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O estudo de topônimos que designam estâncias hidrominerais sugere a busca de seus significados, ligados às classificações e funções junto ao turismo.

O termo “estância” do italiano stanza (estancieiro, estanceiro, 1813) significa, segundo Cunha,58 “lugar onde se está por algum tempo, estação” (“estança”, século XIII); “grupo de versos, estrofe” (“estança” século XVI); ou “estabelecimento rural destinado à cultura da terra e criação de gado”, 1813. Para o estudo do turismo, a primeira definição, “lugar onde se está por algum tempo, estação”, é a mais abrangente e adequada ao contexto da atividade turística.

No estado de São Paulo, “estância turística” é um título concedido pelo governo a municípios que apresentam condições de lazer, recreação, recursos naturais e culturais descritos na lei.59 Devem dispor de infra-estrutura e serviços dimensionados à atividade turística. Tais municípios, com este status, podem então receber aportes financeiros específicos para incentivo ao turismo.60 Em junho de 2006, havia 67 estâncias no estado de São Paulo, assim denominadas: turísticas (29), balneárias (15), hidrominerais (11) e climáticas (12).61 No Estado de São Paulo existem critérios mínimos para a criação de estâncias.

56

DAUZAT, Albert. Lês noms de lieux: origine ét evolution. Paris: Librairie Delagrave, 1932, p. 1. 57

DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A Motivação Toponímica e a Realidade Brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado, 1990, p. 22.

58

CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p.328.

59

A Lei nº 10.426 de 8/12/1971 estabelece os critérios mínimos para criação de estâncias e as classifica. 60

Ibidem. 61

APRECESP (Associação das Prefeituras das Cidades Estâncias do Estado de São Paulo) Guia das Estâncias do Estado de São Paulo. São Paulo: Ed. Abril, sob encomenda da APRECESP, s.d., provável 2005, distribuído no Salão do Turismo 2009, S. Paulo-SP.

Segundo Andrade,62 o turismo praticado nas estâncias termais pode ser classificado como turismo balneário, por oferecer a oportunidade de banhos nas águas que “apresentam propriedades físico-químicas diversas das águas comuns [...] e é o tipo de turismo mais conhecido e o mais praticado desde as mais remotas eras, segundo registro de cronistas e historiadores antigos e respeitados por toda a humanidade”.63 Segundo o autor, “antes de Cristo, Roma já possuía balneários de grande requinte, frequentados por nobres e por abastados homens públicos, além de outros com menos ostentação, à disposição do povo”.64 Os romanos, como povo conquistador, construíram também balneários fora da capital do Império, como na cidade de Bath, na Inglaterra.

Já no termalismo moderno, no século XIX na França, expandindo-se a seguir por toda a Europa, houve a preocupação de transformar os balneários como meio subsidiário do tratamento de saúde.65

Outra classificação em que o termalismo se insere é no “turismo saúde”, definido por Andrade como “o conjunto de atividades turísticas que as pessoas exercem na procura de meios de manutenção ou de aquisição, de bom funcionamento e sanidade de seu físico e de seu psiquismo chama-se turismo de saúde, turismo de tratamento ou turismo terápico”.66 As estâncias hidrominerais e climáticas proporcionam esse tipo de turismo.

Como existem várias motivações para as viagens, há diversos tipos de turismo que procuram atender as necessidades dos turistas. Segundo Andrade,67 “devem-se admitir como tipos de turismo os seguintes: turismo de férias (subdividido em: turismo balneário, montanhês e de repouso), turismo de negócios, turismo desportivo, turismo de saúde e turismo religioso”.

Uma estância hidromineral caracteriza-se por atender as demandas do turismo de saúde. Também acaba atendendo, ou algumas têm capacidade para atender, outros tipos de turismo como o de férias (recebendo os turistas nesse período de seu cotidiano), o cultural (recebendo os turistas em viagem de estudo ou pesquisa ou ainda para um congresso ou uma

62

ANDRADE, José Vicente de. Turismo: Fundamentos e dimensões. 8.ed. São Paulo: Ática 2002, p. 63 e 76. 63 Ibidem, p. 63. 64 Ibidem, p. 64. 65 Ibidem, p. 66. 66 Ibidem, p. 76. 67 Ibidem, p. 61.

convenção), o de negócios (caso o município agregue micro-empresas, comércio, confecções, etc.), desportivo (quando tem capacidade física para sediar eventos desportivos, campeonatos e competições) e religioso (quando recebe romeiros, peregrinos), como é o caso recente do “Caminho do Sol” em Águas de São Pedro. O turismo de saúde depende de condições naturais como clima, água mineral, para que possa ser desenvolvido, portanto, somente algumas cidades específicas é que possuem a capacidade de atender essa modalidade. Como se pode citar o exemplo de Poços de Caldas, sobre a qual Marras,68 no prólogo de seu livro A propósito de Águas Virtuosas: formação e ocorrências de uma estação balneária no Brasil, mostra o potencial natural daquele espaço, comprovando a afirmação dos romanos do Império de que “águas fundam cidades”. Dessa maneira o autor relata que “a história de Poços de Caldas prende-se a suas águas quentes, untuosas e cheirando enxofre, borbulhando no vasto alagadiço dos Campos de Caldas”.69

No sumário de seu livro Turismo e Desenvolvimento, Oliveira70 apresenta outros 22 tipos e formas de turismo: turismo de lazer, de eventos, de águas termais, desportivo, religioso, de juventude, social, cultural, ecológico, de compras, de aventura, gastronômico, de incentivo, da terceira idade, rural, de intercâmbio, de cruzeiros marítimos, de negócios, técnico, “gay”, de saúde, étnico e nostálgico. Nesta classificação, as estâncias termais entrariam como turismo de águas termais, pois, segundo Oliveira,71 “é o turismo praticado por pessoas que buscam as estâncias hidrominerais para tratamento de saúde ou recreação. Está restrito aos locais onde existem águas termais”.72 Já as estâncias termais e hidrominerais fazem parte do turismo de saúde.