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Análise comparativa das espécies da fauna ameaçadas de extinção no Brasil com maiores registros em Unidades de Conservação Federais, entre os anos de 2011 e 2015, baseada em um jogo pedagógico para sensibilização ambiental

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Análise comparativa das espécies da fauna ameaçadas de extinção no Brasil

com maiores registros em Unidades de Conservação Federais, entre os anos

de 2011 e 2015, baseada em um jogo pedagógico para sensibilização

ambiental

Dissertação de mestrado em Engenharia do Ambiente

Natielle Fernandes Forcina Orientador: João Soares Carrola

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Análise comparativa das espécies da fauna ameaçadas de extinção no Brasil

com maiores registros em Unidades de Conservação Federais, entre os anos

de 2011 e 2015, baseada em um jogo pedagógico para sensibilização

ambiental

Dissertação em Engenharia do Ambiente

Natielle Fernandes Forcina

Orientação: Professor Doutor João Soares Carrola

Composição do Júri:

___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________

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O Orientador

__________________________________________

João Soares Carrola

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Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Convênio Luso-Brasileiro da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Engenharia do Ambiente, sob orientação do Prof. Doutor João Soares Carrola do Departamento de Biológica e Ambiental, UTAD.

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A vitória desta conquista, dedico de todo coração com muito amor e carinho a minha grande amiga Ecóloga, chocólatra, maior jogadora de vôlei que conheço, Camila Emídio Ribeiro, por todo apoio e paciência de todos estes longos anos.

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Agradecimentos

Agradeço aquele, que me permitiu tudo isso, ao longo de toda a minha vida, e, não somente nestes anos como estudante, é a Ele que dirijo minha maior gratidão. Deus, mais do que me criar, deu proposito a minha vida. Vem dele tudo o que sou, o que tenho e o que espero. Tu és o maior mestre, que uma pessoa pode conhecer e reconhecer.

Agradeço a minha mãe, Rita Mary, pela minha vida. Pelo amor, carinho e dedicação. Cultivou na criança todos os valores que me transformou em adulto, responsável e consciente. Abriu a porta do meu futuro com estudo.

A minha avó Maria José, pelo carinho e por compartilhar comigo todos os momentos da minha vida.

Ao meu namorado, Jorge de Sá Guedes Junior e sua família que sempre me compreendeu, com muito apoio e afeto!

A minha grande amiga Camila Emídio Ribeiro, por ter me ajudado de forma, física, emocional, presencial, e com suas excelentes habilidades a desenvolver esta dissertação (“que puxa, eu vou conseguir – Charlie Brown”).

Ao meu amigo Pedro Martins que me forneceu abrigo e um banho de mar quando mais precisei para esfriar a cabeça e não perder o foco nos estudos.

A Dona Isabel que sempre esteve com um chocolate quente na Taberna do Estudante para conformar meu coração.

Ao meu orientador, Dr. João Soares Carrola pela amizade, apoio nos momentos difíceis e esforço incondicionado em acompanhar de perto todo o meu trabalho, tanto pela prontidão nas correções como no esclarecimento de dúvidas.

Ao Dr. João Alexandre F. Abel Dos Santos Cabral, pela ajuda e colaboração na disponibilização de bibliografia e pelo seu bom sentido de humor, enquanto foi co-orientador. Cheguei ao final com certeza de dever cumprido!

A saudade de todos, do campus da UTAD dos professores e seus funcionários e a esperança de um breve reencontro, estarão sempre em meu coração.

Chegar até aqui não foi nada fácil e se hoje comemoro uma conquista, devo aqueles que estiveram ao meu lado em todos os momentos; que fizeram dos meus sonhos e dos meus objetivos sua própria luta. Muitas vezes usei vocês como escudo, em que despejei minhas frustrações, mas o amor sempre foi maior, arrebatador e no momento seguinte vocês estavam lá para me reerguer através do seu apoio incondicional, nos momentos importantes, suportaram minha ausência; nos dias de fracasso, respeitaram meus sentimentos e enxugaram minhas lágrimas.

Dizer a vocês obrigado não deve ser o suficiente para expressar meu sentimento de gratidão, pois o amor que sinto por vocês nessa hora fala mais alto e não há outra forma de agradecer a não ser dizendo agora e sempre que AMO VOCÊS.

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“Ó meu Deus eu te louvo, porque me escutaste e me deste a vitória” (Salmo 118:21).

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RESUMO

A população humana está inserida como parte da natureza e depende dela para sua sobrevivência, contudo, a civilização tem o poder de modificá-la em escala sempre crescente. As novas gerações desconhecem, frequentemente, a origem dos alimentos e dos bens de consumo, sem conseguir estabelecer uma relação de si com o meio ambiente, organismos vivos associados, e de sua importância. Perante esta necessidade de informação sobre os processos ecológicos, da inserção da humanidade nos ciclos do meio ambiente, dos problemas causados pela degradação dos ecossistemas e da consequente extinção de diversas espécies, a Educação Ambiental traz algumas estratégias para entendimento sobre tais questões.

A dissertação enquadra-se ao apresentar, como forma de alerta, a realidade atual da fauna brasileira ameaçada de extinção consequente de um modelo de desenvolvimento sócio-econômico predatório ambiental, e a necessidade de preservação.

O principal objetivo é explorar as bases de dados disponíveis ao nível da ocorrência das 20 espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira com registro em maior número em Unidades de Conservação - UCs Federais no Brasil, atualizadas em 2015, e relacionar com a Lista anterior de Nascimento & Campos (2011), assim como fazer uma breve apresentação sobre tais espécies.

Como metodologia, Pesquisas bibliográficas, através de artigos científicos, dissertações, teses, legislação - leis, decretos, resoluções e portarias -, estudos oficiais e base de dados governamentais, publicadas e exclusivas.

A elevada biodiversidade brasileira é consequência de sua alta variabilidade de ambientes, nos sentidos norte-sul e leste-oeste do país, em que apresentam: diversas formas climáticas, tipos de solo, recursos naturais, disponibilidade hídrica, tipologias vegetacionais e biomas. Ao mesmo tempo, esse cenário acarreta no aumento da dificuldade em criar, efetivar e fiscalizar o cumprimento das leis ambientais, da criação e manejo adequado das Unidades de Conservação, e conhecimento concreto de todas as espécies existentes. As listas de espécies da fauna vigentes de 2014 resultaram em 1.173 ameaçadas, apresentando um expressivo aumento de espécies ameaçadas em relação às listas anteriores de 2003/2004, justificado pela metodologia utilizada.

Após análise comparativa do ranking e caracterização, 2011 e 2015, das 23 espécies encontradas, percebe-se a presença apenas dos grupos de vertebrados mamíferos, aves e repteis, pois são grupos com 100% de conhecimento das espécies existentes e possuem menor quantidade; e são grupos de maior porte e terrestres o que facilita a identificação. Contudo, as mesmas características que os tornam mais ápteis à estudos e preservação, os tornam vulneráveis às pressões antrópicas. Como vetores principais de ameaças da fauna, pode-se destacar a perda e fragmentação de habitat, com ênfase na expansão agrícola e urbana, para ambientes terrestres; poluição hidríca e captura ilegal para ambientes aquáticos. Resultados que corroboram a necessidade de preservação dos ecossistemas através de criação de Unidades de Conservação, de uma política eficaz de cumprimento das leis e de efetivação da Educação Ambiental no Brasil.

Portanto, a conscientização da população em auxiliar e cumprir as políticas públicas, no sentido de preservar os recursos naturais, assim como seu uso racional, se faz necessário.

Palavras-Chaves: Brasil, fauna, extinção, degradação, Unidades de Conservação, Educação

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ABSTRACT

The human population is included as part of nature and depend on it for their survival, however, civilization has the power to change it in ever-increasing scale. The new generations are unaware of, often, the source of food and consumer goods, unable to establish a relationship of self to the environment associated with living organisms, and its importance. Given this need for information on ecological processes, mankind's inclusion in environmental cycles, the problems caused by the degradation of ecosystems and the consequent extinction of several species, environmental education brings some strategies for understanding of these issues.

