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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1.1 Estímulos Internos

As mulheres da terceira idade entrevistadas relataram se preocuparem com a sua aparência física e se assumiram vaidosas em razão de algumas motivações de natureza pessoal, ou seja, que estão diretamente ligadas a suas percepções, à influência direta da sua idade nesse contexto e a sua necessidade de socialização.

1. Percepções

a. Consciência de que a idade chegou

Com relação as suas percepções, estas mulheres revelaram que a consciência da idade ter chegado, ou seja, a consciência do envelhecimento do corpo lhes despertou uma necessidade ainda maior de cuidar da sua aparência com o objetivo de envelhecer bem, de envelhecer com beleza. Alguns trechos das entrevistas mostram claramente como essa percepção influencia na vaidade física destas mulheres.

A gente olha no espelho e vê ruga, bastante ruga. Aí, a gente tem que começar a se cuidar, né? Eu acho que a gente tá pegando idade tem que começar a se cuidar, né? (AD).

O que me motiva mais a me cuidar é a minha aparência porque eu não quero ficar velha assim, né? (ER).

Eu não quero assim ter uma aparência de velha, entendeu? Lógico, daqui há alguns anos eu vou ter que ter mesmo porque não adianta. (RV).

b. Medo da deteriorização física, da perda da saúde e das limitações que a idade traz

Essa consciência do envelhecimento inevitavelmente trouxe à tona o medo das limitações que a idade traz e esse medo fortalece ainda mais nestas mulheres a vontade de se cuidar e envelhecerem da melhor maneira possível. O trecho a seguir mostra como alguns medos em decorrência do envelhecimento estão presentes nas entrevistadas.

Agora a minha preocupação maior é com o meu corpo. Não para ser uma miss, para dizer “Ah que corpo bonito” Não! É para andar bem, andar sabe ereta, ter facilidade para poder subir uma escada, pra poder descer uma escada, pra poder fazer uma limpeza dentro de casa, me abaixar, limpar debaixo dos móveis. Isso é o que eu quero. (RV)

Quando você tem qualquer coisinha aqui, você fica preocupada, você quer corrigir aquilo, não é? Quando aparece mais algum negocinho na pele, você já vai preocupando, alguma coisa tá acontecendo, tá entendendo?” (WT)

c. Questão de auto-estima: importante estar bem consigo:

Outro fator revelado pelas entrevistadas como forte motivador para seus cuidados com a aparência foi se sentirem bem consigo. Estas mulheres da terceira idade consideram uma questão de auto-estima, de compromisso com elas próprias se manterem belas, com boa aparência, conforme pode ser visto nos relatos abaixo.

Eu acho que isso é uma questão de auto-estima que a gente desenvolve a vida toda, entendeu? Eu acho que a auto-estima, ela define tudo, tá entendendo? Eu acho que ela define tudo. Eu acho que eu mesmo me estimulo. (WT)

O motivo mais é esse pra me sentir bem. Eu acho que eu tenho que me sentir bem comigo mesmo. (DM)

Acho q isso vai muito do ego das pessoas. Eu acho que basicamente é a auto-estima, para você se sentir feliz com você mesma, você se sentir bem. (WB)

2. Idade

Questões relativas à idade influenciam diretamente na vaidade física destas mulheres e algumas contradições foram identificadas ao abordar a influência da idade na vaidade delas.

a. Influência da idade na vaidade

Foi identificado que não houve consenso quando as entrevistadas foram questionadas se a vaidade física tinha aumentado com a idade. Algumas entrevistadas relataram que são mais vaidosas na terceira idade, outras relataram que eram mais vaidosas quando novas enquanto outras ainda disseram que a idade não influenciou na vaidade física. Estas últimas afirmam que acreditam que ser vaidosa é parte do seu ser e que, portanto, sempre foram vaidosas.

Os trechos abaixo mostram como as mulheres da terceira idade encaram de maneiras diferentes a influência da idade na sua vaidade física, ou seja, no prazer de se cuidar.

