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O campo de estudos dos empréstimos linguísticos na Libras tem recebido contribuições importantes das pesquisas realizadas nos últimos anos. No intuito de fazer um levantamento de trabalhos concernentes a este assunto, efetuamos uma busca, atendo-nos ao Estado do Conhecimento que compreendemos como Romanowski e Ens (2006, p.4) abranger apenas um setor das publicações sobre o assunto. Neste caso, ativemo-nos apenas a dissertações, teses e artigos. Mencionamos, portanto, os trabalhos que consideramos representativos pelos temas abordados, pelas discussões teóricas desenvolvidas e pelos aportes à constituição da Língua Brasileira de Sinais.

80 Empregamos, nesta pesquisa, como descritores: empréstimos linguísticos e

Libras e fizemos as buscas nas bases de dados de universidades públicas

brasileiras nas quais encontramos dissertações, teses e artigos que tratam dos empréstimos linguísticos na Libras, mais especificamente dos empréstimos da Língua Portuguesa, ou que versam sobre aspectos lexicográficos da Libras, dos quais apresentamos breves sinopses a seguir.

A tese de Faria-Nascimento (Universidade de Brasília – UnB- 2009) –

Representações lexicais da Língua de Sinais Brasileira – Uma proposta lexicográfica

- constitui um estudo bastante aprofundado, contribui com uma proposta lexicográfica muito bem elaborada e propõe uma taxionomia para os empréstimos linguísticos na Libras bastante específica e abrangente. A autora estuda a expansão lexical e terminológica da Libras que, segundo ela, se dá por meio da combinação dos elementos morfológicos que compõem o léxicon dessa língua. Ancora seu estudo na lexicologia e na lexicografia e propõe-se a contribuir para o desenvolvimento de materiais didáticos, dicionários e para construir repertórios lexicográficos que serviriam de suporte à formação acadêmico-científica de visuais. Ao abordar os empréstimos linguísticos na Libras, apresenta sua tipificação em: a) empréstimo por transliteração; b) empréstimo por transliteração pragmática (datilológicos); c) empréstimo por transliteração lexicalizada (semi-datilológicas); d) empréstimo por transliteração da letra inicial; e) empréstimo da ‘configuração’ visual dos lábios; f) empréstimo semântico; g) empréstimo estereotipado; e f) empréstimo cruzado; e, por fim, os especifica detalhadamente.

Nascimento (UnB - 2010) – Empréstimos linguísticos do Português na Língua

de Sinais Brasileira - LSB: Línguas em contato - desenvolveu pesquisa em nível de

mestrado sobre os empréstimos linguísticos do Português na Libras por meio da datilologia, lançando mão da Ecologia das línguas e da perspectiva do contato de línguas para a análise dos dados, investigando sobre a possibilidade de a Libras ser uma língua crioula em sua origem, formada a partir de um pidgin constituído dos gestos e estruturas criadas pelos visuais. Concentrou-se nos empréstimos transliterados, com origem na língua portuguesa escrita e que se manifestam na Libras pela datilologia, e conclui que a Libras não é uma língua crioula, apesar de receber itens lexicais do português, devido às restrições fonológicas da Libras, pelo

81 fato de o número de itens recebidos não ser tão numeroso e pela preferência dos usuários da Libras pelos sinais nativos.

Silva (Universidade de Campinas - UNICAMP - 2012) – Instrumentos

linguísticos da Língua Brasileira de Sinais: Constituição e Formulação – tese que

discute mais rapidamente os empréstimos, principalmente os da língua portuguesa, sua pesquisa abrange reflexões sobre a história da produção de dicionários da Libras no Brasil na busca da compreensão do processo de gramatização da Libras. Conclui que o processo de produção de saber relacionado à língua de sinais no Brasil está associado ao processo de legitimação e institucionalização da Libras.

Duarte (UFMT - 2013) - Ensino de Libras para ouvintes numa abordagem

dialógica: Contribuições da teoria Bakhtiniana para a elaboração de material didático

– que aborda o diálogo da Libras com outras línguas, mostrando a ocorrência de empréstimos linguísticos na Libras oriundos da LSF, da ASL, da Língua Portuguesa e do Latim, em nível morfológico, icônico e semiótico por meio da abordagem dialógica dos estudos bakhtinianos. Discute a necessidade de os falantes e estudiosos da Libras conhecerem seu processo histórico de constituição para compreenderem que suas estruturas foram construídas ideologicamente ao longo desse processo e que sofreram e sofrem interferências da língua portuguesa e de outras línguas de sinais.

Essa dissertação nos serviu como fonte de inspiração e seu autor foi um grande incentivador para que esta pesquisadora empreendesse este estudo sobre os empréstimos linguísticos de origem francesa porque nos mostrou a dimensão da importância da França, da sua língua de sinais e de professores e estudiosos franceses da língua de sinais para a Libras, em seus primórdios.

Rodrigues e Baalbaki (Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ - 2014), em seu artigo Práticas sociais entre línguas em contato: os empréstimos

linguísticos do português à Libras - abordam a ampliação e a renovação do léxico da

Libras por meio de empréstimos da língua portuguesa decorrentes das práticas sociais dos visuais falantes de Libras, com o objetivo de contribuir com as reflexões sobre a formação de sinais; baseiam-se em dados coletados por meio de entrevista com uma instrutora visual e têm como objetivo contribuir para a discussão sobre a formação de sinais em Libras. Revelam, nas considerações finais, que os empréstimos servem para enriquecer o léxico da Libras, atendendo principalmente à

82 necessidade da introdução de sinais para denominação, apesar de terem identificado também empréstimos para adequação sintática e discursiva.

A dissertação de Machado (Universidades Federal de Santa Catarina - UFSC - 2016) - Empréstimos Linguísticos na LIBRAS: primeira turma do curso de Letras

Libras da UFSC - investiga os Empréstimos Linguísticos de diferentes línguas de

sinais (à Libras, por meio de videoaulas de um curso de Letras-Libras da UFSC, objetivando verificar e convalidar quais sinais poderiam ser empréstimos de outras línguas. Esse estudo também destaca a relevância e o número reduzido de pesquisas já realizadas sobre empréstimos linguísticos das línguas de sinais e afirma a necessidade de novas pesquisas sobre o assunto para fortalecer os estudos linguísticos do campo da Libras.

Este levantamento foi realizado entre os anos 2016 e 2017 e estes foram os trabalhos acadêmicos que encontramos, publicados entre 2009 e 2014, mais próximos a nossa própria temática.

Acreditamos que nossa investigação traz como diferencial para contribuir com as pesquisas aqui elencadas o acesso a registros sobre a LSF em livros, dicionários e materiais diversos em sua versão original, na língua francesa: as informações sobre sua origem, seja a respeito de sua história, dos personagens principais envolvidos na sua formação linguística, da institucionalização de seu ensino e da sua difusão pelo mundo. Reafirmamos que estes conhecimentos foram mobilizados para compreendermos o movimento de aproximação da LSF com a Libras e como esse entrelaçamento se deu e continuou acontecendo na formação da Libras, por meio dos empréstimos linguísticos.