocorrências são produzidos: uma forma de condução que ora redige ora elimina componentes da montagem do processo judicial.

Compreendemos como uma economia política da narração a ação de produzir um conteúdo criminal e na sequência circulá-lo para a Justiça Criminal, como produto que indicará as futuras posições dos envolvidos na trama dos espaços sociais. Se por um lado essa Justiça oferta um processo de investigação instaurado nos ritos da lei, o “fazer policial” engendra todo um ritual de descoberta da verdade em que a todo momento vítima, algoz e testemunhas serão objetos deste crivo colocando a narrativa, em forma de inquérito policial, em um esquema circular de retroalimentação156.

Como produz e circula o “fazer policial”, nas palavras de Nadai (2012, p. 218), são “por meio de narrações e certidões produzidas pela polícia ou endereçadas à DDM157, através de laudos de perícia”. Corpos vitimizados são posicionados em disputas dos saberes policiais, médicos e legais. Entre delegacia, hospitais e fóruns, essa produção dos fatos desemboca para o que ela chama de moldura: a materialização desta verdade.

156 A fábrica de alfinetes para Adam Smith, em A Riqueza das Nações, representou um sentimento de alumbramento e justificativa para aceleração e ganho, no que atualmente poderíamos considerar como ganhos de produtividade industrial manifesto pela divisão do trabalho. Em sua escrita a partir da observação participante sobre o que via na realidade inglesa no século XVII, Smith descreveu as bases do entendimento do que viria ser o objeto de estudo da economia política: produção e circulação de bens e serviços. Esse mesmo sentido do fluxo circular empregamos neste entendimento da produção policial, isto é, o “fazer policial”.

157 Neste contexto a autora chama de DDM as Delegacias Especializadas no a atendimento à Mulheres em Campinas/SP.

Em março de 2017158 um crime moveu o aparato policial da DT de Olindina devido à profundidade da trama. A polícia buscou saber a motivação do acusado por abusar sexualmente de sua filha de cerca de 12 anos. Essa busca pela verdade, já indicada como objetivo do fazer policial, se tornou bem mais profunda, pois no decorrer da investigação, camadas foram adicionadas ao processo: o pai já havia abusado sexualmente sua filha mais velha, na ocasião atual do registro com 26 anos, outra filha com 23 anos e havia prometido à filha de 2 anos que sua vez chegaria. De outro lado, o inquérito de outubro de 2018, 054/2018, que narrou o caso do estupro sofrido por uma menina de 6 anos pelo seu padrasto; nas duas situações, essa produção da verdade fica evidente em um trecho do relato:

Com o propósito de ser ouvida a respeito do fato da qual foi vítima do crime de estupro. Em respeito a legislação 13431/2017 foram garantidos o direito de estar acompanhado por um responsável, bem como, de não permanecer em mesmo ambiente que o autor, nem de ser acareado, com a certeza de não ser visto e com o devido consentimento da vítima e responsável, além de ser esclarecido quanto aos procedimentos realizados. Enfatizando, que em nenhum momento se pretende revitimizar crianças e adolescentes, todavia faz-se necessária a compreensão dos fatos segundo a ótica da vítima. Após, ambientação e esclarecimentos quanto a necessidade de ser ouvido (a) a respeito dos fatos, passando-se a escuta, a adolescente apresentou-se um pouco assustada, foi esclarecida a necessidade de contar o ocorrido, bem como, que se encontrava em uma delegacia de Polícia, com o propósito de ser garantido o seu direito como vítima, sendo permitido o relato livre sem ser interrompido, a fim de que a Polícia alcance a verdade dos fatos e tenha ciência da real conduta praticada, deixando-se os questionamentos necessários para o fim de sua narrativa dos fatos. A CRIANÇA/ADOLESCENTE DISSE QUE: se recorda que por diversas vezes sua genitora viajou para a cidade de Salvador, ficando a declarante com seus irmãos e seu padrasto (...) sozinhos na residência, que ela ficava dormindo com os irmãos num quarto, mas ela era acordada por seu padrasto (...), o qual lhe levava para dormir com

Com o propósito de ser ouvida a respeito do fato da qual foi vítima do crime de estupro. Em respeito a legislação 13431/2017 foram garantidos o direito de estar acompanhado por um responsável, bem como, de não permanecer em mesmo ambiente que o autor, nem de ser acareado, com a certeza de não ser visto e com o devido consentimento da vítima e responsável, além de ser esclarecido quanto aos procedimentos realizados. Enfatizando, que em nenhum momento se pretende revitimizar crianças e adolescentes, todavia faz-se necessária a compreensão dos fatos segundo a ótica da vítima. Após, ambientação e esclarecimentos quanto a necessidade de ser ouvido (a) a respeito dos fatos, passando-se a escuta, a adolescente apresentou-se um pouco assustada, foi esclarecida a necessidade de contar o ocorrido, bem como, que se encontrava em uma delegacia de Polícia, com o propósito de ser garantido o seu direito como vítima, sendo permitido o relato livre sem ser interrompido, a fim de que a Polícia alcance a verdade dos fatos e tenha ciência da real conduta praticada, deixando-se os questionamentos necessários para o fim de sua narrativa dos fatos. A CRIANÇA/ADOLESCENTE DISSE QUE: se recorda que por diversas vezes sua genitora viajou para a cidade de Salvador, ficando a declarante com seus irmãos e seu padrasto (...) sozinhos na residência, que ela ficava dormindo com os irmãos num quarto, mas ela era acordada por seu padrasto (...), o qual lhe levava para dormir com

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