• Nenhum resultado encontrado

3. METODOLOGIA

3.1. Área De Estudo: Brasil

3.1.5. Unidades de Conservação

A Biodiversidade, como visto, representa uns dos mais importantes fundamentos do desenvolvimento cultural e sócio-econômico da espécie humana, pois nela estamos imersos, e sua conservação e utilização sustentável são necessárias para garantir a nossa sobrevivência no planeta, a médio e longo prazo. Além disso, a Conservação não deve apenas estar atribuída ao valor utilitário segundo necessidade humana, mas também pelo valor intríseco das espécies, pois cada espécie é única e valiosa e, mesmo que implícito, se a natureza criou é porque a criação tem uma função e/ou utilidade de sustentação para os demais componentes dos ecossistemas. Leopold (1949) elucidou, de forma precursora, esses valores intrísecos das espécies: “Não pensem em utilizar decentemente o solo apenas de um ponto de vista económico. Examinem cada questão em termos do que é ético e esteticamente correcto, bem como a parte econômica. Uma coisa só está correcta quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza das comunidades bióticas.”

O Decreto nº 4.339 de 22 de agosto de 2002 (2002) também apresenta a importância do valor intríseco as espécies, em seu Anexo 2, inciso I: “a diversidade biológica tem valor intrínseco, merecendo respeito independentemente de seu valor para o homem ou potencial para uso humano”. Ou seja, é necessário compreender que a biota não fornece somente benefícios diretos à humanidade, mas também é provedora dos processos essenciais à vida no planeta. Proteger os recursos naturais, em especial, a biodiversidade, é atualmente uma das maiores preocupações da comunidade internacional. Nesse sentido, a criação de áreas especialmente protegidas destinadas primordialmente à conservação da natureza e ao uso sustentável dos recursos naturais, se tornam essenciais. Tais áreas são denominadas Unidades de Conservação (UCs), e representam um passo fundamental para a conservação dos ecossistemas e para a manutenção da qualidade de vida do homem na terra (IPEA, 2010).

Ao Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, criado em 1872 e localizado entre os estados de Wyoming, Montana e Idaho, é creditado o título de primeiro parque nacional do mundo. No entanto, em 1864, também nos Estados Unidos, no estado da Califórnia, foi criado o Parque Estadual de Yosemite, um local para proteger e enaltecer a natureza. Contudo, em Yellowstone é onde pela primeira vez se unem novas técnicas e tecnologias objetivando uma resposta estética e científica sobre a natureza, para atuar sobre a biodiversidade existente. Nesse sentido, o Parque Nacional de Yellowstone tornou-se modelo para a maioria das áreas

protegidas que foram implantados posteriormente, tanto nos Estados Unidos como em diversos outros países, incluindo o Brasil (Menis & Cunha, 2011).

Diante essa necessidade de se estabelecer a preservação de áreas de vegetação remanescentes, como processo de resguardar fauna, flora e a grande biodiversidade existente em todo o território nacional brasileiro, da manutenção de serviços ambientais, do fornecimento de bens essenciais à sobrevivência de populações humanas, e da efetividade do manejo, instituiu-se o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, criado e regulamentado pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (Lei nº 9.985, 2000), constituído pelo conjunto de Unidades de Conservação federais, estaduais e municipais. É considerada uma das mais importantes estratégias para proteção do patrimônio genético, dos serviços ambientais e dos ecossistemas que os abrigam. A Lei define Unidade de Conservação como “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (Lei nº 9.985, 2000, art 2º, inciso I).

O Art 225º da Constituição Brasileira (Constituição da República Federativa do Brasil, 1988), que trata dos princípios ambientais, assim como da preservação, foi reforçado por tal Lei de instituição do SNUC, que define conservação da natureza como “o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral” (Lei nº 9.985, 2000, art 2º, inciso II).

O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, e tem como objetivos (Lei nº 9.985, 2000, art 4º):

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Nesse sentido, para fins de gestão, as Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos e suas categorias (quadro 19) (Lei nº 9.985, 2000, capítulo III):

I - Unidades de Proteção Integral que objetiva preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Este grupo é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:

- Estação Ecológica; - Reserva Biológica; - Parque Nacional; - Monumento Natural; - Refúgio de Vida Silvestre.

