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3.2 AS ESCOLAS COMPLEMENTARES DO PARANÁ

3.2.2 Escolas Normais Complementares

Para diminuir a falta de professores de modo que se conseguisse suprir a demanda, foram propostas, então, as Escolas Normais Complementares. Estas iniciaram no Paraná com as Escolas Complementares de Guarapuava e Jacarezinho, que eram sediadas nos grupos escolares. As Normais Complementares eram uma medida paliativa e acresciam ao Curso Primário um ano de Curso Normal, no qual eram ensinadas as matérias pedagógicas e era também incluída a prática de ensino.

Já em 1924, enquanto se construía a Escola Normal de Paranaguá e se contava com as Escolas Normais de Curitiba e Ponta Grossa, havia o planejamento para a construção da Escola Normal de Guarapuava.

Na Mensagem de Governo – 1º de fevereiro 1929 – Do Presidente do Paraná Affonso Alves de Camargo, apresentado ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná, relativo ao ano de 1928, esse presidente explicava sobre a necessidade das Escolas Normais em outros pontos do Estado do Paraná:

Cumprindo essa promessa95o meu governo se tem esforçado vivamente no combate ao analphabetismo, creando para esse fim, innumeras escolas, além das já existentes, espalhando-as por todo o nosso vasto território, onde as mesmas se vão tornando necessarias, com o augmento crescente da nossa população.

Apesar da existência de tres Escolas Normaes e duas Complementares Normaes96, ainda não temos o numero sufficiente de professores de que precisamos para o provimento de todas as escolas do Estado. (PARANÁ, mensagem 1929, p. 128)

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Promessa feita pelo Presidente do Paraná, Affonso Camargo em seu discurso-plattaforma de que”(...)prosseguiria na nobre tarefa de diffundir ainda mais a instrucção , pois é bom que o Administrador veja em cada escola um templo onde se cultúa a familia e a Patria e onde se pode fazer de cada brasileiro um cidadão consciente de seus deveres civicos e um real valor para a nacionalidade” (PARANÁ, Mensagem Affonso Camargo,1929, p. 128).

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Tais Escolas Normais Complementares situavam-se, uma em Jacarezinho e outra em Guarapuava. A Escola Normal Complementar de União da Vitória só viria a funcionar no ano de 1930.

Torna-se, por esse motivo, necessária e urgente a creação de mais duas Escolas Normaes Primarias, nos moldes das já existentes, uma no norte do Estado e outra em Guarapuava para a preparação de professores que attendam ás necessidades do ensino, nas riquíssimas zonas norte e oeste do estado (PARANÁ, Mensagem Affonso Camargo, 1929, p.128-129).

A intenção de criação de mais duas Escolas Normais Primárias gerou-se devido às dificuldades encontradas pelas Escolas Complementares de Guarapuava e de Jacarezinho em formar em quantidade e qualidade, os professores primários para a aquela região.

Tais problemas para formar professores nessas Escolas Normais pareciam passar por questões sociais e também internas das escolas, entre elas, as avaliações feitas nos Exames dos finais de períodos, onde o número de alunos que conseguiram serem aprovados e se formarem foram em geral, de aproximadamente um terço do número de inicialmente matriculados, como podemos observar no trecho seguinte, da Mensagem de Governo do Presidente do Paraná Affonso Camargo:

Na Escola Complementar da cidade de Guarapuava das 32 alumnas matriculadas neste curso, 8 entraram em exames e 24 não compareceram ás provas; das 8 alumnas que se submetteram aos exames, 7 foram approvadas e 1 não compareceu á prova oral. Das candidatas approvadas, cinco já estão exercendo o magistério como professoras effectivas, nos povoados do município de Gurapuaava.

Na Escola Complementar de Jacarezinho a matricula foi de 25 alumnos. Destes 16 submetteram-se aos exames deixando de comparecer 9. Dos examinados 10 foram approvados e 6 reprovados (PARANÁ, Relatório 1928-1929).

O resultado do ano letivo de 1928-1929 nas Escolas Normais Complementares de Jacarezinho e Guarapuava que funcionavam nos prédios dos Grupos Escolares está exposto como segue:

Escolas Complementares Normais Matrícula Guarapuava...23 Jacaresinho...47 Total...70 Exames Approvados...13 Reprovados...35 Eliminados...22 Total...70 (PARANÁ, Relatório 1928-1929, p. 5).

Observamos que nas Escolas Complementares Normais o número de aprovados era muito pequeno em relação aos reprovados e eliminados. Esse fato denota a permanência de um número restrito de professores formados por essas escolas e que deveriam suprir as escolas daquelas regiões.

Os anos de 1930 iniciaram produtivos para a Educação. Além da criação

em 1930, do Ministério da Educação e Saúde Pública97 pelo Decreto Nº 19.402

de 14/1/1930, e em 1931, da organização do ensino secundário por meio dos

Decretos que ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos98" e da já

referida atuação dos intelectuais brasileiros no Manifesto dos Pioneiros da

Educação Nova99. Em 1934 a nova Constituição Brasileira100 dispõe, pela

primeira vez, que a Educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos.