The dissertation fits itself for presenting, as an alert, the current reality of extinction endangered Brazilian fauna consequence of a model of development socioeconomic environmental predatory, and the necessity of preservation. The main objective is to explore the available database to the level of the 20 species endangered of extinction in Brazilian fauna with highest number record in Brazil Federals Conservation Units - UCs, updated in 2015, and to relate with the previous list from 2011, just as make a brief presentation about these species.

As methodology, bibliographic research, through scientific articles, dissertations, thesis, legislation – laws, decrees, resolutions and documents -, official studies and governmental database, published and exclusives.

The elevated Brazilian biodiversity is consequence of its high variability of environments, in the directions north-south and east-west of the country, which present: many climatic forms, type of soil, natural resources, hydric availability, vegetation typologies and biomes. At the same time, this scenario leads in the increasing difficulty in creating, to perform and check the fulfillment of environmental laws, of creation and proper management of Conservation Units, and concrete knowledge of all existing species. The lists for species from present fauna of 2014 resulted in 1.173 endangered, presenting an expressive increase of endangered species in relation with previous lists of 2003/2004, justified by the methodology used.

After comparative analyses of the ranking, and characterization, 2011 and 2015, of the 23 species found, one notices the presence of the only groups of vertebrates mammals, birds and reptiles, as are groups with 100% knowledge of existing species and have less; and they are larger land groups and which facilitates the identification. However, the same characteristics that make them more ápteis the study and preservation, make them vulnerable to human pressures. As main vectors of fauna’s threat, may be highlighted the loss and fragmentation of habitat, with emphasis in the rural and urban expansion, to land environments; hydric pollution and illegal capture for aquatics environments. Results that corroborates the preservation’s necessity of ecosystems through the creation of Conservation Units, of an effective politic for fulfillment of laws and the Environmental Education effectuation in Brazil.

Therefore, the population awareness in help and accomplish public politics, in the sense of preserve the natural resource, as its rational use makes it necessary.

Keywords: Brazil, fauna, extinction, degradation, Conservation Units, Environmental

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Índice Geral

Índice Geral ... X Índice de Figuras ... XII Índice de Quadros... XII

1. INTRODUÇÃO ... 14

1.1. Biomas ... 17

1.2. Biodiversidade ... 19

1.3. Breve História da Educação Ambiental no Mundo ... 21

1.4. Enquadramento ... 24

2. OBJETIVOS ... 26

2.1. Objetivo Geral ... 26

2.2. Objetivos Específicos ... 26

3. METODOLOGIA ... 27

3.1. Área De Estudo: Brasil ... 27

3.1.1. Caracterização física... 30 3.1.1.1. Relevo ... 30 3.1.1.2. Climas ... 31 3.1.1.3. Recursos Minerais ... 35 3.1.1.4. Hidrologia ... 35 3.1.1.5. Solos ... 37 3.1.2. Biomas e Vegetação ... 38 3.1.2.1. Amazônia ... 39 3.1.2.2. Cerrado ... 40 3.1.2.3. Mata Atlântica ... 41 3.1.2.4. Caatinga ... 42 3.1.2.5. Pampa ... 44 3.1.2.6. Pantanal ... 44

3.1.2.7. Dados Gerais dos estados brasileiros e seus biomas ... 45

3.1.2.8. Estado de degradação ... 49

3.1.3. Zona Costeira e Marinha do Brasil ... 53

3.1.4. Biodiversidade Brasileira... 53

3.1.5. Unidades de Conservação ... 55

3.1.6. Política Ambiental ... 60

3.1.7. Institucionalização da Educação Ambiental no Brasil ... 62

4. RESULTADOS ... 67

4.1. Lista da fauna brasileira em Extinção ... 67

4.2. Vetores de ameaça da Fauna Brasileira ... 69

4.3. Espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira com registro em maior número em Unidades de Conservação (Ucs) Federais no Brasil ... 70

4.3.1. Espécies que permanecem na mesma posição no Ranking ... 75

4.3.2. Espécies que subiram de posição no Ranking ... 77

(11)

4.3.4. Espécies que entraram no Ranking ... 113

4.3.5. Espécies que saíram do Ranking ... 121

5. DISCUSSÃO ... 128

6. CONCLUSÕES ... 141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 144

(12)

Índice de Figuras

Figura 1: Mapa da divisão Polítca Administrativa da República Federativa do Brasil... 29

Figura 2: Mapa dos biomas brasileiros. ... 39

Figura 3: Comparativo das espécies da fauna terrestre e aquática avaliadas nos anos de 2003 e 2014. ... 68

Figura 4: Principais fatores para o risco de extinção da fauna no Brasil, distribuídos por bioma. ... 70

Índice de Quadros

Quadro 1: BIOMAS TERRESTRES MUNDIAIS E SUAS CARACTERÍSTICAS ... 18

Quadro 2: ESTIMATIVAS DO TOTAL DE NÚMERO DE ESPÉCIES DE VERTEBRADOS E DE PLANTAS SUPERIORES NOS 17 PAÍSES MEGADIVERSOS DO MUNDO (ENDEMISMO ENTRE PARÊNTESES) ... 21

Quadro 3: REGIÕES DO BRASIL - POPULAÇÃO X ÁREA ... 29

Quadro 4: EXTENSÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS NO BRASIL. ... 37

Quadro 5: BIOMAS BRASILEIROS E SUAS RESPECTIVAS ÁREAS. ... 38

Quadro 6: CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA AMAZÔNIA POR REGIÃO FITOECOLÓGICA AGRUPADA. ... 40

Quadro 7: CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA CERRADO POR REGIÃO FITOECOLÓGICA AGRUPADA ... 41

Quadro 8: CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA POR REGIÃO FITOECOLÓGICA AGRUPADA. ... 42

Quadro 9: CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA CAATINGA POR REGIÃO FITOECOLÓGICA AGRUPADA. ... 43

Quadro 10: CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA PAMPA POR REGIÃO FITOECOLÓGICA AGRUPADA. ... 44

Quadro 11: CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA PANTANAL POR REGIÃO FITOECOLÓGICA AGRUPADA. ... 45

Quadro 12: DADOS GERAIS DOS ESTADOS BRASILEIROS E SEUS BIOMAS. ... 46

Quadro 13: ÁREA DESMATADA NO BIOMA AMAZÔNIA. ... 49

Quadro 14: ÁREA DESMATADA NO BIOMA CERRADO. ... 50

Quadro 15: ÁREA DESMATADA NO BIOMA MATA ATLÂNTICA. ... 51

Quadro 16: ÁREA DESMATADA NO BIOMA CAATINGA. ... 51

Quadro 17: ÁREA DESMATADA NO BIOMA PAMPA. ... 52

Quadro 18: ÁREA DESMATADA NO BIOMA PANTANAL. ... 52

Quadro 19: QUADRO CONSOLIDADO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL. ... 58

Quadro 20: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS POR BIOMAS. ... 59

Quadro 21: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SISNAMA... 61

Quadro 22: COMPARATIVO DAS ESPÉCIES DA FAUNA AVALIADAS PARA A ELABORAÇÃO DAS LISTAS NACIONAIS DOS ANOS DE 2003/2004 E 2014. ... 68

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Quadro 23: COMPARATIVO DAS ESPÉCIES DA FAUNA AMEAÇADAS DAS

LISTAS NACIONAIS DOS ANOS DE 2003/2004 E 2014. ... 69 Quadro 24: ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO DA FAUNA BRASILEIRA

COM REGISTRO EM MAIOR NÚMERO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

(UCS) FEDERAIS NO BRASIL. COMPARATIVO ENTRE 2011 E 2015. ... 72 Quadro 25: ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO COM REGISTROS EM

