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1.2 – Participação e/ou coordenação de outras atividades

Durante estes vinte e seis anos de atividade docente, foram vários os projetos e atividades em que estivemos envolvidos. Iremos apenas fazer referência aos implementados nos estabelecimentos de ensino apresentados no ponto 1.1 deste capítulo, uma vez que a nossa carreira profissional foi construída e desenvolvida, essencialmente, nesses espaços educativos.

Através da nossa ação e espírito de partilha, tentámos contribuir para o crescimento, a melhoria e a mudança da organização escolar. Este trabalho foi facilitado, pois pertencemos a um reduzido número de organizações educativas, o que nos permitiu conhecê-las com rigor e assim trabalharmos no sentido de adaptarmos a

Mestrado em Ciências da Educação 85 nossa atividade profissional às especificidades dos alunos e às necessidades das organizações escolares.

Destacamos a elaboração de documentos estruturantes para a organização educativa, nomeadamente ao pertencermos à equipa que elaborou, implementou e acompanhou o primeiro Regulamento Interno da Escola do Ensino Básico 2,3 de Campo de Besteiros, no ano letivo de 1997/1998; desempenhámos a função de coordenadora do grupo de trabalho que produziu o Projeto Educativo/Autoavaliação da referida escola e, nos anos posteriores, continuámos a coordenar a atualização e/ou adaptação deste documento às novas necessidades da organização educativa; coordenámos e participámos na equipa que produziu materiais de trabalho e documentos orientadores para a construção, a implementação e a avaliação do Projeto Curricular de Turma. Como tínhamos realizado formação nessa área, fomos convidados pelo Presidente do então designado Conselho Diretivo a desenvolver, com outra colega, ações de formação, durante dois anos, dentro da organização educativa, para os vários níveis de ensino (pré-escolar, primeiro ciclo, segundo e terceiro ciclos), com vista a acompanhar e a monitorizar a construção/implementação/optimização dos vários Projetos Curriculares de Turma.

A nossa primeira formação, para os docentes, intitulava-se “Como construir um Projeto Curricular de Turma – apresentação de uma matriz”. Todas estas atividades exigiram da nossa parte inúmeras leituras, muitas horas de trabalho individual e em grupo, momentos únicos de partilha de experiências e de pontos de vista entre todos os colegas, mas foram também momentos inesquecíveis de aprendizagem, de crescimento profissional e de reestruturação da nossa ação educativa.

Como refere Guerra (2000), a escola deve ser uma comunidade de aprendizagem e não apenas de ensino. Para tal é necessário conhecer a sua história, o seu contexto, o seu carater único e a sua dinâmica…

O mesmo autor defende que cada organização educativa tem a sua identidade, que é marcada não só pelos normativos emanados pela tutela, mas também pela forma peculiar como estes são adaptados e contextualizados a essa realidade escolar.

Defendemos que a escola deve promover o seu desenvolvimento autónomo e constituir-se como uma comunidade crítica de aprendizagem, pois “os níveis de criatividade, contextualização, participação, abertura à comunidade, flexibilidade organizacional e auto-reflexão são potencialmente maiores nas organizações que aprendem, do que naquelas que se limitam a executar” (Guerra, 2000, p.38).

Mestrado em Ciências da Educação 86 Ao longo destes anos de profissão docente, defendemos e fundamentámos a criação de espaços onde fosse ministrado um apoio pedagógico mais individualizado aos alunos que apresentavam mais dificuldades no acompanhamento dos conteúdos disciplinares e/ou apresentassem outro tipo de necessidades.

Estes espaços foram implementados, desde o ano de 1998 e a sua pertinência e utilidade foram reconhecidas por toda a comunidade educativa. Para o seu sucesso, muito contribuiu a partilha/empenho dos professores e a sua capacidade de produzir/(re)criar/adaptar vários materiais pedagógicos que fossem ao encontro dos constrangimentos e especificidades desses alunos. Os docentes perceberam a importância/pertinência destes momentos de aprendizagem que foram também implementados noutras disciplinas, com bastante êxito. Estes apoios tornaram-se uma realidade e permitiram melhorar a aprendizagem e o sucesso educativo da comunidade discente, no Agrupamento.

Um outro desafio/vivência profissional que queremos destacar foi o nosso envolvimento em todo o sistema de preparação e presença nos vários painéis da Inspeção-Geral da Educação (IGE), quando esta esteve na nossa escola/agrupamento.

A primeira visita ocorreu no âmbito da avaliação externa das escolas entre os dias vinte e nove e trinta e um de janeiro de 2008. Toda a visita foi preparada com a coordenação dos líderes de topo e intermédios que tiveram a função de delinear/produzir/organizar/recolher todos os documentos solicitados pela IGE, bem como estruturar/produzir o relatório de apresentação do Agrupamento.

Foi um trabalho diferente que implicou, mais uma vez, a partilha de saberes, de opiniões/sugestões com os vários colegas do departamento e subdepartamento curricular, e posterior “tratamento” da informação, no sentido de produzir os documentos organizadores e estruturantes do Agrupamento.

