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Escola de Agroecologia “Vale do Araguaia” – Pequizeiro/TO Em outubro de 2002 foi criada a associação Social

associação alemã Arabras e comunidades tradicionais amazônicas brasileiras

RECURSOS FINALIDADE SETOR DA SOCIEDADE

2.8 Escola de Agroecologia “Vale do Araguaia” – Pequizeiro/TO Em outubro de 2002 foi criada a associação Social

Desenvolvimento Humano e Comunitário (SocialDHC), com sede em Araguacema/TO, com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável de pequenas comunidades amazônicas. Em 2003, seus associados decidiram assumir e mantiveram a Escola Agrícola de Araguacema por um ano (com recursos próprios e também da Prefeitura Municipal de Araguacema). Neste período, o Ministério do Meio Ambiente publicou o mapa de desmatamento da Amazônia, sendo que o município de Pequizeiro/TO figurava entre aqueles de mais elevado percentil de área desmatada. Neste sentido a associação SocialDHC propôs à ARABRAS projeto de implantação de uma escola de agroecologia naquele município. (SOCIALDHC, 2018)

A ARABRAS, no dia 03/08/2004, anunciou parceria com a SocialDHC para a implantação da Escola de Agroecologia “Vale do Araguaia” no município de Pequizeiro/TO. A escola teve sua primeira aula em 15 de março de 2005 e manteve pleno atendimento com 125 alunos diariamente em atividades no contraturno escolar, dentre elas educação ambiental, agroecologia, apicultura, xadrez, esportes, artesanato e educação para a saúde. (SOCIALDHC, 2018)

Os entrevistados envolvidos no Projeto Escola de Agroecologia destacaram que nos anos de 2006 e 2007 houveram esforços da ARABRAS para ajudar a SocialDHC a resolver problemas com espaço físico para as atividades socioeducativas (especialmente horta e viveiro de mudas) após rompimento de parceria com uma outra associação local daquele município. Também houveram últimos investimentos da ARABRAS para ajudar na proposta de ampliação das atividades socioeducativas em 2011, chegando à Araguacema/TO (Povoado Senhor do Bonfim) e Guaraí/TO (Bairro Serrinha e Povoado Matinha).

Em 2011, com apoio da ARABRAS, da Faculdade Guaraí (FAG), da Universidade do Tocantins (UNITINS) e contando com recursos do CNPq (Projeto sobre Segurança Alimentar em Comunidades Tradicionais) e do Instituto HSBC Solidariedade, o projeto Escola de Agroecologia passou a atender, além de Pequizeiro/TO, as comunidades: 1) Bairro Serrinha (Guaraí/TO), 2) Comunidade Tradicional de Geraizeiros da Matinha (Guaraí/TO) e 3) Comunidade Tradicional de Ribeirinhos do Povoado Senhor do Bonfim (Araguacema/TO).

Os atendimentos da ARABRAS em parceria com a SocialDHC e os demais parceiros alinhados pela associação brasileira chegaram ao fomento para a produção de mel para um grupo de mais de 50 famílias das comunidades onde a Escola de Agroecologia operava atendimentos, este trabalho de incentivo à produção de mel foi desenvolvido nos anos de 2006 a 2012 (SOCIALDHC, 2018).

3 Discussão e resultados da pesquisa sobre a arabras

Quando analisado o setor educacional brasileiro, nota-se a importância dos avanços estudantis para a ascensão do país em seus âmbitos econômicos e social de forma geral. Uma vez considerada a importância da educação, é necessário que também se leve em conta a diferença cultural que existe na população

brasileira, com acentuadas divergências a níveis estatais, é importante preservar a cultura local e posicionar bem as formas de ensinar, quando essas são regidas por parâmetros internacionais.

Foi em um cenário com notáveis déficits na educação pública que se inseriu a ARABRAS, sendo que na época de sua inserção (início da década de 1970) cerca de 62,3% dos habitantes do Tocantins (então norte do Estado de Goiás) não eram alfabetizados (segundo dados da Secretaria de Educação e Cultura – SEC, em 1990). Os próprios habitantes não viam motivos para enviar seus filhos à escola dada a importância e necessidade dos trabalhos no campo, indispensáveis para a sobrevivência. Além da resistência da própria população, haviam três outros fatores determinantes para a problemática da educação na região: a falta de docentes qualificados, a falta de material de ensino e a insuficiência de prédios escolares (WOLFF,1997).

Devido ao fatos históricos pontuados por problemas de urbanização, colonização e danos ecológicos, Araguacema foi marcada, desde sua fundação, por bases pouco sólidas em relação a sua estrutura educacional, nesse contexto, a ARABRAS atuou para combater os principais problemas relacionados a educação pública. (WOLF, 1997)

A aproximação da associação com as escolas sempre foi facilitada pelo fato de a organização se envolver com a fundação dos colégios, a atuação da ARABRAS e regulação de direcionamento de recursos se dava, normalmente, por intermédio dos diretores.

