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1.1. As concepções de leitura

1.1.5. A leitura crítica na sala de aula: desafios e possibilidades

1.1.5.2. Mediação pedagógica por meio de tecnologia

Podemos dizer que os aprendentes nunca tiveram tantas possibilidades de se comunicar em tempo real com seus ensinantes e com outros colegas de sala de aula. Atualmente, graças à revolução dos meios de comunicação, grande parcela de aprendentes consegue acessar dados e informações de um modo muito mais interessante, com recursos de animação, cores e sons. O desafio a ser assumido por ensinantes está em perceber as potencialidades de uso que as novas ferramentas de comunicação oferecem para ampliar oportunidades de aprendizagem.

Em nossa trajetória como docente, percebemos que o surgimento das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC possibilitaram novas formas de transmissão dos conteúdos pedagógicos, ampliando o acesso à informação e reconfigurando o espaço escolar. O termo “tecnologia da informação e comunicação” não é necessariamente sinônimo de computador, no entanto ele pode ser considerado como o principal representante dessa tecnologia, talvez devido a sua pluralidade de utilização na solução de diversos tipos de problemas relacionados à produção e disseminação de informação pertinente às várias áreas do conhecimento (COSCARELLI, 2003, p. 51).

Não há dúvidas de que a utilização das TIC tem alterado o cenário da educação, apesar de não terem surgido com preocupações educativas, com grande frequência elas se apresentam como uma alternativa adequada e desejável para atender às novas demandas educacionais provenientes das mudanças advindas da economia mundial, em que cada vez mais profissionais e pesquisadores repensam a educação, promovendo mudanças em seus objetivos, metodologias e processos avaliativos.

As TIC presentes nas salas de aula facilitam a prática de ensino e aprendizagem, possibilitando a ensinantes e aprendentes a participação em atividades online que poderão trazer ótimos resultados. No entanto, para que o recurso tecnológico realmente faça a diferença na escola, é necessário que as instituições de ensino estejam estruturadas e equipadas, com profissionais igualmente preparados para transformar a instituição num espaço inovador de aprendizagem e de construção do conhecimento.

Entendemos que o ensinante disposto a ser mediador e se valer das TIC para transmitir seus conteúdos está disponível a sair da “zona de conforto” e romper com metodologias seguras e previsíveis de aprendizado e estar apto a se construir e reconstruir constantemente em seu fazer pedagógico. A internet, por exemplo, pode abrir outras possibilidades ao ensinante proporcionando-lhe estratégias diferenciadas de ensino. Segundo Moran (1995), a internet está se tornando uma mídia poderosa para o ensino, devido às suas características. O autor afirma que

As tecnologias permitem um novo encantamento na escola, ao abrir suas paredes e possibilitar que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo. O mesmo acontece com os professores. Os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente na rede para quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas online, com muitos textos, imagens e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. O professor pode estar mais próximo do aluno. Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar informações complementares para determinados alunos. Pode adaptar a sua aula para o ritmo de cada aluno. Pode procurar ajuda em outros colegas sobre problemas que surgem, novos programas para a sua área de conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados. (MORAN, 1995, p. 25)

Nessa perspectiva, entendemos que a Internet e as novas tecnologias propiciam desafios na prática pedagógica das escolas, na medida em que o ensinante utiliza tecnologias para dar subsídios para os aprendentes ampliarem suas descobertas, ajudando-os em suas dúvidas.

