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3. METODOLOGIA

3.1. Área De Estudo: Brasil

3.1.7. Institucionalização da Educação Ambiental no Brasil

No Brasil, a Educação Ambiental aparece muito antes da sua institucionalização no governo federal. Surgiu de forma quase imperceptível e de maneira isolada em diversas regiões do país por meio de atividades alternativas para melhor o aprendizado, como por exemplo, educadores que inovavam as aulas propondo a realização de deveres no pátio debaixo de árvores. De maneira inconsciente, realizar tarefas em contato com a natureza era mais gostoso e produtivo (Ribeiro, 2012).

No âmbito político, o país foi marcado até o início dos anos 70, pela existência de um persistente movimento militar, que defendia o crescimento econômico, contrariando as tendências internacionais de proteção ao meio ambiente, como por exemplo, a execução de alguns megaprojetos: Usina Nucelar de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, a Transamazônica e o Projeto Carajás, na Amazônia. O Brasil recebeu uma onda de críticas, do exterior. E em resposta, o governo brasileiro, fez-se de vítima, dizendo que a defesa do meio ambiente seria uma espécie de conspiração das nações desenvolvidas para impedir o crescimento do país (Czapski, 1988).

Esse posicionamento do governo na época contrariava as tendências mundiais de preservação ambiental e sofreu pressões internacionais, inclusive do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que o ameaçavam o corte de empréstimos, para a mudança de posicionamento. No Brasil, os movimentos ambientalistas se unem aos movimentos pela liberdade democrática onde se pôde observar melhor as pequenas ações voltadas para recuperação de áreas degradadas, conservação e melhoria do meio ambiente. Podiam ser notados nas escolas, pela sociedade civil, prefeituras municipais e governos estaduais, apesar de ser em pequena escala, este movimento deu fruto aos primeiros cursos de especialização em Educação Ambiental (Henriques et al., 2007).

Mesmo mantendo esta posição contra, o Brasil enviou uma delegação a Estocolmo em 1972, para a conferência da ONU sobre o Meio Ambiente. Assinou sem restrições, ao final da Conferência, a Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente Humano. No ano seguinte, em 1973, foi oficializada a institucionalização da Educação Ambiental no governo federal brasileiro com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), vinculada à Presidência da República. Apesar de ser uma sala com poucos funcionários, foi através dela que se pode dar o próximo passo. No dia 31 de agosto de 1981 foi criada a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que instituiu a necessidade de inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, incluindo a educação da comunidade, com o objetivo de capacitar a todos e promover a participação de toda a população na defesa do meio ambiente. Reforçando essa finalidade, foi incorporado a Constituição Federal, em 1988, a necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (Constituição, 1988, art 225º, inciso VI).

A Comissão Interministerial para a preparação da Rio 92 considerou a Educação Ambiental como um dos instrumentos da política ambiental brasileira, e designou duas instâncias destinadas a lidar exclusivamente com esse aspecto em seu governo, sendo elas (Henriques et al., 2007):

- Grupo de Trabalho de Educação Ambiental do MEC, que em 1993 se transformou na Coordenação-Geral de Educação Ambiental (Coea/MEC).

- Divisão de Educação Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), cujas aptidões institucionais vieram a representar um marco para a institucionalização da política de Educação Ambiental no âmbito do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama).

Em 1992, foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA). No mesmo ano, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ibama, estabeleceu Núcleos de Educação Ambiental em todas as suas superintendências estaduais, com o objetivo de desenvolver ações educativas no processo de gestão ambiental na esfera estadual(Ribeiro, 2012).

A Carta Brasileira para Educação Ambiental foi produzida com a participação do MEC, durante a Rio 92. Nela, reconhece-se a Educação Ambiental com uma das vertentes mais importantes para possibilitar a realização da sustentabilidade como tática de sobrevivência do planeta, e portanto, da melhoria da qualidade de vida. A Carta também afirma que a demora

na conscientização, somada a falta de comprometimento real do governo no cumprimento e complementação da legislação em relação às políticas específicas de Educação Ambiental, em todos os níveis de ensino, acarreta em um modelo educacional não favorável, sem responder as reais necessidades do país (Henriques et al., 2007).

Em uma tentativa de reverter o quadro, foram criadas instâncias de referência para a construção dos programas estaduais de Educação Ambiental. Esses órgãos públicos (a extinta Sema e, posteriormente, o IBAMA e o MMA) promoveram a formação das Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental. A ajuda à elaboração dos programas dos estados foi, posteriormente, prestada pelo MMA (Czapski, 1988).

