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Estágio 4 – Elaboração de modelos conceituais

4. ANÁLISE SISTÊMICA

4.4. Estágio 4 – Elaboração de modelos conceituais

Nesse estágio é feita uma proposição de modelo conceitual ideal com o intuito de verificar pontos de melhoria na situação-problema identificada. Como foram identificadas duas situações-problema, serão apresentados dois modelos conceituais, ou seja, um modelo para cada situação-problema. O mesmo acontece para os estágios 5, 6 e 7.

4.4.1. Estágio 4A – Elaboração de modelos conceitual para a situação-

problema do desenvolvimento da produção de etanol em países africanos.

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A partir da análise realizada até o presente momento, faz-se necessária a proposição de um modelo conceitual para promover o desenvolvimento da produção de etanol de cana-de-açúcar nos países africanos.

Sendo assim, existem barreiras tarifárias e não tarifárias que dificultam a comercialização de etanol no mercado internacional. Contudo, essa discussão se torna secundária, visto que não existe uma demanda internacional de etanol consolidada.

A demanda por biocombustíveis é determinada a partir da definição de políticas que estabelecem mandatos de mistura de biocombustível na gasolina e também marco regulatório que define uma parcela da matriz energética que deverá ser abastecida com biocombustíveis. Esse é o caso dos principais mercados consumidores (EUA, Brasil e UE), cuja demanda por biocombustível foi consolidada a partir da definição da política.

Paralelamente ao fato de não ter uma demanda internacional consolidada também existem poucos países produtores, ou seja, pouca oferta de etanol. Sendo assim, a internacionalização do etanol implica em maior número de países produtores de etanol de cana-de-açúcar. Os países africanos, principalmente da região da SADC, possuem elevado potencial para a produção de etanol de cana-de-açúcar. Contudo, o desenvolvimento da produção de biocombustíveis nos países africanos depende da atração de investimentos, visto que esses países não possuem recursos suficientes para o investimento e também há falta de conhecimento técnico para viabilizar a produção de biocombustíveis.

A importância da regulamentação de mercado para o etanol gera segurança para o investidor, visto que o marco regulatório garante demanda do produto. Além disso, deve ser estabelecida uma política que regulamenta os investimentos na produção de etanol de cana- de-açúcar, ou seja, do ponto de vista do país receptor deve constar diretrizes que devem ser seguidas pelos produtores de biocombustível para garantir a sustentabilidade da produção, bem como diretrizes para monitorar o cumprimento das regulamentações. É importante ressaltar que os critérios de sustentabilidade da produção devem levar em conta as falhas estruturais do país, sendo que a definição deve ser feita de maneira gradual, pois caso contrário inviabilizará os investimentos.

Além disso, a falta de mão de obra qualificada, a falta de capacitação técnica e gestão da unidade de produção de etanol de cana-de-açúcar, bem como a infraestrutura precária são entraves para os investidores.

A instituição de agências para coordenar e regulamentar a atividade das empresas produtoras de etanol é uma medida que facilita ao investidor, pois passa a ter acesso às

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informações necessárias em um único local e também ao governo do país africano, pois facilita a coordenação e acompanhamento das atividades dos investidores no país.

O zoneamento agroecológico é um ponto crítico para o desenvolvimento da produção de etanol de cana-de-açúcar e demais biocombustíveis nos países africanos, visto que determina quais culturas são propícias para cada área do país, ou seja, se o país possui aptidão agrícola para a produção de determinada cultura. O zoneamento agrícola serve de diretriz para os investidores e também para o próprio governo do país para a definição de políticas agrícolas.

Um menor custo de financiamento viabilizaria maior volume de investimento nos países africanos, bem como uma maior divulgação das informações do país, visto que são poucos os países africanos que possuem uma estrutura adequada que permite a organização e divulgação das informações.

O mercado consumidor de combustível de parcela significativa dos países africanos é pequeno, pois a maior parte da população não tem veículos. Como consequência, o mercado consumidor de etanol também será restrito. Uma alternativa é formação de um mercado regional entre os países africanos visando estimular o aumento da demanda pelo biocombustível. Outra alternativa é a consolidação de acordos preferenciais entre países africanos e os países da UE para a exportação de etanol de cana-de-açúcar.

4.4.2. Estágio 4B – Elaboração de modelos conceitual para a situação-

problema da saída de investimentos brasileiros para a produção de etanol de cana-de-açúcar em países africanos.

Com o intuito de colaborar com os países africanos na atração de investidores para a produção de etanol de cana-de-açúcar, o Brasil pode adotar determinadas medidas para estimular a saída de investimentos de empresas com capital misto brasileiro para investir nos países africanos.

Conforme mencionado anteriormente, a realização de investimentos em outros países fortalece as empresas da cadeia do setor sucroenergético brasileiro, mantém a competitividade internacional do Brasil e também colabora com as empresas do setor que diminuem a dependência do mercado doméstico brasileiro.

Além disso, já foi discutido intensamente que a realização de investimentos para a produção de etanol em outros países, inclusive africanos, depende da definição de uma política pública, ou seja, um marco regulatório, uma meta de consumo ou mandato de

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substituição da gasolina. Sem garantia de demanda pelo produto, dificilmente o investidor alocará recursos em um mercado cujo retorno é incerto.

Para garantir vantagem competitiva e reduzir a dependência do mercado doméstico brasileiro é necessário que as empresas brasileiras adotem uma estratégia de longo prazo, sendo que dentre as alternativas tem-se a possibilidade de investimento em unidades de produção de etanol em outros países. Nesse sentido, os países africanos possuem elevado potencial para a produção de cana-de-açúcar e acesso facilitado para os mercados europeu e asiático.

Para tanto, as empresas do setor devem considerar a possibilidade de estabelecer parceria com outras empresas para a realização do investimento. Isso é demonstrado pelas duas empresas brasileiras que investiram em países africanos, visto que ambas possuem parceria com empresas petrolíferas.

Além disso, as empresas do setor estão passando por uma fase de reestruturação marcada por operações de fusão e aquisição, resultando em empresas fortalecidas e profissionalizadas, sendo que uma parcela significativa das empresas do setor passa a fazer parte de grupos internacionais, ou seja, já fazem possuem o know-how para internacionalização dos negócios. Já as empresas do setor que não fazer parte de grupos internacionais também tendem a sair fortalecidas, visto que estão se reorganizando e buscando maior profissionalização para se manterem competitivas dentro de um mercado cada vez mais consolidado.