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3.2 Esboço da vida política local

A vida política do município vem sofrendo alterações acompanhando a movimentação que acontece nos cenários nacional e estadual. Em oposição ao movimento armado de 1930 o Partido Liberal consegue a renúncia do intendente Otávio Santos sendo nomeado em seu lugar o coronel Deraldo Mendes Ferraz que permanece no comando até o golpe de estado de 1937. Segundo Fonseca (1997?),

às vésperas do golpe de estado de 10 de novembro de 1937, Conquista ainda vivia uma atmosfera onde o coronelismo se apresentava de forma extremamente acentuada. As elites dominantes da região acomodam-se rapidamente à nova situação criada pelo Estado Novo. A facção ligada ao coronel Deraldo Mendes, mais duramente atingida pelas modificações provocadas pelo novo poder, veria sua influência local se reduzir temporariamente para voltar com intensidade a partir de 1942.

Com o Estado Novo é fechada a Câmara de Vereadores e nomeado um novo prefeito municipal, ligado ao movimento integralista, Joaquim Fróes de Cairo Castro, que permanece no poder até maio de 1938 quando da tentativa frustrada de golpe contra a ditadura Vargas. É então nomeado prefeito o Dr. Régis Pacheco, contribuindo para sua indicação o fato “de se opor à facção do coronel Deraldo Mendes, de ter sido perseguido pelo ex-governador Juracy Magalhães e aglutinado à ‘concentração autonomista’, principal grupo liberal institucional de oposição ao líder tenentista.” (FONSECA, 1997?). Régis Pacheco permanece no poder até a queda do Estado Novo, em fins de outubro de 1945, quando é substituído pelo juiz

de direto da comarca, iniciando-se um período em que Conquista é governada por uma série de interinos nomeados pelo interventor da Bahia. Esse período termina em 1950 com a eleição de Gerson Gusmão Sales para prefeito da cidade.

Com a queda do Estado Novo acontecem mudanças significativas na dinâmica social de Conquista enfraquecendo o domínio exclusivamente familiar. A independência dos comerciantes em relação aos produtores rurais impulsiona o crescimento do setor urbano e as comunicações rodoviárias com outros centros, ampliadas desde 1940 com a abertura da BR-116, Rio Bahia, possibilitam um surto de desenvolvimento na região. As formulações políticas predominantes, assumem, a partir de 1950, conotações populistas. Nesse período foi significativa a participação do advogado Nilton Gonçalves que, em sua campanha para as eleições municipais de 1954 “atacava as forças dominantes e as práticas coronelistas locais.” (FONSECA, 1997?). Apesar de não ter chegado à prefeitura, nessa eleição, a campanha de Nilton Gonçalves colocou em destaque a existência de interesses e idéias contrárias ao domínio familiar.

Nas eleições de 1962 registrou-se a expressiva votação do candidato eleito, José Fernandes Pedral Sampaio, uma das lideranças da Frente de Libertação Nacional, implantada no ano anterior e dirigida por Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul. Sendo mal vistos pelas oligarquias locais, ligadas ao latifúndio, os líderes da Frente foram denunciados como subversivos e agitadores após o golpe militar de março de 1964. Em 5 de maio de 1964 uma companhia do exército chega a Conquista prendendo inúmeras pessoas, inclusive o prefeito que tem seus direitos políticos cassados.

No período que se segue, a política de Conquista passa por uma sucessão de ciclos alternando prefeitos conservadores e prefeitos mais ou menos progressistas

“mas que não deixaram de estar ligados às formas tradicionais de exercício do Poder. Até meados da década de 1990, Conquista foi governada por grupos políticos que diferiam apenas nas letras de suas siglas.” (FONSECA, 1997?).

Em 1996, quando se iniciavam, no Governo Federal, as primeiras ações visando a Reforma do Estado, é eleito o prefeito Guilherme Menezes, do Partido dos Trabalhadores, reconduzido na gestão seguinte. Resultado de uma coligação de sete partidos e com uma proposta política modernizante e democratizante, a atual administração de Conquista enfrenta o desafio de “estabelecer novas formas de gestão pública e uma nova cultura política.” (FONSECA, 1997?). Pode-se constatar que a modernização da máquina administrativa e a democratização da gestão pública, defendidas pela atual Reforma do Estado, encontram-se na proposta de administração do governo municipal eleito em 1996.

Operacionalizando uma nova forma de gestão, a atual administração municipal de Conquista implantou o Orçamento Participativo através do qual representantes de diferentes segmentos da comunidade participam, analisando e discutindo as necessidades do município e estabelecendo as prioridades na aplicação do orçamento disponível. Além do Orçamento Participativo, que se constitui num dos mecanismos de planejamento e descentralização administrativa, o município conta com outros mecanismos de planejamento: Planos de Governo; Planos Plurianuais de Investimentos (VC 1993; 1997b; 2001); Leis de Diretrizes Orçamentárias (VC, 1995a; 1996c; 1997d; 1998b; 1999c; 2000a); Leis do Orçamento Anual (VC, 1995b; 1996b; 1997c; 1999a; 1999d; 2000b) e Lei Orgânica do Município (VC,1990). Como mecanismos de descentralização e desconcentração administrativa encontram-se regulamentados e instalados em Vitória da Conquista alguns Conselhos Municipais: de Educação (VC,1992a); de Saúde; de

Assistência/Ação Social; de Direitos das Crianças; de Emprego/Trabalho; de Turismo; de Habitação; de Meio Ambiente; de Acompanhamento e Controle Social do Fundef (VC, 1997a; 1998c); de Alimentação Escolar.

A história política recente de Vitória da Conquista vem sendo pontuada pela eleição de prefeitos cujos partidos fazem oposição ao Governo do estado da Bahia. O estudo da realidade educacional do município leva a crer que ter governantes que fazem oposição ao governo estadual não diferencia os seus problemas financeiros e educacionais daqueles vivenciados por outros municípios baianos e do Norte/Nordeste, destacando-se entre esses problemas: a falta de verbas suficientes para o pagamento de salários dignos aos professores e manutenção do ensino; a falta de programas eficientes para capacitação e aperfeiçoamento permanente dos profissionais da educação; e taxas preocupantes de defasagem idade-série, reprovação e evasão escolar. A implantação do Fundef criou expectativas no sentido de apresentar soluções para a superação gradativa desses problemas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

A implantação do Fundef nas escolas municipais de Vitória da Conquista acontece num contexto político de oposição aos governos Federal e estadual. Essa oposição, entretanto, não impediu o empreendimento de medidas resultantes da Reforma Gerencial e do Fundef no sentido de acionar a modernização e democratização da gestão do município. O mecanismo de redistribuição de verbas, implementado pelo Fundef, reduziu a necessidade de negociações com os governos estadual e Federal em busca de verbas complementares para a educação. Em 2003, apesar de continuar a oposição ao governo estadual, com a posse do novo Governo Federal, liderado pelo PT, fica mais cômoda a posição do governo

municipal de Vitória da Conquista no sentido da operacionalização mais ágil dos mecanismos de modernização e democratização a que se propôs.