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PARTE II A SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS E A ORGANIZAÇÃO

CAPÍTULO 4 O ESC E OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

O ESC E OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

No ESC há uma série de procedimentos especiais para os países em desenvolvimento,

uma vez que o objetivo do presente trabalho é o de analisar a atuação destes nas soluções de

conflitos na OMC. Neste capítulo serão demonstradas quais são as prerrogativas que estes países

tem na estrutura da solução de controvérsias. Assim, os elementos necessários para uma melhor

compreensão da terceira parte da presente dissertação serão apresentados e poderá ser feita uma

análise de quais os efeitos das prerrogativas na solução de conflitos na OMC que envolvam

países em desenvolvimento e se aquelas são usadas por estes países.

Análises estatísticas realizadas sobre os períodos 1948-1994 e de 1995 em diante demonstram que: a) um número pelo menos quatro vezes maior de controvérsias tem sido apreciadas a cada ano, após a criação da OMC, do que durante os 47 anos de funcionamento do GATT; b) não somente países industrializados atuam como reclamantes no sistema atual da OMC, mas também, e com freqüência, PMDs recorrem ao OSC como reclamantes não apenas contra países industrializados, mas também contra outros PMDs, o que reforça a impressão de que o Mecanismo vem conquistando a confiança dos Membros da OMC, já que o sistema anterior do GATT era encarado pelos PMDs como um “rich men´s club”, ao qual o acesso era dificultado; d) as decisões finais favorecem aos Membros que acolhem, em suas práticas comerciais, as normas da OMC, independentemente de seu poderio econômico, isto é, os países industrializados não são favorecidos pelo Mecanismo de Solução de Controvérsias, como muitos teóricos previram, logo após a assinatura do Acordo Constitutivo da OMC, em detrimento dos PMDs. Em diversas ocasiões, o Japão, a CE e os EUA foram considerados perdedores em controvérsias contra PMDs e foram forçados a altera as respectivas legislações internas, para adequá-la aos textos dos Acordos firmados em Marraqueche (Cretella: 2003, 6).

O ESC contém um número de cláusulas levando em conta interesses específicos dos

países em desenvolvimento e menos desenvolvidos. Em acréscimo, possui algumas regras

El ESD, en la línea de lo estipulado en previas decisiones adoptadas en el marco del GATT, incluye disposiciones particulares con relación a los PVD en lo que atañe a la celebración de consultas (art. 4, 10), la composición del panel (art. 8, 10), la ampliación de los plazos para la presentación de alegaciones ante el panel (art. 12, 10), la referencia al trato especial y diferenciado recibido por el PVD parte en una controversia en el informe del panel (art. 12, 11), en lo que atañe a vigilancia de la aplicación de las recomendaciones y resoluciones emitidas (art. 21, párrafos 2, 7 y 8), y a la asistencia jurídica a los PVD (art. 27). Lo realmente novedoso es el tratamiento preferente recibido por los PMA en su art. 24, que establece un procedimiento especial para casos en que intervengan estos países miembros de la OMC, si bien en este punto los PVD han señalado la falta de claridad con respecto a la forma en que se aplica esta disposición. El ESD, en la línea de lo estipulado en previas decisiones adoptadas en el marco del GATT, incluye disposiciones particulares con relación a los PVD en lo que atañe a la celebración de consultas (art. 4, 10), la composición del panel (art. 8, 10), la ampliación de los plazos para la presentación de alegaciones ante el panel (art. 12, 10), la referencia al trato especial y diferenciado recibido por el PVD parte en una controversia en el informe del panel (art. 12, 11), en lo que atañe a vigilancia de la aplicación de las recomendaciones y resoluciones emitidas (art. 21, párrafos 2, 7 y 8), y a la asistencia jurídica a los PVD (art. 27). Lo realmente novedoso es el tratamiento preferente recibido por los PMA en su art. 24, que establece un procedimiento especial para casos en que intervengan estos países miembros de la OMC, si bien en este punto los PVD han señalado la falta de claridad con respecto a la forma en que se aplica esta disposición. (De la Cruz: 2001, 30).

