• Nenhum resultado encontrado

Capítulo II Família, Escola e Educação

2. Escola e Educação…sem esquecer a Família

2.2 O envolvimento dos pais na escola

Com base em Matos o envolvimento dos pais abrange todas as formas de colaboração dos pais no processo educativo dos filhos, o que inclui a ajuda nos trabalhos de casa, o trabalho voluntário na escola e a comunicação com os professores.

“Os meninos e a fruta normalizada

Gosto muito de analogias. É uma forma interessante de ajudar o pensamento a pensar de uma maneira mais divertida.

Então pus-me a pensar assim e reparei que o problema dos meninos que dão problemas é como o problema da fruta normalizada.

Descobri que há algumas coisas semelhantes entre a forma como os meninos crescem actualmente e o modo como se trata a fruta. Eu explico-me.

A fruta nasce, muito bem agarradinha à árvore. Quase sempre se acoita, algures num cantinho cómodo do tronco, sob a protecção de uma folha que é forte e larga, para se proteger de todos os perigos que possam acontecer.

Dantes, por lá ficava e demorava pelo menos o tempo de duas estações, para crescer e amadurecer bem. Havia um tempo grande de espera para poder saborear.

Agora, mal a fruta cresce um pouco, vêm os produtores e arrancam-na à força. Encaixotam os pêssegos todos em fila, uns contra os outros, e lá seguem para o armazém, que é uma câmara frigorífica.

Só que a fruta ainda está verde.

Depois, as donas de casa vão às compras. Olham para os pêssegos, dizem ter um aspecto lindo. Passados dois ou três dias estão tocados. Levaram só uns toques e estragaram-se. Quer dizer, não tinham amadurecido o suficiente para sair da árvore-mãe tão cedo e aguentarem-se bem. […]

Os meninos nascem e muito pouco tempo depois vão para as creches e para os jardins-de-infância, que são assim uma espécie de armazém, onde ficam às dúzias, para crescer e amadurecer à força e onde uma educadora, quando não vigilante, se esfalfa por fazer tudo. E, faz certamente muita coisa. Excepto o mais importante. Conhecer e amar cada menino porque não se pode amar à dúzia.

[…] Por ali andam à toa num “como se fosse escola” que não deve ser, num “como se fosse lar” que também não é.

Frequentemente ocupam o tempo a treinar “coisas escolares” para crescer e amadurecer à força, para “abrir” a inteligência e irem mais bem preparados para a escola, como se imagina erradamente.

Depois… bom, depois vão para a escola. Alguns não sabem quantos anos têm nem qual o dia do seu aniversário. Se estamos no Verão ou no Inverno. Nem tão- pouco onde moram, o que fazem os pais, etc. […]

Porém, estão bonitos, com o visual bem cuidado. Têm bom aspecto. Estão normalizados como a fruta. […]

Daí para a frente sofrem uns toques da vida e alguns não se aguentam. Estragam-se. Isto é, adoecem. […]

Pois é, as coisas mudam. Já nada é como dantes, dizem. […]

E entretanto, todos nós de forma geral, ainda hoje, quando vemos passar um jovem bem crescido, continuamos a dizer:

- Que belo pêssego!”

(Sampaio; 2001: 177/178)

Esta analogia que Daniel Sampaio nos descreve é muito interessante no sentido em que de uma forma original nos transmite várias ideias importantes da sociedade actual: de facto, as crianças são “empurradas” para crescer cada vez mais rápido, os pais projectam nos filhos as suas ambições e têm muita urgência em ver frutos (continuando a referida analogia). “O meu João já conta até 100”, “E o meu Pedro! Já conta até 1000”, é incutido nas crianças que o importante é serem os primeiros e os melhores em tudo, fazendo-os sentir abafados e apertados e, muitas vezes, frustrados. Ninguém se preocupa em perguntar-lhes o que é que eles querem ou se são felizes assim. A dimensão em que os pais geralmente exercem mais pressão é precisamente na escola, dimensão esta que nos acompanha durante uma grande parte da nossa vida. A atenção que é dada à criança durante a infância e as relações que ela é levada a estabelecer, primeiro com os pais, depois com os irmãos e depois com outros familiares e amigos são determinantes para o seu desenvolvimento e para o seu sucesso futuro, a oportunidade que lhes é dada para “amadurecer” de forma equilibrada, saudável e feliz determina a beleza interior e exterior destes “pêssegos”, e o seu sucesso. Mas não são só os pais que esperam que a sua “fruta” seja a melhor de todas, a própria sociedade empurra as crianças, cada vez mais cedo, para uma competitividade dura e prematura que faz muita “fruta” apodrecer antes sequer de estar “madura”. Daniel Sampaio diz ainda neste excerto que também temos sido influenciados pelas mudanças que vão ocorrendo na sociedade, na escola, na família “Já nada é como dantes, dizem”. De facto, já foi o tempo em que as instituições nos transmitiam uma sensação de estabilidade que nos