Não. Eu acho que [a idade] não teve relação com isso. Eu acho que isso é na pessoa. É muito interna. Eu considero até uma necessidade essencial. Uma coisa essencial da sua vida você se preocupar com sua aparência, com sua alimentação, com sua pele, com seu bem-estar, com a sua aparência. (WT)

Sempre fui assim, mesmo com os meninos pequenos. Que coisa, né? (ME) Eu nunca desprezei, nunca abandonei, sempre cuidei desde nova até hoje. (DM) Quando eu era nova Fernanda, a minha preocupação com a beleza era muito maior. Hoje eu procuro continuar, porque se a gente não se cuidar... procuro continuar... Mas, quando eu era jovem com meus 20 até 30 anos fazia muito mais. (TC).

Sim. Teve. Teve sim porque eu nunca fui vaidosa. Nunca fui. [...] eu acho que realmente novinha eu nunca me cuidei não. Eu não tinha essas vaidades não. Mas, depois que eu comecei a trabalhar eu comecei a me cuidar e até hoje, sai do trabalho, me aposentei e continuo me cuidando ate hoje. (AD)

Agora me cuido mais. Cuido mais. Sem dúvida. (EM)

b. Mais tempo de se cuidar na 3a. Idade X Preocupação com a família diminui tempo livre para se cuidar

Outra contradição identificada foi com relação a existir mais tempo livre para se cuidar por estar na terceira idade. Enquanto as entrevistadas identificavam claramente que essa era uma vantagem de estar na terceira idade e estar aposentada, com os filhos já criados, elas também relataram se ocuparem bastante com a família, principalmente com os netos e, como conseqüência, isso diminui o tempo livre que deveriam ter para cuidar da sua aparência. Os trechos a seguir, mostram essa contradição.

Eu acho que eu agora estou me cuidando mais tempo, né?(ME) A gente tem mais tempo, né? Mais tempo pra se cuidar, né?(AD)

Eu trabalhava fora. No tribunal de contas. Tinha os filhos pra cuidar. Era um luta . Eu nem olhava pro teto. [Risos...] Eu dizia ‘Não tenho tempo de olhar pra cima. É só embaixo.’ Era muito puxado. (ER)

Não. Não faço [nenhum exercício físico]. Por quê? Eu tenho três netas Da idade de treze e doze anos. E eu de vez em quando vou levar no colégio, apanho no colégio e saio com elas, as três, sabe? Aí fico muito com elas Não paro em casa hora quase que nenhuma, entendeu? (AD)

O meu problema também é que eu vivo pra minha família. Tenho trabalho, mas eu gosto. Minha neta vem comer todo dia na minha casa. (ER)

c. “Nova” 3a. Idade: se cuida mais que a antiga

Ainda com relação à idade, as entrevistadas defendem a idéia de que a terceira idade atual se cuida muito mais do que a terceira idade de antigamente e mostram orgulho de pertencerem ao que chamo no modelo de ‘A Nova terceira idade’. Os trechos abaixo deixam essa idéia clara.

Hoje a terceira idade se cuida muito melhor que a de antigamente. Antigamente a gente vivia pro lar. Aposentava ficava que nem uma escrava dentro de casa cuidando de marido. Hoje não tem isso não. A terceira idade vai pra rua, vai pra baile, vai passear. Viajam. Eu já viajei duas vezes esse ano. Quer dizer, tem muito mais atividade hoje em dia do que antigamente. Antigamente a terceira idade tipo assim, ´Tá na terceira idade, tÁ morrendo’. Hoje não. Hoje não é isso.” (AD)

A terceira idade de hoje é muito mais valorizada por todos do que a antiga porque a antiga, acho que vinha muito de um grupo voltado para dona de casa, esposa, mãe, entendeu? Ela quase não tinha boa relação. Elas não vivenciavam as novidades da vida. Já as de hoje não. As de hoje, você vê, as facilidades de hoje também são muito maiores Eu acho que a terceira idade de hoje... tem um vigor que a antiga não tinha. (WB)

3. Socialização

a. Desejo de ser bem percebida pelos outros

Finalmente, ficou claro durante as entrevistas que estas mulheres da terceira idade se preocupam muito em como os outros a vêem, em como são percebidas pela sociedade

buscando, por isso, sempre estarem com boa aparência, bonitas e bem cuidadas. Os trechos abaixo mostram isso claramente.

