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Impacto indireto do Fundef na educação infantil e de jovens e adultos

Matrícula e percentuais de aprovação na rede municipal de Vitória da Conquista 1992/

5.5 Impacto indireto do Fundef na educação infantil e de jovens e adultos

Analisando o impacto indireto do Fundef na matrícula em classes de educação infantil e de educação de jovens e adultos observa-se que, apesar da expectativa de redução de matrícula, tendo em vista a exclusão destas duas modalidades de ensino dos cálculos de verbas do Fundef, em Vitória da Conquista isso não ocorreu. Uma análise do funcionamento da educação infantil e do Reaja comprovam o aumento da matrícula nessas duas modalidades de ensino.

Segundo depoimento da Secretária de Desenvolvimento Social, em reunião do Conselho Municipal de Educação,

embora a Lei de Diretrizes e Bases – LDB, reze que a educação infantil é da competência da Secretaria de Educação, a implantação de creches nos municípios se deu através das ações do Ministério da Ação Social, garantindo às mães trabalhadoras espaço seguro para os filhos, enquanto trabalham. Esta transição ainda está em processo nos municípios uma vez que, com o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – FUNDEF, não existem verbas específicas para Educação Infantil e as Secretarias de Educação ainda estão economicamente impossibilitadas de assumirem as creches porque os custos são altos. No caso de Vitória da Conquista, embora elas estejam na Secretaria de Desenvolvimento Social, a Ação Pedagógica vem sendo desenvolvida em consonância com a Secretaria de Educação. (CME, v. 2, f. 72 e 73).

Além dos alunos de creche e pré-escola existem as classes de alfabetização que também podem ser incluídas como educação infantil. Nesse caso ter-se-á uma queda abrupta da matrícula no ano da implantação do Fundef, passando de 10.736 alunos em 1997 para 1.646 alunos em 1998. É importante lembrar que os alunos

que antes de 1998 formavam as classes de alfabetização, continuaram na rede, matriculados na classe inicial do ciclo no ensino fundamental. Assim, a redução da matrícula em educação infantil possibilitou o aumento da matrícula no ensino fundamental, conforme já visto anteriormente. Já que houve, na realidade, a migração de alunos de um nível para outro, pode-se empreender a análise do aumento ou redução das matrículas em educação infantil considerando apenas os alunos de creche e pré-escola. Uma dificuldade que se apresenta para essa análise é o fato de não se encontrarem registrados na SMEC, a cada ano, informações sobre as creches. Como pode ser observado na Tabela 51, só foram encontradas informações referentes aos anos de 1998 (matrícula total), 1999 (matrícula total) e 2003 (matrícula inicial). A matrícula na pré-escola tem se mantido instável no período analisado tendo freqüências maiores depois da implantação do Fundef (1998 a 2003).

Tabela 51 - Matrícula em creche, pré-escola e alfabetização na rede municipal

Vitória da Conquista - 1992/2003

Anos Creche Pré-Escola Alfabetização Total

1992 0 0 9.981 9.981 1993 0 681 11.020 11.701 1994 0 517 10.831 11.348 1995 0 518 8.555 9.073 1996 0 354 10.343 10.697 1997 0 746 9.990 10.736 1998 272 1.374 0 1.646 1999 788 2.065 141 2.994 2000 0 1.640 0 1.640 2001 0 1.568 0 1.568 2002 0 862 1.858 2.720 2003 528 1.363 2.639 4.530 Fonte: SMEC/VC

Se analisados os totais, aqui incompletos em relação à matrícula em creches, verifica-se uma redução de 57,81% nas matrículas em educação infantil de 1997 a 2003, entretanto, como visto anteriormente, na realidade, essa redução não aconteceu dada a incorporação ao ensino fundamental de todos os alunos que integram a sistemática do ciclo. Ficam fora da contagem de matrícula do ensino fundamental os alunos das classes de alfabetização nas escolas em que o regime de seriação foi retomado em 2002 (1.858 alunos) e em 2003 (2.639 alunos).

Nas classes de pré-escola encontram-se, em geral, os maiores percentuais de aprovação da rede municipal (Tabela 34), destoando os resultados verificados em 1996 (38,40%) e em 1999 (45,86%). Apesar dos aumentos ocorridos a partir do ano 2000, não se alcançou, em 2002 (78,48%), o resultado verificado em 1993 (86,2%).

Figura 34 – Aprovação em classes de pré-escola na rede municipal de Vitória da Conquista - 1993/2002

Aprovação em classes de pré-escola na rede municipal de Vitória da Conquista - 1993/2002 86,2 73,9 38,4 60,19 68,63 45,86 76,72 78,48 71,16 83 0 20 40 60 80 100 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Fonte: SMEC/VC

Não se encontram informações referentes à educação de jovens e adultos em Vitória da Conquista e na Bahia, nem nos dados da SEC/Ba, nem do MEC/INEP. No estado da Bahia os alunos de educação de jovens e adultos foram reclassificados para classes de aceleração de modo a serem considerados como alunos regulares e computados para os cálculos do Fundef (VERHINE, 2002). Em Vitória da Conquista o projeto Reaja oferece turmas regulares de alfabetização à quarta série (Alfabetização, Módulos I a IV) e tem sua clientela computada como alunos regulares do ensino fundamental. É a inclusão desses alunos no ensino fundamental que justifica a abordagem do funcionamento do Reaja neste estudo de caso. Informações sobre a educação de jovens e adultos em Vitória da Conquista foram encontradas nas atas do Conselho Municipal de Educação (CME) e nos arquivos do Núcleo de Pesquisa Estatístico Educacional (NPEE) e do Setor de Organização e Legislação Escolar (SOLE) da Secretaria Municipal de Educação (SMEC).

Estruturado em 1997, o projeto do Reaja (SMEC, 1997?) foi aprovado através da resolução nº 014 de 10 de dezembro de 1997 do Conselho Municipal de Educação de Vitória da Conquista que, em 19 de dezembro de 1998, aprovou a resolução nº 016/98 que fixa as normas para os cursos de educação para adolescentes, jovens e adultos correspondentes às séries iniciais do ensino fundamental.

Essa modalidade de ensino já era desenvolvida na rede municipal antes de 1997, porém carecia de um maior dinamismo, não porque se limitava apenas à alfabetização de adultos, com um número de classes reduzidas, mas porque precisava incorporar novos princípios teórico-metodológicos e de organização pedagógica; introduzindo a diferenciação nas estratégias de organização curricular, de modo a contemplar as múltiplas possibilidades oferecidas pela Legislação educacional em vigor e, conseqüentemente, a complexa realidade do universo sócio-educacional desse alunado. (SMEC, 1999, p.1).