MAIOR NÚMERO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS

NO BRASIL 2015. ... 73 Quadro 26: COMPARATIVO DO RANKING DAS 20 ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO COM REGISTROS EM MAIOR NÚMERO DE UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO FEDERAIS NO BRASIL, DE 2011 E 2015. ... 74 Quadro 27: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO X AMEAÇAS DA PANTHERA ONCA

POR BIOMAS NO BRASIL. ... 76 Quadro 28:ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO X AMEAÇAS DA PUMA CONCOLOR POR BIOMAS NO BRASIL. ... 80 Quadro 29: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO X AMEAÇAS DA PTERONURA

BRASILIENSIS POR BIOMAS NO BRASIL. ... 88 Quadro 30: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO X AMEAÇAS DO SPEOTHOS VENATICUS POR BIOMAS NO BRASIL. ... 91 Quadro 31: LOCAIS DE OCORRÊNCIA DAS ESPÉCIES ANALISADAS

(0 = ausente / 1 = presente). ... 137 Quadro 32: COMPILAÇÃO DE DADOS DAS ESPÉCIES COM AS UNIDADES DE

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1. INTRODUÇÃO

Surgida há 3,8 bilhões de anos, a Terra é considerada um sistema dinâmico e em constante evolução, e seus processos internos propiciaram um ambiente capaz de sustentar a vida com uma atmosfera respirável, oceanos, solos ricos e um clima moderado. As interações entre os organismos vivos e seu meio ambiente possuem vínculos estreitos e, portanto, seria um erro dissociá-los (Press et al., 2003). Como definições, “meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Lei nº 6.938, 1981); “O meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas” (United Nations, 1972).

Ao que segue o pensamento do processo evolutivo, pode-se considerar que o ambiente é uma herança de processos fisiográficos, biológicos e patrimônio coletivo. Não apenas espaços territoriais, mas a humanidade herdou paisagens e processos ecológicos pelos quais são responsáveis de forma permanente (Ab'sáber, 2003). A humanidade está inserida como parte na natureza e depende dela para sua sobrevivência, contudo, a civilização dá a ela o poder de modificá-la em escala sempre crescente, de maneiras negativa e positiva (Viola, 1987). Durante séculos, o meio ambiente foi tratado como acessório do desenvolvimento e não como parte intrínseca dele e os benefícios proporcionados pelo progresso justificavam o modelo de exploração indiscriminada (Viola, 1987). Desde o início da exploração agrícola, amplamente intensificada com a Revolução industrial, as atividades antropogênicas exploram os recursos naturais de forma a ameaçar a capacidade de suporte do planeta sem considerar a fragilidade do sistema, e modificam a superfície terrestre de maneira desordenada, a fim de atender às suas necessidades, o que, como consequência, tem ocasionado intensas pressões sobre o ambiente (Press et al., 2003).

A crescente urbanização, aumento populacional e o desenvolvimento tecnológico reduziram, e ainda reduzem, as áreas naturais a ponto de causar diversos efeitos negativos ao meio ambiente, como: extinção de diversas espécies, através da deflorestação; exploração excessiva das espécies animais e vegetais, pela caça e pesca ilegal; tráfico de fauna e flora silvestre; poluição do meio, solo, água e ar, por diversas fontes de stress ambiental, principalmente indústria, agricultura e zonas urbanas; ampliação desordenada das áreas agropecuárias com

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produção animal intensiva e/ou extensiva; e mudanças climáticas. A perda da biodiversidade não está ligada apenas a um único fator, mas sim na interação de diversas variáveis anteriormente referidas e que contribuem para a destruição do meio natural, como a degradação de habitats únicos, muitas vezes agravada pelo efeito nefasto de espécies invasoras e exóticas (Mittermeier et al., 2005).

As novas gerações, crianças e jovens, principalmente as que vivem em centros urbanos, desconhecem frequentemente a origem dos alimentos e dos bens de consumo, sem conseguir estabelecer uma relação dos mesmos com o meio ambiente e organismos vivos associados, e de sua importância. Este distanciamento confirma o afastamento do meio natural, e mostra o desconhecimento da biodiversidade presente em determinada região, das cadeias tróficas e sua relevância (Ribeiro, 2009).

Como consequência do comportamento humano predatório, segundo Viola (1987), pode-se considerar quatro catástrofes que ameaçaram, e ameaçam, a humanidade do final do século XX. São elas: a guerra nuclear; o lixo atômico acumulado e acidentes em usinas nucleares; o efeito estufa e o enfraquecimento da camada de ozônio.

A questão ambiental ganhou destaque a partir da década de 1960, onde pela primeira vez os problemas de degradação do meio ambiente provocados pelo crescimento econômico são percebidos como um problema global. Muitos países em desenvolvimento, incluindo Brasil, consideravam inviável conciliar desenvolvimento econômico com conservação ambiental, situação conveniente aos países desenvolvidos. Contudo, ao final desta década, a implantação de satélites espaciais para o sensoriamento remoto foi um aliado para a compreensão da dinâmica terrestre fornecendo a visão do planeta sob nova perspectiva global (Teixeira et al., 2000). Tal fato alertou a relevância de se preservar o meio em que vivemos utilizando os recursos dos ecossistemas naturais de maneira sábia e equitativa, sendo indispensável adquirir conhecimento sobre o ambiente e sobre sua ocupação (Press et al., 2003).

A “Conferência de peritos sobre os fundamentos científicos da utilização e da conservação racionais dos recursos da biosfera” promovida pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization – UNESCO, em 1968, resultou na aceitação mundial sobre a necessidade de cooperação internacional e de uma declaração universal sobre a proteção e a melhoria do ambiente humano (Passos, 2009). A partir de então, a década de 1970 marca um despertar da consciência ecológica no mundo. Considerados marcos do surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo 1972, onde se elaborou a “Declaração das Nações Unidas sobre o

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Meio Humano”; o Relatório de Brundtland - Nosso Futuro Comum -, elaborado por uma Comissão criada pela ONU em 1987; e a Conferência das Nações Unidade sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, Brasil em 1992, representam um compromisso político das nações em busca da sustentabilidade, ao aliar desenvolvendo econômico à preservação ambiental (Teixeira et al., 2000).

Apesar de tais esforços, devido ao histórico de degradação, a extinção de espécies foi, e ainda é, uma realidade mundial. O atlas de espécies ameaçadas em Unidades de Conservação - UCs - brasileiras, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio reuniu uma lista de 20 animais da fauna ameaçada de extinção. Esta lista foi baseada nas 310 UCs existentes, e que ocupam uma área total de 75.467.815,71 hectares que corresponde a 8,86% do território brasileiro (Nascimento & Campos, 2011).

Perante este cenário da necessidade de conhecimento dos processos ecológicos e da inserção da humanidade nos ciclos do meio ambiente, a Educação Ambiental traz algumas estratégias para um melhor entendimento e reversão da degradação dos ecossistemas. Ela consiste numa proposta pedagógica centrada na consciencialização, mudança de valores, respeito pela natureza, desenvolvimento de competência e capacidade de avaliação e participação para uma maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente (Jacobi, 2003).

Diariamente, observa-se escolas adotando esta nova proposta para aumentar o contato dos jovens com as interações ambientais e melhorar os relacionamentos das mesmas com os demais colegas (Ribeiro, 2009)

Um único método não garante compreensão do conteúdo abordado, tornando-se necessária a utilização de outras estratégicas de ensino-aprendizagem, como atividades lúdicas que abordem a brincadeira e jogos educativos para oferecer ao participante alguma diversão enquanto aprende. Uma alternativa educativa que não visa à competição, e sim a aprendizagem de uma forma agradável (Moratori, 2003). Estes jogos possuem efeito terapêutico, educativo e valor social e moral, os quais ajudam a entender valores sociais e morais do ambiente em que vive (Coutinho, 1978). O melhoramento dos métodos de ensino não deve ser considerado um fim em si, mas um meio importante para que as instituições de ensino cumpram com as suas funções sociais (Forcina, 2012).