A segunda visita, pela IGE, surge em março de 2009, entre os dias dezoito e vinte do referido mês. A atividade inspetiva de Acompanhamento tinha como finalidade a observação/reflexão dos campos de análise: “Resultados Escolares e Estratégias de Melhoria do Ensino Básico”. Somos novamente convidados a apresentar a escola, bem como, a prestar todas as informações/dados solicitados pela IGE.

Esta situação/presença voltou a acontecer, na nova visita da IGE ao nosso Agrupamento, no âmbito da atividade inspetiva de Acompanhamento, que teve como

Mestrado em Ciências da Educação 87 finalidade a análise dos campos de observação: “Gestão Curricular na Educação Pré- Escolar e no Ensino Básico” e que decorreu entre os dias um e três de março de 2010.

Destas duas visitas, foram produzidos relatórios síntese que foram analisados, numa primeira fase, pelas lideranças de topo e professores que participaram diretamente nestas atividades. Posteriormente, foram delineadas formas de os apresentar e monitorizar as suas sugestões a toda a comunidade docente. Todo o trabalho dessas equipas teve como finalidade induzir, através das recomendações inscritas nesses documentos, a melhoria das práticas de organização e de funcionamento do Agrupamento, bem como a indução de melhores práticas no desenvolvimento do processo avaliativo dos alunos e, consequentemente, na melhoria das suas aprendizagens e dos seus resultados. Foram necessárias várias reuniões de trabalho, produção de diversos documentos e fichas a implementar no Agrupamento, bem como o acompanhamento e a avaliação da pertinência e do contributo desses documentos produzidos. Por último, fazemos referência à segunda visita da IGE ao Agrupamento, no âmbito da avaliação externa das escolas, que decorreu entre os dias vinte e cinco e vinte e sete de janeiro de 2012 e onde se repetiram todas as tarefas/ações já referenciadas, a propósito da primeira visita inspetiva.

Consideramos que a nossa organização escolar conseguiu perceber a mais-valia e o contributo que as visitas da IGE lhe podiam proporcionar. Neste sentido, foram utilizadas as suas recomendações a nível interno, permitindo assim, criar uma cultura de escola e promover a melhoria e a mudança do Agrupamento. Esta nossa opinião é também corroborada pelo ME, ao referir que os instrumentos monitorizados pela IGE “devem ser encarados como um apoio à gestão, na medida em que produz «conhecimento», apoia a tomada de decisão e implementação de processos de inovação e contribuem para a construção da imagem positiva de escola” (ME, 2006, p.72).

Somos da opinião que, para esta melhoria, muito contribuiu o trabalho articulado entre os líderes intermédios e os restantes professores, no sentido de todos se sentirem envolvidos no processo e perceberem a pertinência e o contributo do trabalho em equipa e da avaliação formativa para a sua atividade diária, pois “a participação favorece a identificação dos problemas e o envolvimento nas soluções e proporciona ainda uma análise mais completa e uma maior abertura da escola ao meio em que se insere” (CNE, 2005, p.11).

Por último, queremos registar que, ao longo destes anos de profissão, sempre defendemos que o gosto pela ciência e o espírito de descoberta/investigação deveriam

Mestrado em Ciências da Educação 88 ser vertentes/dimensões a potencializar nos nossos alunos. Nesse sentido, foram muitos e variados os projetos que coordenámos e nos quais participámos, tanto como docente como coordenadora de departamento e/ou de grupo disciplinar. Alguns dos projetos permitiram abrir a escola à comunidade, levar os pais e encarregados de educação a participarem na construção de materiais pedagógicos e/ou em atividades na escola, dinamizadas pelos alunos, bem como promoverem a interdisciplinaridade através da participação em concursos e espaços interativos de exploração das áreas das ciências.

Fazemos, de seguida, referência a alguns destes projetos/atividades, em que estivemos envolvidos:

 Coordenação e participação nas Olimpíadas de Físico – Química em vários anos;

 Desenvolvimento de projetos no âmbito das Ciências, com a participação direta dos alunos (“Jornal de parede das Ciências”; “Escola-Eletrão”; “Green Cork”; Comemoração do Dia Nacional da Cultura Científica; Atividades no âmbito do Plano de Educação para a Saúde – Construção de materiais/PowerPoint; Construção de um Blogue de Turma; Construção de uma ponte/modelos atómicos/instrumentos musicais… no âmbito dos conteúdos de CFQ);

 Coordenação e participação em concursos interdisciplinares, destacando-se as áreas: mundo das profissões/orientação profissional e Concurso “Entre Palavras”;

 “Laboratório Aberto”: Atividades experimentais interativas e exposição de trabalhos realizados pelos alunos, bem como a dinamização de atividades laboratoriais a apresentar a toda a comunidade educativa (no final de todos os anos letivos);

 Dinamização da Comemoração do Ano Internacional da Astronomia, no dia 16 de setembro de 2009, com a colaboração dos elementos da subcoordenação;

 Dinamização do “Dia da Subcoordenação” que decorreu no dia 30/05/2011, com a vinda do Dr. João Lin Yun à nossa Escola, entre outras atividades.

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Capítulo 2 - Percurso profissional e supervisão