Nas entrevistas realizadas foi possível perceber que a escola Menno Simons, após ser absorvida pelo Estado em sua rede pública de ensino, ainda foi auxiliada pela ARABRAS em uma atuação clara de complementação as ações estatais por parte do terceiro setor, um nome marcante das relações “ARABRAS & Menno Simons”, nessa época, foi o já citado nessa pesquisa, da Sra. Leila de Brito Paiva, diretora da escola, que anteriormente fora contatada pelo Frei Pedro Afonso, a essa diretora também se atribui ajuda para intermediação

de ralação com outras escolas possibilitando novas parcerias entre a ARABRAS e comunidades de Araguacema e região. Já em relação a Escola Cidade Leer, menciona-se com mais frequência o nome do diretor Sr. João Dirceu, quanto a Escola Nova Esperança, tem-se o diretor Claudio Santos de Moraes, a Escola Municipal de Araguacema contava com a gestão direta do secretário da Educação, Prof. Waldir Souza Araújo. Já na Escola de Agroecologia “Vale do Araguaia” (Pequizeiro/TO) e suas extensões os contatos eram os professores Joani Lima Gomes e Nelson Russo de Moraes.

Quando questionados sobre a forma como se desenvolveu a parceria entre a ARABRAS e as instituições de Araguacema/TO, os entrevistados responderam conforme apresentado nos quadros que se seguem.

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Quadro 1: Trecho de Transcrição de Entrevista A Entrevistado A – Diretor de Escola Beneficiada pela ARABRAS

PERGUNTA: Como começou e como se desenvolveu a parceria com a

ARABRAS no município de Araguacema?

RESPOSTA: A ARABRAS surgiu no município de Araguacema através da

Escola Menno Simons, a Dona Leila, e também teve ajuda nos hospitais, o primeiro hospital de Araguacema, e daí se expandiu. E isso trouxe pra nós muito crescimento na educação, com a escola agrícola e o colégio Nova Esperança, além de ajudar as pessoas, aqui era uma comunidade carente, e no início uns professores deram início a uma faculdade, sem condições, e eles ajudavam dando bolsa. E além disso, recentemente ajudaram a escola agrícola, além do polo da OAB. Na época o contato com eles era através da Dona Leila. Ajudaram também na “Nova Esperança”

Fonte: Transcrição de entrevista efetuada e gravada pelos autores ---

Quadro 2: Trecho de Transcrição de Entrevista B

ENTREVISTADO B – Ex Aluno e atual professor na Escola Menno Simons

PERGUNTA: Como você via a Sra. Leia na relação com a ARABRAS? RESPOSTA: Ela era diretoria da escola Menno Simons e articulava nesse

meio. Era ela que acolhia, tanto os membros da ARABRÁS, quanto os que vinham como voluntários, ficavam na casa dela.

Fonte: Transcrição de entrevista efetuada e gravada pelos autores ---

ENTREVISTADO C – Professora na escola Menno Simons

PERGUNTA: A senhora viveu a parceria entre ARABRAS e Araguacema,

como foi esse início de contato?

RESPOSTA: Quando eu comecei a trabalhar, em 1983, eles já possuíam essa parceria, e o trabalho acontecia de forma interessante, eles vinham da Alemanha fazer atividades com os alunos. Na época a Menno Simons era particular, não tinha ligação com a prefeitura, e era sustentada pela ARABRAS e a igreja Menonita. E havia também um apadrinhamento, tanto por parte da Alemanha, como dos Estados Unidos. Eles auxiliavam em tudo, tratamento dentário, saúde, cirurgia, cesta básica, roupas e incentivavam os alunos a trabalhar para ter renda. Eles também tiravam fotos da vida simples dos moradores, faziam cartões para vender em exposições na Alemanha, e o dinheiro arrecadado voltava para sustento da escola.

A Dona Leila era diretora da escola, enviava relatórios de todas as atividades que desempenhava e fazia pedidos de acordo a necessidade.

Fonte: Transcrição de entrevista efetuada e gravada pelos autores ---

Quadro 4: Trecho de Transcrição da entrevista E

ENTREVISTADO E – Freira que atuou durante a vigência dos projetos ARABRAS

PERGUNTA: A senhora sabe, acompanhou, como começou esse processo de amizade entre Araguacema e o povo da Arabras?

