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3. Metodologia

3.3. Entrevista

Guerra (2006), baseando-se numa análise de Bertaux, percebe a entrevista como instrumento de coleta de informações que cumpre algumas funções: a primeira delas a exploratória; a segunda, a analítica e a terceira, a expressiva. A autora afirma sobre a função exploratória: "este estatuto tem interesse quando se inicia uma pesquisa de terreno e se pretende descobrir as linhas de força pertinentes, dado o desconhecimento do fenômeno estudado" (p. 33). Sobre a função analítica: "a pesquisa torna-se analítica quando se pretende estabelecer uma teoria interpretativa geral, isto é, que ultrapasse o contexto particular em que se realiza, o que exige

garantir, simultaneamente a diversidade (heterogeneidade dos sujeitos ou fenômenos) e a saturação (ponto delimitador para cessar a coleta de dados)" (p. 33). E, por fim, a respeito da função expressiva descreve: "neste estatuto de pesquisa, o material recolhido tem função de comunicação e não de pesquisa" (p.34).

Complementarmente, Quivy e Campenhoudt (2005) afirmam que a entrevista é uma técnica de observação intensiva que é usada quando se pretende conhecer em profundidade um dado fenômeno, cabendo a função de ajudar a constituir a problemática da investigação.

Desse modo, há que preparar-se para a entrevista, identificando, primeiramente, quantos sujeitos serão inquiridos; e determinando, posteriormente, a natureza das questões que lhes serão colocadas, tendo em conta que estas devem ir ao encontro dos objetivos da investigação.

Já foi comentado anteriormente que nas análises compreensivas, a representatividade deve envolver diversidade e heterogeneidade; não há preocupação com a quantidade. Deve-se agora comentar sobre a importância de dois princípios, segundo Guerra (2006), o de informar com clareza sobre os objetivos da investigação e da garantia da confidencialidade; pois a partir disso será construído um ambiente em que o entrevistado sofra menor intervenção do entrevistador e conseguirá maior riqueza na coleta de material.

As entrevistas podem ser caracterizadas entre a ausência de diretividade ou semidiretividade. Nesse trabalho utilizamos a entrevista semi-diretiva, dividindo-a, basicamente, em três momentos tanto para os discentes, como para os docentes. Os estudantes a responderem sobre seu ambiente familiar, seu percurso escolar e sobre os aspectos químicos no trabalho agrícola da família. Já os docentes, seus momentos segmentam-se em: trajetória escolar, trajetória docente e aspectos químicos na prática profissional.

O diálogo pretendido no âmbito da entrevista tem a característica de semi-orientação, a fim de viabilizar o relato das práticas agrícolas, reconhecendo os sujeitos – suas inquietações, problemáticas e desafios – e, principalmente, no contexto de sua linguagem e do seu saber os produtos, equipamentos e cálculos químicos que utilizam corriqueiramente na prática agropecuária.

3.3.1. Questionário Semi-estruturado.

Gil (2008) define o questionário como "a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado, etc" (p. 121). Para ele, os questionários, na maioria das vezes, são propostos por escrito aos respondentes. Difere os questionários das entrevistas, pois caracteriza os questionários escritos como auto-aplicados, já nas entrevistas as questões são formuladas oralmente pelo pesquisador. Assim sob a percepção do autor, construir um questionário consiste basicamente em traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas, sendo reconhecida como um procedimento técnico cuja elaboração requer uma série de cuidados, tais como: constatação de sua eficácia para verificação dos objetivos; determinação da forma e do conteúdo das questões; quantidade e ordenação das questões; construção das alternativas; apresentação do questionário e pré-teste do questionário.

O questionário é descrito por Gil (2008) como um instrumento com vantagens e desvantagens. Positivamente é possível avaliar: a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser

enviado pelo correio; b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores; c) garante o anonimato das respostas; d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente; e) não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. E, negativamente, pondera-se: a) exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas circunstâncias conduz a graves deformações nos resultados da investigação; b) impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas; c) impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser importante na avaliação da qualidade das respostas; d) não oferece a garantia de que a maioria das pessoas devolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da amostra; e) envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem respondidos; f) proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significado diferente para cada sujeito pesquisado.

Para o público estudado nesse trabalho, muitas vantagens e desvantagens do questionário não se aplicam, pois o questionário foi aplicado pelo próprio investigador, cabendo esclarecer quando houve incompreensão de alguma questão, dentre outros.

Desse modo, nesse questionário fez-se uso de questões semifechadas, ou seja, houve oferta de opções de resposta para aquela que melhor representa o indivíduo. Na classificação das questões, têm-se: questões sobre fatos, atitudes, comportamentos e padrões de ação; por exemplo: questiona-se escolaridade familiar, renda, local de moradia, uso ou não da residência escolar, participação em cooperativas/associações, hábito de leitura, dentre outros, que pode vir

estabelecer relações com o material das entrevistas e colaborar na análise, haja vista que os autores escolhidos para fundamentação desse trabalho relacionam questões sociais ao processo de ensino-aprendizagem.

Assim, após as entrevistas dos estudantes foi preenchido um questionário sociodemográfico. Já para o grupo docente, a coleta ocorreu somente pela entrevista.

As etapas segintes à entrevista e ao questionário consistem no refinamento dos objetivos, na transcrição, na categorização dos dados, na análise de conteúdo, no estudo compartivo dos dados com a fundamentação, da construção das considerações finais e da elaboração da proposta de intervenção, conforme é possível observar na Figura 1.