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4. RESULTADOS

4.3. Espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira com registro em maior número

4.3.5. Espécies que saíram do Ranking

Entre as 20 espécies ameaçadas de extinção com registros em maior número de Unidades de Conservação Federais no Brasil de 2011, 3 saíram do Ranking.

Jaguatirica: Leopardus pardalis mitis Sabiá-pimenta: Carpornis melanocephala

Tiriba-grande: Pyrrhura cruentata

Jaguatirica (Leopardus pardalis mitis)

- Risco de Extinção: Menos preocupante (LC) - Classe: Mamíferos

- Ordem: Carnivora - Família: Felidae

- Descrita por Linnaeus, 1758.

O Leopardus pardalis mitis é uma subespécie de Leopardus pardalis. Nascimento (2010), baseado em observações morfológicas, propôs a divisão da espécie em duas: Leopardus pardalis para a porção norte da área de distribuição, sendo no Brasil a porção norte do Rio Amazonas (com limite sul na Costa Rica e Nicarágua); e Leopardus pardalis mitis que ocorreria no Brasil, na parte extra-amazônica. Na lista de espécies ameaçadas anterior, conforme Machado et al. (2008), essa subespécie extra-amazônica, Leopardus pardalis mitis, era considerada como ameaçada - Vulnerável (VU), devido ao fato de apresentar boas populações na região amazônica do país, mas não nas áreas de ocorrência dessa subespécie, que são regiões intensamente degradadas ou com alto grau de perturbação antrópica.

É a maior das espécies de mesofelinos do Brasil. O padrão de atividades é tipicamente noturno-crepuscular; de hábitos terrestres, mas suas habilidades arbóreas são bem desenvolvidas; e solitária, no padrão típico de Felidae. A dieta é bastante variada, incluindo de pequenos mamíferos a mamíferos de grande porte (Machado et al., 2008).

No Brasil, o é encontrado ao sul da bacia Amazônica, no centro oeste, nordeste, sudeste e sul, até o centro-norte do Rio Grande do Sul. Possui ampla área de distribuição e densidades relativamente altas, quando comparado com outras espécies de felinos. Utiliza desde áreas bem conservadas até ambientes alterados, inclusive em áreas agrícolas e pastagens, apresentando grande flexibilidade adaptativa. Tende a ser a espécie de felino mais abundante na grande maioria das áreas onde é encontrada (Oliveira et al., 2013a).

A Jaguatirica é o felino mais versátil da América tropical, sendo a espécie mais abundante em mais de 80% das áreas avaliadas no Brasil. A estimativa do tamanho populacional efetivo é superior a 40.000 indivíduos, e apesar de haver indícios de declínios populacionais, estes não

afetam a população a ponto desta ser categorizada em algum nível de ameaça, de acordo com a lista atual de espécies ameaçadas atual vigente (Oliveira et al., 2013a).

Historicamente a maior ameaça foi o comércio de peles, e atualmente, a principal ameaça no Brasil é a perda e a fragmentação dos habitats naturais da espécie, pois apesar de ser encontrada em áreas agrícolas, ela ocorre apenas se houver algum remanescente de vegetação natural. Em menor escala, mas não menos preocupante, há outras ameaças presentes para Leopardus pardalis mitis (Oliveira et al., 2013a):

- Abate de animais para controle de predação em aves domésticas; - atropelamentos;

- transmissão de doenças por carnívoros domésticos.

Até o momento não há oficialmente nenhum programa de conservação específico para essa espécie no Brasil. Medidas para fins de preservação são importantes para a manutenção da espécie, sendo elas (Oliveira et al., 2013a):

- Restabelecer a conectividade dos habitats fragmentados, através do uso de ferramentas da ecologia de paisagens, nas áreas com maior fragmentação na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga;

- adotar, onde cabíveis, medidas retaliatórias contra a caça e o comércio ilegal.

