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1.1.1 – Escola Secundária e Escola do Ensino Básico (3º Ciclo)

A nossa carreira profissional desenvolveu-se, ao longo de vinte e seis anos de trabalho, iniciando-se no ano letivo de 1987/1988, na Escola Secundária de Tondela, onde permanecemos durante sete anos.

O nosso primeiro contacto com a instituição “escola pública” foi logo, desde o primeiro momento, muito desafiante e exigente, pois a Escola Secundária de Tondela iria ser transferida para instalações próprias (até essa data estava sediada no antigo Colégio Tomaz Ribeiro) e havia muito trabalho a desenvolver. Foi-nos proposto, pela nossa delegada de grupo disciplinar, que ajudássemos a instalar e organizar os laboratórios da nova escola, bem como, fizéssemos um “levantamento de necessidades”, no sentido de apetrechar estes espaços de atividades laboratoriais com os equipamentos considerados fundamentais para a componente experimental. Vencido este desafio inicial, surge, finalmente, o nosso primeiro contacto com o nosso público-alvo – os alunos em contexto de sala de aula.

O nosso horário era constituído por duas turmas do nono ano com a opção de Quimicotecnia, e o restante horário era completado com uma turma de décimo ano e outra de décimo primeiro ano do Curso Profissional de Química. O desafio era muito grande e diversificado…

Mestrado em Ciências da Educação 81 Era necessário planificar, implementar, acompanhar, avaliar aulas muito distintas, com metodologias de aprendizagem muito específicas e que implicavam a construção de documentos de trabalho bastante diversificados, bem com a construção de protocolos para todas as atividades laboratoriais que seriam implementadas. Não existiam, na altura, manuais escolares para estas áreas, apenas algumas recomendações e/ou sugestões metodológicas, bem como o perfil de competências a atingir no final do curso (décimo segundo ano).

Foi um ano de muito trabalho e bastante desafiante na busca/construção permanente de ferramentas e/ou materiais pedagógicos que dessem resposta ao perfil de competências destes cursos profissionais. Consideramos que o desafio foi vencido e que para isso contribuiu, em grande escala, o apoio permanente, rigoroso e de grande profissionalismo da nossa delegada de grupo disciplinar.

Nos seis anos seguintes, continuámos a lecionar nos Cursos Profissionais de Química, até ao seu término (a oferta educativa da escola não contemplou a abertura desta área profissional, novamente no décimo ano de escolaridade) e o nosso horário foi completado com turmas do oitavo ano de escolaridade, logo no ano de 1988/1989.

Verificou-se que até ao ano letivo de 1993/1994, foram-nos atribuídas turmas de continuidade e o restante horário, quando necessário, era completado com turmas de iniciação da disciplina.

Pelo exposto, constatamos, que o nosso percurso profissional, nos primeiros sete anos, exigiu da nossa parte uma permanente aprendizagem e evolução pedagógica, no sentido de dar resposta às novas exigências/desafios educativos que nos eram propostos, no ano letivo seguinte (acompanhar/dar continuidade pedagógica às nossas turmas).

Foi uma longa caminhada e um desafio constante… Mas, para o nosso sucesso, muito contribuiu a ajuda determinante dos pares (muitos colegas possuíam estágio pedagógico) e a experiência profissional/disponibilidade/acompanhamento da nossa delegada de grupo disciplinar.

Chegamos ao ano de 1994/1995 e, após alguma ponderação/reflexão pessoal, fomos levados a concorrer e tentar pertencer ao quadro de nomeação definitiva da Escola C+S de Campo de Besteiros, que tinha sido construída há pouco tempo e estava localizada na mesma zona geográfica da nossa residência.

Tratava-se de uma escola que estava a construir/formar o seu corpo docente, onde não existiam os chamados “professores de carreira”, logo surgia a oportunidade de

Mestrado em Ciências da Educação 82 ser a primeira professora do quadro, dentro do nosso grupo disciplinar, o que na altura representava alguma segurança e estabilidade profissional. Para esta decisão, muito contribuiu a opinião da nossa progenitora que era uma professora de carreira e com muitos anos de liderança e experiência profissional.

Chegamos à Escola C+S de Campo de Besteiros, é-nos atribuído o serviço para o ano de letivo de 1994/1995, que constava apenas de turmas do terceiro ciclo, sétimos e oitavos anos (uma vez que o ensino secundário ainda não estava a ser implementado), bem como os cargos de Diretora de Turma, Diretora de Instalações e Delegada de Grupo de Ciências Físico-Químicas.

Tratou-se de um ano escolar que exigiu, da nossa parte, uma nova adaptação e uma nova forma de “saber estar” e de “saber fazer”. Pertencíamos agora a uma realidade educativa muito diferente da anterior, no seio de uma comunidade discente que apresentava outra atitude/postura face à escola e ao ensino em geral. Além disso, apresentava necessidades educativas e um acompanhamento muito mais individualizado e personalizado. Era uma escola próxima da anterior, mas que acolhia uma comunidade discente mais rural, desprotegida, oriunda de meios socioeducativos muito empobrecidos e desprotegidos, onde as espectativas face à escola e à aprendizagem eram, na maioria dos casos, pouco valorizadas. Acrescenta-se a esta realidade o acolhimento de uma grande quantidade de alunos, de ambos os sexos, que pertenciam ao “Lar Convívio Jovem” que ficava localizado à frente da Escola.

Tratava-se de uma instituição que recebia crianças e jovens de todo o país, com percursos de vida e vivências muito diversificados e que, por vários motivos, eram retirados às suas famílias biológicas e vinham viver para este espaço educativo.

Nos anos seguintes continuámos nesta escola, desempenhando sempre os mesmos cargos de liderança intermédia e dando, de ano para ano, continuidade pedagógica aos nossos alunos (até ao nono ano de escolaridade).

No letivo de 1997/1998, a Escola C+S de Campo de Besteiros, passa a ter a designação de Escola do Ensino Básico 2,3 de Campo de Besteiros, verificando-se, desta forma, que o ensino secundário nunca foi ministrado neste espaço escolar. Assim, o nosso percurso profissional prende-se, até ao momento atual, com a lecionação da disciplina de Ciências Físico-Químicas a turmas do sétimo, oitavo e nono ano de escolaridade, prevalecendo sempre a continuidade pedagógica.

Cumulativamente, fomos sempre desempenhando o cargo de Diretora de Turma (desde o ano de 1994/1995 ao ano de 2010/2011), Delegada de Grupo

Mestrado em Ciências da Educação 83 Disciplinar (desde o ano de 1994/1995 ao ano de 1998/1999) passando a desempenhar, devido à reorganização curricular/escolar, o cargo de Coordenadora de Departamento Curricular entre 1999/2000 e 2000/2001.

No ano letivo seguinte a escola passa a ser designada por Agrupamento de Escolas de Campo de Besteiros e são incorporados na organização escolar o ensino pré- escolar e o primeiro ciclo do ensino básico. Esta nova estrutura educativa carece de uma outra dinâmica e representatividade, no que concerne às lideranças intermédias. Nesse sentido, são criadas novas estruturas orgânicas e novos Departamentos Curriculares, pelo que começámos a desempenhar, a partir do ano letivo 2001/2002 até 2011/2012, o cargo de Subcoordenadora de Departamento Curricular.

1.1.2 – Escola Profissional e Centro de Emprego - Cursos