Hoje eu quero estar bem, quero estar com a minha fisionomia boa, com a minha imagem boa perante as pessoas. Eu não quero que os outros me olhem na rua e digam assim “ Ah, coitadinha, olha como é que ela tá! (RV)

Quero chegar na festa e chegar bem, entendeu? Não quero que ninguém fique falando ‘Ai, ER tá mixuruca...’ Não. Quero que fale bem. Quero estar bem arrumada, quero botar uma roupa nova. Quero abafar!(ER)

Porque se você não cuidar da aparência vai passar justamente por uma pessoa caída, sem nenhum estímulo. Se ninguém te percebe, você fica lá no canto. Eu acho que você sempre cobra também que as pessoas gostem. Você não se apronta só pra você, essa é a grande verdade. Você é vaidosa, você se arruma, tá dentro do contexto, você não se arruma só pra você, você gosta de ser apreciada, todo mundo gosta. (WB) A gente não pode ser uma velha relaxada, excluída, né? Ah não... A gente tem que chegar num lugar e chegar bem, né? As pessoas se sentirem bem com a presença da gente, né? Mas, se você chega toda escrachada, com a cara feia...pelo amor de Deus, né? A pessoa resolve nem querer te ver, né? (ME)

4.1.2 Estímulos Externos

Além de motivações internas, pessoais, ficou claro durante as entrevistas que estas mulheres da terceira idade tem sua vaidade influenciada por fatores externos, que fogem ao seu controle, como a postura da família, os preconceitos existentes na sociedade, a própria cultura do país em que vivem e ainda a pressão da mídia na disseminação do culto a beleza.

1. A Família

A família se mostrou um fator bastante presente na influência da vaidade física destas mulheres da terceira idade.

a. Cobrança da Família

Elas relataram que existe uma cobrança do marido, dos netos e, principalmente, de filhas mulheres, para que elas sempre se cuidem, estejam sempre arrumadas e bonitas. Como a convivência destas mulheres com a sua família é muito grande e pelo valor que a família representa para as entrevistadas, essa cobrança é um estímulo bastante forte para se cuidarem e se manterem vaidosas. Os trechos a seguir mostram alguns desses relatos.

Eu tenho minhas filhas que me cobram muito, muito mesmo. (RV)

Meu esposo, [...] o que ele puder achar... ele diz ‘Bota sim!’ [...] ele me incentiva muito a me arrumar. (TC)

Eles também me cobram muito, menina! Minha filha, quando me mudei pra cá ano passado, ela falava “Mãe pelo amor de Deus não vai perder sua maneira de ser” porque aqui na casa só ia ficar só de bermuda, de sandália de dedo havaiana, né? Não tem nada haver porque aqui é praia seria lógico... [...] Então, ela falava e eu dizia “não

precisa se preocupar porque eu gosto, eu tenho prazer de tomar um banho refrescante, usar meu perfume... (ME)

A filha então me cobra muito. ´Mãe, você passou seu creme a noite?’ Num sei que, pá pá pá.... ´Tá passando o do olho?’ Num sei o quê... Cobram. Até as netas. É! Essa que mora aqui, que tem doze anos... Hii, mas ela ´Vovó já passou seu creme hoje?’ Quer dizer, cobram. Cobram. (AD)

b. Orgulho da Família

Outro ponto relatado por estas mulheres foi o grande incentivo que sentem ao ver o orgulho da família por elas estarem bonitas, por cuidarem da sua aparência. Esse orgulho as deixa felizes e faz com que elas queiram se cuidar e se estarem cada vez mais belas. Os trechos a seguir mostram como esse orgulho da família mexe com as entrevistadas.

Eu tenho os meus netos que tem orgulho incrível de andar comigo Eles me chamam de vovó gata [...] eles gostam demais de tá saindo comigo, de tá passeando.(RV) Eu acho muito bacana quando eles ‘Pô, vó! Você tá muito bonita! Você é uma vó bonita.‘ Pra mim isso é um estimulo, né? Eu acho que isso tudo é um estimulo que a pessoa tem. (WT)

Meu esposo [...] Eu noto que ele tem prazer de sair comigo toda arrumadinha de mãozinha dada comigo. Mesmo com 46 anos de casada! [...].os meus filhos gostam demais... Quer ver eu agradar minha filha é ela me ver assim...Sempre. (TC)