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1.1. Biomas

A formulação do conceito de bioma se deu no início do século passado, século XX, como parte da Ecologia dinâmica, no que se refere aos estudos de sucessão, formação clímax e bio-ecologia, no contexto da busca de uma abordagem do conjunto planta-animal. Na biosfera, os organismos formam comunidades relacionadas com seu ambiente através da troca de energia e matéria e, desta forma, um tipo mais abrangente de comunidade, reconhecido por sua fisionomia, seria um bioma. Mediante tais considerações, entende-se por bioma, palavra derivada do grego bio – vida, e oma – sufixo que pressupõe generalização (grupo, conjunto), como a unidade biótica de maior extensão geográfica, compreendendo várias comunidades em diferentes estágios de evolução, porém denomidada de acordo com o tipo de vegetação dominante. Sendo assim, conceitua-se bioma como um conjunto de vida, vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria (IBGE, 2004).

Coutinho (2006) conceitua Bioma como: “uma área do espaço geográfico, com dimensões de até mais de um milhão de quilômetros quadrados, que tem por características a uniformidade de um macroclima definido, de uma determinada fitofisionomia ou formação vegetal, de uma fauna e outros organismos vivos associados, e de outras condições ambientais, como a altitude, o solo, alagamentos, o fogo, a salinidade, entre outros. Estas características todas lhe conferem uma estrutura e uma funcionalidade peculiares, uma ecologia própria”.

Hoekstra et al. (2005) alerta para a situação global da existência de uma crise mais abrangente que a “crise de extinção das espécies”, mas sim a “crise dos biomas”, pois resulta na destruição dos habitats dessas espécies o que pode ocasionar extinções em massa. Portanto, para a fundamental perpetuação dos biomas, é necessário o estabelecimento de políticas públicas ambientais, a identificação de oportunidades para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade. Em nível global, depara-se com sete tipos de biomas diferentes, retratados no quadro 1 a seguir:

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Quadro 1: BIOMAS TERRESTRES MUNDIAIS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Biomas Principais regiões

Precipitação e

umidade Temperatura Vegetação Solo

Diversidade Biológica Tundra Alasca, Norte do Canadá, Groelândia, Noruega, Suécia, Filândia, Sibéria e extremo norte da Rússia. Umidade e chuva moderadas. Frio perpétuo, verão muito curto. Herbáceas, línquens e musgos. Solo congelado na maior parte do ano. Baixísssima Taiga (Florestas Boreais) Canadá e norte da Rússia. Umidade e chuva moderadas. Inverno muito frio e verão frio Árvores perenifólias, arbustos. Solo raso,

pedregoso. Muito baixa

Florestas temperadas Leste dos Estados Unidos, oeste da Europa e leste da Ásia. Chuva homogênea e moderada. Estação quente e fria. Árvores

cadicifólias. Fértil. Moderada.

Campos de Gramíneas Estepes (Pradarias) Centro-norte dos EUA, Mongólia, sul do Brasil e leste europeu. Estação seca e longa. Inverno frio e verão moderado. Gramíneas, árvores baixas e arbustos. Moderado a fértil. Baixa. Floresta tropical (Floresta pluvial) Norte da América do Sul, centro africano, sudeste asiático, Oceania. Muita chuva, humidade alta, pouca sazonalidade. Elevada o ano todo. Árvores perenes, arbustos, cipós e epífetas. Pobre a moderado fértil. Altíssima. Savanas Tropicais Região central africana, centro da América do Sul, nordeste da Austrália e sul da Ásia. Estações secas e úmidas bem marcadas. Alta a moderada. Gramíneas, árvores baixas e arbustos. Pobre a moderado fértil. Alta. Desertos Norte da África, Península Arábica, oeste do Chile, centro-oeste da Austrália e região central da China. Pouca umidade e chuuva. Grande variação diária. Arbustos e cactos. Pobre a fertil. Baixa a moderada. Fonte: Coutinho (2006).

Os biomas foram definidos de forma específica para identificar os ecossistemas terrestres. Não há como comparar e utilizar-se da mesma definição dos ecossistemas terrestres para os aquáticos, pois a precipitação não é uma questão em um ambiente aquático, e a água tem alta capacidade térmica e, portanto, as diferenças de temperatura são mais resistentes ao longo das estações, embora presentes. A principal propriedade que influencia nas comunidades biológicas aquáticas é a quantidade de minerais dissolvidos, ou seja, a salinidade da água é

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um fator de grande importância na distribuição dos seres aquáticos, uma vez que algumas espécies são estritamente marinhas e outras estritamente de água doce. Outras propriedades importantes são a presença e intensidade de fluxo da água, e disponibilidade de luz e nutrientes. Nesse sentido, os equivalentes aquáticos dos biomas são chamados zonas de vida aquática aquática, e são divididas em dois grandes grupos (Townsend et al, 2010):

- Água doce (Ambientes Límnicos): Lagos e lagoas, riachos e rios e áreas interiores alagadiças.

- Água salgada ou marinha (Ambientes Talássicos): Estuários, litorais, recifes de corais, pântanos costeiros, mangues e oceanos.

1.2. Biodiversidade

Diversidade biológica é a imensa variedade de vida que determina as funções ecossistêmicas essenciais para o planeta. Em 1986, entre 21 a 24 de setembro, foi realizado em Washington, o National Forum on BioDiversity (Fórum Nacional sobre Biodiversidade), sob o apoio do Smithsonian Institute. Este Fórum tinha como assunto principal, discorrer a respeito da diversidade biológica, em um momento em que havia um crescente sobre o interesse na diversidade de vida na Terra, e principalmente a sua conservação. Através da publicação do livro originado deste Fórum, “Biodiversity” (Wilson & Peter, 1988), o conceito “biodiversidade” foi idealizado e tornou-se conhecido a fim de representar sinteticamente a expressão “diversidade biológica” (Franco, 2013).

A partir deste princípio e de sua importância, o tema “Biodiversidade” ganhou maior notoriedade durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente no Rio de Janeiro, realizada no Brasil em junho de 1992, onde foi adotado e aprovado um documento considerado o principal instrumento mundial para garantir a conservação da biodiversidade: Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB. Mais de 160 países assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993, e abrange tudo o que se refere, direta ou indiretamente, à biodiversidade e funciona como um arcabouço legal e político para diversas outras convenções e acordos ambientais mais específicos (United Nations, 1992a).

Esta Convenção refere-se à biodiversidade em três níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos, e está estruturada sobre três bases principais:

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- o uso sustentável da biodiversidade;

- e a repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos.

O Art. 2º da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB (1992) define Biodiversidade, ou diversidade biológica, como “a variabilidade entre organismos vivos de todas as origens, incluindo, entre outros, ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; isto inclui a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas” (United Nations, 1992a).

A segunda reunião das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica determinou a ser elaborado um relatório periódico sobre a diversidade biológica: o Global Biodiversity Outlook (GBO). O GBO deve fornecer um resumo dos dados mais recentes sobre o estado da biodiversidade e uma análise das medidas que estão sendo tomadas pela comunidade global para garantir que seja conservada e utilizada de forma sustentável, e que os benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos são partilhados igualitariamente. Quatro edições do relatório foram elaboradas (United Nations, 1992b). Entre 1.697.600 e 1.798.500 de espécies totais já foram descritas no mundo. A partir de informações de especialistas nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos e catalogados, no Brasil estima-se que sejam conhecidas 116.173 espécies, o que representa 9,5% do total. Entretanto, ao se considerar as espécies ainda desconhecidas da ciência, estima-se que no Brasil ocorram 13,1% das espécies que existem no mundo, ou seja, 1,8 milhão de espécies (entre 1.394.800 e 2.388.400) da biota mundial, que tem como estimativa de 13.638.000 de espécies (Lewinsohn & Prado, 2005).