Nas reclamações de processos relativos ao GATT 1947 ou outro Acordo, antes da

vigência do Acordo da OMC, os países em desenvolvimento, quando demandantes com os países

industrializados, podem utilizar como fundamentando a decisão do GATT de 05.04.1966, sendo

que esta permite tratamento diferenciado e favorável aos países em desenvolvimentos.

Durante as consultas, os países membros deverão dar atenção especial aos países em

desenvolvimento. Na solução de controvérsias em que estejam envolvidos países em

desenvolvimento será dada particular consideração a situação especial destes. As nações membro

da OMC deverão agir de forma moderada, quando houver conflito que envolver economias

menos adiantadas, inclusive no que tange às compensações ou suspensão das concessões ou de

outras obrigações.

Nos casos de solução de controvérsias, em que intervenha um país de menor grau de

consultas celebradas, o Diretor Geral ou o Presidente oferecem seus bons ofícios, conciliação ou

mediação com objetivo de ajudar as partes a resolver a diferença antes que se formule a

solicitação de estabelecimento de um grupo especial. Para prestar essa assistência, o Diretor

Geral ou o Presidente do OSC poderão consultar as fontes que considerarem procedentes.

Na composição do GE que tenha como parte país em desenvolvimento e país

desenvolvido, aquele poderá solicitar que pelo menos um integrante seja nacional de um país em

desenvolvimento.

Quando uma ou mais partes forem países em desenvolvimento, o relatório deverá indicar

qual disposição pertinente ao tratamento diferenciado e mais favorável para os países em

desenvolvimento que integram o acordo foram alegadas pelos países em desenvolvimento no

transcorrer da solução da controvérsia.

Na supervisão das recomendações e resoluções a favor dos países em desenvolvimento, o

OSC considerará que outras disposições poderão ser adotadas, que sejam adequadas às

circunstâncias, se for contra deve considerar que disposições adequadas podem adotar, tendo em

conta não somente o comércio afetado pelas medidas objeto da reclamação, também a sua

repercussão na economia dos países em desenvolvimento de que trate.

Vários dispositivos do ESC prevêem tratamento especial para países em desenvolvimento. Um estudo importante da South Centre demonstra como tais previsões atualmente carecem de efetividade. Determinações como “atenção especial será dada aos interesses de países em desenvolvimento”, ou que o OSC “levará em consideração o impacto [da decisão] sobre a economia do país em desenvolvimento” são tidas como de natureza programática e não há registro de que tais previsões tenham sido efetivamente levadas em consideração.(Barral, Welber: 2003, 41).

No preâmbulo do GATS há a declaração de que o estabelecimento da OMC deveria

serviços, inclusive mediante o fortalecimento da capacidade nacional de seus serviços e de sua

eficiência e competitividade.

Com a implementação da OMC e do ESC, a participação dos países em desenvolvimento

nas demandas submetidas ao OSC passou a ter um volume expressivo. Até agosto de 2005

tinham sido submetidas ao OSC, trezentas e vinte e cinco demandas. Somente os países da

América do Sul, que se encontram, aliás, em fase de desenvolvimento participaram em cento e

uma demandas (Argentina – 25; Brasil-35; Chile –20; Colômbia – 5; Equador – 5; Peru-6;

Uruguai – 2; Venezuela – 3).

O Brasil, que se arvora em exportar mais e melhor – uma das metas básicas do novo governo – vê-se diante de contundente paradoxo: não chegamos a participar em 1% do comércio mundial e somos parte em mais de 10% dos casos no sistema de solução de controvérsias da OMC, logo atrás dos Estados Unidos e à frente da União Européia67 e do Japão.

Coadjuvante do Comércio internacional, o Brasil é, paradoxalmente, protagonista em sua organização multilateral. (Fontoura: 2003).

Portanto, há uma presença extremamente expressiva dos países em desenvolvimento no

OSC. Por isso, a terceira parte buscará demonstrar se estes países utilizaram as prerrogativas

contempladas na estrutura do ESC e quais os reflexos destas nas soluções dos conflitos.

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Como o comércio internacional tem uma evolução enorme, hoje a Comunidade Européia tem mais demandas que o Brasil, pois está presente em 123 demandas no OSC.