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5. Considerações Finais

5.1. Proposta de Intervenção

Essa proposta de intervenção considera a necessidade de levantamento de saberes prévios dos estudantes ingressos no Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio. Diante das constatações levantadas junto aos estudantes e docentes, vê-se a necessidade de uma avaliação do currículo do curso, com o intuito de permitir adequações que garantam a concretização da missão do IFB como uma escola inclusiva. Neste sentido, apresentamos a seguir contribuições quanto à inserção e concretização de ações relacionadas ao tema tratado nesta dissertação entre as práticas pedagógicas do curso:

a) Necessidade de diminuir o número de estudantes por turma sem contudo reduzir o número de ingressos no curso, nesse caso aumentaria o número de turmas. Essa medida permitirá maior contato e atenção dos docentes aos estudantes, como uma das medidas de redução do percentual de desistências, abandonos e reprovações constatados nas primeiras séries. Os números máximos de matriculados para atendimento dessa sugestão são 25 estudantes na primeira série, 35 na segunda série e 45 na terceira série.

b) Realização de encontros pedagógicos antes do início dos semestres letivos com maior duração comparativamente ao que ocorre atualmente, incluindo na programação

visitas às comunidades agrícolas e planejamento integrado por parte dos envolvidos no curso.

Conhecer o público de trabalho e seus saberes originários é ação contínua, mas como preparo das ações pedagógicas, aventam-se visitas semestrais às comunidades agrícolas de maior representatividade entre os matriculados do curso. A proposta é que os encontros pedagógicos de abertura do semestre ocorram durante uma semana, viabilizando o planejamento integrado entre os docentes e a visita proposta, aqui denominadas de ‹‹visita diagnóstica››, no qual será detalhada num roteiro a frente.

c) Com o início das aulas, sugere-se mais algumas ações para acolhimento e coleta de saberes prévios. A primeira delas é a recepção, por parte dos estudantes veteranos, dos estudantes recém ingressos nas Unidades de Produção. Técnicos, professores e estudantes devem ser divididos por setor produtivos da escola, preparar uma explicação sobre o setor e elaborar uma atividade interativa com o novo estudante. Ao professor cabe o registro dos saberes prévios, que de maneira informal foram comunicados. Pelo extenso percurso a ser desenvolvido e número de atividades apresenta-se aqui uma atividade que pode ocorrer em mais de um dia letivo.

d) Após a acolhida, ainda na mesma semana, solicita-se como atividade multidisciplinar a apresentação das atividades agrícolas conhecidas, como na formatação de uma feira de ciências, onde todos poderão se conhecer, reconhecer e valorizar. Para aqueles advindos de convívio restritamente urbano, caberá a função de pesquisar uma

atividade agrícola que desperte o seu interesse, de modo já a aproximá-lo dos temas aos quais seus estudos serão ancorados.

e) Inserção na programação da Semana Pedagógica de apresentações, pelos estudantes veteranos, dos “projetos integradores7” desenvolvidos “por eles” no semestre anterior.

Têm-se aí com essas ações muito material a ser trabalhado pelos docentes nas reuniões ordinárias para elaboração de propostas integradoras.

f) Ainda na continuidade das ações de acolhimento, propõe-se um momento para estimular a reflexão e registro dos projetos pessoais a curto, médio e longo prazo. Esse momento será seguido por orientações sobre a organização do tempo e de técnicas de estudo.

5.1.1. Proposta de roteiro para visitas à comunidades agrícolas na semana pedagógica (visita diagnóstica).

 No primeiro dia de reunião, após análise coletiva dos assuntos a serem tratados por cada unidade curricular e a identificação de parcerias para trabalho conjunto, oferta-se a possibilidade de visitas a quatro comunidades agrícolas de distância inferior a duzentos quilômetros, divididos em grupos (máximo de cinco componentes), para que no segundo dia possam se direcionar aos locais sugeridos.

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É recomendável que os estudantes idealizem os projetos e que estes sejam orientados pelos docentes e não que os docentes incluam os estudantes em seus projetos de pesquisa e/ou extensão.

 Para essa visita diagnóstica, assim a denominaremos, preconiza-se a presença obrigatória de todos os discentes que atendem a primeira série, os demais são convidados. Essa ação permitirá diálogos de trabalho conjunto, identificação de saberes aplicados ao ensinamentos formais da unidade curricular, registro dos códigos utilizados pelas comunidades agrícola e valorização das experiências dos estudantes, levando à construção de ações mais integradoras e mais próximas da realidade discente e profissional.

 Para o terceiro dia, de volta ao campus, realiza-se a partilha de experiências de cada grupo docente e o registro de propostas de intervenção a serem discutidas nos dias seguintes da semana pedagógica e nas reuniões pedagógicas ordinárias.

Tal proposta oferta ao docente da parte propedêutica aproximar-se da parte técnica, aproximando-o da aplicação dos saberes formais à realidade agrícola; ainda traz professor e estudante sobre o diálogo sobre os mesmos exemplos. Mesmo os os alunos que não tiveram professores visitando suas comunidades de pertença, ou mesmo aqueles que optaram pelo curso, independente do vínculo agrícola familiar; terão em muitos colegas um diálogo mais próximo sobre os assuntos estudados, facilitando também o trabalho dos grupos de estudos e monitorias.

Os encontros pedagógicos costumam acontecer semestralmente antes do início das aulas; portanto, sugere-se que as visitas diagnósticas propostas também ocorram na mesma frequência.

Nesta Dissertação estudámos as pontes entre as linguagens pública e formal sobre os saberes químicos nas atividade agrícolas cotidianas dos estudantes do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio. Em futuros trabalhos procuraremos complementar estes resultados mediante a investigação dos efeitos gerados a partir da intervenções propostas por esse estudo.