Em 1936, as Escolas Normais de Guarapuava e Jacarezinho ainda não haviam sido construídas, continuando a funcionar os Cursos Normais Complementares nesses municípios. A criação e a edificação de mais Escolas Normais, ainda fazia parte dos planos do governo estadual, fato que podemos confirmar com a mensagem do Governador Manoel Ribas aos Legisladores do Estado, que justifica:

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O Ministério da Educação e Saúde Pública desenvolvia atividades pertinentes a vários ministérios, como saúde, esporte, educação e meio ambiente. Até então, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo Departamento Nacional do Ensino, ligado ao Ministério da Justiça (BRASIL, MEC - DECRETO N.º 19.402, DE 14 DE NOVEMBRO DE 1930).

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Foi a primeira reforma educacional de caráter nacional, realizada pelo então Ministro da Educação e Saúde Francisco Campos, que ao baixar o decreto 19.851 em 11 de abril de 1931, deu uma estrutura orgânica ao ensino secundário, comercial e superior. Ao todos foram seis decretos: a) Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, que cria o Conselho Nacional de Educação; b) Decreto nº 19.851, já mencionado; c) Decreto 19.852, de 11 de abril de 1931, que dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro; d) Decreto nº 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispõe sobre a organização do Ensino Secundário; e) Decreto nº 20.158, de 30 de junho de 1931, que organiza o ensino comercial, regulamente a profissão de contador e dá outras providências, e f) Decreto 21.241, de 14 de abril de 1931, que consolida as disposições sobre a organização do Ensino Secundário.(BRASIL, MEC – DECRETO 20.158. 1931).

99 Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira são alguns entre esses intelectuais. 100

Promulgada em 16 de julho de 1934, possuía 187 artigos e preservava muitos aspectos da Constituição anterior. Na questão trabalhista, proibia qualquer tipo de distinção salarial baseada em critérios de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Essa Constituição tinha preocupações com respeito à adoção de medidas que promovessem o desenvolvimento da indústria nacional. A nova lei eleitoral permitiu a adoção do voto secreto e direto, para todos aqueles maiores de 21 anos, incluindo as mulheres. Somente os analfabetos, soldados, padres e mendigos não poderiam ter direito ao voto.Em relação à Educação, as discussões são incluídas no texto principal dessa autora.

Para maior facilidade do ensino e para descongestionar as Escolas Normais existentes, o Governo cogita da criação de mais 2, 1 em Guarapuava e outra em Jacarézinho, não se descuidando também da necessidade de construir mais 3 grupos escolares nesta Capital, com a capacidade mínima de 800 alunos cada um. (PARANÁ, Mensagem de Manoel Ribas, 1936, p. 46).

Nessa época, o Estado do Paraná contava em sua estrutura educacional com diversos Grupos Escolares, Escolas Isoladas Estaduais e Municipais e

Subvencionadas101, em todos os pontos do Estado que contava nesse período

com 56 municípios.

O Ensino Secundário paranaense ficava a cargo das Escolas Normais de Curitiba, Ponta Grossa e Paranaguá e dos Ginásios Paranaense e Regente Feijó. O primeiro Ginásio, situado na capital paranaense e o segundo em Ponta Grossa.

Os cursos eram denominados como: Ensino Fundamental Comum ou Ensino Primário; Ensino Complementar Primário; Ensino Complementar Normal, que funcionavam nas duas Escolas Complementares, de Jacarezinho e Guarapuava; Ensino Infantil, que eram os Jardins da Infância; Ensino Normal; Ensino Maternal, que funcionava na Escola de Curitiba; Ensino Supletivo, havendo 28 Estaduais e 3 Municipais; e Ensino Ginasial.

Os professores, entre Estaduais, Municipais, Particulares e

Subvencionados, eram em número de 2.299 no ano de 1936, constituindo um número ainda insuficiente de professores primários para atender as escolas do Paraná.

Embora o Ensino Normal estivesse inserido no nível secundário, o mesmo possuía diferentes tipos de formação, definidas de acordo com as finalidades de cada tipo e também com as Escolas Normais onde funcionavam.

As duas Escolas Normais do interior do Estado do Paraná eram

denominadas, cada uma, como ‘Escola Normal Primária’ e tal denominação se dava pelo fato de que tinham a incumbência de formar professores para o Ensino Primário do Estado. De outro lado, ‘Escola Normal Secundária’ foi a

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Em conformidade com o Decreto Federal 13.014 de 4 de maio de 1918, o Governo Federal concedia subvenção a 120 escolas localizadas nas zonas rurais do Estado, as quais eram destinadas a núcleos de nacionalização. Essas escolas, embora mantidas pela União, eram reguladas pelo Código de Ensino do Estado.

designação dada à Escola Normal da capital após a Reforma do Ensino sancionada em 1923, habilitando-a a formar os professores dos que lecionariam nas Escolas Normais Primárias.