Existe uma lista de 17 países descritos como megadiversos, divulgados durante “National Fórum on BioDiversity”, que juntos, reúnem 70% das espécies de animais e vegetais catalogadas até hoje no mundo e possuem os mais diferentes ecossistemas: Austrália, Brasil, China, Colômbia, República Democrática do Congo (RDC) (ex-Zaire), Equador, Índia, Indonésia, Madagascar, Malásia, México, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, África do Sul, Estados Unidos da América e Venezuela (IPEA, 2010) (quadro 2).

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Quadro 2: ESTIMATIVAS DO TOTAL DE NÚMERO DE ESPÉCIES DE VERTEBRADOS E DE PLANTAS SUPERIORES NOS 17 PAÍSES MEGADIVERSOS DO MUNDO

(ENDEMISMO ENTRE PARÊNTESES)

Países Áreas

(km²) Mamíferos Aves Répteis Anfíbios Vertebrados

Peixes de água doce Plantas superiores Brasil 8.515.767 (131) 524 (>191) 1.622 (172) 468 (294) 517 3.131 (788) > 3.000 (~16.500-18.500?) ~50.000-56.000 Indonésia 1.904.570 515 (201) 1.531 (397) 511 (150) 270 (100) 2.827 (848) 1.400 ~37.000? (14.800-18.500) Colômbia 1.141.750 456 (28) 1.815 (>142) 520 (97) 583 (367) 3.374 (634) >1.500 45.000-51.000 (15.000-17.000) México 1.964.380 450 (140) 1.050 (125) 717 (368) 284 (169) 2.501 (802) 468 18.000-30.000 (10.000-15.000) Austrália 7.741.220 282 (201) 751 (355) 755 (616) 196 (169) 1.984 (1.350) 183 15.638 (14.458) Madagascar 587.040 105 (77) 253 (103) 300 (274) 178 (176) 836 (630) 75 11.000-12.000 (8.800-9.600) China 9.598.088 499 (77) 1.244 (99) 387 (133) 274 (175) 2.404 (484) 1.010 27.100-30.000 (~10.000) Filipinas 300.000 201 (116) 556 (183) 193 (131) 63 (44) 1.013 (474) 330 8.000-12.000 (3.800-6.000) Índia 3.287.260 350 (44) 1.258 (52) 408 (187) 206 (110) 2.222 (393) 750 >17.000 (7.025-7.875) Peru 1.285.220 344 (46) 1.703 (109) 298 (98) 241 (>89) 2.586 (342) 855 18.000-20.000 (5.356) Papua Nova Guiné 462.840 242 (57) 762 (85) 305 (79) 200 (134) 1.509 (355) 282 15.000-21.000 (10.500-16.000) Equador 283.560 271 (21) 1.559 (37) 374 (114) 402 (138) 2.606 (310) >44 17.600-21.100 (4.000-5.000) Estados Unidos 9.632.030 428 (101) 768 (71) 261 (90) 194 (126) 1.651 (388) 790 18.956 (4.036) Venezuela 912.050 288 (11) 1.360 (45) 293 (57) 204 (76) 2.145 (189) 1.250 15.000-21.070 (5.000-8.000) Malásia 329.740 286 (27) 738 (11) 268 (68) 158 (57) 1.450 (163) 600 15.000 (6.500-8.000) África do Sul 1.219.090 247 (27) 774 (7) 299 (76) 95 (36) 1.415 (146) 153 23.420 (16.500) Congo 2.344.860 415 (28) 1.094 (23) 268 (33) 80 (53) 1.857 (137) 962 11.000 (3.200)

Fonte: Forzza et al. (2010); Mittermeier et al. (1997); Lewinsohn & Prado (2005) (adaptado).

1.3. Breve História da Educação Ambiental no Mundo

A degradação ao ambiente é uma prática que veio a aumentar de acordo com a evolução humana. No século XVIII, a Revolução Industrial foi um marco avassalador de degradação do ambiente urbano e natural, e como consequência, a queda na qualidade de vida da população, o que ocasionou numa má higiene, devido a falta principalemnte de saneamento básico, que deu origem a várias doenças e pragas que, quando não consumiam populações inteiras, as deixavam com grandes sequelas. Marco que contribuiu decisivamente para mudanças de

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valores em relação a natureza. Perante a este cenário deu-se início as unidades de conservação, o Parque Nacional de Yellowstone nos EUA, em 1872 foi um grande modelo para a criação de outros no mundo (Ribeiro, 2012).

O Parque Nacional de Yellowstone tinha, e ainda tem, como principal objetivo a conservação da natureza e sua matéria prima, que estava sendo consumida de maneira acelerada, prejudicando sua estabilidade, de forma a comprometer diretamente a qualidade de vida dos seres humanos em meio urbano. Um parque público com área de recreação e contemplação da natureza para benefício de qualidade de vida para o povo. Essa mudança de valores, somada a preocupação com meio ambiente e seus recursos não renováveis, pode ser chamada de conscientização, educação ambiental (Henriques et al., 2007).

O termo “Educação Ambiental” começou a ser utilizado pela primeira vez em caráter global a partir do encontro da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) em Paris no ano de 1948. E os primeiros registros oficiais a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972. Mas, somente em 1975 em Belgrado na Iugoslávia que surgiu oficialmente o primeiro programa Internacional de Educação Ambiental. Apesar de ser apenas em 1977, através de uma parceria entre a Unesco e o recente programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma) que se deu origem a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi, na Geórgia (Ex-União Soviética). Foi nesta Conferência que saíram os objetivos, as definições, os princípios e as estratégias para a aplicação da Educação Ambiental que até hoje é adotada por todo o mundo (Henriques et al., 2007).

De forma conceitual, segundo INHOTIM (2010), “entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”.

O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (Grupo de Trabalho das Organizações Não Governamentais, 1992), é um documento de bastante relevância por ter sido desenvolvido pala sociedade civil planetária em 1992 no Fórum Global, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Este tratado é de grande valor para a sociedade, pois enfatiza os processos participativos voltados para a recuperação, conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida. Documento fundamental para o aprimoramento de educadores ambientais que trabalham com os alunos a formação de opinião própria, pensamentos críticos, coletivos e solidários praticados de maneira interdisciplinar, de

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multiplicidade e diversidade. Este apontamento também foi de extremo valor para melhorar a relação entre as políticas públicas de Educação Ambiental e a sustentabilidade (Henriques et al., 2007).

A Agenda 21 é outro documento muito importante aprovado pelos governos durante a Rio 92. O programa atua em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Tem como objetivo desenvolver um programa participativo na análise da situação atual e planeja um futuro de forma sustentável de um país, estado, município, região ou setor; atuando em todas as escalas global, nacional e local, adotado pelo sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil.

Dando continuidade a breve história da “Educação Ambiental”, em 1997 na Tessaloniki, durante a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, as diretrizes apontadas na Rio 92 foram reforçadas, pois houve dificuldade de se articular ações de Educação Ambiental baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação, além de práticas interdisciplinares (Sauvé, 1997). Esta falha no desenvolvimento e implantação da Educação Ambiental foi o cume para uma mudança no currículo, de forma a melhorar a abordagem “em prol da sustentabilidade”.

Ainda sobre a problemática socioambiental, as Nações Unidas tiveram a iniciativa de implantar a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2015). Estratégia para alavancar as políticas, os programas e as ações educacionais já existentes e potencializar as ideias inovadoras. Uma grande contribuição que reforça em caráter mundial a sustentabilidade a partir da Educação.

Contudo, Moraes & Cruz (2015) atentam que o modelo de ensino tradicional hoje é palco de muita crítica, pois impõe um conhecimento de verdade absoluta, porém na teoria cientifica ocorre o inverso, o que é certo é relativo. Uma das críticas pontuadas pelas autoras refere-se sobre as disciplinas serem aplicadas de forma isolada, acreditando que fosse mais fácil a absorção do conhecimento. Porém, sabe-se que um conhecimento fragmentado, dificulta o aprendizado mais eficaz.