pacificava. A família e a escola tinham papéis bem definidos e que se complementavam: à família competia educar e à escola competia instruir e transmitir a ideologia dominante. Hoje em dia, como já tem vindo a ser dito neste trabalho, os papéis são um pouco dúbios e escola e família olham-se com desconfiança. Já foi o tempo em que o trabalho dos professores era reconhecido e respeitado pelos pais dos alunos. Os meninos eram respeitadores e tinham os valores morais bem afinados. A escola vivia no centro de uma calma reinante e era mesmo o seu reflexo. Até que tudo começou a mudar e esta morna realidade foi sacudida. As mulheres saíram para o mundo do trabalho, fora de casa; as creches multiplicaram-se e encheram-se de crianças a quem as educadoras não conseguiam dar a devida atenção; a competitividade nas empresas aumentou e com ela a exigência de mais preparação dos trabalhadores e assim estes passaram a aliar ao trabalho um esforço imenso em reuniões, cursos de formação e etc.; os pais passaram a chegar a casa mais tarde e mais cansados; as coisas deixaram de ser morais e imorais para serem amorais. Instalou-se uma crise de ideologias, começou a duvidar-se de tudo e as pessoas tornaram-se simplesmente em massas.

Envolvida em tudo isto esteve sempre a escola que reflecte todos estes conflitos e contradições. As famílias, por sua vez, projectam na escola as suas inquietações, a sua falta de tempo e disponibilidade para amar, proteger e educar e esperam que a ela consiga subverter e resolver esta suplência, o que nos parece de todo impossível. Assim, passamos a fazer uma análise de como se processa a relação entre a escola e a família, não subestimando nunca a relevância da sua qualidade e lembrando sempre que no seio desta relação se encontram crianças, que geralmente pouca ou nenhuma palavra lhes é permitido dar, mas sobre quem todos os efeitos recaem.

Como já foi referido anteriormente, a entrada da criança para a escola marca para os pais um ponto de viragem na rotina que até aí era seguida. Durante cerca de cinco ou seis anos a criança tinha a presença e atenção dos pais, carinho e muito amor, uma atenção individualizada que transmitia muita segurança à criança. Passou grande parte dos seus dias num ambiente familiar tranquilo e conhecido, em que quando surgia algum problema ou complicação, a criança tinha sempre os pais, principalmente a mãe, para confortá-la e ajudá-la no que fosse necessário. A ida para a escola vai dar a conhecer à criança ambientes completamente novos, com outros adultos que nunca viu e uma grande quantidade de crianças com quem tem que habituar-se a conviver, a partilhar, a respeitar, a defender-se e a envolver-se. Com algumas delas irá identificar-se mais

rapidamente, pois estão também a experienciar esta nova aventura. Outras, já habituadas àquele ambiente, sentem-se já mais seguras de si e confiantes. Para além disso, a criança irá aprender que tem que se submeter e respeitar uma certa organização e rotina: terá horas certas para fazer cada uma das importantes vertentes da escola, terá que habituar-se a um certo ritmo de trabalho, terá de habituar-se que na escola fará coisas que gosta e outras de que gosta menos, aprenderá a responsabilizar-se pelo seu material escolar, pelo casaco e pelo guarda-chuva quando está a chover e pelo boné quando está sol, pelos trabalhos de casa e pelas notas. Algumas crianças têm mais facilidade em adaptar-se a esta súbita mudança, outras têm mais dificuldade em absorver tanta coisa em tão pouco tempo. E é natural que estas se sintam um pouco perdidas no início.