II - Unidades de Uso Sustentável que objetiva compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Este grupo é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:

- Área de Proteção Ambiental;

- Área de Relevante Interesse Ecológico; - Floresta Nacional;

- Reserva Extrativista; - Reserva de Fauna;

- Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

- Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Quadro 19: QUADRO CONSOLIDADO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL.

TIPO / CATEGORIA TOTAL BRASIL

(FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS)

Proteção Integral Área (km²)

Estação Ecológica 92 122.185

Monumento Natural 42 1.407

Parque 379 348.383

Refúgio da Vida Silvesre 35 3.770

Reserva Biológica 61 52.534

Total Proteção Integral 609 528.278

Uso Sustentável Área (km²)

Floresta Nacional/Estadual/Municipal 104 299.842 Reserva Extrativista 90 144.610 Reserva de Desenvolvimento Sustentável 36 111.293

Reserva da Fauna 0 0

Área de Proteção Ambiental 300 462.208 Área de Relevante Interesse Ecológico 50 1.020

RPPN 790 5.518

Total Uso Sustentável 1370 1.024.491

Total Geral 1979 1.552.769

Fonte: (CNUC, 2016a)

A seguir, será apresentado o quadro 20, com as Unidades de Conservação existentes dentro de cada um dos seis Biomas Brasileiros, em todas as esferas: municipais, estaduais e federais, assim como o total na esfera federal, que são as Unidades de estudo.

Quadro 20: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS POR BIOMAS.

Tipo/Categoria Amazônia Cerrado Mata Atlântica Caatinga Pampa Pantanal

Proteção Integral (Forcina) Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Área (km²) % Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Nº Área (km²) %

Estação Ecológica 19 107.638 2,6 28 11.370 0,6 38 1.454 0,1 5 1.313 0,2 1 105 0,1 1 116 0,1

Monumento Natural 0 0 0,0 12 314 0,0 22 509 0,0 5 580 0,1 1 0 0,0 1 3 0,0

Parque 48 260.526 6,2 69 48.588 2,4 241 23.105 2,1 19 7.583 0,9 6 392 0,2 5 4.285 2,8

Refúgio da Vida Silvesre 1 64 0,0 5 2.460 0,1 23 689 0,1 3 347 0,0 1 26 0,0 0 0 0,0

Reserva Biológica 13 49.265 1,2 5 81 0,0 34 2.453 0,2 2 70 0,0 4 105 0,1 0 0 0,0

Total PI 81 417.493 9,9 119 62.813 3,1 358 28.210 2,5 34 9.893 1,2 13 628 0,4 7 4.404 2,9

Tipo/Categoria Amazônia Cerrado Mata Atlântica Caatinga Pampa Pantanal

Uso Sustentável (US) Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Área (km²) % Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Nº Área (km²) %

Floresta 58 298.387 7,1 11 557 0,0 31 357 0,0 6 542 0,1 0 0 0,0 0 0 0,0

Reserva Extrativista 72 137.807 3,3 6 825 0,0 11 712 0,1 3 19 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0

Reserva de Desenvolvimento Sustentável 20 109.929 2,6 2 686 0,0 14 528 0,0 1 94 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0

Reserva da Fauna 0 0 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0

Área de Proteção Ambiental 34 171.671 4,1 68 107.965 5,3 190 80.701 7,1 33 52.263 6,3 3 4.214 2,4 0 0 0,0

Área de Relevante Interesse Ecológico 6 446 0,0 16 87 0,0 21 271 0,0 5 198 0,0 1 14 0,0 0 0 0,0

RPPN 55 446 0,0 161 1.069 0,2 474 1.013 0,2 76 477 0,1 9 4 0,0 17 2.488 1,6

Total US 245 719.706 17,1 264 111.190 5,5 741 83.582 7,4 124 53.593 6,5 13 4.232 2,4 17 2.488 1,6

Tipo/Categoria Amazônia Cerrado Mata Atlântica Caatinga Pampa Pantanal

Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Área (km²) % Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Nº Área (km²) % Total PI + US 326 1.137.199 27,1 383 174.003 8,6 1.099 111.792 9,9 158 63.486 7,7 26 4.861 2,7 24 6.891 4,6

Tipo/Categoria Amazônia Cerrado Mata Atlântica Caatinga Pampa Pantanal

Total UCs Federais 119 49 110 30 4 2