Perante a afirmativa de que a primeira importante formação do saber se dá em idade de Ensino Fundamental, a Educação Ambiental se torna mais eficiente quando implantada nesse período, pois a escola é o ambiente mais favorável para abordar essa temática devido seu caráter educativo (Souza et al., 2013).

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1.4. Enquadramento

A capacidade de suporte do planeta é a quantidade de populações que o ecossistema suporta, sem comprometer o acesso e consumo dos recursos naturais das futuras gerações, de todas as espécies. Nesse seguimento, outro conceito que está diretamente relacionado é o da resiliência, que é a capacidade de regeneração dos ecossistemas após pertubarções, sendo elas naturais ou antrópicas. A biodiversidade e os ecossistemas funcionais propiciam resiliência à biosfera de maneira diretamente proporcional. O Meio Ambiente é um complexo e organizado Sistema dinâmico e sua capacidade de suporte e resiliência estão sendo comprometidas pelo alto índice de degradação pela interferência do homem, que altera substancialmente os ciclos da Terra (IPEA, 2010).

A degradação de ecossistemas, e por consequência a diminuição da biodiversidade (extinções), acarreta em várias consequências negativas e resulta em muitas ameaças à ecologia, aos modos de vida e ao desenvolvimento sócio-econômico: diminuição da absorção de poluição, a fertilidade do solo, interfere na manutenção dos microclimas, diminui a depuração das águas, diminui espécies de apoio (bactérias fixadoras de nitrogênio, predadores, polinizadores, dispersores de sementes entre outros), perda da variabilidade genética, aumento da vulnerabilidade da população de baixa renda. O que caracteriza a crise atual de biodiversidade é que ela não decorre de catástrofes naturais, mas de eventos gerados por ações antropogênicas (Ganem, 2010).

Sabe-se que a extinção é parte fundamental da natureza e do processo da vida na Terra. Eventos sucessivos de extinção e especiação se somaram por milhões de anos, criando e moldando a biodiversidade que hoje consideramos no planeta. Estima-se que cerca de 99% das espécies que já viveram no planeta estejam agora extintas, mas as causas e os fatores que levam às extinções naturais ainda são pouco conhecidos. A extinção natural tende a ser um processo moroso, acontecendo em escalas temporais muito amplas (geológicas), compatível com o ritmo temporal do planeta. Porém, com os avanços científicos do século XX, as extinções provocadas pelo homem se tornam cada vez mais significativas e têm muitas causas. A principal causa da perda de grandes áreas e, por consequência, de espécies da fauna (muitas das quais endêmicas dos domínios biogeográficos brasileiros), ecossistemas e serviços associados, deriva-se do modelo econômico e de ocupação territorial pela população humana (Pinho & Pelicice, 2013).

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Pode-se se afirmar que a fauna possui papel fundamental na manutenção do meio ambiente saudável, pois permite a prestação dos serviços necessários à manutenção da vida humana: alimentação, polinização e dispersão de plantas, manutenção do equilíbrio de populações, e controle de pragas. Portanto, ameaças aos ecossistemas, e consequentemente, riscos à fauna, acarretam em um desequilíbrio ambiental que por muitas vezes pode se tornar irreversível. Perante esse cenário, este trabalho é baseado no projeto de estágio em Educação Ambiental, a qual originou o Trabalho Final de Conclusão de Curso (TCC) de graduação em Ecologia no ano de 2012, pela autora do atual estudo. Foi nominado “Cara a Cara, animais brasileiros em vias de extinção”, um jogo de cartas inspirado no manual de instruções do jogo “CARA-A-CARA” da empresa Estrela, como finalidade apresentar as 20 espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira com registro em maior número em Unidades de Conservação (Ucs) Federais no Brasil, dados de 2011.

A dissertação enquadra-se ao apresentar, como forma de alerta, a realidade atual da fauna brasileira ameaçada de extinção consequente de um modelo de desenvolvimento sócio-econômico predatório ambiental, e a necessidade de preservação.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O principal objetivo da presente dissertação é explorar as bases de dados disponíveis ao nível da ocorrência das 20 espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira com registro em maior número em Unidades de Conservação (Ucs) Federais no Brasil, atualizadas em 2015, para relacionar com a Lista anterior de Nascimento & Campos, (2011), assim como fazer uma breve apresentação sobre tais espécies.

2.2. Objetivos Específicos

Para se alcançar resultados sobre o objetivo geral, pretende-se ainda:

 Elaborar a caracterização da área de estudo, a República Federativa do Brasil, contendo: • Breve histórico;

• Biomas existentes; • A biodiversidade;

• As Unidades de Conservação; • A Política Ambiental;

• A Educação Ambiental como forma de conscientização, através do lúdico.  Analisar as bases de dados sobre as espécies da fauna ameaçadas no Brasil:

• Apresentar o retrato atual da fauna brasileira ameaçada de extinção; • Citar os principais vetores de ameaça da fauna brasileira;

• Elaborar quadros com ranqueamento como forma comparativa entre as espécies estudadas, 2011 e 2015;

• Fornecer conhecimento do somatório das espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira, após análise de seus registros em Unidades de Conservação (Ucs) Federais no Brasil, 2011 e 2015.

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3. METODOLOGIA

Por meio de pesquisas bibliográficas, através de artigos científicos, dissertações, teses, legislação - leis, decretos, resoluções e portarias - e estudos oficiais governamentais, um diagnóstico será apresentado contendo elementos sobre a área de estudo, o Brasil, a fim de se obter uma contextualização com o objetivo de compreender o estado da Fauna brasileira. Utilizando-se base de dados governamentais, um banco de informações será desenvolvido sobre a atual situação da fauna em extinção brasileira, utilizando-se de quadros comparativos entre as 20 espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira, com registros em maior número em UCs Federais no Brasil, 2011 e 2015, assim como o conhecer as características dessas espécies e suas ameaças. Para as informações referentes aos dados de 2011, utilizará-se do Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades de Conservação Federais (Nascimento & Campos, 2011). Já para as informações referentes aos dados de 2015 foram fornecidas pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas através do Departamento de Conservação da Biodiversidade – Dcbio, dados oficiais ainda a serem publicados.

3.1. Área De Estudo: Brasil

Descoberto e colonizado por Portugal, a partir de 22 de abril de 1500, a atual República Federativa do Brasil tornou-se independente em 7 de setembro de 1822. Está localizada em sua maior parte ao sul do ocidente, pois no extremo norte, nos estados do Amazonas, Pará Roraima e Amapá, é cortada pelo paralelo central do Equador (que divide a Terra em hemisférios norte e sul), e desta forma, somente 7% do território brasileiro pertence ao Hemisfério Norte e 93% ao Hemisfério Sul. O Brasil estende-se desde 5° 16' de latitude norte, nascentes dos rios Ailã e Caburaí, na Serra do Caburaí (fronteira com a Guiana Britânica), até 33°45' de latitude sul, numa das curvas do Arroio Chuí, na fronteira com o Uruguai. No sentido leste-oeste, estende-se desde 73°59' de longitude oeste de Greenwich, na Serra da Contamana, um dos contrafortes da Cordilheira dos Andes (fronteira com o Peru), até 34°49' na ponta de Seixas, próximo ao Cabo Branco (Paraíba) (IBGE, 2016a).

