Esta pesquisa é de natureza qualitativa, cujo método consiste em um estudo de caso, no campo das Ciências Sociais no qual se inserem as áreas de Linguística e Educação, tendo como foco o estudo e a análise de um fenômeno em uma unidade social.
Embora nossa pesquisa seja de teor qualitativo, valemo-nos também de dados quantitativos. As estratégias quantitativas foram muito importantes para o nosso levantamento inicial dos dados e posterior aplicação da análise qualitativa. De acordo com Flick (2004, p. 175), essas estratégias são intrinsicamente relacionadas, a articulação entre elas “pode ser orientada no sentido de transformar dados qualitativos em quantitativos e vice-versa”. Por essa razão, entendemos que ambas as estratégias são importantes.
Os dados qualitativos auxiliam na atribuição de significados, são muito frequentes no campo das Ciências Sociais, uma vez que se explicam pelas constantes transformações sociais que marcam a sociedade contemporânea.
Segundo Silva e Menezes (2001, p. 20):
A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e
atribuição de significados são básicos no processo qualitativo. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
A pesquisa qualitativa tem, de modo geral, como contexto de investigação um ambiente natural/real em que o pesquisador permanece em contato direto com o ambiente estudado (Lüdke & André, 2001 e Chizzotti, 2005). Além disso, a permanência do pesquisador no ambiente em estudo caracteriza seu interesse na compreensão mais abrangente e detalhada do contexto, do objeto, bem como dos sujeitos de estudo.
Segundo Appolinário (2004, p. 144), ao definir a observação participante, o pesquisador está diretamente em interação com os sujeitos e contextos de pesquisa, ficando em uma posição privilegiada em relação ao grupo estudado, uma vez que a participação do pesquisador no contexto de estudo lhe possibilita maior compreensão da realidade e das características desse contexto.
Além disso, as pesquisas qualitativas são de essência descritiva. Segundo Triviños (1987, p. 129), o ato de descrever, nesse universo, visa a captar “não só a aparência do fenômeno como também sua essência, e as causas de sua existência, procurando explicar sua origem, suas relações, suas mudanças e se esforça para intuir as consequências que terão para a vida humana”.
A pesquisa qualitativa será utilizada nesse trabalho, dado o nosso enfoque para analisar a importância de se realizar um trabalho voltado para o exercício de práticas de letramento, por meio de gêneros textuais, valorizando as vivências que os aprendentes trazem de seu meio cultural e social. É importante mencionar que a pesquisa qualitativa não se volta para números, mas para a descrição dos fatos e análise dos dados coletados de forma interpretativa.
Em relação à metodologia, esta pesquisa está pautada em um estudo de caso, primeiramente, vamos apresentar a definição e suas características, logo após justificaremos sua utilização neste trabalho.
Segundo André (2005), o estudo de caso surgiu, na sociologia e na antropologia, ao final do século XIX e início do século XX. O principal propósito, nessas áreas, era realçar características e atributos da vida social. Na Medicina, Psicanálise, Psicologia e Serviço Social objetivavam estudar um caso para fins de diagnose, tratamento e acompanhamento. Na área de Direito, Administração e Medicina foi, e ainda continua sendo, utilizado como recurso didático. Segundo a autora, as vantagens da metodologia de estudo de caso são:
a) o estudo de caso possui um forte elemento de realidade e pragmatismo, sendo, portanto, ideal para o profissional da área em termos de reflexões a respeito da prática cotidiana;
b) as conclusões derivadas do estudo de caso podem ser estendidas a outras instâncias ou à população da instância estudada;
c) o estudo de caso representa uma visão multifacetada, profunda e holística da instância, permitindo várias interpretações possíveis da instância;
d) um estudo de caso bem conduzido e estruturado pode servir de base de dados para pesquisas futuras;
e) os estudos de casos possuem uma capacidade metodológica considerável, levando o pesquisador a descobrir novas relações e significados a respeito da instância investigada. (ANDRÉ, 2005, p. 50)
Lüdke e André (1986) e Triviños (1987) caracterizaram o estudo de caso como estudos que partem de alguns pressupostos teóricos iniciais, mas procuram se manter constantemente atentos a novos elementos que podem ser emergentes e importantes para discutir a problemática em questão. Por essa razão, o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa relevante no processo educativo.
Além disso, o estudo de caso tem como foco uma situação, um fenômeno particular, o que o faz um tipo de estudo adequado para investigar problemas práticos. A característica da descrição significa o detalhamento completo e literal da situação investigada. Segundo André (2005), o estudo de caso pode ajudar o pesquisador a descobrir novos sentidos, expandir suas experiências ou confirmar o que já se sabia, tem um potencial enorme de contribuição aos problemas da prática educacional, ao fornecer informações valiosas que permitem também decisões políticas.
Diante do exposto, consideramos o estudo de caso adequado para a nossa pesquisa, uma vez que os fenômenos investigados partem do mundo real, no qual estão refletidas as condições do contexto em que esses fenômenos se inserem, tais como papéis desempenhados pelos sujeitos, suas crenças, seus valores e suas concepções sobre o fenômeno estudado. Ao estudarmos um caso específico em seu contexto, temos maior chance de compreender sua natureza e suas possíveis implicações na vida dos sujeitos envolvidos na situação, na medida em que retratamos uma realidade de forma completa e profunda.
Todavia reconhecemos que se trata de uma pesquisa subjetiva, por essa razão, o pesquisador deve ter alguns cuidados para não comprometer a credibilidade de sua pesquisa. Entre eles, podemos citar a descrição detalhada do contexto, a escolha de teorias que o auxiliem na compreensão do fenômeno estudado, bem como a definição precisa dos critérios de análise.