RESPOSTA: Quando eu cheguei aqui há muito tempo atrás a Arabrás já estava né?! E o que a gente tem notícia é que todo esse pessoal da... Principalmente os americanos que estavam ligados a essa instituição, eles vieram pra cá, se instalaram, conheceram as demandas, as necessidades do povo, todas a “situação” daqui, e foram, começaram a trabalhar, ver como que eles poderiam estar contribuindo e solucionando certos problemas. Eu não tenho conhecimento da Arabrás assim como tal, da organização e tal, eu só tenho conhecimento é daquilo que eles faziam, como eles ajudavam, se preocupavam das questões que eram emergentes, das questões que precisavam ser atendidas. E como a ARABRÁS normalmente estava aqui em Araguacema , e acho que nos outros lugares, está muito ligado à igreja “Menonita”, e aí eles também se organizavam nesse campo da saúde , nesse campo de atendimento as pessoas, das necessidades , por exemplo, naquele tempo Araguacema tinha muitas questões ligadas a muita dificuldade até de alimentação, eu sei que esse povo socorreu muita gente , nós mesmo quando começamos a trabalhar no assentamento , nos compor nos acampamentos, vieram gente da Arabrás aqui e nos ajudaram, por exemplo, na organização, com mulheres. Eu mesma recebi algumas doações pra comparar maquinas pra essas mulheres fazerem seus trabalhos.

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Quadro 5: Trecho de Transcrição da Entrevista F

ENTREVISTADO F: Professora na Escola Nova Esperança

PERGUNTA 1: Como começou a parceria?

RESPOSTA 1: Sim, através de um padre, por nome “Padre Afonso”, ele

que entrou em conversa com a Dona Leila que era diretora da época do Menon Simon, que também já tinha essa parceria lá também. Ele entrou em contato com a Dona Leila e através dele e da Dona Leila foi que a Arabras chegou até nós.

PERGUNTA 2: Sempre a Dona Leila Intermediando a parceria?

RESPOSTA 2: É, por que a única escola que era beneficiada pela Arabrás

em Araguacema era Menon Simon, na época, a Dona Leila que estava sempre com eles, vinham as regras, muita coisa pra eles lá, aí, como a gente aqui estava começando no assentamento, a gente não tinha assim, uma parceria com uma outra pessoa, foi através da gente mesmo, a necessidade que estava tendo com os aluno que estavam aí, todo mundo sem estudar, a gente vai ver aí. Entrei em contato com frei Afonso e frei Afonso foi e entrou em contato com Dona Leila, e Dona Leila chegou até eles e eles mandaram algumas coisas pra gente aqui começar o nosso trabalho.

Fonte: Transcrição de entrevista efetuada e gravada pelos autores ---

Por meio das entrevistas, é possível notar que as parcerias da associação com as escolas e demais projeto, se dava principalmente por intermédio da direção das escolas, sobretudo da Sr. Leila uma vez que ela aproximava as entidades. As entrevistas também destacaram outros dois pontos relevantes, a parceria entre a ARABRAS e a Igreja Menonita e a forma como os recursos necessários eram solicitados. É possível notar que a ARABRAS instituiu parceria com a igreja Menonita por conta da necessidade de aproximação com as demandas da região Tocantinense na qual atuava. No período de aproximação da associação, a Igreja Menonita já possuía raízes firmadas no Brasil, e foi intermédio para a ARABRAS.

Também é possível notar, quando em pauta a forma como os recursos eram solicitados, que isso se dava por meio da direção das escolas, que recolhiam as demandas e repassavam a

associação. Esses fatos podem ser melhor observados na transcrição que segue.

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Quadro 6: Trecho de Transcrição de Entrevista B

ENTREVISTADO B – Ex Aluno e atual professor na Escola Menno Simons

PERGUNTA 1: Como funcionava a solicitação de recursos pela ARABRAS e em contrapartida a prestação de contas?

RESPOSTA 1: Com relação aos funcionários, a associação repassava a escola para pagamento dos funcionários. Com relação a auxilio, eu por proximidade com a diretoria sabia que a associação tinha dificuldades na captação de recursos, e o adquiria através da promoção de feiras e venda de bolachas feitas pelas crianças alemãs. A prestação de contas era feita através da entrega de relatórios a escola.

PERGUNTA 2: Havia uma relação forte da ARABRAS com a igreja Menonita, como era essa relação na sua concepção? Eles impunham a religião? De onde surgiu a parceria entre Menonita e ARABRAS?

RESPOSTA 2: Eles não impunham religião e eram aparentemente católicos, a relação deles deu-se, pois, a igreja Menonita possuía uma associação no Paraná, e em 1971 a ARABRAS precisava de uma entidade no Brasil para fazer esse canal, e eles conseguiram isso através dessa associação dos menonitas, que tinham por presidente o pastor Teodoro.

Fonte: Transcrição de entrevista efetuada e gravada pelos autores ---

Há de se considerar também, que a ARABRAS atuou em muitos projetos diferentes na vida dos beneficiados, por meio das transcrições já apresentadas, é possível notar que contribuíram com auxílio a hospitais, ao ensino superior, com procedimentos médicos, alimentação e até com vestuário, além do relacionamento profundo e afinco com as instituições escolares.

3.1 Percepção dos beneficiados sobre as ações da ARABRAS