O Brasil é considerado o 5º maior em extensão do mundo, atrás somente de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China), 3º maior da Ámerica e o maior da América do Sul. Limita-se com quase todos os países sul americanos: Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela,

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Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai, com a exceção do Equador e Chile. O IBGE apresentou no dia 28 de novembro de 2012 as novas medidas da área territorial: 8.515.767,049 km², o que significa um incremento de 0,01% sobre o valor da última publicação da área territorial brasileira, em 2002 (8.514.876,599 km², segundo a estrutura político-administrativa vigente em 01 de janeiro de 2001), e um incremento de 0,001% em relação ao valor publicado na Sinopse do Censo Demográfico de 2010 (8.515.692,272 km²). Esta atualização foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nº 234, de 8 de dezembro de 2015, conforme resolução nº 07, de 4 de dezembro de 2015. O redimensionamento foi devido à evolução da tecnologia para mensuração e da dinâmica da Divisão Territorial Brasileira, que implica na atualização periódica dos valores das áreas estaduais e municipais e reflete eventuais alterações nos limites político-administrativos, assim como na incorporação de arquipelágos ao território nacional (Resolução Nº PR-07, 2015)

O país possui aproximadamente 204.450.649 de habitantes (IBGE, 2015) e é composto por 26 estados e um Distrito Federal, onde está localizada a sede do governo federal e a capital brasileira, Brasília. Cada um dos estados brasileiros (unidades da Federação) é subdividido em municípios e esses em distritos. Os estados são organizados em cinco grandes grupos político-administrativos, conhecidos por como Regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste (figura 1) (quadro 3).

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Figura 1: Mapa da divisão Polítca Administrativa da República Federativa do Brasil. Adaptado de Fonte: /www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#geociencias

Quadro 3: REGIÕES DO BRASIL - POPULAÇÃO X ÁREA

Brasil e Regiões Unidades da Federação Unidades da Federação (Nº) População (Total) Área (Km²) População (%) Área (%) Brasil Acre, Amapá, Amazônas, Pará, Rondônia, Roraima,Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

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Norte Acre, Amapá, Amazônas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins 7 17.472.636 3.853.669,78 8,546 45,253 Nordeste

Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

9 56.560.081 1.554.291,74 27,664 18,252

Centro-Oeste

Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

4 15.442.232 1.606.415,20 7,553 18,864

Sudeste

Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

4 85.745.520 924.616,97 41,939 10,858 Sul Paraná, Rio Grande do

Sul e Santa Catarina. 3 29.230.180 576.773,37 14,297 6,773 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015); Resolução Nº PR-07 de 04 de dezembro de 2015 (2015)

3.1.1. Caracterização física

3.1.1.1. Relevo

O relevo brasileiro constitui-se por (IBGE, 2009):

- Planaltos: Forma de relevo plana ou suavemente ondulada, porém de altitude relativamente elevada, limitada, pelo menos por um lado, por superfícies mais baixas. Outra característica marcante é o fato do processo de erosão ser maior que o de deposição e acumulação de sedimentos nestas áreas. Destacam-se o Planalto Central Brasileiro, Centro Sul de Minas, Planalto da Amazônia Oriental e os planaltos da Bacia do Parnaíba e da Bacia do Paraná.

- Planícies: Forma de relevo plana ou suavemente ondulada, de extensão variável, localizada mais frequentemente em áreas de baixa altitude. Nessas áreas, o processo de deposição e acumulação de sedimentos é maior que o processo de erosão. Destacam-se as planícies do Pantanal, do Rio Amazonas e as localizadas ao longo do litoral.

- Depressões: Relevo plano ou ondulado situado abaixo do nível das regiões vizinhas, elaborado em rochas de origens variadas. Destaca-se a depressão amazônica.

- Chapadas: Relevo de superfície horizontal situado em altitudes relativamente elevadas, constituído por rochas sedimentares.

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- Serras: Relevo elevado e acidentado, elaborado em terreno de rochas diversas, formando cristas e cumeadas ou constituindo escarpas nas bordas de planaltos.

- Patamares: Relevo plano ou ondulado, elaborado em diferentes tipos de rochas, constituindo superfície intermediária ou degrau entre áreas de relevos mais elevados e áreas mais baixas.

- Tabuleiros: Relevo plano, elaborado em rochas sedimentares, de altitude relativamente baixa, geralmente limitado por escarpas.

3.1.1.2. Climas

O Brasil é um país com grande diversidade climática, decorrente diretamente de sua extensão geográfica e da conjugação entre os elementos atmosféricos e os fatores geográficos particulares da América do Sul e do próprio país. Entre os principais fatores que determinam os tipos climáticos brasileiros, destacam-se a configuração geográfica; a maritimidade/continentalidade devido ao ser extenso litoral; as modestas altitudes de relevo, expressas em cotas relativamente baixas; a grande extensão territorial; as formas de relevo que formam verdadeiros corredores naturais para o desenvolvimento dos sistemas atmosféricos em grandes extensões; a dinâmica das massas de ar de frentes; a vegetação; e a influência das atividades humanas. Ao analisar todos esses fatores, pode-se constatar a existência de cinco grandes compartimentos climáticos no país, baseados principalmente na distribuição da temperatura e da pluviosidade registradas, associadas às características geográficas e à dinâmica das massas de ar, que realçam os subtipos de cada um dos grandes tipos climáticos brasileiros (Mendonça & Danni-Oliveira, 2007).

Para fins de entendimento, as estações do ano no país acontecem da seguinte maneira, conforme em todo hemisfério sul do planeta:

- Outono: de 20 de março a 20 de junho. - Inverno: de 20 de junho a 22 de setembro. - Primavera: de 22 de setembro a 21 de dezembro. - Verão: de 21 de dezembro a 20 de março.

Os cinco macrotipos climáticos do Brasil e seus diferentes subtipos são demonstrados a seguir (Nimer, 1989) (Mendonça & Danni-Oliveira, 2007):

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- Clima Equatorial:

Clima predominante na porção norte do Brasil, compreendida pelos Estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Amapá e parte de Mato Grosso e Tocantins, área onde coincide com a Floresta Amazônica. É controlado por sistemas atmosféricos equatoriais (massa Equatorial continental - mEc; massa Equatorial atlântica - mEa e Zona de Convergência Intertropical - ZCIT) e tropicais (climas de latitudes baixas). A temperatura média anual situa-se entre 24ºC e 26ºC, portanto, considerado clima quente, cujos valores mais baixos encontrados nas regiões serranas e os mais elevados, ao longo do vale do rio Amazonas que chegam a ultrapassar essas médias. Nos meses de junho a agosto, a temperatura apresenta pequena queda em relação aos totais anuais, fenômeno regionalmente denominado friagem, nesse momento a temperatura pode chegar a 8ºC no sudoeste da região.

Em termos de pluviosidade, a porção norte do país, embora considerada bastante úmida e onde os mais expressivos totais pluviométricos se encontram, apresenta uma distribuição heterogênea, tanto espacial quanto temporalmente. Em algumas áreas, o total médio anual está acima de 3.000 mm (extremos leste e oeste), ao passo que em outras não passa de 1.600 mm (a noroeste e sudoeste). Ao norte da área, o período chuvoso ocorre nos meses de inverno, enquanto no restante da região se dá principalmente no verão.

Os três subtipos do clima equatorial brasileiro apresentam elevadas temperaturas e quase nenhuma variabilidade térmica sazonal, sendo identificados pela variabilidade da pluviosidade ao longo do ano:

- Clima Equatorial sem seca ou superúmido;

- Clima Equatorial com subseca (um a dois meses secos); - Clima Equatorial com subseca (três meses secos).

- Clima Tropical Zona Equatorial:

Distribui-se por parte das regiões Norte: centro- norte do estado do Tocantins; e Nordeste: quase todo o estado do Maranhão, parte dos estados do Piauí, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e todo o estado do Ceará. Nesse domínio climático quente, observa-se a formação de subtipos definidos tanto pela sazonalidade térmica quanto pela pluviométrica, nos quais se encontram variações úmidas e semi-úmidas. A atuação da ZCIT é bastante importante na porção do extremo norte da região, enquanto as massas de ar mEc, mEan

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(massa Equatorial do atlântico norte), mEas (massa Equatorial do atlântico sul), mTa (massa Tropical Atlântica) e mPa (massa Polar atlântica) atuam mais na porção centro-sul da área. Associa-se à vegetação de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga, o que reflete a expressiva variabilidade pluviométrica do domínio climático que apresenta localidades tanto com índices elevados, como a cidade de São Luís no estado do Maranhão, com aproximadamente 2.300 mm, quanto com índices pouco expressivos, como a localidade de Campos Sales no estado do Ceará, com cerca de 620 mm anuais.