No final do ano de 1994, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), pela Presidência da República, compartilhado pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (projeto do governo que engloba nove estados brasileiros pertencentes à Bacia amazônica) e pelo Ministério da Educação e do Desporto, com as parcerias do Ministério da Cultura e do Ministério da Ciência e Tecnologia. O PRONEA foi realizado pela Coordenação de Educação Ambiental do MEC e pelos setores correspondentes do MMA/IBAMA, responsáveis pelas ações voltadas respectivamente ao sistema de ensino e à gestão ambiental, apesar de também ter sido envolvido em sua execução outras entidades públicas e privadas do país (ProNEA, 2014).

A Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental no Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), teve origem em 1995 com o objetivo de reconhecer a diversidade cultural e sua interdisciplinaridade. Mas, somente em 1996, foi firmado um protocolo no âmbito do MMA (Ministério do Meio Ambiente) de interações com o MEC (Ministério da Educação), agora de maneira formal, com o objetivo de aprimorar a institucionalização em Educação Ambiental (Henriques et al., 2007).

Em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram aprovados pelo Conselho Nacional de Educação. Eles se constituem em um auxílio para apoiar a escola na elaboração do seu projeto educativo, inserindo procedimentos, atitudes e valores no convívio escolar. Além de temas sociais urgentes, de abrangência nacional, denominados como temas transversais: meio ambiente, ética, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo, com possibilidade de as escolas e/ou comunidades elegerem outros de importância relevante para sua realidade (Czapski, 1988).

Em 1999, foi criada a Diretoria do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), em abril do mesmo ano, foi aprovada a Lei que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei nº 9.795, 1999), pela criação da Coordenação-Geral de Educação Ambiental (CGEA) no MEC e da Diretoria de Educação Ambiental (DEA) no MMA. E no ano 2000, a Educação Ambiental integra-se, pela segunda vez, o Plano Plurianual (2000- 2003), na dimensão de um Programa, identificado como 0052 – Educação Ambiental, e institucionalmente vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (ProNEA, 2014).

No ano de 2002, a Lei n° 9.795/99 foi finalmente regulamentada pelo Decreto n° 4.281 que define a composição e as competências do Órgão Gestor da PNEA lançando, assim, as bases para a sua execução. Um passo decisivo para a realização das ações em Educação Ambiental no governo federal, tendo como desafio a assinatura de um Termo de Cooperação Técnica para a realização conjunta da Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (Decreto nº 4.281, 2002).

Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), merece destaque, pois em 2004 teve sua terceira versão submetida a um processo de Consulta Pública efetivada através da parceria com as Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental (CIEAs) e as Redes de Educação Ambiental, envolvendo em um total de cerca de 800 educadores ambientais de 22 unidades federativas do país (Ribeiro, 2012).

A mudança ministerial ocorrida em 2004, bem como a consequente criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) e a transferência da CGEA para a Secretaria de Educação Continuada. Essas mudanças permitiram um maior enraizamento da Educação Ambiental no MEC. Ação que refletiu de forma positiva nas redes estaduais, municipais e particulares de todos os níveis de ensino formal, que passaram a atuar de forma integrada às áreas de Diversidade, Educação Escolar Indígena e Educação no Campo, proporcionando assim maior engajo à Educação Ambiental e destacando sua vocação de transversalidade (Henriques et al., 2007).

Em 2004, teve início um novo Plano Plurianual, o PPA 2004-2007. Em cargo das novas diretrizes e sintonizado com o ProNEA, o Programa 0052 é reformulado e passa a ser nomeado Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (ProNEA, 2014).

Juntamente com outros países da América Latina e do Caribe, o Brasil assumiu compromissos internacionais com a implementação do Programa Latino-Americano e Caribenho de Educação Ambiental (Placea10) e do Plano Andino-Amazônico de Comunicação e Educação

Ambiental (Panacea), que incluem os Ministérios do Meio Ambiente e da Educação dos países (Ribeiro, 2012).

Em suma, pode-se considerar a Educação Ambiental um componente essencial e permanente do projeto nacional de educação, e deve estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal (INHOTIM, 2010).

De modo coerente a esse panorama, a autora deste estudo desenvolveu uma forma lúdica de disseminar o conhecimento ambiental, e teve como objetivo ensinar sobre as 20 espécies da fauna ameaçadas de extinção com maiores registros em Unidades de Conservação Federais brasileiras de 2011 (Nascimento & Campos, 2011), além de suas localizações - no mapa e dos domínios vegetacionais brasileiros bem demarcados para facilitar a associação, de onde se encontra as espécies das cartas, através de um quebra-cabeça.

A criação do jogo “Cara a Cara, animais brasileiros em vias de extinção” foi um grande desafio. A maior dificuldade foi criar um jogo sem um ganhador final e de fácil entendimento, pois somos induzidos a assumir valores padronizados pela sociedade, dando valor a competição.

O jogo promove a união das equipes adversárias, o que contradiz muito com os princípios conhecidos pela sociedade por não ter um único ganhador, contraditório ao aprendido pela maioria, de forma a perceber que podem se tornar agentes modificadores do meio e unidos se tornam mais fortes para este ato.