Sabiá-pimenta (Carpornis melanocephala)

- Risco de Extinção: Vulnerável (VU) - Classe: Aves

- Ordem: Passeriformes - Família: Cotingidae - Descrita por Wied, 1820.

O Carpornis melanocephala é uma ave frugívora, que se alimenta principalmente de frutos, mas ocasionalmente pode consumir insetos e pode ser observado em fruteiras, alimentando-se junto com outras espécies da família. De médio porte, com plumagem pouco chamativa, prefere a copa das árvores ou o estrato médio da vegetação. Sedentário, é frequentemente encontrado sozinho e seleciona certos locais da floresta para cantar (Machado et al., 2008).

Vive principalmente em florestas primárias de baixada e na restinga, e pode ocorrer em florestas até 700 m de altitude. É endêmico da Mata Atlântica, e originalmente, ocorria em uma estreita faixa desse bioma que se estendia de Alagoas até o norte do Paraná, em uma área total de cerca de 23.000 km². O sabiá-pimenta não foi extinto em nenhum dos Estados onde ocorria originalmente, porém, atualmente, entretanto, as populações estão restritas ou isoladas em uma série de reservas privadas ou Unidades de Conservação nos Estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná (Silveira, 2008a). A população total não ultrapassa 10.000 indivíduos maduros, sendo que cada subpopulação tem menos de 1.000 deles, e há declínio populacional contínuo (Rupp et al., 2014b).

A maior ameaça à sobrevivência do Sabia-pimenta é perda de qualidade do habitat e de área de ocupação, já que as restingas e florestas de baixada ainda sofrem com o desmatamento, e esta espécie é pouco tolerante a habitats alterados. A retirada de palmito também o afeta, pois é sua principal fonte de alimento. Os incêndios florestais e invasões nas Unidades de Conservação também são ameaças (Silveira, 2008a).

Em relação à preservação da espécie, há um Plano em fase final de elaboração, o Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Mata Atlântica, que foi estabelecido com base na indicação de enfoque do processo avaliação de espécies ameaçadas, tomando como referência as ameaças indicadas pelos especialistas e as áreas prioritárias para conservação deste grupo. Este PAN tem como visão “Assegurar a conservação das espécies do PAN Aves da Mata Atlântica em seus habitats, com populações viáveis do ponto de vista genético e demográfico, em até 50 anos”, e como objetivo geral “Estabelecer e implementar medidas para manutenção e recuperação das populações de espécies do PAN Aves da Mata Atlântica em 5 anos”. Para tanto, seus objetivos específicos são (MMA & ICMBio, 2014):

 Reduzir a perda de habitats dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;

 Proteger, ampliar, restaurar e conectar os habitats dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;

 Reduzir a caça, a captura ilegal e o tráfico dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;  Promover o manejo adequado de solturas nas áreas de ocorrência dos táxons do PAN

Aves da Mata Atlântica;

 Prevenir e controlar a presença de espécies exóticas invasoras em áreas de ocorrência dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;

 Avaliar o efeito de alterações climáticas sobre populações dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica.

Ainda em relação à conservação da espécie, estratégias devem ser tomadas (Silveira, 2008a):  Unidades de Conservação em que o Sabiá-pimenta é encontrado devem ser

efetivamente protegidas contra o desmatamento, a retirada de palmito, as invasões e os incêndios florestais.

 Novas pesquisas devem ser feitas em áreas propícias, em busca de novas populações.  A relação desta espécie com o palmito deve ser investigada mais a fundo, bem como

outros aspectos de sua biologia, como tamanho do território e exigências ambientais básicas, que podem subsidiar melhor os planos para a sua conservação.

Tiriba-grande (Pyrrhura cruentata)

- Risco de Extinção: Vulnerável (VU) - Classe: Aves

- Ordem: Psittaciformes - Família: Psittacidae - Descrita por Wied, 1820.