Em consonância com as ideias de Masetto vale ressaltar que, para haver mediação, o ensinante precisa assumir algumas posturas em relação ao uso das TIC. Para o autor, é necessário

(...) o professor orientar os alunos a respeito de como direcionar o uso desse recurso para as atividades de pesquisa, de busca de informações, de construção do conhecimento e de elaboração de

trabalhos. Essa orientação é fundamental para que tão rico instrumento de aprendizagem não se transforme em uma forma mais caprichada de colagem de textos – como antes era feito com textos de revistas ou de livros. (MASETTO, 2006, p. 161)

Um dos primeiros passos do ensinante que assume o papel de mediar a aprendizagem por meio das TIC é mostrar ao aprendente como pesquisar na internet, mostrando-lhe sites que sejam relevantes, com informações confiáveis sobre o assunto a ser pesquisado e incentivá-lo a continuar as pesquisas. O ensinante deve ter consciência de que não é detentor de todo o conhecimento sobre o assunto e deve estar aberto a aprender as novas informações pesquisadas pelo aprendente, discuti-las e o mais importante de tudo é desenvolver nele a criticidade diante de suas pesquisas.

Segundo Masetto (2006, p. 168-170), o ensinante que se propõe ser um mediador deve possuir algumas características, como: estar voltado para a aprendizagem do aprendente, assumindo que ele é o centro do processo e, portanto, as ações pedagógicas devem estar voltadas para ele; criar um clima de mútuo respeito para com todos os participantes, estabelecendo uma atmosfera de confiança no processo de ensino e aprendizagem; ter domínio profundo de sua área de conhecimento, demonstrando competência atualizada quanto às informações e aos assuntos; ser criativo e saber buscar soluções para situações inesperadas, ser consciente de que um aprendente é diferente do outro; ser disponível para dialogar, entre outras.

Sendo assim, a utilização das TIC nas estratégias de ensino na sala de aula pode colaborar significativamente para alcançarmos alguns dos objetivos da disciplina de leitura e letramento na medida em que nosso objetivo é aprimorar o senso crítico, estabelecendo relações entre os textos analisados e o contexto histórico-social em que estão inseridos.

Até aqui apresentamos as várias concepções de leitura, iniciamos nossa reflexão com a leitura tradicional que envolve a decodificação de signos linguísticos, na sequência tratamos da abordagem cognitivista, nesse processo de leitura, o leitor utiliza o cérebro para realizar inferências, solucionar problemas, classificar, categorizar, formar conceitos e outros, dividindo-se em três modelos

de processamento de informações: o bottom-up, o top-down e o modelo interativo. Em seguida, refletimos sobre a leitura na abordagem interacional que valoriza o aspecto social da leitura, como interação leitor e autor através do texto. Na continuidade, abordamos a leitura como prática social, na qual verificamos que a leitura é uma prática tanto individual quanto coletiva, pois se caracteriza como uma experiência sociocultural pela produção de sentidos de objetos sociais e culturais materializados em textos. A leitura como prática social e cultural ocorre quando o indivíduo, durante o ato da leitura, ativa todo o seu sistema de valores e crenças que refletem o grupo sociocultural ao qual pertence. E, por fim, mencionamos sobre a leitura crítica na sala de aula. Ao tratarmos desse tópico, refletimos sobre os desafios enfrentados pelo ensinante no processo da leitura em sala de aula, bem como apontamos possibilidades para se promover a leitura crítica, sendo uma delas o ensinante mediador e a utilização das TIC.

Diante das concepções que envolvem o processo da leitura, em nossas práticas na aula de leitura e letramento no Ensino Médio, entendemos que os aprendentes estão em uma faixa etária em que o desafio faz parte do seu dia a dia. Por isso, é importante criar estratégias para desafiá-lo a ler para entender, para conhecer e extrair conteúdo do texto, bem como para se tornar um sujeito crítico, reflexivo e um cidadão que possui princípios éticos, morais e sociais. Para tanto, adotamos as concepções das abordagens de leitura como prática social e crítica, pois consideramos a leitura como uma atividade social que pressupõe a interação entre autor, leitor, mediada pelo texto, além de nos remetermos a outros textos que circulam na sociedade. Além disso, defendemos que a mediação pedagógica pode possibilitar aprendizagem significativa para os aprendentes nesse processo.

1.2. As concepções de gêneros e sequências textuais e suas contribuições