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Aspetos gerais da entrevista

A entrevista consiste numa conversa que tem por objetivo, através das respostas fornecidas, recolher dados para a pesquisa, permitindo uma maior aproximação do investigador em relação aos seus interlocutores. Segundo Pardal & Correia (1995), este inquérito oral tem como vantagem o facto de permitir recolher informação de uma forma mais rica, permitindo ao entrevistador adaptar as questões em tempo real ou pedir informação adicional sempre que tal for relevante, oferecendo uma flexibilidade não existente noutros métodos de recolha. Deste modo, as entrevistas distinguem-se pela proximidade e pela interação humana, o que permite que as questões colocadas não sejam imutáveis, podendo ser adaptadas e complementadas de acordo com as respostas obtidas, de modo a facilitar a compreensão e o diálogo (Quivy & Campenhoudt, 2008; Bell, 2008). A realização de entrevistas tem ainda como vantagem o facto de necessitar de equipamento simples, centrando-se nas competências de conversação do entrevistador, e o facto de criar a oportunidade, por vezes rara, dos entrevistados poderem falar sobre as suas ideias e opiniões, sem serem criticados ou julgados, permitindo ao entrevistador compreender as perceções e prioridades face aos assuntos abordados (Denscombe, 1998)

Entre as desvantagens da entrevista pode considerar-se, desde logo, o tempo e o espaço em que ela decorre, que têm de ser previamente planeados e combinados entre o entrevistador e o entrevistado. É também uma técnica subjetiva, havendo o risco de ser parcial (Bell, 2008), com a possibilidade do entrevistado ser influenciado, de forma consciente ou inconsciente, pelo entrevistador, bem como de poder induzir o entrevistador a acreditar na sua total espontaneidade e neutralidade (Quivy & Campenhoudt, 2008). Por outro lado, podem surgir fatores de inibição, como receios do entrevistado em expor as suas ideias, a tendência para dar respostas que considera serem esperadas ou aceitáveis ou, ainda, o receio quanto a uma possível perda de sigilo. A entrevista tende a gerar ainda, dados não codificados previamente na construção do modelo de análise.

De acordo com Pardal & Correia (1995) existem três tipos de entrevistas: as estruturadas, as não estruturadas e as semiestruradas. O tipo de entrevista escolhido foi a semiestruturada. Este tipo é orientado por um guião, usado como referencial, onde o entrevistador parte de questões centrais, apoiadas por teorias que interessam à pesquisa, para outras que poderão surgir à medida que recebe as respostas dos entrevistados. Desta forma, o entrevistador orienta a conversa de modo a não só obter mais informação, como também captar

sentimentos, experiências ou crenças que podem ser enriquecedoras para a pesquisa. O guião foi desenvolvido seguindo os cinco processos definidos no modelo de análise.

Realização das Entrevistas

As entrevistas foram realizadas aos responsáveis institucionais das áreas de inovação e de formação, nas instalações das organizações participantes, em data e hora acordada. O guião, disponível no Anexo 6, foi previamente enviado aos entrevistados, de modo a permitir-lhes a preparação das respostas às questões a abordar. As entrevistas foram registadas em formato áudio, com a autorização dos participantes, no sentido de permitir uma posterior transcrição e análise de conteúdo. De forma a minimizar possíveis perdas de informação foram usados, em simultâneo, dois dispositivos para captação de áudio.

Inicialmente estava previsto realizar apenas uma entrevista em cada organização, ao responsável de inovação e formação que, em ambos os casos, se centra na mesma pessoa. Contudo, ao longo da entrevista do Caso A – Grande Empresa, foram identificados outros responsáveis com quem se considerou importante realizar também parte da entrevista, por terem responsabilidades complementares nas áreas de formação. Assim, foram realizadas, no caso A, três entrevistas e, no caso B, uma, como se apresenta de seguida.

Responsáveis institucionais entrevistados: Caso A – Grande Empresa:

 Responsável de Inovação e Formação (RI1): realizada a entrevista completa;

 Responsável Operacional da Formação (RI2): realizada parte da entrevista focada nos aspetos da formação e desenvolvimento de competências;

Responsável pelo Desenvolvimento de materiais de formação e-learning (RI3): realizada parte da entrevista focada nos aspetos da formação e-learning.

Caso B - PME:

 Responsável de Inovação e Formação (RI1): realizada a entrevista completa.

No total foram realizadas quatro entrevistas, com um total de 5 horas e 26 segundos, como se apresenta na Tabela 2. A transcrição das entrevistas pode ser consultada nos apêndices digitais.

Tabela 2 – Data e duração das entrevistas a Responsáveis Institucionais

Data Entrevistas Duração

Caso A 2012.12.19

2013.01.21 Responsável Inovação e Formação 01:29:42 2013.04.17 Responsável Operacional Formação 00:53:37 2013.04.22 Responsável Desenvolvimento conteúdos e-learning 00:50:51

Análise e tratamento dos resultados da entrevista

Como instrumento qualitativo, as entrevistas resultam, normalmente, numa enorme quantidade de informações descritivas que necessitam de ser organizadas e reduzidas por forma a permitir a interpretação do fenómeno em estudo (Coutinho, 2011). Tendo sido registadas em formato de áudio, o primeiro passo para o seu tratamento foi a sua transcrição integral para texto, com o objetivo de permitir a posterior análise de conteúdo. A análise das entrevistas foi realizada com suporte ao software open-source de análise qualitativa Weft QDA, onde se recriaram as categorias pré-definidas no modelo de análise do estudo. Seguiu-se a exploração e codificação, com a organização e agregação do conteúdo nas unidades definidas. Durante este processo surgiram pontualmente subcategorias não detalhadas inicialmente no modelo de análise e que, após esta fase, foram incorporadas. O suporte ao software de análise de conteúdo facilitou a catalogação e posterior análise.

No Quadro 18 apresentam-se as categorias do modelo de análise que foram adicionadas após a análise da entrevista.

Quadro 18 – Subcategorias adicionadas no Modelo de Análise após tratamento

dos dados qualitativos da entrevista

Prática Categorias iniciais no Modelo de

Análise Novas subcategorias criadas

Geração de Novas

Ideias (GNI) P1. Práticas (sustentadas em TIC) formalmente desenvolvidas pela Organização

Práticas para o desenvolvimento de novas ideias Práticas para a recolha/publicação de ideias Resolução de

Problemas (RP) P1. Práticas (sustentadas em TIC) formalmente desenvolvidas pela Organização

Práticas relacionadas com problemas de desenvolvimento técnico

Práticas para suporte organizacional

Práticas para resolução de problemas de clientes Práticas para gestão operacional e gestão da mudança Formação e

Desenvolvimento de Competências (FDC)

P1. Práticas (sustentadas em TIC) formalmente desenvolvidas pela Organização

Práticas de desenvolvimento de competências e planos de carreira

Práticas relacionadas com a organização e gestão da formação

Práticas relacionadas com desenvolvimento de conteúdos e-learning

Práticas de avaliação de resultados de formação