Nota-se uma temperatura média entre 24ºC e 27ºC anuais, porém a média das máximas pode atingir 33ºC em algumas localidades (como no caso de Mossoró no estado do Rio Grande do Norte), e a média das mínimas pode baixar até 18ºC (como exemplo a cidade de Monteiro no estado da Paraíba). As temperaturas máximas absolutas normalmente ultrapassam 40ºC em várias localidades, enquanto as mínimas caem para menos de 10º em outras.

A influência do relevo da porção oriental da região, além da expressiva continentalidade no sentido leste-oeste, da zona de calmaria dos ventos (doldrums) ao norte e da atuação das ondas de leste, associa-se às atividades humanas na definição de áreas com reduzidos totais pluviométricos em diferentes localidades desse domínio climático, cujos quatro subtipos são:

- Clima Tropical-Equatorial com quatro a cinco meses secos; - Clima Tropical-Equatorial com seis meses secos;

- Clima Tropical-Equatorial com sete a oito meses secos (semi-árido); - Clima Tropical-Equatorial com nove a onze meses secos (semi-árido).

- Clima Tropical litorâneo do Nordeste Oriental:

Uma faixa de terras que se estende do litoral atlântico oriental do Nordeste até algumas centenas de quilômetros em direção ao interior, fortemente influenciada pelas massas de ar úmidas provenientes do oceano Atlântico (mEas, mTa, mPa) e pela ZCIT, dá origem a um tipo climático particular nessa porção do Brasil, definida pela formação de um clima úmido e quente, litorâneo, que se diferencia dos climas mais secos do interior da região. A vegetação reflete a condição de mais elevada umidade (vegetação litorânea, zona da mata e agreste), especialmente a que se desenvolve na porção entre o oceano e o planalto da borborema e da serra Geral.

As temperaturas são elevadas durante o ano todo, com pequena queda nos meses de inverno, e pela concentração da pluviosidade entre o final do verão e inverno, com grande destaque para

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o outono. A temperatura média oscila entre 23ºC e 26ºC, e a médica das máximas pode atingir 30ºC, com máximas absolutas de até 42ºC em Campina Grande no estado da Paraíba, e a das mínimas de 18ºC, com mínimas absolutas de até 10ºC em Garanhuns no estado de Pernambuco. A pluviosidade média anual situa-se entre cerca de 700 mm, em Arcoverde no estado de Pernambuco, e 2.500 mm, em Recife também no estado de Pernambuco, apresentando seis meses de expressiva redução pluviométrica.

- Clima Tropical do Brasil Central ou Tropical úmido-seco:

Paisagem de transição entre aquelas florestadas ao norte e ao leste-sul, o Centro-Oeste brasileiro, manifesta também uma expressiva condição de transição climática. É controlado pos sistemas atmosféricos equatoriais (mEc) e tropicais (mTa e mTc), além de contar com considerável atuação extratropical (mPa), o que reflete diretamente em uma multiplicidade de tipos de tempo durante o ano, os quentes e úmidos concentrados no verão e os quentes e secos, no inverno, embora com quedas pontuais e médias de médias de temperatura no inverno.

A expressiva sazonalidade térmica e pluviométrica, com ritmo anual definido por duas estações (inverno e verão), que permite identificar a mais clara evidência da tropicalidade dos climas do Brasil. Nos momentos mais quentes do ano, observa-se a concentração das chuvas, enquanto nos menos quentes, nota-se a redução da pluviosidade. Essa área apresenta forte heterogeneidade térmica, expressa em médias térmicas anuais que vão de 20ºC, porção sul, a 26 ºC, na porção centro-norte. A média das máximas pode atingir 36 ºC em setembro, o mês mais quente na região. As temperaturas máximas absolutas ultrapassam 40 ºC. No inverno, a média das mínimas pode atingir 8 ºC na parte meridional. As chuvas são concentradas no verão e cerca de 70% do total médio de 2.000 a 3.000 mm da área precipitam-se entre novembro e março.

Considerada uma grande área de transição entre os climas predominantemente quentes e úmidos, ao norte, e subtropical úmido, ao sul, a área de domínio do clima úmido-seco em questão apresenta características próprias, todavia, diferenciadas em sua extensa área. Possui quatro principais subtipos, principalmente devido à sua complexidade:

- Clima Tropcial do Brasil Central sem seca;

- Clima Tropcial do Brasil Central com um a três meses secos; - Clima Tropcial do Brasil Central com quatro a cinco meses secos;

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- Clima Tropcial do Brasil Central com seis a oito meses secos.

- Clima Subtropical úmido (Temperado):

Clima tipicamente da região Sul do Brasil, localizado abaixo da linha do Trópico de Capricórnio, é controlado por massas de ar tropicais e polares (mTa, mTc e mPa), sendo predominante o clima subtropical úmido das costas orientais e subtropicais dominados largamente por massa tropical marítima (mTm).

Uma das principais características que distinguem os climas da porção Sul do restante do país é a sua maior regularidade na distribuição anual da pluviometria (entre 1.250 mm e 2.000 mm), associada às baixas temperaturas do inverno. Essas características são resultantes da associação entre a posição geográfica da área, seu relevo e a atuação dos sistemas atmosféricos intertropicais e polares.

A variabilidade térmica da região é bastante acentuada tanto espacial, quanto temporalmente. As médias anuais situam-se entre 14ºC E 22º, mas podem cair para cerca de 10ºC nas partes mais elevadas, onde ocorre queda de neve no inverno. Nessa época do ano, principalmente em julho, as médias mensais oscilam entre 10ºC e 15ºC, e normalmente são registradas temperaturas absolutas negativas. O verão apresenta temperaturas médias mensais bem mais elevadas, que variam de 26ºC a 30º, esta última, sobretudo nas partes mais baixas e ao norte da região; nos vales interioranos, as temperaturas absolutas podem atingir 40ºC.

3.1.1.3. Recursos Minerais

O Brasil possui algumas das maiores reservas geológicas do mundo e é um dos principais produtores mundiais de minérios. Destacam-se entre essas reservas o Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e a Província Mineral de Carajás, no estado do Pará (IBGE, 2016b)

3.1.1.4. Hidrologia

O território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Possui um enorme potencial hídrico, capaz de fornecer um volume de água por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m³/s por habitante/ano. Apesar disso, os recursos hídricos brasileiros não são inesgotáveis e as

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características geográficas de cada região do país e as mudanças de vazão dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do ano, afetam a distribuição (MMA, s/d). Devido a essa abundância hídrica nacional, viu-se a necessidade da criação de uma gestão eficaz. Para tanto, em janeiro de 1997, entrou em vigor a (Lei nº 9.433, 1997) que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH - e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), integrado por:

– o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

– a Agência Nacional de Águas (criada pela Lei nº 9.984, 2000);

– os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; – os Comitês de Bacia Hidrográfica;

– os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;

– as Agências de Água.

Segundo a Lei, em seu Art 1º, a Política Nacional de Recursos Hídricos tem seis fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, conforme Artº 2:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Imagem

Figura 1: Mapa da divisão Polítca Administrativa da República Federativa do Brasil.
Figura 2: Mapa dos biomas brasileiros.
Figura 3: Comparativo das espécies da fauna terrestre e aquática avaliadas nos anos de 2003 e 2014
Figura 4: Principais fatores para o risco de extinção da fauna no Brasil, distribuídos por bioma.

Referências

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