O papel dos pais começa imediatamente aqui, mais concretamente no primeiro dia de aulas. A forma como a criança encara a escola depende em grande parte do tipo de preparação que os pais fazem para esta alteração da sua vida. É aconselhável que estes conversem com a criança com alguma antecipação e lhe dêem uma ideia do que será a vida na escola, mas é também importante levarem-na a pensar que é uma privilegiada por começar a ir à escola e que esta não constitui uma má sina que toda a gente, com ou sem vontade, terá de cumprir mais tarde ou mais cedo. Os pais podem ainda mostrar-lhe que o facto de ir para a escola significa que está a crescer e que ser “crescido” significa ter mais responsabilidade, mas também poder fazer outras coisas interessantes que os meninos pequeninos não estão autorizados a fazer.

Os primeiros quatro anos de escolaridade são, para a grande maioria das crianças, e dos pais, um período feliz visto que as primeiras conseguem ser já mais independentes, mas os segundos continuam a ser as pessoas mais importantes da sua vida. Nesta fase, os pais normalmente não pressionam os filhos relativamente ao seu aproveitamento, o que permite à criança ambientar-se à escola e às suas novas responsabilidades com alguma tranquilidade e se a escola lhe foi apresentada pelos pais de uma forma agradável e positiva esta poderá ser para a criança uma aventura nova e feliz. A partir do 5º ano, os pais começam a demonstrar maior interesse pela instrução e aproveitamento dos filhos, principalmente na fase em que se aproxima a prova de aferição que é um marco importante. Já tem vindo a ser dito neste trabalho que no sucesso escolar da criança têm muito mais peso os pais e a relação que mantém com a criança e entre eles do que a escola em si e é muito importante que os pais finalmente se consciencializem disso e

passem a responsabilizar-se por desempenhar o seu papel da melhor maneira possível, mesmo porque a participação dos pais no processo educativo dos filhos constitui uma obrigação natural que contraíram ao trazê-los ao mundo.

“Apesar das dificuldades, os pais estão, progressivamente, mais conscientes de que há uma parte importante na educação dos filhos que é da sua inteira responsabilidade e outra na qual é necessário coordenar os esforços e as tácticas com o outro agente educativo: a escola” (Santos; 1994: 109).

E é ainda importante dizer que as crianças cujas famílias se alienam do processo escolar, não cooperando e não se envolvendo podem ver o seu sucesso escolar bastante comprometido.

“Dizer que as famílias portuguesas não têm voz nos estabelecimentos de ensino é afirmar uma verdade inquestionável. E, no entanto, são elas, enquanto contribuintes, que suportam financeiramente as escolas” (Marques; 1990: 7). Este afastamento dos pais deve-se em parte à tradição instituída que preside desde o séc. XIX e que só após os movimentos de 1975-76 se aligeirou um pouco. Há dois séculos atrás, a maioria das famílias não tinham quaisquer relações com a escola pública, as autoridades pouco ou nada tinham em conta as suas opiniões, os pais da maior parte dos alunos eram analfabetos e só as famílias privilegiadas tinham possibilidade de escolher a escola que melhor respondesse às necessidades dos seus filhos, enquanto as famílias populares não tinham escolha possível (neste ponto poucas mudanças ocorreram em duzentos anos). A partir do séc. XX o sistema educativo português fortaleceu-se e em 1976, após a revolução de 1974-75 surgiu a primeira legislação sobre o envolvimento dos pais na vida da escola. “É assim que o Decreto-Lei nº 769-A/76 – regulamentador da gestão das escolas – permite a participação sem direito a voto, dos enc. de educação nos conselhos de ano e de turma de natureza disciplinar” (Lima; 1998: 72). Era essencial que esta legislação surgisse num momento que a democracia estava a crescer forte e robusta: a época em que a descoberta da democracia foi vivida na sua mais esplendorosa essência. Como nos diz Lima, os pais, como cidadãos, contribuintes, clientes e consumidores que são têm todo o direito de defender os seus direitos conforme as necessidades dos seus filhos. Não devem demitir-se das suas responsabilidades e entregar o cuidado dos seus interesses aos profissionais do ensino. No entanto, sabemos que as legislações relativamente ao envolvimento dos pais na vida da escola, normalmente sempre ao nível da gestão, que foram aparecendo nunca vieram trazer, em verdade, uma grande mudança. “A participação dos pais e encarregados de educação na escola, a nível decisório, é normalmente difícil e quando existe torna-se frequentemente desmotivador e