A minha neta diz: ‘Quero ser igual a minha avó!’ [...] Eu acho que os meus filhos tem muito orgulho de me apresentar. Agora mesmo numa loja, [...] meu filho veio atrás e falou “Mamãe”. Aí, a moça olhou...”É sua mãe? Ah eu não acredito...” Aí, minha filha falou: “Minha também!” hahahaha... Então é isso que motiva mais, os filhos! (ME)

c. Vaidade Herdada da Mãe

Ainda com relação à influência da família, uma questão relatada diversas vezes pelas entrevistadas foi o fato de sentirem que a vaidade física é algo herdado da sua mãe. Muitas delas mencionaram a vaidade da mãe, como a mãe envelheceu lindamente e,

diversas vezes, se emocionaram ao compartilhar essas lembranças. Ficou claro que o exemplo da mãe é uma grande influência para que estas mulheres sejam tão vaidosas hoje, na terceira idade. Alguns trechos a seguir deixam claro como essa herança foi passada de mãe para filha.

Minha mãe era uma pessoa extremamente vaidosa. Ela morreu com 86 anos. Ela não deixava de pintar o cabelo uma vez por mês, se na raiz dela crescesse um pouquinho de branco ela já queria tá retocando, já queria tá pintando. As unhas eram feitas toda semana. Então, eu tinha aquela vaidade da minha mãe, sabe? Ela mesmo dizia pra mim: ‘Minha filha, você precisa se vestir, você precisa se arrumar’ Essas coisas todas. (RV)

A minhas irmãs são bem vaidosas. A minha mãe era muito vaidosa e a gente vai seguindo o caminho. É uma herança, você precisava ver como minha mãe era vaidosa! (TC)

Eu acho que foi por causa da minha mãe. Ela envelheceu assim lindamente e mamãe foi uma mulher maravilhosa. Ela me deixou um legado maravilhoso, sabe? Então ela era muito vaidosa. Eu me lembro quando eu tava de tênis e minha mãe disse “você está muito bonita, mas eu não gosto de ver você de tênis”. Porque ela andava só de saltinho. ‘Mamãe eu vou usar o tênis só na viajem, pra ficar mais acomodada.’ Toda vez que eu pego um tênis eu me lembro de mamãe... Ela falava “eu não gosto. Você tem que usar é saltinho”, sabe? Essas coisas. (ME)

Agora eu herdei um pouco da minha mãe. Embora ela fosse de outro tempo, ela era muito vaidosa, ela era excessivamente vaidosa. Ela transmitiu isso para mim. Era talvez mais do que eu. Daquela de passar creme, sempre toda bonitinha, toda arrumada, entendeu? Ela era excessivamente vaidosa. Ela transmitiu isso pra mim e eu continuei (WB)

2. Preconceitos Percebidos

Como visto no referencial teórico, vários estudos enfatizam como o culto a beleza tem trazido a tona discriminação para aquelas pessoas que não se enquadram nos padrões estabelecidos na sociedade. Como um destes padrões é a valorização da juventude, era de se esperar que as mulheres da terceira idade entrevistadas sofressem algum tipo de preconceito. Durante as entrevistas, elas mencionaram dois tipos de preconceitos que

vivenciam no seu dia a dia: Preconceito por parte da juventude e o preconceito na vida social.

a. Preconceito dos jovens com relação à velhice

Na pesquisa de campo, foi apontado pelas entrevistadas que a grande discriminação que sentem é realizada pelos jovens. Elas se mostram muito chateadas com a atitude da juventude, ou melhor a falta de atitude digna, dessa juventude para com as pessoas mais idosas. Os relatos abaixo exemplificam o ponto de vista destas mulheres.

Às vezes, vou a algum lugar, às vezes, uma pessoa nova chega, puxa conversa, gosta. Já outros não. Já olham pra gente meio de lado não tem aquele carinho. (DM) Eu vejo o maior descaso, sabe? Dos jovens. E tenho visto isso com as outras pessoas das minhas relações. Reclamam das mesmas coisas. (ME)

As pessoas mais novas não dão muita atenção. (ER) b. Preconceito geral contra a velhice na vida social

Já com relação ao preconceito na parte social, as entrevistadas mostraram uma insatisfação com a atitude da sociedade, se sentindo até mesmo tolidas em sua vontade de curtir a vida após envelhecer. Elas apontaram principalmente a discriminação da sociedade quando saem para se divertir, seja em um restaurante, em uma boate, seja em uma festa. Também reclamaram do preconceito da sociedade com relação à vida amorosa. É comum na terceira idade, algumas mulheres serem viúvas, porém, segundo elas, a sociedade recrimina muito o relacionamento amoroso entre pessoas mais idosas. Alguns relatos abaixo evidenciam esses preconceitos.