O Pyrrhura cruentata é a maior espécie do gênero, com cerca de 30 cm de comprimento total. Voam rápido e ruidosamente entre a galhada na copa da floresta. Normalmente, são encontrados em bandos de até 12 aves, e passam a maior parte do tempo se alimentando ou cuidando da plumagem. A dieta é composta de vários frutos, sendo já vista alimentando-se do fruto da figueira, do fruto e flor do jambeiro. Dormem em ocos de árvores, onde também colocam de dois a quatro ovos. Não são migratórias e apresentam certa fidelidade a alguns pontos da floresta (Machado et al., 2008).

Vivem preferencialmente em matas primárias ou em avançado estado de regeneração, mas podem também frequentar capoeiras, bordas de mata e até mesmo pomares, desde que estes estejam próximos à floresta. Endêmica da Mata Atlântica, é encontrada da Mata Atlântica montana, às florestas úmidas das baixadas litorâneas, em matas de tabuleiro e nas matas selvagens baianas entre 0 e 400 m de altitude e, mais raramente, alcança os 920m no interior de Minas Gerais. Habita entre o centro-sul da Bahia até o Rio de Janeiro, passando pelo

noroeste e leste de Minas Gerais e o Espírito Santo, mas seu habitat está altamente fragmentado em todos os estados citados. Sobrevive principalmente nas Unidades de Conservação e está praticamente extinta nos remanescentes florestais desprotegidos (Silveira, 2008b). Estima-se que haja menos de 10.000 indivíduos maduros, sendo que há menos de 1.000 deles em cada subpopulação, e há declínio populacional contínuo (Albano et al., 2014b).

Uma das principais causas que levaram o tiriba-grande a ser considerado como ameaçado de extinção é o desmatamento, como consequência, as matas de baixada no bioma Mata Atlântica estão entre as áreas, no Brasil, com o maior número de espécies ameaçadas de extinção. Entre as décadas de 1970 e 1980, houve uma intensa captura para o comércio local e internacional de aves silvestres, fato que contribuiu substancialmente para a atual situação desta espécie (Silveira, 2008b).

Em relação à preservação da espécie, há um Plano em fase final de elaboração, o Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Mata Atlântica, que foi estabelecido com base na indicação de enfoque do processo avaliação de espécies ameaçadas, tomando como referência as ameaças indicadas pelos especialistas e as áreas prioritárias para conservação deste grupo. Este PAN tem como visão “Assegurar a conservação das espécies do PAN Aves da Mata Atlântica em seus habitats, com populações viáveis do ponto de vista genético e demográfico, em até 50 anos”, e como objetivo geral “Estabelecer e implementar medidas para manutenção e recuperação das populações de espécies do PAN Aves da Mata Atlântica em 5 anos”. Para tanto, seus objetivos específicos são (MMA & ICMBio, 2014):

 Reduzir a perda de habitats dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;

 Proteger, ampliar, restaurar e conectar os habitats dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;

 Reduzir a caça, a captura ilegal e o tráfico dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;  Promover o manejo adequado de solturas nas áreas de ocorrência dos táxons do PAN

Aves da Mata Atlântica;

 Prevenir e controlar a presença de espécies exóticas invasoras em áreas de ocorrência dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica;

 Avaliar o efeito de alterações climáticas sobre populações dos táxons do PAN Aves da Mata Atlântica.

Ainda em relação à conservação da espécie, estratégias devem ser tomadas no sentido de (Silveira, 2008b):

 Proteção, de fato, dos remanescentes onde a espécie ainda ocorre, pois o desmatamento impede a nidificação destas aves, que dependem de ocos para se reproduzir;

 Impedir, de forma decisiva, o comércio clandestino de aves silvestres;

 Mudanças na lei, de forma a tornar o comércio ilegal de aves e outros animais brasileiros crime inafiançável;

 Pesquisas sobre a biologia básica da espécie;

 Reprodução da espécie em cativeiro para posterior reintrodução em área onde o hábitat é adequado e de origem.