desmobilizador devido à reduzida capacidade de influenciar a decisão” (Sampaio; 1997: 76). A atitude de considerar os pais como parceiros traria inúmeras vantagens tais como a concretização do ideal democrático, uma melhoria na qualidade de decisões dada a exposição de perspectivas vindas de diferentes contextos, uma melhoria da eficácia dos serviços e dos resultados dos alunos, entre outras. Mas ainda estamos a uma distância grande disto acontecer.

Actualmente, continuamos a deparar-nos com uma escola que é governada pelo funcionalismo e um sistema educativo que é olhado como mais um processo de distribuição de serviço envolto em burocracia. É como se se tivesse perdido a parte humana da escola, o que é curioso já que ela é feita por humanos e para humanos, mas é como se não se vissem como tal e não se olhassem uns aos outros como tal. No meio de tudo isto, as famílias passaram a ser vistas como clientes deste serviço e o que passou a esperar-se delas é que se limitem a entregar o filho na escola e a vir buscá-lo. “Por tradição, os pais habituaram-se a entregar os filhos às escolas e a demitirem-se do seu papel de educadores. Os professores habituaram-se a aceitar essa posição de passividade dos pais” (Davies, Marques & Silva; 1993: 27). O lugar que foi deixado para os pais é também este mais uma burocracia que na verdade pouco representa naquilo que acontece na escola.

A primeira limitação e, também, a mais básica com que os pais se vêem a braços neste sistema de ensino é o facto de lhes ter sido vedado o direito de escolher a escola para onde vão os filhos. Apenas os pais com algum poder económico acabam por fazer uso do direito de escolha e confiam os filhos a escolas privadas, nem sempre com os melhores professores, mas com mais segurança, um ambiente mais adequado e um apoio mais personalizado e individualizado aos alunos. E é assim que “à medida que as escolas públicas se burocratizam, se afastam das famílias, voltam as costas às comunidades, se agigantam e se desumanizam, vai crescendo uma rede privada de escolas, não para os melhores alunos, mas para os mais ricos” (Marques; 1998: 7).

Os pais assistem passivamente a tudo o que se passa nas escolas dos filhos e, em Portugal, praticamente todas as decisões relacionadas com Educação passam ao lado das famílias e das comunidades a que pertencem e deixou de ser possível acreditar na conciliação entre igualdade e excelência na educação, para isto acontecer era preciso descentralizar o governo das escolas e libertá-las um pouco da sucessão asfixiante de despachos e decretos-lei.

Mas o que realmente pretendemos com este discurso é consciencializar os pais de que a educação escolar, para ser eficaz, assenta primeiro de tudo nas aprendizagens que as crianças realizam nas famílias, aprendizagens estas que não podem ser ignoradas, pois a família é e será sempre a ponte que estabelece o equilíbrio entre a criança e as realidades exteriores, nas quais também se integra a escola. São de diferentes ordens as razões que os pais apresentam para não cumprirem com esta função tais como a “falta de tempo”, “incompatibilidade de horário”, “receio de más notícias acerca do filho” ou “não se adianta nada” ou ainda “não percebo esses assuntos”. Mas queremos dizer também que quanto mais os pais se sentirem identificados com a escola, maior será a sua participação. É perfeitamente natural que estes sintam necessidade de serem compreendidos, aceites e valorizados pela escola, mais concretamente pelos docentes, o que significa que não são apenas os pais que têm que fazer um esforço por participar, também os docentes têm que se mostrar mais receptivos e menos defensivos. Poderíamos mesmo ir mais longe e dizer que se ganha tanto dinheiro na educação e que, por vezes, não se investe no que realmente é relevante. Segundo alguns autores, a chave do problema pode passar pela proposta de “um modelo baseado num incentivo às famílias que assumem as suas responsabilidades educacionais e às escolas que estão a trabalhar bem no pressuposto de que a melhoria das escolas se faz recompensando os que estão a trabalhar bem e penalizando os que estão a trabalhar mal” (Marques; 1998: 30).