Se você vai a uma boate, a um lugar pra dançar, uma festa de modo geral, você sente que se você vai dançar todo mundo já te olha, tipo te recriminando. O único lugar que você se sente bem em qualquer idade é em lugar de dança de salão porque aí tem todas as idades Porque se é numa balada, se é num lugar assim, você é discriminada. Se você hoje em dia for num restaurante sozinha, não tiver uma mesa, você ficar num bar, bebendo, tomando qualquer coisa, você já sente que as pessoas tão te olhando, tipo assim “Ah, que coisa esquisita...Uma mulher já idosa sozinha num restaurante. (RV).

Eu acho que tem discriminação em relação por exemplo ao amor, aos namorados, em relação ao parceiro. Então, a sociedade discrimina muito a mulher. Que a mulher assim depois de uma certa idade não tem mais que ter relação sexual, não tem que ter mais nada disso, não tem que ter amor, tá entendendo? (WT)

Eu acho que a pessoa de idade, de um modo geral, se não tiver família é deixada de lado. (TC)

3. Cultura Brasileira

As mulheres entrevistadas são pessoas de uma classe social mais favorecida e, por isso, ou já viajaram para países mais desenvolvidos, como países da Europa ou têm acesso a informação de como é a atitude destas outras sociedades em relação à terceira idade e em relação à preocupação com a beleza. Como conseqüência, foi inevitável, durante as entrevistas, a comparação entre o Brasil e a Europa.

a. Preconceito mais forte no Brasil que em países da Europa

Estas mulheres relataram que na Europa a preocupação com a beleza e a discriminação são muito menores que no Brasil e reconhecem que isso pode ser em função de nestes países a população idosa ser a maioria. Elas lamentam no Brasil ainda existir tantos preconceitos e tanta falta de preparo para lidar com os idosos. Os relatos abaixo demonstram como estas mulheres enxergam a cultura brasileira em relação a terceira idade.

Porque lá em Portugal as mulheres são feiosas, e ninguém liga pra ninguém e os maridos são fiéis, sabe? Não tem aí pra nada. Lá o pessoal, menina, só você vendo como é. Ninguém lá fala em Beleza. Aqui é mais, sabe? Aqui o pessoal é mais, fica tomando conta, sabe? Se aparece um cabelo branco o pessoal já fica olhando... (ER) Infelizmente nós ainda estamos num país que, embora a gente aqui esteja muito mais pra velho do que pra novo, né? Eu tô lendo sempre essas reportagens e tô vendo sempre que a população de velhos tá aumentando muito, ainda há muita discriminação. Não acontece, você sabe disso, na Europa né? Você vai na Europa, você entra naqueles magazines, você entra naquelas lojas e é tudo gente de meia idade, aquelas senhoras muito bem arrumadas, muito bem vestidas... E nos restaurantes, nos bares, são senhoras sozinhas tomando um drink num bar. Infelizmente eu nasci no Brasil e eu tenho que viver no Brasil porque não tem outra opção de vida. Mas, como eu adoraria viver num país desenvolvido que os velhos são assim... as pessoas abrem as portas pros velhos. (RV)

Apesar de concordarem que existe ainda muito preconceito contra a terceira idade no Brasil, elas enxergam o início da diminuição destes preconceitos, conforme exemplificado nos relatos a seguir.

Hoje em dia eu vejo a terceira idade de outra forma. Agora mesmo, não sei, você já chegou a ver no Big Brother tem duas pessoas de idade. Você viu o nível daquela? Hoje no jornal, na revista, aparece o marido falando dela, que ela parece uma garota de 15 anos, sempre alegre, disposta na vida normal e na vida dele com ela. Você vê, quando lá no passado uma mulher de 60 e poucos anos, parece que ela tem 69, ia entrar no Big Brother? Nunca! Até pelos preconceitos e até pela própria mídia que bloqueava. (WB)

Homem de idade pode namorar, ter tudo e a mulher não. A mulher já de idade, tá caindo um pouquinho isso mais, né? É aquele padrão daquela mulher de antigamente.

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