Escola e família parecem continuar de costas voltadas, apesar de em teoria, ambas parecem estar convencidas da importância de uma maior interacção. Primeiro que tudo, estando a intervenção dos pais ligada não só ao desenvolvimento dos filhos, mas também ao seu sucesso escolar, como já tem vindo a ser dito, é importante que os pais se sintam parte da comunidade educativa, estando assim incumbidos de participarem na vida escolar dos seus filhos a dois níveis diferentes segundo Santos (1997): no ambiente familiar, acompanhando a criança e apoiando-a e estimulando o seu interesse espontâneo para aprender e para pesquisar informação fora da escola; na vida escolar, participando no desenvolvimento do projecto educativo da escola, na realização de actividades no âmbito da área de projecto, e nas de complemento curricular, sem falar no envolvimento no processo de avaliação dos filhos.

Por seu lado, segundo Power e Bartholomew (1987), podemos delinear cinco padrões diferentes de interacção escola-família que assentam em relações simétricas, complementares ou recíprocas:

a) relação de evitamento: não há comunicação entre a escola e a família; as fronteiras entre elas são rígidas;

b) relação de competição: cada uma das partes procura alargar a sua influência ao outro domínio; as fronteiras são difusas;

c) relação de fusão: não há demarcação entre as fronteiras; desenvolvem esforços em conjunto mas sem benefícios para a criança;

d) relação unidireccional: tentativas de comunicação de um dos domínios sem resposta do outro;

e) relação de colaboração: relação de reciprocidade, com definição clara de fronteiras e objectivos.

Segundo Montandon (1988) são quatro as modalidades de coordenação da relação entre a escola e a família com base no cruzamento de um eixo relativo à participação e outro relativo à diferenciação entre os papéis da escola e da família:

“[…] a colaboração, por parte das [famílias] que participam com a escola e entendem que os papéis são semelhantes; a negociação, desenvolvida pelos pais que participam mas entendem que os papéis são específicos; a delegação por parte dos que também consideram que os papéis são específicos e não participam e a abstenção, que se caracteriza pela reduzida participação e por não se limitar a missão da escola a um domínio específico” (Seabra; 2000: 73).

Muitos têm sido os psicólogos, sociólogos, filósofos, investigadores, que têm reflectido sobre esta importante e interessantíssima temática do envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos, e muita tinta tem sido escrita sobre este assunto. Assim, têm-nos chegado algumas teorias que concernem a busca do melhor modelo participativo dos pais nas escolas. Vamos neste trabalho destacar três desses tipos que passaremos a descrever em seguida: o de Joyce Epstein; o de Don Davies e o de Carol Vincent.

2.2.1 Tipos de envolvimento defendidos por Joyce Epstein

Para Joyce Epstein (1987) “o envolvimento dos pais é uma variável importante na eficácia das escolas e na melhoria da qualidade do ensino” (Marques; 1998: 19). Assim, as crianças cujos pais se envolvem mais na escola e na educação estão amplamente favorecidas em relação às outras. No entanto, este envolvimento em Portugal continua a ser escasso. “Acontece que os pais continuam a primar pela ausência, mesmo quando se

trata de resolver assuntos que dizem respeito aos seus próprios filhos” (Sousa; 2005: 81). Um dos factores que faz variar o grau de envolvimento dos pais na escola é a sua situação económica e cultural, mais concretamente, no que diz respeito ao grau de instrução13. Há estudos que apontam grandes diferenças no envolvimento entre os pais com o 4º ano de escolaridade e os pais com cursos médios e superiores. Os últimos